Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Amadorismo e silêncio

Enquanto durou a interrupção e após a definitiva suspensão do jogo iniciado terça-feira, 13 (CRB x Fortaleza), o que mais se ouviu nas rádios alagoanas — excetuada uma ou outra voz — foram críticas à direção do CRB, inclusive tachando-a de irresponsável, por não ter contratado uma ambulância particular, que custaria R$ 700,00, preferindo confiar-se na prestação do mesmo serviço por um ente público, no caso, ao que parece, o Corpo de Bombeiros ou a SAMU.

Tudo porque aquele(s) órgão(s) não teria enviado o bendito veículo (e seus funcionários) na hora designada, além de ter-se verificado, ao depois, pelo árbitro do jogo, que a que posteriormente se fez presente não continha todo o equipamento de socorro necessário em casos que tais.

Choveram críticas à direção, a despeito de vir a saber-se que aquela teria tempestivamente enviado ao ente público o documento solicitando a presença da ambulância na hora informada, e deste recebido a confirmação.

Ora, a questão não é de irresponsabilidade. Quando muito de amadorismo, por não ter a direção o profissionalismo de “enxergar” que tal circunstância poderia ocorrer e, antecipando-se, promover a contratação do serviço junto a uma empresa privada. Amadorismo, ao não providenciar urgentemente a contratação de uma particular quando do atraso daquela retardatária. Amadorismo, ao não verificar se a ambulância conteria todos os equipamentos necessários.

Mas, indagar-se-ia: Qual(is) dos clubes alagoanos assim procede? Acaso não é praxe solicitar-se a bendita ambulância da forma que o fez a direção do CRB? A ambulância do recente Clássico das Multidões era particular? Sinceramente, não sei a resposta a esta última , mas é certo que a direção do Regatas não inovou ao agir como agiu. E não se diga que R$ 700,00 não é uma quantia considerável para um clube alagoano. Para qualquer deles. Puder-se economizá-la, qual não o faria (ou faz)?

A outra questão é que a “falta de sorte” geralmente acompanha o amadorismo. Basta considerar-se que jamais vi um árbitro de futebol ir “in loco” verificar se uma ambulância teria ou não os equipamentos de socorro obrigatórios. Mas o CRB deu razões para o árbitro desconfiar. Basta que se recorde da entrada em campo da ambulância nanica que veio contratada, trazendo apenas um motorista e uma maca. Claro que quando a última chegou, o árbitro, naturalmente desconfiado, foi verificar a situação. Mas sem querer justificar o erro, será que na terra do árbitro as ambulâncias apresentam-se conforme manda a lei?

A derradeira questão esbarra no sempre presente silencio do mais alto mandatário da direção alvirrubra. Naquela hora, imprescindível viesse a público para dizer, em alto e bom som, que o CRB agiu acertadamente, sim; que o CRB fez o que sempre se faz; que quem faltou ao compromisso não foi o clube; que R$ 700,00 é quantia considerável para o clube, sim; e que pedia desculpas à torcida, aos demais envolvidos e trabalhadores do dia por não terem adotado as providências urgentes, para remediar o incidente.

É preciso que o Presidente cumpra com o seu dever de responder pelo clube e defendê-lo, além de desculpar-se por suas faltas. Isto, sim, era o mínimo que se poderia esperar. Mas daí a ser considerado irresponsável por não ter contratado o serviço particular há uma grande distância.
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Foto: Ailton Cruz

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Fale, presidente!

Tenho muita cautela ao referir-me ao presidente do CRB. Conheço-o superficialmente, mas assim me posiciono (com cuidado), seja porque — segundo voz corrente — trata-se de homem de bem, seja porque — também segundo voz corrente — administrativamente saneou um tanto considerável de desorganização que havia no clube e na Pajuçara, seja porque — ainda segundo voz corrente — é devotadamente dedicado ao Galo. Não bastasse, a presidência do Clube de Regatas Brasil tem em seu presidente um torcedor de escol (aqui também, segundo voz corrente). Se assim o é — como a bendita e insistente voz corrente o diz —, tem o presidente do clube do meu coração, portanto, o meu mais profundo e sincero respeito.

O principal problema que enxergo em sua administração, porém, reside em apenas uma, mas significativa característica que a figura humana do presidente empresta ao cargo: sua excessiva discrição, que não raro beira, ou aparenta, inadmissível omissão.

Não são poucas as vezes em que se espera a palavra do presidente. Não são raras as oportunidades em que se enxerga nele aquele a quem caberia pôr fim a desavenças, vaidades, discórdias, fofocas, mexericos, ciúmes... Mas se a sua voz se faz audível no interior da Pajuçara — porém, outra voz corrente assim não atesta —, infelizmente a impressão que é passada, por seu silêncio, ao patrimônio maior do clube (seus torcedores) é a de que da presidência som não fora emitido.

As mudanças na diretoria, por exemplo, conferem a sensação de que o CRB é uma nau sem leme. E não chega a tanto. Mas é que figuras vêm e vão sem que se entenda, já que saíram, por que saíram, pois que voltaram. O pior: quando voltam — ou será quando vêm? — alteram todo o trabalho que vinha sendo até então realizado, não raro desfazendo aquilo que havia de bom. E não se sabe o que pensa o presidente, já que não fala. Então é conivente. Nem que seja, como parece, por omissão.

Também não consigo entender como pode a diretoria de um clube acolher entre seus quadros torcedores do time rival. Ainda se admitiria quando o contrato é profissional, remunerado, portanto. Mas na Vice-Presidência? Diretor? No CRB, entretanto, pode. E entra, e sai, e entra de novo... Com o beneplácito do presidente. Valha-me.

A impressão que se tem é que o clube é um grande e maltratado laboratório, onde muitos que não entendem de futebol vão aprender como fazê-lo, além dos que o usam para obter vantagem financeira, empresariando jogador, por exemplo. Isto também é voz corrente, para fechar a crônica com ela. E como não são responsabilizados por seus atos, ainda experimentam sem maiores cuidados. E é nesses momentos que o silêncio do presidente se torna mais incômodo, mais “audível”.

Fala, presidente! A gente não quer continuar “ouvindo” apenas o seu silêncio.