Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Reconhecimento de uma evolução

Crônica

O que eu sei é que foi (e está) muito bom!

Particularmente, porque é inevitável a comparação com as campanhas dos três últimos anos. Chegamos em 3° lugar no Estadual! Ironia, não! Dei graças aos céus! E dadas as circunstâncias, foi um bom começo. Tá, meu(minha) camarada, não desconheço que é pouco para um time da grandeza, tradição e torcida do CRB... Mas, meu Deus(!), a realidade é que evoluímos, ora! Não se pode entender o presente sem olhar para o passado! E não é porque não foi uma campanha à altura do que é e representa o Clube de Regatas Brasil que vou deixar de reconhecer que foi melhor do que, por exemplo, a do ano imediatamente anterior, para ficar por aí. E, assim compreendendo, atestar o valor do modesto feito! Aliás, Joãozinho Paulista, quando chamado, foi muito competente na condução do Regatas. E como foi bom comemorar de novo com o João, lá em Coruripe — eu, na arquibancada; ele, no campo, junto com seus comandados —, após aquela emocionante partida.

E aqui vou voltar um pouco para fixar o fato que para mim foi o marco dessa alavancada: a assunção, no comando do Galo da Praia, do seu atual Presidente, Wilton Figueiroa. Veja-se: Primeiro, a contratação da RT Sports, seguida da parceria com o Atlético Mineiro. Depois vieram os jogadores, por empréstimo, do Corinthians Alagoano (leia-se, João Feijó). A despeito de desencontros pontuais, o entrosamento foi tão satisfatório — e os resultados obtidos, idem —, , que não é raro ouvir-se falar em três parcerias, quando, em verdade, tecnicamente haveria apenas uma, com o clube mineiro. E a coisa me parecia tão produtiva e interessante, que já em julho deste ano escrevi uma crônica aprovando a medida (“As parcerias: um mal, ou um bem?”, então, no Blog do AnDRé fALcÃO, hoje postada no blog BOLAGOANA).

Concomitantemente, ou pouco depois, assume a Presidência do Conselho Deliberativo o Kennedy Calheiros, cuja seriedade e competência não é discutida, além, é claro, de importantes colaboradores, membros daquela Diretoria. Tivemos dois ótimos técnicos — há muito não se via uns assim, na Pajuçara —, obtendo, com o primeiro deles, a marca de 30 pontos no 1° turno, e, com o segundo, uma recuperação da fase negativa que veio depois, de modo que, juntos, nos permitiram alcançar a honrosa 8ª posição, no 2° campeonato mais importante do país, com o mesmo número de pontos do 6° colocado e há apenas 6 pontos do 4°.

Com o plantel de que se compôs o Galo, não ficamos a dever a nenhum time concorrente. Basta observar que vencemos os quatro classificados à Série A do Brasileirão, não raro lutando contra arbitragens incompetentes (ou mal-intencionadas).

Valorosos patrocínios — de que é destaque o Município de Maceió, capitaneado por um regatiano-prefeito muito do arretado — foram contratados, criou-se o Projeto Sócio-Torcedor — parece-me levado pelo grupo “CRB ACIMA DE TUDO”, depois rebatizado para Craque-Torcedor —, e a Pajuçara não pára: é Sala de Imprensa, Departamento de Fisioterapia, novos alojamentos, ôxe!, coisa demais! Até contratou-se um profissional de Psicologia! Graças!

Tudo isto com as contas e salários em dia, as dívidas passadas, auditadas e renegociadas — diacho que os que as contraíram irresponsavelmente não paguem, com o seu, por isto! —, e com a expectativa de uma boa base para o Alagoano/2008.

Fazer o quê? Quando há muito de bom no trabalho feito, há de reconhecer-se. E agradecer. Obrigado, CRB! E vamos lá, Galo! O alagoano já está aí! Sinto, não só pelo seu passado de glórias, mas também pelo presente, muito orgulho de você.

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Também publicada nos sítios futebolalagoano.com e CRB-NET

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Permanência se comemora?

Crônica
Já ouvi dizer que é pensar pequeno. Contentar-se com merreca. Que não se concebe festejos para comemorar-se apenas o direito à permanência no certame no próximo ano. Que não tem sentido um clube estar na 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro há 14 anos completos, nunca ter disputado o título, nunca ter conquistado o direito a disputar a 1ª Divisão, e ainda assim comemorar.

Mais! Pela veemência com que são defendidos esses argumentos, dá pra se entender, até, que haveria motivo, isto sim, e a rodo, é para sentir-se triste! Perguntei, a mim mesmo: será que sofro dessa pequenez sobre que teorizam os que assim alardeiam? Será que estou sendo cego, já que a paixão promove esse fenômeno e sou um apaixonado torcedor?

É uma peste! Acho que sofro, sim, dessa síndrome provinciana! Pois num é que após tão abalizados e sensatos argumentos continuo com o mesmo espírito de comemoração pela conquista (para mim continua sendo uma baita conquista!) alcançada? Pura verdade! Continuo entendendo de modo diferente. Assim, considero que o Regatas, pela sua história no Campeonato Brasileiro da Série “B”, é, na verdade, um orgulho para minhas Alagoas. Veja-se:
O CRB, e o Ceará, são os únicos clubes que não desceram à divisão inferior do brasileirão, em 14 anos de existência. Nesse largo período, vários clubes, mais ricos e estruturados do que o Galo, aterrissaram, de mala e cuia, na Série “C”. Puxando pela memória, e com a ressalva de algum engano, lembro-me do poderoso Fluminense carioca, dos fortes Náutico, Santa Cruz (acaba de cair), Fortaleza, Guarani de Campinas/SP (que já foi campeão brasileiro), Vila Nova, Paysandu, Remo, Vitória da Bahia, o próprio Bahia (este, ainda lá), entre outros. E a queda à “C” foi uma tragédia para essas agremiações, como seria para o CRB. Epa! Um minuto: toc-toc-toc (na madeira) e um sinal da cruz. Pronto.

Como eu dizia, esse feito do Galo proporcionou, como proporciona, inúmeras alegrias, vitórias memoráveis, emoções indescritíveis, sendo a principal delas poder encontrá-lo durante todo o ano. A gente tem a oportunidade de viver esse amor durante todo, todo o ano! É pouca coisa, não!

Por outro lado, é o único clube alagoano a vir realizando essa proeza (daí eu ter dito que era um orgulho deste Estado) — sem, claro, desmerecer qualquer outro que certamente tem, também, muito do que se orgulhar. Mas falo de hoje. E de campeonato nacional. Logo, nestes últimos 14 anos, ao falar-se do futebol de Alagoas, sob o enfoque da participação em competição nacional, fala-se quase exclusivamente de CRB.

Finalmente — porque a crônica já tá longa demais —, terminasse hoje o campeonato, o CRB seria um dos 30 melhores times do Brasil, já que das duas competições principais, a 1ª e a 2ª Divisões, participam apenas 40 agremiações, e ele ocupa a 30ª posição.

Pois é..., enxergo motivos muitos para se comemorar a “permanência”. Talvez porque, pela paixão, não esteja vendo coisa nenhuma. Mas penso que vejo, o que dá no mesmo. O fato é que quero ir à Série “A”. Mas já que não foi possível, dou muito valor à conquista de não ter descido à “C”.

E vou confessar: comemorei muito, sábado. Tá bem! Domingo também fui ao aeroporto. Buzinando pela cidade. Feliz da vida! Pior: sábado estarei no Trapichão, comemorando antes, durante e depois. Até umas horas... Haverá tratamento para essa “pequenez”? Se houver, quero continuar “doente”. ‘Brigado, Galo!
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Tb publicada no site futebolalagoano.com

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

É preciso acreditar!

Crônica

Confesso: não conseguia me tranqüilizar — nos dias que antecederam o jogo contra o Vitória, precisamente após a bela derrota aplicada no Criciúma —, com a história (melhor dizer estória) de que um único ponto, nos três jogos remanescentes, garantiria o CRB no Campeonato Brasileiro da Série “B”/2008.

Olha que esse prognóstico (ou diagnóstico?) foi alardeado durante todo o período a que me referi. E eu, mesmo sem me enfronhar nos cálculos que deram origem a essa versão enganosa, não conseguia me sentir sossegado. Ao contrário, fiquei incomodado, comigo, por não desfrutar do mesmo otimismo, da mesma alegria, da mesma confiança de que tudo já se tinha praticamente resolvido com a vitória sobre o clube de St.ª Catarina. Daí, inclusive, o silêncio a que me impus. Se não era para acreditar no que todos, quase invariavelmente, diziam, melhor ficar calado com meu, então, pessimismo.

Eis, porém, que não era pessimismo coisa nenhuma. E cá estamos nós novamente a sofrer com a angústia de ter de decidir nossa permanência na Série “B” nas duas (ou numa das duas, espero que na próxima) últimas partidas. Nenhum fato estranho, inexplicável, aconteceu. Não. Simplesmente o Galo perdeu, e os concorrentes venceram. Encostaram, e o “prognóstico” certeiro de que bastaria um ponto foi pras cucuias — ou pra outro lugar, cujo nome vou me abster de declinar, aqui, em respeito ao(à) leitor(a).

Bem, passada a ilusão, em cujas fileiras felizmente não me perfilei — menos mal, o sofrimento é um pouco menor —, há, porém, algo em que se faz necessário, imprescindível, vital, mesmo(!), acreditar: na vitória do Galo em Itu, amanhã. Essa crença, essa fé, não é ilusão, como o foi o falso sonho do ponto único. Além de ser absolutamente realizável esse objetivo — o CRB é muito melhor time que o Ituano —, o Regatas necessita receber essa energia positiva que só pode vir, mesmo, de seus torcedores. Afinal, se nós não acreditarmos, quem o fará?

Assim, precisamos pensar, dizer e reafirmar a nossa fé no Clube de Regatas Brasil! O pessimismo, o medo, a descrença devem ser sumariamente afastados. A essa altura do campeonato — sem trocadilho —, o Galo precisa, como nunca, do amor incondicional de seus torcedores, e esse sentimento há de ser expresso é pela fé em seu desempenho vitorioso em Itu. Pela certeza de que podemos e vamos vencer. “Nos momentos mais extremos, A Pátria em nós terá fé, E o futuro venceremos, Alegres, firmes, de pé!”

Não nos resta outra alternativa.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Impressões de uma paixão

Crônica

Ufa! Chegou! Ou está chegando. É que na véspera já dá pra gente sentir tudo que se sente no dia, apenas com poucas diferenças. Na véspera há menos ansiedade e alegria, mas já os há. A diferença, como acima deixo antever, é que no dia — às vésperas, agora, da hora do jogo — é tudo com mais intensidade: maior a ânsia, maior a alegria. Sua mente e seu corpo passam a estar naturalmente voltados para o momento de revê-lo e de conviver com ele naqueles cerca de 90 minutos que se seguirão. Para sorrir ou para chorar. Para viver! Deixar — forma de expressão, já que independe de nossa vontade — que a emoção entre em cada espaço de nosso corpo e de nossa alma, e nos leve por aquela viagem prenhe de sensações arrebatadoras: tensão, euforia, dor, ou êxtase, ou de tudo um pouco, ou um tanto, que só um torcedor apaixonado por seu clube do coração — a redundância é proposital — consegue sentir.

O fenômeno é facilmente perceptível, bastando que você dedique alguns poucos segundos a se observar. O pensamento, por exemplo, fica quase todo voltado para o momento do encontro. Lembra (um pouco!) a espera da chegada da hora de encontrar a mulher (ou o homem, seja você leitora, ou quem quer que seja, goste você do que quiser gostar) por quem se está apaixonado. É que é paixão, caro leitor. E paixão, ora... é paixão. Às vezes diminui o apetite — alguns nem conseguem comer — , e que não inventem nada para você fazer que exija muito de si: o resultado certamente não será bom (ou o melhor). O batimento cardíaco, por sua vez, fica mais acelerado, e as visitas ao banheiro, mais constantes, sintomas que se tornam mais perceptíveis, naturalmente, à medida em que a grande hora se aproxima.

Mas eu dizia, com satisfação, que finalmente havia chegado o dia. Refiro-me à véspera, momento em que escrevo. É que, como já explicitado, as horas, na véspera do dia, são muito semelhantes àquelas que antecedem o momento em que vai ser iniciado o espetáculo, no dia. E isto foi a primeira coisa em que pensei, hoje, ao acordar.

Por outro lado, ontem, e também no sábado, patente o vazio sentido. Principalmente no sábado, que já se tornou quase costumeiro, aqui, no Trapichão, ou fora — pessoalmente, ou pela TV, ou pelo rádio — encontrá-lo. Impressiona perceber a falta que faz “encontrar” o querido Galo de Campina. Impressiona constatar como as semanas sem o CRB não são, realmente, as mesmas de quando ele se faz presente.

Isto me faz pensar em como deve ser valorizada, sempre!, a participação ininterrupta do Regatas no Campeonato Brasileiro da Série “B”. Isto explica o porquê de tanta alegria e tanto orgulho pela vitória por permanecer nesse certame nos três últimos e sofridos anos (2004, 2005 e 2006). É pra sentir alegria, sim! É para orgulhar-se, também! Afinal, como seria não ter o Galo, semanalmente, durante todo o ano esportivo? Como seria não desfrutar dos momentos maravilhosos que ele nos proporciona?

O CRB, frente a diversos times do sul-sudeste do país, é um clube econômica e financeiramente pobre. Outro dia ouvi alguém, torcedor de um do sudeste do país, dono de muitos títulos e riquezas, externar sua felicidade, julgando-se privilegiado por isto. Sem dúvida, seus feitos eram dignos de admiração: campeonato mundial, brasileiro, e por aí ia. Mas jamais trocaria o meu Clube de Regatas Brasil por ele. E tenho a plena convicção de que as alegrias que já senti, pelo e com o Galo, não são menores do que as experimentadas por aquele torcedor. Por isto, quando o assunto é amor por um clube de futebol, tema desta crônica, nem um, nem um só que seja!, esteja onde estiver, seja de onde for, é mais rico do que o Galo.
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Escrito em 12/11/2007 (segunda-feira)
Também publicado no sítio
futebolalagoano.com

domingo, 11 de novembro de 2007

Sem desespero

Crônica

O CRB tem 4 jogos pela frente, dois em casa. Portanto, são 12 o número de pontos que ainda falta disputar. Dizem os matemáticos — aí, vou fazer uma ressalva: nunca ouvi algum, mas é o que dizem (na imprensa) que eles dizem — que com mais 4 pontos o Galo estará definitivamente fora de qualquer risco de entrar na zona de rebaixamento. Ora, não dá para imaginar — o que dizer-se aceitar — que não consiga ganhar 4 pontos em 12!

No jogo de sábado restou claro que nossa defesa continua demorando para acordar — é contumaz em levar gol nos primeiros minutos de jogo (acorda essa turma, seus Joões!) —, que o lateral Marcel deixa uma avenida aberta para o adversário deitar e rolar pelo lado esquerdo do Regatas, que essa história de jogar com 3 volantes, com medo do adversário, não dá certo, e que o time continua pecando nas finalizações — seja porque pouco chuta a gol, seja porque, quando o faz, faz mal; aliás, basta ver-se que os gols do São Caetano/SP, embora jogando em casa, foram construídos em contra-ataques, e quase invariavelmente com a colaboração da defesa do Regatas.

Porém, o time não se acovardou! Esse, penso, é o dado mais importante que se pode extrair da indigesta peleja. O time foi valente! Embora incompetente nos fundamentos já alinhavados acima, o Galo lutou para reverter o resultado, somente esmorecendo após levar o 3° gol, quando ainda continuou lutando, mas sem o mesmo ímpeto.

Portanto, creio não se deva relacionar o jogo de sábado, apesar do placar, com aquelas duas derrotas anteriores, pelo mesmo escore. Naquelas, o CRB foi vergonhoso! Seus jogadores se entregaram covardemente. Não foi o que aconteceu em São Caetano/SP. Fosse para comparar, diria que está mais para aquele jogo contra o Stª Cruz, em Recife, no início do campeonato, quando o Galo perdeu por 4x1(imerecidamente!).

Conseqüentemente, não vejo razão para desespero. Não há nada que não possa ser ajustado pelos João-técnico e João-psicólogo. Mãos à obra, então, gente boa! Ah! Agora, a torcida, por favor, né? Pro campo moçada! Vamos abrir, muito, esse bandeirão! É nessa hora que se tem que mostrar amor ao clube! Lotar o Trapichão é obrigação! Até rimou...
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futebolalagoano.com

E no Iraque, hein?

Crônica

Por que, nos outros esportes, não se tem tantos erros de arbitragem para apontar, como no futebol abundam? Não dá para entender...

Vá lá que o sujeito cometa um erro crasso (é difícil admitir, mas vá lá). Com muito boa vontade ou falsa ingenuidade se imaginaria que naquela exata hora o indigitado distraiu-se, pensando na briga doméstica, na conta para pagar, ou coisa que o valha. Difícil crer..., mas vá lá que seja (a coisa tá tão ruim que a gente passa a admitir o inadmissível). Vá lá, também, que cometa aqueles equívocos ditados por circunstâncias peculiares, que prejudicam sua visão, tornando difícil a marcação: os chamados lances difíceis. Mas não dá pra aceitar, nem entender, uma sucessão enorme de falhas incompreensíveis de marcação, sem se socorrer de suspeitas que não se desejaria ventilar.

O que aconteceu ontem, no Trapichão, foi repugnante! E o pior é que não é um caso isolado. Muito pelo contrário! Só para exemplificar, lembram daquele outro jogo, em que os Presidentes do CRB e da FAF adotaram todas as providências legais para a punição do árbitro, encaminhando o material necessário, à apuração, às esferas competentes? Pois é, enviaram o filme da peleja, o escambau. Foi punida a outra praga? Humpf! Foi, não. Por quê?! Corporativismo?! Não se tem resposta. Mas você tem o direito de pensar o que quiser. Ah, isso tem!

E a imprensa de lá de baixo? É, a do sul-sudeste. Me’irmão, quando o prejudicado é um de seus times, sai de baixo! Viu o caso da bandeirinha? É, a da revista! Sim, a peladona! Pois é, um erro, a grita geral: suspensão. Mas quando é com nós outros... Aí, cabra véio, são outros quinhentos. Conosco, só eles podem ser vitoriosos. Não estou exagerando, mas faça um abatimento, se não concordar de todo. Mas assista a um desses jogos. Não dá pra não ver a verdade do que alardeio.

Voltando ao jogo de ontem, foi mesmo uma arbitragem horrorosa (e tô medindo as palavras)! Meus instintos mais primatas teimavam em mostrar a cara — felizmente, só para mim. No máximo, umas tantas palavras nada ortodoxas, dirigidas ao “homem de preto”, no mais alto volume de minhas parcas cordas vocais. Inúteis. De saldo, uma rouquidão, ainda na mesma noite. Bendita lei que impede que se jogue objetos no gramado, e, claro, que se o invada para... huummm, digamos, cumprimentar árbitros que agem dessa maneira. Não fosse ela...

Mas não gosto de desejar mal a ninguém. Por isto, apesar de, com suas pantomimas, quase impedir a briosa e heróica vitória do Galo — afinal, foram dois os adversários, já que os erros eram sempre contra o Regatas —, pensei que certamente seria muito bom, para o currículo dele, uma temporada apitando jogos no Iraque. Não sei porque, mas acho que seriam arbitragens impecáveis.
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Escrita em outubro/2007
Também publicada no sítio
futebolalagoano.com

Exercício do "jus esperniandi"

Crônica

Olha, com todo o respeito aos outros que disputam a Série “B” do Brasileirão, mas é um absurdo! Não há razão que explique satisfatoriamente e, certamente, até por isto, é injustificável que assim seja!

Como pode o jogo do Clube de Regatas Brasil, o CRB/AL, ser o único não transmitido pela televisão?! Com efeito, como se explica ser simplesmente ignorado o time que representa um Estado da importância política, cultural e histórica das Alagoas, aliás inversamente proporcional, registre-se(!), ao seu pequeno tamanho geográfico! O único do Estado, diga-se! Mais: é representante de uma Capital da Federação! Um dos dois únicos clubes que disputando esse certame há 14 anos jamais caiu à 3ª divisão! O dono do 7º maior público total presente aos jogos daquele certame! Isto sem contar que à frente dele estão clubes representando Estados muito mais populosos!

Meus caros, exagero não! Todos os outros jogos foram televisionados! Menos o do Regatas, passado em Marília/SP. Vou nem falar das outras oportunidades anteriores em que, como desta feita, somente o rádio restou aos alagoanos... Aliás, benditos sejam os rádios e seus profissionais! Basta se ater à 31ª rodada, para constatar-se o que assevero e contra o que reclamo.

Vejam só: de 10 jogos onde verificados os menores públicos presentes até o momento, na Série “B”, o Ituano/SP participou de 09 deles, sendo que nenhum, dos 10, teve a participação do CRB. O jogo do Ituano passou na TV? Sim.

Os jogos em que foram mandantes o São Caetano/SP e o Santo André/SP apresentaram um número somente superior ao seu colega paulista, antes citado, respectivamente ocupantes dos 18º e 19º lugares em total de público. Foram televisionados seus jogos? Sim.

O Gama/DF, com míseros 22.162 espectadores no mesmo período, e o Paulista/SP, com pouco mais de 29.500, ocupam, nessa ordem, os 16º e 17º lugares. O jogo do Gama/DF passou na televisão? Sim.

O Avaí/SC, por sua vez, teve um público inferior à metade daquele que apresentou o CRB, vale dizer, de 46.728, enquanto o do Regatas fora de 102.132 pessoas. Entretanto, o jogo Paulista/SP x Avaí/SC foi televisionado. Exatamente! O jogo do lanterna em interesse popular cativo, realizado com o mediano Avaí/SC, e na casa daquele, passou na TV. Os dois juntos não somam o público que foi ao Trapichão no mesmo período!

Francamente, é uma falta de respeito que não me deixa emudecer. Seria ausência de prestígio político de nossos representantes nos parlamentos? Ou falta de interesse, mesmo?

Por outro lado, igualmente surpreendente é o quase silêncio completo a respeito do assunto na semana que antecedeu o jogo do Galo de Campina. Barulho, mesmo, só dos torcedores (justamente) inconformados. Ainda assim, como somente têm voz em pouquíssimos espaços, o alarde não logrou fazer-se proporcional ao tamanho da irresignação percebida em cada um em particular.

Nesse quadro lamentável e revoltante — é, amigo, você sabe!, quem é torcedor ou, não o sendo, é alagoano e gosta de futebol, não é insensível a tamanho desdém —, o que se pode fazer, para que no futuro Alagoas seja mais respeitada? Sei lá...

A mim, resta-me socorrer do jus esperniandi — o direito de, pelo menos, espernear. Ei! Ô! Aqui, véio! Tá com cera no ouvido, é?! Quero ver os jogos do CRB na televisão! Pô!!
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Também publicada no sítio
futebolalagoano.com

Tripanossomos

Bem feito pra mim. Tinha nada que sair elogiando. Menos ainda com o destaque dado. Quem mandou? Ôxe! Fim das contas, sequei o cara!

Tudo porque, passado o jogo em que o Galo vencera o Coritiba, líder da competição, ainda entusiasmado com o ótimo desempenho do time fui inventar de descobrir qual a razão para aquela recuperação admirável. Pior! Em vez de ficar quieto no meu canto, externei o que houvera concluído: que o técnico havia sido o responsável pela virada de mesa, pela expulsão da urucubaca, pela recuperação motivacional do grupo. Pior: externei publicamente essa opinião! Aí já foi demais. Sequei o cara!

Resultado: sumiram toda a ousadia e coragem atribuídas ao técnico do Regatas — ou “professor”, como muitos referem-se a esses indispensáveis profissionais. Tudo bem, pode ser que os jogadores tenham todos desobedecido às suas orientações, realizadas no sentido oposto. Mas é difícil crer. Afinal, como achar que aquele desempenho sonolento que se viu no 1° tempo e parte do 2° não teve o dedo — melhor, a mão — do técnico, quando se sabe que optou por escalar três volantes? Pior: no intervalo do 1° tempo, ouviu-o, claramente, reclamar da pífia atuação do time! Contraditoriamente, entretanto, voltou com a mesma escalação e esquema desastrosos!

Foi terrível! O time que vi jogar até as primeiras — e finalmente acertadas! — alterações (precisou levar um gol para acordar, registre-se!), iniciadas com o ingresso do ótimo Sidney, lembrou outro, de triste memória, que sempre “caía de 4”. Quem não lembra, e quem não gostaria de esquecer? As nossas sortes são que o outro time finaliza tão ruim — ou pior — do que o nosso, e que o goleiro Musse fez jus ao único ato de coragem do “professor”, ao mantê-lo no grupo: fechou o gol.

Aliás, essa história de jogar acanhado porque na casa do adversário, Deus do céu, parece um dogma! Não é só o técnico do Galo, não! Basta ver o Coritiba, que aqui chegou (felizmente) com tanto respeito que não jogou nada! O mesmo se diga do nosso sonolento alvirrubro. Aliás, quanto a este é pra frisar e alardear: não sabe jogar na retranca! Definitivamente, não sabe! Os bons jogos do CRB são sempre partindo para o ataque! Basta que se rememore. Não é difícil. Então por que insistir com essa história de jogar retrancado só porque é na casa do adversário?

Pois é, mas como eu dizia no início da crônica, fui elogiar, deu no que deu. Por isto, penitencio-me: a culpa foi minha. Sequei o “professor”.

Resta-me, porém, uma esperança última de expiação da culpa que me corrói a consciência e obsta-me o descanso tranqüilo: é a notícia, que penso ter ouvido (será que foi um pesadelo?), de que centenas de moscas-tsé-tsé, vindas da África (ou de lá propositadamente trazidas!), teriam chegado ao cerrado brasileiro, na véspera do embate com o Brasiliense, e se instalado no hotel onde pernoitaram os jogadores do Regatas. Como se sabe, essas hematófagas são vetores de tripanossomos causadores da doença do sono.

Assim...

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Escrita em outubro/2007
Publicada no site futebolalagoano.com

Perfeito[1]

Dor de garganta da bichoca preta[2]! Também, amigo(a) leitor(a), 90 minutos de berros e gelo na goela[3]... não dá outra! Mas como preservá-la assistindo a um espetáculo daqueles e sendo um apaixonado torcedor?

Pois é, o time deu um xou[4] de bola! Que jogo bom de ver! E claro que a satisfação após o gol e ao final do jogo é diretamente proporcional — e como é! — ao sofrimento experimentado durante os 80 minutos que antecederam ao gol heróico do Nicácio. Este, por sinal, fez jus, naquele final de tarde, ao privilégio de ter ganho do Criador pés hábeis a chutar uma bola de futebol.

Perfeito! Tá bem..., perfeito, perfeito não foi. Afinal o time errou muitos passes, perdeu alguns gols... Mas o que importam esses “defeitos” se um gol, justo o da vitória, foi feito? Que importam se o time foi raça, garra e coragem do início ao fim?

Ora, não se pode esquecer de que esse time vem emocionalmente abalado, e, por isto mesmo, sofrendo uma pressão (justa!) enorme. A começar deles próprios. Por outro lado, só perde gol quem tenta. Aliás, este é um jargão quase incontestável. É que há vezes em que o gol é feito sem ter sido tentado. Como quando o acaso dá uma mãozinha[5] pra pôr a bola no fundo das redes, à revelia da vontade de quem a chutou. E, no caso, foram várias tentativas! Mas também houve azares, que só mesmo a impressionante urucubaca que pousou na Pajuçara pode explicar. Enfim, foi jogo para se aplaudir, mesmo fosse derrotado (toc-toc-toc na madeira!).

Passadas as emoções maiores, enquanto me recuperava do desgaste de energia experimentado antes, durante e depois da peleja, tentava refletir sobre a causa daquela recuperação fantástica. E embora essas coisas nunca aconteçam isoladamente, penso que determinante, ali, foi mesmo o novo técnico. E não apenas porque houve um ótimo treino no dia anterior, seguido pelo belo jogo de futebol que estou a elogiar. O treino e o jogo, para mim são ambos resultado do trabalho que iniciou quando pegou logo uma pedreira[6] fora de casa, nem bem havia chegado e nada conhecesse (ou pouco) de Série B, o que dizer-se do CRB (rima involuntária).

A partir dali, ao meu sentir o time começou a mudar. E mudar não (ainda) para jogar o belo futebol do 1° turno — nem ontem jogou tão bonito assim —, mas para encontrar a motivação necessária para perseverar na luta. Espero não a percam novamente. E que não deixem que percam. Por isto que para mim foi perfeito. É..., foi perfeito![7]
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[1] Esta crônica foi um pedido do Carlinhos e do Wilton, certamente mais pelos afeto e respeito recíprocos, do que pelo talento do cronista.
[2] Bichoca preta = furúnculo pequeno, preto; na verdade, eufemismo usado por este cronista para não dizer nome mais agressivo, que possa chocar ouvidos mais sensíveis. Aliás, agressivo, aí, é outro eufemismo, para não escrever, simplesmente, palavrão.
[3] Gelo na goela = outro eufemismo, para designar (ou encobrir) cerveja na garganta.
[4] Xou = show.
[5] Nenhuma referência ao famoso gol, de mão, do Maradona. Mãozinha, aqui, no sentido de ajuda, mesmo.
[6] Pedreira = missão muito trabalhosa.
[7] Ufa! Quanta nota de rodapé. Mas já acabou.


Crônica publicada no site futebolalagoano.com

Hora de apoiar

1° turno do campeonato. 19 jogos. 30 pontos. Um futebol então “ofensivo e envolvente” (segundo a FBA). Ao lado desse desempenho: salários e “bichos” pagos religiosamente em dia, moradia decente, os melhores hotéis, assistências médica e hospitalar, tratamento fisioterápico mediante o concurso de bons profissionais e de instalação física razoável.

2º turno do campeonato. 9 jogos (até 02/10/2007). 2 pontos. Um futebol horrível e modorrento, que parece, entretanto, estar se recuperando, pouco que seja, o que se vê a partir dos últimos 2 jogos, respectivamente contra o Gama e o Remo. Ao lado desse desempenho pífio: as mesmas condições materiais e objetiva citadas anteriormente.

Suporte psicológico: ausente. Logo após o jogo contra o Avaí, a imprensa noticiou que foi contratado um profissional. Entretanto, se existe o profissional (e existe), ninguém sabe do trabalho realizado. Viajou com o grupo para Belém? Não, que se saiba. O profissional se adequa às necessidades do paciente? Por esses primeiros movimentos tímidos, parece que não. Este é que se adequaria àquele, o que é um absurdo. E por que não a psicóloga do ano passado? Porque a diretoria não quer. Escolheu outro. Ora, até tem o direito de fazê-lo. Mas que sirva. Seja eficiente (competente) e dedicado. Todos passam: a diretoria, o conselho, os funcionários, os jogadores, etc. Até o etecétera passa. A torcida, porém, fica. E é a titular do sofrimento deixado.

Um “gerentão” de futebol, que saiba “puxar as orelhas” dos jogadores relapsos: ausente. Até o momento em que escrevo, não existe. O CRB ressente-se de sua falta? À toda evidência que sim.

Pois bem, torcedores do querido Galo da Pajuçara, ao lado de tudo de bom que foi construído pelos administradores atuais do CRB e seus jogadores (e há muita coisa a reconhecer-se boa, não se pode tampouco negar!), e apesar do que há por fazer — ou que não tenha sido realizado da melhor forma —, penso que não podemos negar apoio aos jogadores de que dispomos para defender nossas cores.

Não negar apoio significa aplaudir, gritar palavras de incentivo e de ordem, torcer com a alma, o corpo, o coração. Negar é vaiar aos primeiros erros (e aos segundos, terceiros e quartos), xingar porque não atuaram com a competência que deles se espera (perder um pênalti muito bem batido, por exemplo). Negar apoio, só posso entender, caros argonautas, se o plantel não se esforça, não luta, faz corpo mole, é displicente, despreza e menospreza a camisa que veste. Fora dessa hipótese, o Regatas precisa, agora mais do que nunca este ano, do nosso apoio.

Ouvi a Dra. Maria Helena, no programa de rádio “Cadeira cativa”, dizer que o amor de torcedor assemelha-se ao amor de mãe. É incondicional. Seria, assim, exatamente nas dificuldades que o verdadeiro torcedor mostra que ama o seu clube. Aplaude quando erra, porque reconhece o esforço de quem errou. E incentiva. Como uma mãe faria a um filho querido, emocionalmente abalado. Com essa atitude, ganham todos.

Vamos apoiar! É o que nos cabe, agora. Pelo CRB! E por nós mesmos! Afinal, o CRB somos nós.

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Escrito em outubro/2007

Ainda é tempo!

Início da preparação para o Alagoano/2007. Eu e Ranulfo contatamos o então novo responsável pelo futebol no CRB. Objetivo: sensibilizá-lo para a necessidade de prover-se o clube de um trabalho psicológico constante, inclusive já para o certame estadual. Sem precisar ir longe, estávamos escaldados pelo Brasileiro da Série B/2006, e cientes de como o trabalho da então psicóloga, Dra. Maria Helena Barbosa — que, à época (2006), tivemos a honra e o prazer de apresentar ao Regatas —, fora fundamental à sua permanência naquela Divisão. Com efeito, qualquer grande time, hoje, dispõe, ao menos, de um profissional, gabaritado, da psicologia.

Foi-nos respondido, porém, que isso não era prioridade. E ponto.

Mudanças na Diretoria e no Conselho. Alguns velhos e novos amigos. Voltei a externar ao Regatas a minha preocupação. Até agora, entretanto, surpreendentemente nada foi feito nesse sentido, embora nas vezes em que conversamos os interlocutores do Galo tenham me parecido sensíveis, e até concordes.

Aos meus olhos leigos, enumero 3 jogos que me parecem claramente denotadores da falta que esse suporte psicológico já nos traz: CRB 4 x 3 Vitória (o time pareceu ter levado os gols que levou, e da forma que levou, por não “agüentar” o fato de aplicar uma goleada no poderoso clube baiano); CRB 1 x 2 Stº André e CRB 2 x 2 Stª Cruz (o Galo parece não acreditar que pode, sim, entrar, e manter-se, no G4).

Meus caros, é possível fazer algo, ainda. Contratem um bom(!) psicólogo. Profissional de uma área não substitui outro, de área diversa. Cada macaco no seu galho! Ainda é tempo.

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Escrito em setembro/2007

Uma inesquecível história de amor, garra e fé

Aquela sofrida e imerecida derrota, para o Ituano/SP, em 11/11/2006; a zona de rebaixamento — uma realidade, então —; os dois últimos e seguintes jogos, necessitando obrigatoriamente vencê-los, além de torcer por resultados de terceiros; o próximo, o penúltimo, mais uma vez em Santa Catarina, no sábado seguinte, dia 18, desta feita contra o Avaí — em 2005, a tortura foi lá também, mas contra o Criciúma, outro jogo fantástico —; tudo isto me fazia compreender que não bastava mais só torcer, acreditar, rezar. Sentia que podia e, principalmente, devia ajudar mais. Muito mais.

Foi então que teorizei, com meus amigos Ranulfo Lira e André Canuto, que a queda do CRB, na classificação do Campeonato Brasileiro de Futebol da Série “B”/2006, tinha um componente predominantemente psicológico. Afinal, o time era bom. Muito bom, até, ousaria dizer. Com efeito, aqueles sucessivos gols sofridos ao final dos últimos jogos, a inábil maneira de tratar o problema que envolvia o jogador ídolo da torcida, entre outros fatos menos importantes, assim me faziam concluir. Perguntei -lhes o que achavam de eu oferecer ao Galo, por seu então Presidente, os serviços de uma psicóloga conhecida minha, de reconhecida competência. Essa, certamente, só não faria milagre. Mas, aí, Deus e todos os santos ajudariam. Falava da Dra. Maria Helena Barbosa. Estimularam-me e fui ter com ela. Narrei-lhe as agruras e sofrimentos últimos vivenciados pelo Regatas. Informei-lhe da possibilidade de cair à Série “C”, não vencesse os dois últimos jogos. E fulminei:

— Se o CRB aceitar, você topa prestar-lhe uma assistência psicológica?

— Claro que sim!, respondeu. É só me avisar com alguma antecedência, para que eu possa acertar com meus clientes já agendados.

— Lembre-se, porém, que se o Galo cair, poderá não repercutir muito bem pra você — alertei-a, honestamente.

— E se não cair? — perguntou-me. Para em seguida completar:

— Quem pode saber o que irá acontecer? Eu só sei, que se não aceitar, o trabalho psicológico, que é fundamental, principalmente à vista do que você próprio me narra, não será realizado.

— Outra coisa, doutora. Não posso garantir nada em questão de honorários.

— Não se preocupe com isso. Vá saber se eles querem, retorne-me, e vamos em frente!

E fomos mesmo, graças a Deus! — que já tive oportunidade de explicar, em outra crônica, é regatiano, enjoado, que sempre foi, da cor do céu.

Falei com Gustavo Feijó, então Presidente do Galo, que imediatamente concordou. Era o dia 14/11. O clima não estava nada bom na Pajuçara. Marcamos um encontro lá mesmo — para apresentá-la ao plantel, Comissão Técnica e eventuais dirigentes —, para o dia seguinte, 15/11, quarta-feira, feriado da Proclamação da República

Chovia fino, naquela tarde cinzenta e triste. Não se enxergava ânimo na expressão de quem quer que fosse, lá na Pajuçara. Quando muito uma tentativa de demonstrá-lo. Mas ânimo, genuíno... Muito longe. Aliás, tinha quase ninguém. Feijó não se faria presente, porque tinha um compromisso com o seu Universal, que estava disputando campeonato alagoano de divisão inferior. Escapou da doutora. Outros tentaram escapar de sua, digamos, preleção. Mauro Ramos tentou. Ela insistiu que queria todos presentes; não só os jogadores. Funcionários também. Lá se foram o Assis e outros. Reuniram-se no vestiário, já que chovia. Ficamos do lado de fora. Só eu, Ranulfo, André Canuto, o repórter Luciano Costa, e mais um ou outro torcedor ou jornalista que não recordo agora — esses, desculpem-me o esquecimento.

Francamente, embora satisfeito — porque confiava muito em seu trabalho —, estava apreensivo. Afinal, sentia que ela precisava convencê-los, antes de tudo, de que sua ajuda poderia ser eficiente e, portanto, imprescindível. É que, embora a houvessem tratado com fidalguia e delicadeza, havia uma desconfiança natural, que eu percebia no semblante de cada um dos que lá vi: primeiro, porque, decerto pensavam, era uma mulher, no meio de um “bando” de homem; segundo, pela descrença de muitos, ditada pelo desconhecimento, quanto à importância, efetiva, da psicologia, para ajudá-los.

De repente ouve-se um grito vindo lá de dentro! Melhor, vários gritos. Quero dizer, berros! Palavras gritadas também. Uma algazarra danada. Nessa hora, tranqüilizei-me: Dra. Helena estava conseguindo. Do espanto, foi-se seguindo uma tímida euforia em cada regatiano ali presente. Algum tempo depois, a porta do vestiário se abre, informando-nos que havia terminado o “encontro”. Sai o Mauro Ramos, visivelmente impressionado e, o mais importante, animado, e me diz:

— Rapaz, demais da conta! Temos que levar essa mulher pra Santa Catarina! Meu amigo, só uma preleção dessa, antes de entrar em campo, e esse pessoal vai comer a grama!

Bom, feito o abatimento quanto à nova alimentação dos jogadores, vaticinada pelo Mauro — afinal, não era esse (comer grama), seguramente, o objetivo do trabalho da doutora —, o otimismo imediatamente se estabeleceu entre os presentes. O clima mudou. Onde havia pessimismo, desânimo e mau-humor, via-se alegria, disposição, entusiasmo. Fui levar Dra. Helena no carro dela, que estava parado na frente do Campo da Pajuçara. Agradeci-lhe. Ela se mostrou disposta a ir de novo. Até a viajar, fosse o caso. A chuva havia parado, as nuvens se abriram (verdade!), o treino começou. Os jogadores sorriam, brincavam. Realizavam os exercícios passados pela psicóloga. E se esforçavam. Missão cumprida, pensei. Ajudei, com meus amigos, meu clube do coração. Naquele feriado, fora proclamada, no velho “Severiano Gomes Filho”, a alegria, a garra, a fé! O CRB renascia.

Mas, ledo engano meu, a missão estava só começando...

Final da manhã de quinta-feira. Nada. Até o início da tarde, nenhuma resposta do Gustavo sobre a eventual ida da doutora à Santa Catarina, que naturalmente, se houvesse de ocorrer, seria no dia seguinte, já que o jogo se daria no sábado. Liguei para Dra. Helena, avisando que estava difícil e desobrigando-a. Finalmente, André Canuto conseguiu contato com o Presidente, por telefone. Percebemos haver dificuldades. Pedi a Canuto que ligasse novamente, perguntando se haveria interesse real, dele, em tê-la lá, e condições de acomodá-la convenientemente — com alimentação e hotel —, porque, havendo, nós nos encarregaríamos de mandá-la à Santa Catarina, às nossas custas. Salvo, claro, se não houvesse mais vaga em vôo algum. Ele deu “sinal verde”. Liguei de novo pra doutora. Ela sorriu com a nossa insistência. E tranqüilizou-nos. Disse que se conseguíssemos, iria. Deixaria, desde já, seus clientes de sobreaviso. André Canuto contatou algumas agências de turismo. Às 16 horas, telefona-me, informando que a reserva foi feita. Mas teríamos que pagar ainda naquela quinta-feira.

A partir daí foi um corre-corre, ou um liga-liga. Às 20:30h, concluímos que o dinheiro arrecadado conosco e com nossos valorosos amigos regatianos — Ranulfo, os “Nairos” (Dr. Nairo Freitas, Nairo Henrique, Nairo José e Nairo Jr.), Reinaldo Fernandes, meu pai (Antônio Eustáquio), Milton Peixoto e Cornelio Alves — quase cobria as despesas. O resto nós acrescentaríamos. Não podíamos esperar mais. Às 21:30 horas, estávamos com a passagem comprada. Dra. Helena, por favor, faça as malas!

Sexta-feira, fomos levá-la ao aeroporto. Eu, Ranulfo, André Canuto e, então, Nairo José, que se incorporara ao grupo após o episódio da compra da passagem. Marcamos de nos encontrar com Gustavo Feijó, que estava embarcando em outro vôo. Confirmado, para a doutora, diretamente com Gustavo e, por telefone, com Mauro Ramos, hotel, alimentação e translado, vimos a nova regatiana partir, certos, convictos mesmos, de que tudo correria bem. Nairo José me agradece por ter despertado nele, novamente, a fé no Galo (estava pessimista quanto à mantença do CRB na série “B”, e atribuía a mim a renovação de sua crença). Eu, de minha parte, agradeci-lhe por me ter convencido de que oração é importante até para um jogo de futebol. É que eu achava, equivocadamente, que os anjos e santos não atenderiam preces envolvendo disputas, porque, o fizessem, estariam abandonando os torcedores do adversário e o próprio. Rematada bobagem. Atendem, sim!

Sábado, 18/11/2006. Há alguns dias não dormia direito. Até pra trabalhar tava difícil. Mas hoje a angústia maior teria fim — maior, porque, sem a vitória, de nada valeria o último jogo, contra o Remo. E eu estava com uma fé, inabalável(!), de que passaríamos por mais esta. Seria desastroso cair. Não só para o CRB. Para o futebol alagoano, digo sem receio de errar. E olha que ouvi até jornalista, sabidamente regatiano, afirmar que o Galo já estava na “C”. Jogou cedo a toalha. Teve que apanhá-la de volta.

Tomamos assento à mesa do Bar do “Rei”, lá no limite entre Ponta Verde, Pajuçara e Santo Eduardo. Nunca sei que bairro é ali. Bem na calçada, para poder encostar o carro próximo e ligar o rádio. Levei um santinho de Nossa Senhora Desatadora dos Nós pra cada um: André Canuto, Ranulfo, Nairo José e Iranildo Júnior. Pus o meu, de há muito plastificado — desde a primeira santa-ajuda que me foi dada por ela, anos atrás —, no centro da mesa, encostado ao porta-guardanapos, não sem antes pedir-lhe perdão pelo desconfortável e indigno (dela) pedestal. Mas ela teria que estar ali, olhando por nós e pelo Galo. Mesmo que numa mesa de bar. Era um otimismo mesclado com uma tensão enorme. Naquele dia, mal consegui comer. Dormir, nem se fala. Pedi por todos. Pedi pelo CRB, pedi pela doutora. Pedi por mim.

O telefone toca. É ela. Um otimismo impressionante. Uma garra admirável. Consigo ouvir o barulho no estádio. Desejo-lhe boa-sorte, e ao Galo.

Começa o jogo. E nós somente ouvindo. Pelo rádio. Não foi transmitido pela tv. Pra nos maltratar ainda mais. Você, que me lê, já deve, naturalmente, ter acompanhado um jogo de futebol, do seu time do coração, exclusivamente pelo rádio. É uma tortura. Não que seja ruim. Mas mata o sujeito de tanta emoção. Aliás, já digo que vou pular a parte que antecede o gol sofrido. E, mesmo dele, vou falar pouco. Quase nada. Você sabe que o Avaí inaugurou o placar, né? Então, pronto. Estupefação, claro. Seria, novamente — um rápido pensamento passou por minha cabeça — mais um resultado desastroso? Absolutamente! Alguns segundos após, a fé voltou. Na verdade, nunca deixou de estar lá. Meu santinho da Nossa Senhora ia caindo na mesa. Escorregara do improvisado pedestal. Vejo o Nairo José apanhá-lo. Ajeita com carinho, respeitosamente. Eu olho. Só olho. Para ambos. A emoção é grande demais, amigo(a) leitor(a). Mas é só aguardar, ter fé, que o empate não tardará, penso. Nesse momento, digo ao Nairo: Calma, vamos vencer! Percebo uma certa comemoração pelo gol sofrido, vinda da mesa vizinha à nossa. Um pouco contida, é verdade. Mas percebo. Era, no entanto, também uma mesa de alagoanos. Lembro-me ter sabido que até caixão fora encomendado por torcedores contrários ao Galo, para comemorar nossa aguardada (por eles, claro!) queda à série “C”. Fico quieto no meu canto. Estamos todos assim. Quietos. Mudos. E aí..., quando menos esperávamos é marcado o pênalti da reação. E da redenção. Comemoramos. Mas não demoramos vibrando. A tensão era grande demais pra isto. Foi autorizada a cobrança. O chute preciso. É gol. Gooolllll!! Também aí comemoramos pouco. Só por alguns gestos contidos. Um soco no ar. Uma rápida levantada da cadeira. Uma contração dos punhos. Coisa modesta. Uma comemoração pra dentro. O empate, afinal, era só o primeiro passo. O último e definitivo haveria de estar por vir. Não tardou. Quando ainda imaginávamos poderia demorar, ele veio! Goooooolllllllllllllllllll!!!!!!! Agora, sim! Uma loucura! Foi um tal de berrar, pular, abraçar... chorar. Nesse momento, faço questão de dedicar 10 segundos da minha comemoração à mesa vizinha. Fico em sua frente, olhando na sua direção, mas sem olhar especialmente pra ninguém. Sabe como é? Você se vira na direção do alvo, grita, esbraveja, cerra os punhos no ar, comemora! Feliz! Parece que não vê ninguém. Mas vê. Só não dedica o olhar. Só pra deixá-los sem graça. Entende? Satisfeito, esqueço e volto aos amigos. Agora, é sofrer até o final. São minutos terríveis. Mas a fé que nos movia era inabalável! Alguns, dentro do bar, que não ouviam o jogo atentamente, ensaiam uma comemoração, como se já houvesse acabado. Alertamos que não. Comemorar, só após o apito final do juiz. Estávamos calejados em sofrer gol no último minuto. Dessa vez não podíamos arriscar. E eram minutos intermináveis. Sem exagero. Até que, finalmente, o juiz encerra o martírio. Fim de jogo! O Galo venceu!! E de virada! Olha, não dá, não dá, mesmo, pra descrever o que foi aquele momento para cada um de nós, ali. A partir de então, só festa. A noite quase toda. Certa hora, meu telefone toca:

— Alô? Doutora?! E aí? Que maravilha, hein? — perguntei à Dra. Helena, esbanjando alegria.

— Foi muito bom! Correu tudo bem, como a gente previu! Muita garra, muita disposição, muito otimismo, muita confiança, muita fé! Parabéns ao CRB!

— Parabéns a você, Dra. Helena. Nós, regatianos, seremos sempre gratos.

— Vamos à vitória, sábado! — terminou me dizendo, antes de desligar.

Vamos, sim, doutora. Vamos, sim, pensei, enquanto voltava a me reunir com os irmãos-regatianos. O CRB de fato renascera naquele 15 de novembro de 2006. E acabou por conquistar, naquele mesmo feriado, e ali, na Pajuçara, uma valiosa torcedora. Ou fora uma conquista mútua?

Depois fiquei sabendo que Dra. Helena foi uma guerreira lá no sul. Declinou do convite para assistir ao jogo nas cadeiras. Preferiu postar-se atrás do gol do Regatas, abrigada em uma capa de chuva — sim!, chovia, em Santa Catarina — repassando ao goleiro algumas instruções do técnico, ao mesmo tempo em que o encorajava e lhe assegurava a certeza da vitória. Durante os dois tempos. Ali, debaixo de chuva. Soube, também, que até o Presidente fora por ela socorrido, quando sentira-se mal no intervalo da partida. Socorreu, mas não sem lhe passar um “pito” por ter fugido dos trabalhos que realizou com os jogadores, funcionários e comissão técnica. Não recebeu honorários.

Foi um jogo inesquecível para mim, caro leitor. Não. Mais! Foi uma história inesquecível. Uma linda história. De amor, garra e fé!
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Publicado no site oficial do CRB (
www.crb-al.org) (Seção: Meu jogo inesquecível)

Avermelhou em Barueri


Foto do amanhecer de 19/8/2007, em Barueri/SP.

Dizem seus surpresos habitantes e autoridades que o CRB - Clube de Regatas Brasil — o Galo da Pajuçara, lá de Maceió/Alagoas — foi o responsável por sua cidade ter-se avermelhado.
Esse Galo, hein? É mesmo impossível! Uh!! CeReBê!!

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Obs.: 1) A cidade está por trás da nuvem vermelha;
2) No dia anterior, jogando contra o Grêmio daquela cidade, o CRB venceu por 3 x 2.

E o Pepe foi do Galo!


Como explica a "Veja", retificando reportagem anterior (vide ilustração acima, reproduzida daquela revista), o nosso Torcedor-Conselheiro Carlos Almeida Lima Filho, mais conhecido como o Carlinhos da Confraria, fez mais uma das suas em favor do nosso Galo de Campina. É isto mesmo! Não lhe bastou constatar o erro da revista e, talvez, chatear-se. Foi além. Cercou-se dos documentos necessários, solicitou a necessária correção, e aí está: Pepe, revelado no CRB!

Este fato me faz recordar outro, ocorrido no Campeonato Alagoano de Futebol do ano passado. O CRB ia escalar um jogador (não recordo seu nome agora) que, ao contrário, estava proibido de atuar, porque deveria cumprir suspensão automática. O fizesse, naturalmente sofreria severa punição, tão-logo fosse constatada a grave irregularidade. E quem livrou o Regatas, alertando sua Comissão Técnica e dirigentes, e impedindo a desastrosa escalação? Justamente o Carlinhos.

Parabéns, meu caro! Os argonautas só podem agradecer!
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Escrito em agosto/2007

As parcerias: um mal, ou um bem?

Seria ótimo! Sensacional, até, tivesse o CRB condições de remunerar um plantel cujos salários desestimulassem o interesse de empresários ou outros clubes, daqui ou de fora do país. Média de trinta, quarenta mil reais... Por aí. Folha de pagamento razoável, né não? E honrada religiosamente em dia, claro. Sem contar, é certo também, uma situação financeira tranqüila em relação a dívidas deixadas por algumas administrações passadas. Dívidas trabalhistas — em sua quase totalidade majoradas artificialmente, por falta de defesa oportuna em juízo, outras criadas inexplicavelmente —, além daquelas, de natureza diversa, que, dizem, já estariam pagas há muito. Como seria bom não tê-las!

Mas a realidade do CRB é outra. Justamente a oposta. Ao menos é o que ouço ser dito, afirmado e reafirmado. Sem contestação. Portanto, não tenho porque desacreditar.

Ora, nessas circunstâncias, tem-se que as parcerias tornaram possível, por exemplo, construir-se um plantel formado por bons e razoáveis jogadores, a baixo custo, e ainda receber um troco na hipótese de um deles vir a ser negociado. Segundo Alexandre Farias, do Atlético-MG, o percentual em favor do CRB varia de 20 a 33%[1]. Não me parece ruim. O treinador? Para mim, o melhor fruto das parcerias. Queira Deus — que soube, por fonte segura, é alvirrubro, enjoado que ficou da cor do céu — o Galo obtenha os resultados de que precisamos, para possa aqui permanecer por muito tempo.

Por outra, como estaríamos sem elas? Qual seria o nosso plantel? Nos moldes daquele, formado com sacrifícios (aqui novamente repito o que sempre se afirmou, sem questionamentos) para o Campeonato Alagoano 2006? E fosse, ao revés, caro, qual seria o resultado ao fim do Brasileiro, no tocante às dívidas?

Também não vejo sejam as parcerias a causa de ter o CRB perdido jogadores para outros clubes. Estamos no final do 1° turno e, salvo engano, foram 4 atletas, então titulares à época, que deixaram o Galo: Luciano Amaral, Maílson, Wanderson e Marcinho. Desses, apenas os dois últimos foram fruto da parceria com o Galo mineiro. O primeiro, Luciano Amaral, era contratado do CRB, ortodoxamente. E o segundo, a chamada prata da casa. O problema, assim, parece-me ser mais de baixo salário e incapacidade econômica e financeira de disputá-los no mercado futebolístico do que de serem, ou não, do Atlético ou do Democrata mineiros.

Para concluir, vou aos resultados, à campanha. Está mal? Tem feito vergonha? Seus jogadores estão desinteressados, sem garra, ou coisa que o valha? Os resultados têm sido insatisfatórios? Saldo de gols, número de vitórias e derrotas estão aquém das expectativas mais realistas? Há otimismo quanto a progredirmos e alcançarmos a Série A? Parece-me, pois, que em geral há mais prós do que contras.

Assim, vou continuar torcendo para que dêem certo as parcerias. Torcendo também, claro, para que alienígenas não cobicem os nossos destaques. Tomara que dê! Tomara que dê tão certo que breve não precisemos mais delas como quase única alternativa disponível. O CRB merece. Seus torcedores também merecem.

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[1] Conf. Revista do Galo da Pajuçara, Ano 1, Número 1, maio/2007, p. 5
Escrito em julho/2007

Eita CRB arretado!

Fazia tempo que não escrevia sobre o meu Galo da Pajuçara. A última vez foi às vésperas do jogo contra o Remo, último do Campeonato Brasileiro da Série B/2006, em que precisávamos ganhar e ainda dependíamos de resultado(s) de outro(s) jogo(s), para não (ca)irmos à “C”. Naquela oportunidade, conclamava os argonautas brasileiros (principalmente os jogadores e a sua maravilhosa torcida) a fazermos, todos juntos, uma grande corrente de entusiasmo e garra em torno do nosso querido Clube de Regatas Brasil, ao tempo em que lhe manifestava a minha inabalável fé. Vencemos.

Agora, cá estamos novamente na Série B, temporada 2007. E de novo renova-se a esperança de ingressarmos no seleto grupo superior. Assoma, ainda, também renovado, o orgulho que sentimos pela notável bravura do nosso Regatas, verdadeira fonte e exemplo de resistência num mar de dificuldades (não o da Pajuçara, naturalmente), mas também de muitas alegrias e conquistas — aquelas, construídas ao longo de administrações que não lhe fizeram jus; as últimas, traduzidas no resultado da abnegação, do sacrifício e garra dos apaixonados que o dirigiram. Numa palavra, para estas: amor ao CRB.

Não é fácil — e não há, naturalmente, novidade no que digo — permanecer tantos anos nessa competição. Se é fato que desde quando criada essa fórmula de campeonato nunca subimos à 1ª Divisão, é certo, também, que jamais descemos à 3ª, o que se traduz inquestionável vitória e motivo de orgulho, principalmente à luz da realidade do nosso (pobre) futebol alagoano. E este feito imprescinde seja dito, alardeado, reafirmado e ouvido. Minha avaliação, para que assim se tenha dado — é certo que com meus olhos de torcedor apaixonado, mas lúcido, creio (se é que é possível lucidez na paixão) —, é uma capacidade impressionante de superação do Galo, sempre, sempre apoiado, incondicionalmente, por sua enorme, dedicada, irrequieta e surpreendente torcida. Talvez aí a razão para manter-se de pé até hoje. E com a cabeça bem erguida!

Esta crônica é, assim, para homenagear essa massa impressionante de torcedores, que desinteressada e aguerridamente apóia o nosso Regatas, 10ª média de público pagante no Brasileiro do ano passado — e não são poucos os que defendem que o público oficialmente divulgado não corresponde ao efetivamente presente ao Rei Pelé e, a um primeiro olhar, parecem estar certos. É, também, para registrar o reconhecimento à dedicação que vem emprestando à missão que assumiu o seu atual Presidente, secundado pela competente Comissão Técnica que formou, e pelos novos parceiros que conquistou, tudo com inegáveis empenho, trabalho e criatividade.

Portanto, argonautas da esperança, da garra, da coragem e da fé, em ambiente tão favorável como agora — sim!, o nosso time é muito bom e só estamos a 3 pontos do próximo adversário, que nesta tarde em que escrevo é o 2º colocado —, urge, como sempre, continuarmos a construir a nossa glória com nosso esforço, com nossa raça, com o peito forte de que fala o nosso hino, o hino mais lindo, o hino do único Clube de Regatas que é do Brasil!

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Foto em www.crb-al.cjb.net
Publicado no site CRB-NET (Seção Colunas)

Avante, argonautas!

Nunca deixei de acreditar, CRB.

Jamais deixei de ver em seus jogadores o espírito, a garra e a coragem dos lendários heróis gregos que se lançaram na mitológica nau, Argos. Assim testemunhei, aqui e em Pernambuco, pela TV ou pelo rádio (quando você estava muito longe). Também a sua maravilhosa torcida, passando por seus abnegados funcionários, dos mais simples à sua direção. A todos homenageio, nas pessoas de Rodrigues, Adson e Pantera, atuais ocupantes da normalmente inglória posição de goleiro, e de seu dedicado massagista, Assis.

Nesse Campeonato Brasileiro da Série B/2006, muitas alegrias, várias tristezas. Sonhamos com a ascensão, para depois sofrermos com a vitória que teimava em não voltar. E como penamos! Mas qual o verdadeiro guerreiro que não se ergue? Qual o argonauta que se abate frente às dificuldades? Nosso hino, o mais belo, entoa que argonauta tem sangue correndo em veias ardentes, argonauta não morre. Lembra que nos momentos de maior dificuldade argonauta é depositário da fé da pátria. Hoje, de Alagoas. Por isto, argonauta vence. E vence alegre, firme, de pé!

A luta, nunca renegada. A garra, jamais perdida. A coragem, em cada coração. Jogadores vieram; os melhores ficaram. Gustavo Feijó, numa palavra: abnegação. Gérson Sodré, velho conhecido teu, técnico competente, maestro indispensável. Dra. Helena Barbosa, psicóloga solidária e guerreira, bendita inspiração que atendeu ao meu pedido de ajuda. Levei-a a você, Galo, e a vi acolhida por todos os que o fazem. Com a indispensável concorrência de amigos e aguerridos regatianos (André Canuto, Ranulfo Lira, Nairo José e outros tantos), conseguimos mesmo pô-la ao seu lado, sob sol e chuva, na distante Stª Catarina. Mostrou-se uma argonauta de escol. Faltava-lhe, pois, CRB, a recompensa. E ela veio! Sábado último (escrevo-te, Galo, aos 20/11), naquele longínquo Estado, os argonautas da Pajuçara mostraram, mais uma vez, terem o espírito daqueles que inspiraram o nosso hino; mostraram que a alma regatiana não desiste, não arrefece. Que a matéria, que te compõe, até verga, mas não quebra. Vencemos!

Nunca deixei de acreditar, CRB! Por isto, neste momento que ainda é difícil e de futuro (racionalmente) incerto, renovo-lhe a minha inabalável crença em você. E por isto, argonautas da esperança, conclamo a irmos, todos juntos, ao Remo, pois nosso norte, de glória, traçado está; façamos o peito forte, que a pátria, forte, será!

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Publicada no jornal Gazeta de Alagoas, de 25/11/2006, e no site CRB-NET (Seção Colunas)