A cidade era Maceió. O local, um bar, na orla marítima. Cheguei cedo, com alguns amigos, para pegar uma boa mesa e assistir ao jogo Vasco da Gama x ASA, válido pela Copa do Brasil. Partida “de volta”, a realizar-se em São Januário, estádio do time carioca. Ao ASA interessava apenas a vitória ou um empate tipo 2 x 2, em diante. Fosse 1 x 1, a partida seria decidida por cobrança de pênaltis. Fosse 0 x 0, ou vitória do Vasco, este se classificaria. O dia: quarta-feira, 31/03/2010. A hora: 21:50h (porque não se pode atrapalhar a transmissão da novela global das 21h, outrora das 20h, claro).
O ASA começou jogando bem, enfrentando o time da cidade da TV Globo em igualdade de condições, dentro do seu estilo e das particularidades de estar jogando fora de Alagoas contra um time muito mais poderoso financeiramente e, portanto, com uma história mais destacada e vitoriosa do que a agremiação de Arapiraca. A propósito, alô! locutor do Rio de Janeiro: não é Associação... É Agremiação! Informe-se um pouco melhor, antes, afinal é o mínimo que você deve fazer.
Mas eis que o Vasco consegue furar a barreira armada pelo competente técnico Vica e cala os alagoanos torcedores presentes no bar. Torcedores de ocasião, como eu (pois que de coração sou regatiano), ou não. Felizmente não demorou muito e a gente pôde gritar gol também. E foi bonito de ver e ouvir. Eita Alagoas da peste! A partida estava empatada e, no fim das contas, o gol do Vasco fora favorável ao ASA, já que com 1 x 1 o Vasco teria que correr atrás do prejuízo, sob pena de ter de decidir nos pênaltis. E não tivesse o Fábio Lopes, atacante do ASA, perdido um gol que minha avó, fosse viva e estivesse compondo o elenco, decerto faria, a história da partida seria outra. Mas não concluiu em gol, e no segundo tempo viu-se um ASA diferente, cansado e, após sofrer o segundo gol, abatido. O resto a gente já sabe: Alagoas perdeu de 3 x 1. Um placar, infelizmente indigesto, mas justo. Fazer o quê?
Lá no recanto onde estávamos havia mais presentes torcendo pelo ASA do que pelo time dos cariocas. Natural. Afinal, estávamos em Maceió, capital e tão alagoana quanto a cidade plantadora de fumo. Os (torcedores) do Vasco que lá estavam presentes naturalmente seriam alguns turistas cariocas (Maceió ainda recebe muitos, nesta época). Pois bem, um dos torcedores alagoanos me chamou a atenção, pois bastante exaltado, no melhor sentido da palavra. Torcia vivamente pelo time de Arapiraca. Até ouvi, da boca de um dos que o acompanhavam, que era filho daquela pujante terra do agreste alagoano. Sem dúvida bela a movimentação realizada por aquele torcedor, e por mim presenciada, em torno do time de suas raízes. Mas quando fui me deter em observá-lo melhor,... confesso que fiquei confuso. O cidadão estava vestido com a camisa do Fluminense... De início pensei que fosse um time também de Arapiraca. Mas não! Era do Fluminense do mesmo Rio de Janeiro do Vasco, então opositor do ASA. Oxe!
Aí deu um nó na minha cabeça, desculpe-me a ignorância, leitor. Eu me perguntava, então: Mas ele não é filho de Arapiraca? E o ASA não é da terra campeã em produção de tabaco no Brasil? Oxe! E por que a camisa do Fluminense a vesti-lo? Foi quando ouvi sua explicação: ele era torcedor do Fluminense, do Rio de Janeiro, e também do ASA. Vôte! Se já não estava compreendendo, agora menos ainda. Afinal, por que ele torcia também por um outro time? Mais: por que por um time de outro estado, de outra cidade, de outra região? Times de futebol, afinal, são sempre rivais, ainda que potencialmente, pois sempre poderão vir a se enfrentar. E aquele não tinha nada a ver com sua história, seus costumes, suas raízes... Nesse ínterim ouvi quando alguém lhe disse, meio agressivamente: “Você não é ASA! Você é Fluminense! Olhe a sua camisa!” Aí, não sem um certo constrangimento, ele respondeu: “Se o ASA estiver jogando contra o Fluminense, sou ASA!”
Estupefato! Fiquei, não vou mentir!... Então ele era, de fato, torcedor dos dois times! Mais: embora afirmasse que torceria contra o Fluminense na hipótese deste jogar contra o ASA, pra mim era mais torcedor do time do Rio, afinal, em pleno jogo do ASA estava vestido com a camisa do time carioca! E outra: será que estaria torcendo pelo ASA movido também pelo sentimento de rivalidade que existe na Cidade Maravilhosa entre o próprio Fluminense e o Vasco? Tava incompreensível o negócio. Outra pergunta, de qualquer modo, não me saía da cabeça: se ele era alagoano, se era filho de Arapiraca, se ele gostava de futebol e Arapiraca tinha time de futebol, se ele torcia pelo ASA, que era da sua terra natal, por que cargas d’água torcia também por um time de uma terra tão distante e tão diversa da sua? Acaso seria uma espécie de retribuição? Tipo: haveria, talvez, alguns cariocas torcedores do Fluminense que também seriam torcedores do ASA de Alagoas? Hum... Creio que não. E por acaso o seu ASA não lhe era suficiente?
Eu, hein? Felizmente deve ser um caso isolado... É,... certamente não devem existir outros torcedores alvinegros, regatianos e azulinos que também torçam por algum outro time, do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Claro que não, ora. Afinal, somos alagoanos e temos time pra torcer. Né, não?
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Também postada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet
O ASA começou jogando bem, enfrentando o time da cidade da TV Globo em igualdade de condições, dentro do seu estilo e das particularidades de estar jogando fora de Alagoas contra um time muito mais poderoso financeiramente e, portanto, com uma história mais destacada e vitoriosa do que a agremiação de Arapiraca. A propósito, alô! locutor do Rio de Janeiro: não é Associação... É Agremiação! Informe-se um pouco melhor, antes, afinal é o mínimo que você deve fazer.
Mas eis que o Vasco consegue furar a barreira armada pelo competente técnico Vica e cala os alagoanos torcedores presentes no bar. Torcedores de ocasião, como eu (pois que de coração sou regatiano), ou não. Felizmente não demorou muito e a gente pôde gritar gol também. E foi bonito de ver e ouvir. Eita Alagoas da peste! A partida estava empatada e, no fim das contas, o gol do Vasco fora favorável ao ASA, já que com 1 x 1 o Vasco teria que correr atrás do prejuízo, sob pena de ter de decidir nos pênaltis. E não tivesse o Fábio Lopes, atacante do ASA, perdido um gol que minha avó, fosse viva e estivesse compondo o elenco, decerto faria, a história da partida seria outra. Mas não concluiu em gol, e no segundo tempo viu-se um ASA diferente, cansado e, após sofrer o segundo gol, abatido. O resto a gente já sabe: Alagoas perdeu de 3 x 1. Um placar, infelizmente indigesto, mas justo. Fazer o quê?
Lá no recanto onde estávamos havia mais presentes torcendo pelo ASA do que pelo time dos cariocas. Natural. Afinal, estávamos em Maceió, capital e tão alagoana quanto a cidade plantadora de fumo. Os (torcedores) do Vasco que lá estavam presentes naturalmente seriam alguns turistas cariocas (Maceió ainda recebe muitos, nesta época). Pois bem, um dos torcedores alagoanos me chamou a atenção, pois bastante exaltado, no melhor sentido da palavra. Torcia vivamente pelo time de Arapiraca. Até ouvi, da boca de um dos que o acompanhavam, que era filho daquela pujante terra do agreste alagoano. Sem dúvida bela a movimentação realizada por aquele torcedor, e por mim presenciada, em torno do time de suas raízes. Mas quando fui me deter em observá-lo melhor,... confesso que fiquei confuso. O cidadão estava vestido com a camisa do Fluminense... De início pensei que fosse um time também de Arapiraca. Mas não! Era do Fluminense do mesmo Rio de Janeiro do Vasco, então opositor do ASA. Oxe!
Aí deu um nó na minha cabeça, desculpe-me a ignorância, leitor. Eu me perguntava, então: Mas ele não é filho de Arapiraca? E o ASA não é da terra campeã em produção de tabaco no Brasil? Oxe! E por que a camisa do Fluminense a vesti-lo? Foi quando ouvi sua explicação: ele era torcedor do Fluminense, do Rio de Janeiro, e também do ASA. Vôte! Se já não estava compreendendo, agora menos ainda. Afinal, por que ele torcia também por um outro time? Mais: por que por um time de outro estado, de outra cidade, de outra região? Times de futebol, afinal, são sempre rivais, ainda que potencialmente, pois sempre poderão vir a se enfrentar. E aquele não tinha nada a ver com sua história, seus costumes, suas raízes... Nesse ínterim ouvi quando alguém lhe disse, meio agressivamente: “Você não é ASA! Você é Fluminense! Olhe a sua camisa!” Aí, não sem um certo constrangimento, ele respondeu: “Se o ASA estiver jogando contra o Fluminense, sou ASA!”
Estupefato! Fiquei, não vou mentir!... Então ele era, de fato, torcedor dos dois times! Mais: embora afirmasse que torceria contra o Fluminense na hipótese deste jogar contra o ASA, pra mim era mais torcedor do time do Rio, afinal, em pleno jogo do ASA estava vestido com a camisa do time carioca! E outra: será que estaria torcendo pelo ASA movido também pelo sentimento de rivalidade que existe na Cidade Maravilhosa entre o próprio Fluminense e o Vasco? Tava incompreensível o negócio. Outra pergunta, de qualquer modo, não me saía da cabeça: se ele era alagoano, se era filho de Arapiraca, se ele gostava de futebol e Arapiraca tinha time de futebol, se ele torcia pelo ASA, que era da sua terra natal, por que cargas d’água torcia também por um time de uma terra tão distante e tão diversa da sua? Acaso seria uma espécie de retribuição? Tipo: haveria, talvez, alguns cariocas torcedores do Fluminense que também seriam torcedores do ASA de Alagoas? Hum... Creio que não. E por acaso o seu ASA não lhe era suficiente?
Eu, hein? Felizmente deve ser um caso isolado... É,... certamente não devem existir outros torcedores alvinegros, regatianos e azulinos que também torçam por algum outro time, do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Claro que não, ora. Afinal, somos alagoanos e temos time pra torcer. Né, não?
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