Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

domingo, 11 de dezembro de 2016

Ranulfo, obrigado!


Talvez seja politicamente incorreta minha louvação. Acho, até, que não faltará quem a considere infantilidade, lapuzice, inospitalidade, e por aí vai. Discordo. Foi bom. Ah, como foi! Lavou nossa alma! Vou contar pr’ocês.


Era o dia 09 de setembro, ano de 2006. O jogo: CRB x Atlético/MG. Nosso Galo ainda não havia caído tanto na classificação (no momento em que escrevo, encontra-se em 13º lugar), portanto o velho Trapichão iria estar todo vestido de vermelho e branco. Aliás, o nosso é o verdadeiro, pois que de campina, enquanto o outro é preto e branco, mera, e mal tirada, cópia. Como diz o Andrezinho, quem já viu galo preto e branco? Só se for xerox.

Mas vamos aos fatos. Chegamos ao estádio com mais de 1 hora de antecedência, como quase sempre acontece. Dessa feita, além do meu filho, acima, levei também minha pequena Ananda (jogo à tarde ela exige que a leve junto, e eu cedo) e minha namorada, Dolly. Conosco, como de praxe, o Ranulfo (dessa vez sem o “tio Lula”, que estava em Salvador) e o Canuto (também, como eu, André), que também se fez acompanhar por sua namorada, Mariana.

Logo após chegarmos às cadeiras superiores do Rei Pelé, percebemos a entrada de alguns torcedores do galo imitação (porque falso, escrito sem a inicial maiúscula). Chamá-lo-ia pinto, pejorativamente, não fosse a possibilidade de ser confundido com o querido Pinto da Madrugada. Assim, apenas galo. Bem minúsculo. Acho que eram uns 10. Por aí.

Amigo leitor, eram chatos! Nada contra mineiro. De jeito nenhum! Problema algum, tampouco, que entrassem no nosso Trapichão (afinal, suponho tenham pago pra isso), assistissem ao seu time defender-se acomodados nas cadeiras do nosso estádio, e que, até (suprema condescendência nossa), viessem paramentados com sua indumentária de gosto no mínimo discutível. Afinal, somos civilizados. Mas, pô, respeito! Afinal, estavam em nossa casa. E, aí, não respeitando, mal-educados são eles. Não podiam, outrossim, ficar provocando, quase todo o tempo em pé, a berrar histéricos quando seu time conseguia passar do meio de campo, e, imperdoável heresia, aproveitando-se do nosso grito de gaaalo(!!), para conosco fazer coro — com as mais deslavadas ironia e boçalidade, — isto sem falar nas vaias ao Regatas. Parecia que éramos todos uns apalermados, uns provincianos bobos que teriam que aceitar passivamente suas pantomimices e alaridos provocativos. Talvez esse não fosse o comportamento de todos eles, mas parecia.

Pois bem, antes da metade do 1° tempo, meu irascível amigo Canuto saltou de sua cadeira e, num arroubo de irresignação incontida, mandou-os pôr fim aos guturais ruídos que produziam. O fez sem muito comedimento, é verdade. Tachou-os de filhos disso, bando daquilo, mandou-os tomar, deixe ver..., deixa pra lá; enfim, essas coisas pueris que comumente se alardeia em estádios de futebol. Nada, porém, que pudesse chocar o ouvido mais sensível, ou que já não fizessem por merecer. Naquele momento, porém, sua voz justamente inconformada não encontrou ressonância nos cérebro e coração dos alvirrubros presentes, decerto porque a peleja ainda mal se iniciara, o CRB ainda não havia levado o único gol da partida, — ao contrário, a expectativa era de vitória, tal o acuamento do galo face à pujança e ao notório melhor futebol do Galo, — além do que o teor alcoólico dos presentes, acho, ainda permanecia em patamares sobremodo módicos. Foi aí que vi o quanto somos civilizados. Ou bobos. Acalmei-o. — Fica quieto, Canuto. Deixa pra lá! Confesso que me senti dividido: meio civilizado, meio bobo. Mais bobo, acho. Exatamente por tanta civilidade. De qualquer forma, havia os filhos, a namorada... Talvez a distância dos 20 anos... Fosse em outra época... Hum.

Fim do 1º tempo. A essa altura, o semblante dos alagoanos começava a mudar. O meu idem. Já havíamos levado o fatídico gol. Estivéssemos vencendo, decerto nada aconteceria. O CRB tem, assim, sua parcela de culpa pelo que virá, acabo de concluir. Pois bem, comentávamos, nós e os demais amigos e conhecidos, em tom visivamente irresignado — como fácil se percebia só pelo tom vocal que emanava de nossas cordas —, que parecia em Maceió não existir homem. Cabra macho, sacomé? Pô, os caras vêm a nossa casa, deixamos que se instalem em nossas confortáveis (nem tanto) cadeiras, metidos em suas camisas de cores dissonantes (feias de doer), e ainda aceitamos, passivamente, que “tirem onda” conosco, cheios de desdém e soberba? Se fosse no Mineirão, e fôssemos para suas cadeiras, ficaríamos quietinhos, sem “dar um pio” (viraríamos pintos mudos, sequer galos), e talvez nem devidamente paramentados fôssemos (salvo se ficássemos no local reservado à torcida visitante). Mas eles... Ah, eles estavam se sentindo em casa! Uma diversão, só! Mas não contavam com o Ranulfo.

Início do 2º tempo. Por volta, já, dos 15 minutos iniciais, continuam afoitos, barulhentos e irônicos, a despeito de que a forte retranca do seu time começasse a deixar claros, por onde se podia vislumbrar possível (ainda era provável, em nosso imaginário) gol de empate. O CRB continuava a pressionar, mas sem competência. A torcida, naquele momento, silenciosa. Mas com uma ira contida, perceptível nos mínimos gestos de cada torcedor. Foi quando, do nada, irrompe o brado retumbante do Ranulfão (parecia que estava com um alto-falante na garganta), mais ou menos assim: — P*, cala a boca, p*! Ninguém agüenta mais esse cacarejo! Cês tão em nossa casa, seu time tá ganhando e ninguém tá incomodando vocês. Mesmo assim, desde que chegaram, não param de provocar. Respeitem, p*! Tão pensando o quê? A partir de agora, a coisa vai mudar, tão ouvindo?! É pra ficar tudo calado, ou vão sair debaixo de porrada!

Rapaz..., foi um alvoroço geral o que se seguiu. Não passaram mais do que 10 segundos — necessários e suficientes a se entender o que se passara — e começaram a irromper apupos e palavrões os mais diversos, vindos de todos os lados (e perigosamente ao redor dos forasteiros). Ouviam-se, claramente, fortes coros de viado (assim, com “e”), referências nada elogiosas às inocentes genitoras,... esses mimos. Quando dei por mim, já havia subido pelo menos umas duas cadeiras acima da minha, para fazer-lhes ouvir melhor meus agora nada civilizados protestos, o que, entretanto, se me mostrava impossível dado o ensurdecedor barulho que já se formara, alcançando as cadeiras dos demais setores, além das arquibancadas vizinhas, de um e de outro lado, onde ficam algumas torcidas do Regatas. Andrezinho, por sua vez, estava sobre outra cadeira, ao meu lado, gritando, também — digamos — palavras de ordem, dando, assim, os primeiros passos no exercício de sua, ouso dizer, cidadania. Mandei-o de volta à sua cadeira. Voltei também. Expliquei-lhe que a reclamação e o protesto verbais eram o limite. Ele entendeu. E falou, depois, pra mim: — Pôxa, pai, agora sim! Tinham que nos respeitar, ora! Tranqüilizei-me, com seu veredicto, e também à minha pequena e à Dolly. Dirigi mais alguns vocábulos aos forasteiros, até me dar por satisfeito. Felizmente a polícia já os havia cercado, protegendo-os dos mais afoitos alvirrubros, que rapidamente agarraram (ou tentaram fazê-lo) o colarinho de um ou de outro. O mais alterado dos rivais foi expulso do aprazível (não fossem eles) recanto, protegida sua incolumidade física por nossos valorosos guardas, que cumpriram, sem reparos, o seu papel. Os demais permaneceram, mas protegidos de perto pelos policiais. Sentados, bandeira aquietada e, o melhor, em silêncio, em completo silêncio.

Durante todo esse tempo — foram alguns minutos —, como prosseguisse o jogo à revelia de nossa ira santa, voltamos-lhe nossa atenção, somente dos invasores nos lembrando quando o Ranulfo — apropriadamente referido, a partir de então, como nosso xerife — levantava-se para investigar se tudo permanecia na devida ordem, não se descurando de alertá-los, dedo em riste, para assim permanecerem, no que era prontamente atendido, haja vista a quietude que de lá emanava. Faltando alguns minutos para o fim do jogo, nossos outrora detratores deixaram o estádio, sempre com a nossa polícia cidadã garantindo, por cautela, sua incolumidade física, sob os mais ruidosos apupos e palavras grandes (palavrões) gritadas.

Pode parecer exagero — talvez pareça, para quem nunca assistiu (ou não gosta, ou os dois) a um jogo de futebol, como torcedor. Mas quem o já, sabe do que estou falando. Arrisco até filosofar, para defender que a questão transcende aquele esporte. Na verdade, penso que tais atitudes refletem a lembrança de que há sangue correndo nas veias, de que ainda temos brio, de que estamos em nossa casa, e, por isto mesmo, exigimos respeito. Só respeito. Legal! Muito bom! Muito bom, mesmo! O Galo perdeu. Mas valeu o jogo. Aí, Ranulfo: obrigado!

Dia seguinte...

Triiimm!! Triiimm!!

— Alô?

— André? Sou eu, Ranulfo...

— Diga, aí, velho! — sua voz de sono denunciava acabara de acordar.

— Rapaz..., qué que’u fiz, me’rmão? Exagerei? — a ressaca moral era notória.

— Nada, Ranulfo. Volte a dormir. Fez nada.

Voltei, também.
___________
Pub. originariamente no antigo Blog do AnDRé fALcÃO em nov.2007
Publicada no site CRB-NET (Seção Colunas)

Deslumbrados, nós?

Foram tantos artigos, crônicas, reportagens, mesas-redondas (ou seriam quadradas?) sobre o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo, que me furtei em escrever mais alguma palavra acerca do já enfadonho tema, que, aliás, em matéria de enfadonho só perde para a própria. Mas há dois pontos sobre os quais não consegui silenciar, como disto é prova este artigo.


O primeiro é um pedido formal de desculpas. É, de desculpas, mesmo. À Seleção. Claro que não a esta, que, ao contrário, é devedora de muitas, muitas desculpas. Mas à de 1982, que num arroubo de otimismo com a de 2006, ousei com aquela comparar, em artigo anterior. Escrevia, então, do meu receio de que o favoritismo da seleção atual pudesse nos causar decepção semelhante com a vivida na Copa de 1982, no fatídico jogo contra a Itália. Craques lá, craques aqui. Favoritismo, lá, maior aqui. Mas havia uma diferença crucial, que, então, me fugiu. Lá havia um time. E um técnico. Aqui, nem uma coisa. Nem outra. Portanto, desculpas a Zico, Sócrates, Falcão, Cerezzo, Júnior... Desculpas ao saudoso Telê. Foi infeliz, reconheço, a referência.

O segundo é uma dúvida que me assola, após examinar — apenas como torcedor — o vergonhoso desempenho dos nossos maiores jogadores, a par com os dos escretes alienígenas. A comparação cingiu-se àqueles que, além de craques, fossem milionários. E, nesse sentido, observei que os únicos que não jogaram foram os da seleção brasileira. Quando digo “jogaram”, não estou me referindo a fazê-lo com beleza, arte, eficiência. Falo de alma, vontade, raça, brio. Honra! Eles simplesmente não jogaram. Pareciam tolos embasbacados e cínicos, a tripudiar dos patrícios que torciam e choravam. E é o que foram, com honrosas exceções. Li que estavam deslumbrados com sua vida de milionários e vencedores. Já haviam alcançado a glória. Reconhecimento, bajulação, mulheres, dinheiro, fama. Essa seria a razão principal. Sua condição de craques, vencedores na profissão e, economicamente falando, na vida, os desmotivara. Mas a pergunta que não me quer calar: por que o mesmo não se deu com os craques-milionários das outras seleções? Afinal, não o são, também? Por que só com os nossos? Lembre-se do jogo, dos cumprimentos antes e após o jogo, das iluminadas entrevistas. Empáfia e cinismo. Patético. Lembre-se. Ora, por que os outros, os alienígenas, suaram a camisa, honraram seu país e as cores que defendiam? Alguns chegando até às vias de fato, como nossos eternos rivais do Sul e o tal do francês, exímio cabeceador. Ao final de uma derrota, por exemplo, o que se via em seus rostos que não o cansaço da luta lutada até o final, a expressão da decepção, do choro, da revolta? E não são, também, ricos, famosos, craques, cobiçados por mulheres?

Por que só os nossos? Seria o deslumbramento uma característica mais nossa do que dos demais? Seriam, os nossos craques-milionários, os deslumbrados-mor? Seria a seleção, como se diz do Congresso, um nosso retrato?

Cuidado! Olhe o flash! Os paparazzi chegaram.

____________

Escrito em julho/2006
Originariamente postada no blog Ponto Vermelho (www.blogdoandrefalcao.com)
Foto em http://esporte.uol.com.br/

Memórias e futebol; macarrão, não

Talvez pela proximidade — quando escrevo esta crônica distam apenas 06 dias da estréia do Brasil na Copa —, talvez pelo favoritismo — definitivamente incrustado na nossa Seleção —, talvez pela profusão de craques. O fato é que esses fatores me remetem à de 1982, de tão triste e inesquecível memória. Trauma, acho. Mas que não se repetirá. Não se repetirá! Não se repetirá!!

Havia menos craques; não era inicialmente favorita. Aliás, nunca, antes, seleção tão favorita ao título quanto esta. Ao menos é o que dizem ou escrevem os entendidos. Ou que se acham — hoje, se quiser, você posa, fácil, de experto em Copa do Mundo. Não me recordo se tenha falado e escrito tanto a respeito; nem há lugar ou produto onde não seja lembrada.

Há, portanto, diferenças daquela. Consideráveis, até. Mas acho que esse clima otimista, mesmo assim, me faz lembrá-la... Não! Não se repetirá!!

Era, então, um coração adolescente. Não só por isto, claro, mas já amanheceu avexado, quase taquicárdico, naquele 05 de julho de 1982. Havíamos passado, e muito bem, pela antiga União Soviética, Escócia, Nova Zelândia e, principalmente, metemos três, três dias antes, na arqui-rival e campeã mundial de 1978, Argentina (argh!), fatos já bastantes a desencadear os acelerados batimentos, que assim o eram menos por receio e mais por excitação pela alegria que se avizinhava. Tínhamos ótimo técnico (Telê), que fazia o time jogar pro gol, com raras beleza e alegria, além de Leandro, Oscar, Júnior, Toninho Cerezzo, Falcão, Sócrates e Zico, pra ficar só nesses artistas da bola.

Nessas circunstâncias, como imaginar algo diferente de uma vitória em cima da Azzurra, que se classificara empatando com Peru, Camarões e Polônia? Bem, talvez um coração adulto, mais experiente, por cautela cuidasse de pôr as barbas de molho... Afinal, tratava-se do futebol, uma “caixinha de surpresas” (nem sempre vence o melhor). E ela, a Itália, também acabara de vencer a (argh!) Argentina. Mas o que esperar-se de um jovem coração verde-amarelo, cego de paixão e ainda imberbe?

Não deu outra... Perdemos o jogo (3 x 2), que ficou conhecido como “a tragédia do Sarriá”, referências à inesperada derrota e ao estádio, históricos. E a Copa. Silêncio no meu mundo, só rompido pelo choro seco, interno. Pelo que penei, foi o jogo da minha vida.

Passei um bom tempo sem comer macarrão. Só pra me vingar. Emagreci. Gostei. Não há mal que não traga um bem.

Feliz Copa pra nós!
___________

Publicada no jornal Gazeta de Alagoas, de 13/06/2006
Originariamente postada no blog Ponto Vermelho (www.blogdoandrefalcao.com), em nov.2007
Foto em http://jornalggn.com.br/

É a ALAGOANA Marta, pô!

Não assisti a todos os seus jogos. Nem a todos os programas do Pan. Mas não pude deixar de perceber: sobre a Marta* — sim, a melhor jogadora de futebol do mundo — não ouvi um mísero comentário em que fosse identificada como nascida nas Alagoas.

Tá, vi uma matéria sobre ela numa emissora de TV. Mas mais para retratar o exótico, o acaso de um rincão pobre e atrasado tê-la gerado. Não com o sentido de que esse Estado, berço de grandes nomes de destaque da história do país, nas mais diversas atividades — como o é —, houvesse gerado mais um.

Ouvi, muito, o paulista fulano (aliás, o que mais teve lembrada essa condição), também o gaúcho beltrano, a carioca cicrana, e por aí ia (mas também não ia muito longe, não). Mas, quando se tratava da Marta... Era só Marta isso, Marta aquilo. Nunca a alagoana Marta. Marta era brasileira. E só.

Aí recordei que os alagoanos ilustres não costumam ver ligada a si a terra que os gerou. Mas se é pejorativa a referência, ôxe!, imediatamente as Alagoas são coladas ao personagem.

Apenas dois exemplos recentes: enquanto o então Presidente Collor esteve no auge, sua naturalidade alagoana fora invariavelmente esquecida ou negada. Era carioca. Afinal, diziam, criou-se no Rio de Janeiro. Porém, após o impeachment, ou em vias de, redescobriram-no alagoano. Mais. Teria criado uma república (da corrupção) dentro da República. Nome: República das Alagoas. Já o atual Presidente do Senado, em vias de ganhar a eleição respectiva, e após eleito, era, no máximo(!), Senador pelo PMDB/AL. Agora, acusado de pagar pensão com dinheiro de lobista, é mais alagoano do que nunca. Há pouco, na TV, enquanto escrevo, um dos personagens de certo programa humorístico diz que vai telefonar para um senador alagoano para fazer umas mutretas. Delícia eles sentem, né?

E eu? O que faço? Bom, mais dois Presidentes (Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto) — só superada por SP, Minas e RS —, Visconde do Sinimbu, senador Teotônio Vilela, deputado federal Aldo Rebelo, juristas Tavares Bastos, Pontes de Miranda, antropólogo Arthur Ramos, psiquiatra Nise da Silveira, escritores Graciliano Ramos, Ledo Ivo, Guimarães Passos, Jorge de Lima, dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, Zumbi dos Palmares, atores Paulo Gracindo, Jofre Soares, Sadi Cabral, cineasta Cacá Diegues, músicos Djavan, Hermeto Pascoal, Heckel Tavares, campeões mundiais de futebol Zagalo e Dida, jogadores César, Peu, Souza, Aloísio, Adriano Vieira, Jadilson, Maílson...

Eu sorrio.
______________
Originariamente pub no blog Ponto Vermelho (www.blogdoandrefalcao.com), em ago.2007
Foto em http://maceiordinario.com/

terça-feira, 6 de outubro de 2015

A política e o futebol*

http://pmdbma.com.br
*Tb pub no jornal GAZETA DE ALAGOAS e nos sítios PRAGMATISMO POLÍTICO e PCdoB - Alagoas

Nasci regatiano. Diz-se regatiano aquele que torce pelo Clube de Regatas Brasil, o CRB, também conhecido como Galo de Campina, Galo da Pajuçara, Regatas, e Maior de Alagoas.

Por esse aspecto, seriam regatianos todos os que torcem por clubes “de regatas”. Mas não. Regatianos somente nós, da maior torcida do estado, posto já ocupado, bem alhures, pelo seu maior rival, assim ainda considerado em respeito à tradição e à história. Aliás, por isto mesmo, nós não seríamos o que somos sem ele, e eles não seriam o que são hoje não fosse o CRB (com trocadilho, hahaha).

Certamente, fosse um azulino a escrever a conversa seria outra, por mais que verdadeiras as afirmações por mim realizadas (hahaha), porque o que nos move é a imensa paixão por nossos clubes do coração. Então, mas não é o caso agora (hahaha), na maioria das vezes discutimos menos com a razão, e mais com o coração.

A política também tem lado. A luta, aqui, é de classes. Independentemente do grau de manipulação, preconceito, reacionarismo, racismo, xenofobia e homofobia presentes, é essencialmente de classes. Assim, com algumas variantes, pois, agrupam-se mais à esquerda, ou mais à direita do espectro político.

Essa característica “genética” explica porque o cidadão que se diz contra a corrupção, que bate panelas quando a presidenta da república vai à TV, ao argumento de que seu governo seria corrupto, e ela também — embora nada haja contra a sua pessoa —, que se enche de irresignação com o chamado Mensalão do PT, despudoradamente silencia quando Aécio Neves, já prenhe de outros registros repugnantes, é citado nas famosas delações premiadas do célebre Sérgio Moro, ou quando sabe que seu nome está na chamada Lista de Furnas, ou por Eduardo Cunha ter sido citado em cinco dessas delações como beneficiário de propina, além de estar enrolado até o pescoço com contas milionárias na Suiça.

Há inúmeros outros casos que não desembocam em manifestações travestidas de camisetas verde-amarelas da CBF lideradas por autodeclarados movimentos anticorrupção, ou no som desafinado das panelas repercutidas nas varandas dos prédios da orla de Maceió. Também não há adesivos contra a sonegação praticada pelos milionários, nem pela taxação das grandes fortunas ou repatriação de dinheiro remetido ilegalmente ao exterior.


E sabe por quê? Porque estamos em plena luta de classes, cara-pálida. A bandeira anticorrupção é de papel. E as panelas... Bem, estas permanecem no fogão, sob a direção da mão calosa de suas empregadas.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A frustrante participação da torcida: por quê?*

*Simultaneamente postada no sítio CRB Acima de Tudo

O ano era o de 2006. Mero exemplo. Minto; não tão trivial assim. Aquele ano — ao contrário do que disse quando mal comecei a crônica —, é pra mim emblemático. Significativo não apenas pelas imensas emoções vividas — de alegrias, muitas tristezas, e uma felicidade imorredoura ao fim —, mas principalmente por uma característica que via na equipe daquela temporada de Série B, com muito poucas semelhanças ao que observo na de agora, tomado o elenco atual do Galo em seu todo.

Mero exemplo, quis dizer, porque haveria inúmeros outros a pincelar da incrível história do clube, para trazer aqui. Mas o de 2006, por ainda estar mais fresco na memória de muitos, talvez surta melhor resultado ao fim comparativo que pretendo demonstrar a vocês, poucos, mas valorosos leitores que aqui me honram.

As emoções, Jesus!, foram de deixar tonto qualquer torcedor. Houve quem, talvez de coração mais fragilizado, fosse socorrido às pressas, ou mesmo tivesse dado definitivo adeus ao Galo num daqueles jogos eriça-pelos. Não havíamos vencido uma competição; nada. Simplesmente, a partir de certo momento da disputa, passamos a lutar para não cair à Série C.

Naquela temporada, percebi um fenômeno que quase se repetia invariavelmente. O CRB, destemidamente, enfrentava com garra e técnica seus adversários. Posso dizer que na imensa maioria das vezes dava gosto ver o Galo em campo. Altivo, afoito, corajoso, e às vezes até brilhante. Sabe os argonautas do nosso belo hino? Pois é, parecia. Próximo ao final do jogo, entretanto, por um descuido qualquer, cedia o empate ou mesmo sofria a derrota imerecida.

domingo, 18 de novembro de 2012

Ver jogo do CRB em Maceió, pela TV (Premiere), ninguém merece

Assistir ao jogo (CRB 2 x 1 Guarani) pela TV (que, ressalte-se, só ocorreu por absoluta impossibilidade física de ir ao estádio) foi algo absolutamente angustiante. Mas pior do que a angústia foi a irritação, a revolta, a tristeza, a vergonha que senti ouvindo a narração (principalmente) e os comentários da partida.

Nunca -- talvez pq só assista aos jogos do CRB pela TV quando o Galo joga fora (e não o acompanho) -- senti tanta vergonha.

Um narrador do meu estado sem a menor vibração com o time de sua terra, sem conferir qualquer valorização ao time, tampouco aos seus torcedores, enaltecendo o adversário (foco de TODOS os seus comentários positivos) e sua torcida, só desprezo e critica ao time alagoano.

Pra se ter uma idéia, aos 15min do 2o tempo ele já dava a derrota (parcial) e o consequente rebaixamento do CRB como favas contadas, sem esquecer de lembrar ao torcedor adversário as boas possibilidades que teria de permanecer na Serie B. Vou pular o empate, salvo p/ressaltar a preocupação do narrador com a angustia que deveria estar sofrendo o torcedor do Guarani.

Feito o 2o gol pelo CRB, sem a mais mínima referência à ESPETACULAR virada, sem vibração, quase pedindo desculpas ao Guarani e ao seu torcedor pelo revés que o Galo estava proporcionando aos paulistas, ele fez questão de lembrar ao torcedor regatiano que o time experimentava uma sobrevida. Só isso. Nunca senti tanta vergonha. Saber que o que eu estava presenciando também o estaria pelos certamente tão agradecidos (quanto estarrecidos com a torcida do narrador alagoano) torcedores do Guarani.

Não é possível que isso vá continuar se repetindo. Respeitem o torcedor e telespectador alagoano! Aqui tem gente com autoestima e sangue nas veias! Não vou aceitar esse espetáculo deprimente se repetindo. Exigo respeito! TV é concessão publica!