Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O direito de ser esclarecido

Todos têm o direito de torcer pelo time que quiserem. Não importa que sua predileção seja pelos times dos cariocas ou dos paulistas. Assim, se o sujeito, embora alagoano, nascido em Alagoas, residente e domiciliado em Alagoas, sabedor de que existem clubes de futebol no seu estado, ao menos tenha ouvido dizer, alguma vez na sua vida curta ou longa, que esses times, sofrivelmente ou não, disputam competições regionais e nacionais, mas mesmo assim querem torcer pelo time tal, do Rio de Janeiro, ou pelo time qual, da capital paulista, é direito dele. Ou torce por um time do seu estado, e por outro dos torcedores cariocas ou paulistas. Ou torce mais por um destes do que pelo da sua terra. Ele tem esse direito, não há negar-se. Tem, outrossim, o direito de ser respeitado em suas escolhas. Tem todo o direito de ser feliz torcendo pelos times dos outros, se assim se sente. Mais: tem, inclusive, o direito de criticar àqueles que, como este que vos escreve, torcem apenas por um único time, e, pasme, sendo este o do meu estado..

Ora, quantas vezes já não ouvi de alguém dizer-me que não entende como só torço pelo CRB. “Ôxe, André, você tá doido! Times daqui prestam não! Tudo falido! Torça ao menos também por outro, rapaz! Um do Rio ou de São Paulo... Tem nem graça torcer só pelos times bos... daqui! A gente tem de torcer pelo que é ‘bom’! Desde de há muito que fomos ‘apresentados’ aos times do Rio e, depois, de São Paulo. Logo, é natural que torçamos por esses times. E como os daqui não prestam... Num tá vendo que vou trocar meu isto por CRB! Ou meu aquilo por CSA! Ou por ASA! Ôxe! Tas é doido! Mais a mais, torço pelo que gosto, pouco me importa se são dos cariocas ou dos paulistas. O que eu quero é ser feliz, ora!” E por aí, vão as manifestações de surpresa, os argumentos, as explicações...

A questão é que nós, que torcemos apenas pelo time da nossa terra — portanto, que torcemos apenas por NOSSOS times —, ao lado do respeito que devemos ter para com nossos conterrâneos apaixonados pelos times dos cariocas e paulistas, temos igualmente o direito de desfiar as críticas que julgarmos pertinentes a esse fenômeno de tão pouco clara quanto concreta lavagem cerebral que neles é promovida, a esse processo inescondível, mas velado, de nefasta doutrinação de idéias e sentimentos clubísticos patrocinada, diuturna e historicamente, pela aparentemente inofensiva, natural e “democrática” ditadura (a contradição é proposital) da mídia grande a nós imposta.

E mais do que o direito de escancararmos, às vezes silenciosamente, outras ruidosamente, mas sempre incansável e resistentemente esse fenômeno nefasto, prejudicial e aniquilador dos clubes e da auto-estima dos alagoanos, temos o DEVER de fazê-lo. Até porque eles têm o direito de ouvir-nos.
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Tb postada no sítio
Futebolalagoano.com

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Domingo continuarei Alagoas

Como todos sabem, próximo domingo (06/12) haverá diversos jogos decisivos pelo Campeonato Brasileiro da Série A. Por isto mesmo, certamente a cidade — e principalmente seus bares, já que os estádios onde ocorrerão não se encontram nem nesta capital, nem neste estado — estará tomada por torcedores, daqui mesmo de Alagoas, que, entretanto, torcem por times de fora, notadamente das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. O fenômeno é cultural, mas bem que poderia sê-lo bebendo-se do exemplo de nossos vizinhos recifenses, que não admitem divisões em seu coração, e não daquela (cultura massificada e alienante) patrocinada pela mídia grande.

E aí há aqueles alagoanos que só torcem por esses times, que são na verdade times dos cariocas e paulistas; há outros que torcem mais por esses, mas também torcem — um pouco, vá lá — pelos de sua terra, e há aqueles que, diferentemente destes últimos, têm o dos outros como seu 2º time. Todos, portanto, na totalidade, em maior, ou em menor grau, sofrem, choram, alegram-se, vibram, brigam, gritam pelo seu time do coração, de estado diverso do seu. Todos, portanto, vestem-se com as cores de seu time do coração, de estado diverso do seu.

Bem, como isto é um fato, tão incontestável quanto lamentável — e aqui quero registrar que a crítica formulada não significa desrespeitar a vontade e amores alheios, mas apenas manifestação de opinião, em defesa do meu estado, de seus clubes e, portanto, de nossa auto-estima —, resta-me — além de escrever essas mal traçadas linhas na esperança, talvez vã, de que alguma alma, aqui e ali, nelas deseje debruçar-se — vestir-me, no próximo domingo, com a camisa do clube da minha terra, das minhas raízes, do meu estado, da minha cidade, do meu dia-a-dia, do meu bairro, da minha infância, do meu chão, da minha história, do meu, efetivamente do meu(!) coração e da minha(!) vida.

E assim poder exibir com orgulho esse amor exclusivo, como exclusivos são os verdadeiros amores. E assim tentar demonstrar que um coração dividido não é tão forte quanto se de um só clube fosse. E demonstrar que a minha Maceió, que a nossa Alagoas não é terra apenas de torcedores de times dos outros, ou de torcedores mistos (com todo o respeito), mas também de alguns resistentes que, felizmente só conseguindo amar àquele de sua história, são (e serão sempre) a ele eternamente fiéis. Assim, domingo estarei, mais uma vez, com muito orgulho e paixão, vestido com a camisa do Clube de Regatas Brasil – CRB.
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Também publicada no jornal Gazeta de Alagoas, de 06/12/2009, e postada no sítio www.futebolalagoano.com