Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Revoltante e nauseante


Crônica

Ver mais uma vez as “otoridadis” alagoanas acomodarem os torcedores de um time adversário, e de outro estado, nas dependências até então inapelavelmente interditadas do Trapichão, dando-lhes, assim, tratamento completamente diverso daquele que é dado aos torcedores dos times alagoanos quando para lá se dirigem. Foi assim, ontem (CSA x Stª Cruz), foi assim, antes (CRB x Corinthians Paulista). As “otoridadis” alagoanas não conhecem o que seja reciprocidade, e ou são absolutamente irresponsáveis, ou não há razão para interdição coisa nenhuma. Se há, como se viu, não resiste a um adversário com número significativo de torcedores, e à generosa, desinteressada e oportuna liberação temporária de significativo espaço, outrora interditado, à torcida adversária. Coincidentemente, e por conseqüência, a renda da partida ganha em robustez, como adiante abordarei.

E as (agora autorizadas!!!) bandeiras com mastro de bambu? I-na-cre-di-tá-vel! As perigosíssimas bandeiras tiveram a entrada franqueada! Pasmem: inclusive para a torcida do time adversário. Clássico passado, nem a um pandeiro foi permitido exercer o seu mister, ou a finalidade de sua existência: o reles (mas considerado perigoso) batuque. Ontem: bandeiras com pau! Putz! Falar o quê, mais? Retifico a incredulidade acima dita: em se tratando de Alagoas e das nossas “otoridadis” tudo é crível, mesmo. E tudo é revoltante e dá náuseas.

E os cartolas azulinos? Ah, os cartolas azulinos! Generosos e altruístas como eles só, resolveram destinar quase a metade dos ingressos aos torcedores do vizinho estado. Questionados, a desculpa patética: se não os disponibilizasse, eles os comprariam aqui em Maceió mesmo. Como se todos os que vieram se arriscariam a vir na incerteza de obtê-los; como se todos viessem se soubessem que o espaço a eles reservado seria de apenas 10% (no máximo 20%) dos locais liberados ao público, e, nesse norte, como se fossem arriscar-se a ocupar o espaço dos torcedores nativos. Eita, náusea chata da pega...

E a renda? Seria risível, de dar gargalhadas, não fosse revoltante e nauseante. Não fui ao jogo, mas pelas fotos que já estão no domínio público é facílimo perceber-se que a renda foi escancaradamente mascarada, maquiada com cosmético dos mais vagabundos, mas suficiente ao lustre das caras-de-pau de plantão. Aliás, nessa seara, nada acontece. Ano após ano as rendas continuam sendo informadas com, digamos, equívocos notórios, sem que uma mísera investigação seja realizada, nem pela chamada imprensa investigativa, tampouco pelas autoridades competentes (as “otoridadis”, estas nem citei porque seria redundante, e até ingênuo, fazê-lo, já que são omissas por natureza).

O jogo. Bem, não vi. Mas o que mais me chamou a atenção foi um comentado, mas mal-explicado, atraso do time, supostamente (dizem algumas línguas) acerca de pagamento: será que condicionaram a prestação de seus serviços à pronta e prévia prestação da contrapartida? Se verdade, então é legítimo concluir-se que o clima no Mutange não estava tão bom como se dizia, correto? A reboque, a apatia dos jogadores alardeada pelos sofridos torcedores azuis. Assim, o time entrosado, que estava entusiasmando os comentaristas azulinos, declarados ou não, — parte significativa da imprensa estava numa festa só — e, de conseqüência, aos ressabiados, mas apaixonados, torcedores do CSA, teria deixado, a estes e aos torcedores de outras cores (mas de Alagoas), envergonhados.

E a imprensa? Bem, parte dela está mais interessada em dedicar parte considerável de suas energias e recursos a temas mais amenos —, como, por exemplo, a defesa corporativista, centrada no ataque mordaz e uníssono a um treinador aloprado que, felizmente para os alvirrubros (diga-se), já se foi —, do que a pujante repercussão (ou mesmo a investigação, no que toca à chamada imprensa investigativa) de temas intrigantes, que tais. Por exemplo: se o assunto renda é afeito, nos estados, às respectivas Federações de Futebol, nunca ouvi algum jornalista indagar, ao responsável respectivo, acerca do fenômeno (no mínimo esquisito) de o estádio apresentar-se lotado, ou perto disto, e o número de pagantes e não-pagantes não representar pouco mais da metade da sua capacidade. Salvo se foi desatenção minha e as perguntas se sucedem.

Ah! Já ia esquecendo! Bandeira do time rival tremulando no meio da torcida nativa? E o time da terra perdendo? E de goleada? Aí, meu caro leitor, não tem chá, Plasil ou Plamet que dê jeito!

Ê, Alagoas... É isto. Ainda bem que não é só isto. Mas é isto, também. Licença. Vou ali. E não volto. É a náusea.

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sábado, 4 de julho de 2009

Deem uma última chance a vocês

Crônica
Ainda há tempo para acordar, livrar-se dos preconceitos, parar de buscar culpados fora do clube e, com o trabalho — hoje, mais do que nunca, imprescindível e urgente —, evitar o pior. Isto é o que importa! Isto é o que ainda pode ajudar a salvar o CRB e, a vocês próprios, de carregarem nos ombros a indesejada (e injusta) marca de um fatídico rebaixamento (toc-toc-toc, pé-de-pato, mangalô, três vezes).

Não lhes importa avisá-los de que as chances de classificação são remotíssimas — embora vocês não tenham (nem pensar!) o direito de desanimar ou desistir —, porque vocês já sabem. Tampouco de que a “Série toc-toc-toc D” se mostra tão arrepiante quanto próxima: vocês já devem dormir e acordar com esse pesadelo. Não importa falar-lhes da falta de planejamento crônica, até porque planejar sem recursos é impossível, e receitá-lo é tão fácil quanto abrir a boca ou escrever estas linhas mal-traçadas (com o perdão pelo clichê). Não importa arranjar um cristo pra crucificar, porque ninguém fez nada sozinho, nem errou sozinho, nem demorou no erro sozinho. Não importa ver incompetentes onde antes se via profissionais em quem se depositava as melhores esperanças no trabalho desenvolvido.

O que importa, senhores da diretoria do CRB, é perceber que ainda há batalhas a serem lutadas, que a guerra é curta mas ainda há todo um 2° tempo a ser jogado, e que esses atletas precisam da única arma que lhes falta: o acompanhamento de um profissional da psicologia! Alguém, inclusive, que mais do que acompanhar o grupo e a cada um individualmente (aqui, na medida do possível, claro), principalmente conheça e saiba aplicar, a uma equipe de atletas, técnicas que lhes restitua a motivação, o estímulo, o ânimo, a união, a alegria, a confiança, a fé. Não basta, por isto mesmo, esforçados diretores — e não é disto que falo —, de proporcionar-lhes uma ou duas palestras motivacionais, a oitiva de um ou dois filmes que tratem do tema. A saída do momento atual, acreditem(!), também não passa por puxões de orelha, nem por carões. A saída passa pelo trabalho de quem tem competência para fazê-lo. E o marasmo, o derrotismo, o desânimo que se vê, às escâncaras, nesse time, pede um profissional dessa área.

Na Série B/2006, tudo estava aparentemente perdido e, ainda que faltando apenas dois jogos, os atletas, acompanhados por um profissional da psicologia, se impregnaram da alegria, da motivação e da fé perdidas. As duas vitórias que faltavam, nos dois últimos jogos, vieram: o clube salvou-se pelo congo. Na Série B/2008, o time só perdia. Já então lembrava dessa necessidade em minhas crônicas, mas não consegui ser ouvido. O resultado, sofrido ali, estamos vivenciando disputando a Série C/2009. Hoje, o time sofreu quatro derrotas em quatro jogos. Restam outros quatro. Precisa vencer no mínimo três. Se a cabeça dos senhores está atordoada, se os torcedores veem-se desesperançados, dá pra imaginar como estão os jogadores?

Senhores da direção do CRB! Ainda há tempo de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, como diz a (sábia) composição. Ainda que esse por cima não possa mais ser tão por cima assim, como se gostaria. Ainda há tempo! O que sugiro não é a panacéia, remédio para todos os males. Não é a certeza do sucesso. Não é infalível. É só mais uma chance. A última. Deem uma última chance ao CRB! Deem uma última chance a vocês.
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