Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Do discurso à ação

Crônica
Como tem que ser. Ouviram-se muitas vozes, leram-se muitos discursos.Quase que invariavelmente prenhes de justa irresignação, críticas certeiras, idéias criativas (ou nem tanto, mas válidas, que é o que importa). Esse fenômeno, por si só, já se traduzia extremamente relevante, importante, sadio, prenúncio de que se deseja mudança. Mudança boa, mudança para melhor. Atualização. Progresso. Crescimento. Tirando-se da crise o que ela pode trazer de bom. É que a crise é fértil por excelência. Pode-se, a partir dela, ou por causa dela, alcançar-se dias muito melhores.

Pois bem, dando seqüência a esse movimento, a essa energia (positiva) — ou na esteira dele(a) —, eis que um grupo de torcedores do Clube de Regatas Brasil resolveu partir da palavra ao planejamento, da intenção à ação. As aguerridas torcidas Galo Chopp e Comando Alvi-Rubro (o certo seria alvirrubro, mas tudo bem...), por seus respectivos líderes, João Tigre e João Gordo, e torcedores que as integram (entre outros, Batista Neto, por coincidência comigo no Programa Cadeira Cativa da Rádio Jornal, na véspera do jogo do CRB contra o Gama), a ONG CRB Acima de Tudo, por seu presidente, João Hélio (o Jota) — que tive o prazer de conhecer na viagem à São Paulo, para assistir ao nosso Galo fazer-se respeitar pelo Corinthians (apesar da derrota) —, além de Marcelo Pradines, velho amigo e regatiano autêntico e exclusivo, Frederico Pinheiro (que também é da ONG e que está sempre me honrando e prestigiando com sua leitura), Dirceu Prior, Francisco Tenório, Sérgio Andrade — entre outros valorosos regatianos que vou me abster de relacionar aqui por causa do espaço —, uniram-se para alcançar mudanças de extrema importância para o clube — que é dos seus torcedores, não custa nada repetir essa máxima(!). Dessas destaco, entre outros objetivos relevantíssimos, a alteração do seu velho, desatualizado e até preconceituoso estatuto, de modo a permitir-se a criação da figura do sócio-torcedor, e que, como tal (sócio que é), possa verdadeiramente influir nos destinos do clube sob o ponto de vista de sua administração.

Bela iniciativa. Belo exemplo. Esse é o caminho. O CRB não pode ter donos. Por isto mesmo, não pode continuar a tê-los. Nesse passo, o que deve animar a todos quantos arregaçaram as mangas e abraçaram esse bom combate é a consciência — certamente não ilusória — de que um número significativo de conselheiros apoiará essa idéia, marchará junto nessa luta. Não são poucos aqueles que se afastaram por não concordar com muitos encaminhamentos adotados no passado, e, ao mesmo tempo, por não terem ânimo, ou organização (ou ambos) para impedi-los ou alterá-los.

Tudo tem um lado bom, já dizia alguém. A crise não é diferente. É na crise que mais se avança. Evolução. Revolução. Bendita seja, então. E que se vá embora rapidamente, então já sob os ares de uma nova era para o CRB. Todo o meu apoio.
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sábado, 20 de setembro de 2008

Sobre ilusão e... masoquismo?!

Crônica
Que me desculpem os que aparentemente se chateiam por existirem torcedores, e mesmo profissionais (dirigentes, jogadores, jornalistas, cronistas, radialistas, etc.), que personificam a velha máxima, “a esperança é a última que morre”, e, por isto, fiados embora nesse derradeiro sopro de vida — como é a probabilidade de vir o CRB a não cair —, resistem, entretanto, até o fim. Sinto-me no dever, até em atenção aos tantos bravos alvirrubros que estavam no estádio no último jogo e que, por isto mesmo, não jogam a toalha antes do tempo, modestamente alinhavar mais algumas palavras acerca do inusitadamente polêmico tema.

Pois bem, meus caros, de há muito dizem alguns que é ilusão ter esperança de que o CRB poderá não ser rebaixado. Que defender a resistência até enquanto houver esperança é vender ilusão. Que ter fé, acreditar nessa possibilidade — enquanto esta naturalmente existir — é viver na ilusão. Lamentavelmente confundem alhos com bugalhos. Confundem ilusão com luta, ilusão com coragem, ilusão com fé. Confundem probabilidade com fato consumado. Prognóstico com diagnóstico.

Ora, uma coisa é o desconhecimento das dificuldades do clube, das mínimas probabilidades de vencer os obstáculos futuros e, a partir desse descompromisso com a dura realidade, alardear a recuperação como algo facilmente realizável. Outra, bem diferente, é não os desconhecendo — antes, ao revés, por conhecê-los —, resistir, lutar, acreditar na única coisa que realmente é inegável para o time: a possibilidade de manter-se na disputa. É possível. E se o é — e o é —, não há ilusão em agarrar-se nesse fio de esperança que resta, por mais tênue, frágil e esgarçado que já esteja. Ele existe porque é possível. A matemática que quer desanimar (com sua cruel probabilidade) é a mesma que pode dar coragem (com a certeza incontestável da possibilidade). Fiar-se na esperança que se sustenta no que é possível não é ilusão, meus leitores e leitoras. É fé. E a fé no que é possível jamais pode ser tachada de ilusão. Salvo por equívoco... Bom..., aí, só aí, será perdoável a confusão.

Não há confundi-los, tampouco, com masoquistas. Se não são iludidos, o que dizer-se de masoquistas? O equívoco, aqui, é ainda de maior quilate! Com efeito, ao contrário do que lamentavelmente se disse, aquele que não desiste, que tem esperança, que mantém a chama acesa até o suspiro final — se ele vier, mesmo — é exatamente o sujeito mais feliz. O feliz não tem medo da felicidade, por mais difícil e improvável que se lhe pareça alcançá-la. Não foge da luta, não entrega os pontos. E assim age porque busca, acima de tudo, alcançar aquilo que lhe deixará... ainda mais feliz.

Não se confunda, por favor, o sofrimento pela batalha perdida com gosto por ela. O equívoco é quase imperdoável! Quem gosta da batalha perdida não luta pela que pode (possibilidade) vencer. Desiste antes. Este pode ser masoquista. Ou não. Mas os que não desistem, meus caros, estes jamais o serão. São o seu escancarado oposto e, porque o são, têm a coragem de não desistir enquanto possibilidade — logo, esperança — existir.

Parabéns, pois, aos que não desistem e lutam até o fim. Isto é para poucos, infelizmente. Mais parabéns, ainda, aos que não são mágicos. Não tentam fazer do amanhã provável o hoje. Finalmente, felicito os que, tendo a voz ou o teclado, conseguiram, também eles, ser felizes e terem fé e, assim, entenderem o que significa ilusão e masoquismo.
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Escrita ontem, 19/09/2008
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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Por que devo ainda acreditar?


Crônica
Porque novos ares voltaram a soprar na Pajuçara. As dispensas havidas, a saída dos diretores que desistiram do clube, o ingresso do Luciano Correia, para tratar diretamente do futebol, e a contratação do novo técnico. Não foram ares sensacionais. Mas a Pajuçara melhorou. Pouco que seja. A propósito, não conheço aquele rapaz (o Luciano), mas tenho gostado de sua postura e de seu discurso, além do que ouvi referências elogiosas a seu respeito de ninguém menos do que o Marcos Lima Verde. Aliás, o CRB, mesmo sofrendo com tudo o que lhe fazem (ou não fazem), tem algumas sortes: O Marcos é uma delas. Vou enumerar mais não, para não esquecer alguém. Tá bom, vá lá, mais uma: o Serafim também é uma baita sorte.

Porque há chances concretas de manter-se. Há, ora! Pode-se discutir tudo: probabilidades matemáticas estratosféricas para cair (que praticamente iria para a cucuia se o CRB começasse a ter uma seqüência de vitórias), desempenho horroroso no 1° turno (que dificulta e faz descrer no time para o 2°, em que já está, aliás), crise fora de campo, recém-ocorrida (o que propiciou a involução verificada após o jogo contra o Vila Nova), etc. Mas não se pode discutir que há 14 jogos pela frente, onde serão disputados, portanto, 42 pontos. O CRB, que tem 15, em tese precisaria de mais 25 a 30 pontos. Mas... “Ah! É difícil!” “Ah! É campanha de campeão!”, e por aí vão as manifestações de pessimismo.

Bom, difícil é, não há negar-se. Muito, inclusive. Mas se conseguirem dar aos jogadores o equilíbrio emocional que desesperada e urgentemente necessitam — o que passa por suporte psicológico profissional (chamem a doutora, Deus do céu!), pagamento em dia, paz fora de campo —, tenho certeza que o time poderá, sim, vencer esse desafio. E isto passa também por evitar-se declarações à imprensa que só prejudicam o ambiente, como as recentemente prestadas por alguns jogadores (resolvam dentro do clube, meus caros). O plantel do CRB, tomado cada jogador individualmente, não merecia estar na posição que está. Mas sem equilíbrio emocional só há lugar para a incompetência (nas finalizações, nos passes, cruzamentos, desarmes, etc.). E onde há incompetência a sorte não aparece.

Finalmente, postas essas razões, devo acreditar também porque, afinal, sou regatiano. Desde criancinha. Olha o pirralho na foto aí em cima, com o saudoso esquadrão de 1974 (sou o 3°, da esquerda para a direita). E com um agravante: sou somente regatiano. Como é que posso desistir?

P.S.: Da crise para a alegria: Parabéns ao ASA de Arapiraca! Salve o ASA de Alagoas! E que chegue à B! São meus votos e minha torcida, de torcedor alagoano, que também sou.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Diretoria não tem esse direito

Crônica
Restam quinze jogos. Desses, seis são em casa. Se vencê-los, serão dezoito pontos a somarem-se aos quinze conquistados. Totalizaria trinta e três, dez ou doze a menos do que o necessário, segundo os idolatrados matemáticos (são!, fazer o quê?), para a permanência na Série B.

Não estou dizendo que é fácil. Já não seria estivesse o clube ao menos com um mínimo de organização; não houvesse farra em plena concentração (o cúmulo da bagunça!); estivessem os jogadores motivados (mas, também, como se motivar numa zoeira dessa, pra não dizer outra coisa?)... Contudo, possível é. Probabilidade existe, sim. É mínima, mas há. E, afinal, num vai jogar?

Embora, portanto, esteja longe de ser fácil, o que é inadmissível é que a diretoria jogue a toalha. Imperdoável. Inaceitável. Torcedor tem o direito de estar desanimado, de estar pessimista, até de não ir ao estádio (ainda fosse gratuito o acesso), inobstante não ache seja seu melhor papel, porque em meu entender deve estar junto com o clube, apoiando quando precisa, criticando idem, e por aí vai. Nada a opor, igualmente, contra notícias divulgadas pela imprensa que piorem o que já está difícil, afinal é o seu trabalho, quer a torcida goste, quer espere apoio e ajuda, ou não. Há parcelas da imprensa que apóia mais o nosso combalido futebol — porque precisam, claro, de que esteja vivo e atuante — do que outras. Mas não é obrigação dela apoiar. Tampouco importa que alguns, de fora do CRB, atestem precocemente o seu rebaixamento, como se videntes o fossem, sabe-se lá com que intuito. Irrelevante. Agora não venha a diretoria do clube desistir da luta enquanto há luta a ser travada.

Negociar o jogador que talvez venha sendo o melhor jogador do CRB nos últimos jogos é, no mínimo (e que mínimo, imagine o máximo) inaceitável. Já basta ter que dar um dos melhores valores jovens do clube para pagar uma dívida absurda, decorrente de um contrato cuja relação custo/benefício soou-me muito mais custosa do que benéfica. Já basta ter que aturar atletas que não fazem jus a essa condição. Agora, largar o leme, baixar as velas... Vem não. Que não tem.
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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O problema

Crônica
O maior problema do CRB não será a eventual queda à Série C. Aliás, probabilíssima, registre-se, mas ainda não sacramentada — salvo por alguns falsos videntes ou vendedores de negativismo, de plantão (excetuado aí, naturalmente, o torcedor regatiano, que, se pessimista, o está sinceramente, já que por óbvio não deseja a derrota de seu próprio time). Não deve, por isto mesmo, residir exclusivamente aí o foco das preocupações dos torcedores alvirrubros. Afinal, para descer basta estar em cima. E o CRB quer cair, parece. Fez um regional muito ruim — com um 1º turno péssimo —, um horrível início do Brasileirão/B (o jogo contra o Corinthians foi a grande ilusão), melhorou a partir do jogo contra o Bahia, ainda no 1º turno, mas desde aquele antepenúltimo, contra o Vila Nova (2º tempo desastroso), voltou a demonstrar que pretende visitar a nova 3ª divisão (talvez por ser nova... quem sabe?). Mas o fato é que a queda, no futebol como na vida (já diria aquele intelectualmente “brilhante” participante daquele programa de tv; o que no final ficou amigo de uma vassoura ou coisa parecida), faz parrrte.

O maior problema tampouco é a escassez de títulos regionais. É ruim, é problema, mas não é o maior. De que serviu o (singular, no século atual) título de 2002 para o futuro do clube? Bom, foi! Comemorar, claro! Mas não resolveu o problema que está na essência do clube. Como não resolve. E olhe que o trabalho ali desenvolvido foi dos mais razoáveis que já vi modernamente no clube. Mas não há solução de continuidade. O time, com ou sem títulos, com ou sem Série B, não crescerá só por isto. Injeção sazonal de dinheiro de origem desconhecida pode dar um título (não seria o caso de 2002), mas não dá pujança, robustez, futuro a clube algum.

O problema do CRB, leitor e leitora que me honram com sua leitura, é exatamente quanto ao futuro, seja na C (o que é muito mais provável), seja na B (a esperança, afinal, é a última..., lembram?). Explico: Quem vai cuidar do clube amanhã? Quem vai administrá-lo? Quem vai estar lá na Pajuçara (se é que vai estar lá, e se é que o “lá” vai continuar resistindo às dívidas)? Respondo: os mesmos. Os mesmos que vêm se revezando na diretoria do clube há vários anos. A queda, meus caros, por si só é apenas ruim (ironia, não). Para um cair existe, em tese, um levantar. Não fosse assim o verbo (levantar) nem existiria. O problema mesmo reside em encontrar-se, no vasto (vastíssimo!) emaranhado de incompetência e prevalência de interesses pessoais e vaidades mesquinhas que reinam soberanamente no Galo — isto pelo menos é visível —, o fio de esperança que possa coser um futuro melhor para o clube.

Claro que a crítica não é pessoal. E evidente que exceções heroicamente existem, ou existiram. Mas não têm voz, nem força. Ou tendo, não querem. Devem ter razão em não querer. Já os que estão (e sempre estiveram) fora, e querem, não conseguem entrar, ou não lutam o suficiente para tanto. O futuro próximo (e aquele não tão próximo): Isto é “o” problema.
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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Lição de um torcedor

Crônica
Infelizmente não recordo o nome, ou apelido (nick), do torcedor do CSA que defendeu o apoio ao time, contra todas as dificuldades matemáticas astronômicas (exagero, não) que se opunham aos então objetivos azulinos na Série C/2008. Falava até em milagre possível, ou algo parecido. Foi lá no forum de discussão do FutebolAlagoano.com, onde me disseram ter visto seu post que, à época, fui conferir. Salvo engano — a memória teima em me faltar — restavam duas ou três partidas para o time tentar obter a classificação para a fase seguinte. Além da necessidade de vencê-las, dependia de uma combinação de resultados dos adversários, extremamente improvável de ocorrer. Era dificílimo, mas a matemática que o condenava ao fracasso iminente era a mesma que lhe assegurava uma (microscópica que fosse) chance de sucesso.

Pois bem, esse (valoroso) torcedor realizou, ali, uma série de cálculos e projeções para demonstrar, ao final, que a despeito de absolutamente improvável, não era impossível, e, sendo possível, cabia aos verdadeiros azulinos apoiarem o time, acreditarem nele. Noutras palavras: não abandoná-lo, justamente nessa hora em que mais precisava de sua torcida. Infelizmente não conseguiu injetar o ânimo imprescindível à conquista do dificílimo objetivo. Aliás, o próprio maior dirigente do clube manifestou, em público, sua absoluta descrença de que conseguiria (no popular: jogou a toalha). Pena. Meus aplausos àquele torcedor, e minhas desculpas por tê-lo, aqui, anônimo (não consegui, para escrever esta crônica, identificar novamente seu post).

Naturalmente não estou dizendo que esse foi o motivo da desastrosa campanha realizada pelo time do Mutange. E não foi. Tampouco quero encontrar culpados, até porque seria inoportuno. Estou defendendo, aqui, que a despeito dos inúmeros problemas que existam num clube — dentro e fora de campo —, das mais contundentes críticas — não raro, justas — que se faça aos que estiveram ou estão em campo, e aos que estiveram ou estão fora do campo, o fato é que um time que passe por dificuldades numa competição, sejam de que tamanho forem, não pode prescindir do apoio INCONDICIONAL de seus torcedores (e, obrigatoriamente, de seus dirigentes).

Num filho a gente acredita, e o apóia incondicionalmente até o fim. Assim também tem que ser — guardadas, naturalmente, as diferenças e proporções — em se tratando de um clube de futebol dito do coração. Amar e, consequentemente, apoiar e acreditar quando o clube atravessa um bom momento é de uma facilidade imensa. Quem, torcedor que seja, não o faz? Mas amor tem utilidade, mesmo, é na dificuldade extrema. Sua serventia se mostra é na crença e no apoio, seja até que venha (se vier, mesmo) o resultado não querido — quando, aí sim, nada mais se poderá fazer para aquela disputa —, seja até o alcance daquele tão desejado (e tão improvável) objetivo. Como na vida, a hora, agora, é para apoiar e acreditar. O CRB nunca precisou tanto.
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