Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Nova era 2009!



Crônica


O cartum (ou cartoon, para os que gostam de estrangeirismo) de O Jornal, edição de domingo, na Seção Charge, aqui reproduzido, dá bem o grau da expectativa do respectivo cartunista sobre o desempenho do Clube de Regatas Brasil no ano que se avizinha. Para ele — extrai-se de seu contundente desenho —, o CRB está prenhe de inúmeros pernas-de-pau, sejam os chamados “pratas-da-casa”, sejam os reforços contratados. Vale dizer: jogadores tecnicamente fracos (ou um monte de cabra grosso, mesmo, como se dizia). Detalhe: todos os “pernas-de-pau” estão lá vestidos com a camisa “CRB Nova Era 2009”, donde conclui-se, sem esforço, a nova era estaria fadada a se tornar um retumbante fracasso. Sempre, por favor, na visão do cartunista.

É a opinião dele. E como tal pode estar certa. Mas somente iniciado o campeonato alagoano 2009 é que se poderá aferir da correção, ou não, de sua avaliação (ou premonição subliminar). Quanto ao humor — objetivo de todo cartum —, certamente alcançou seu intento junto aos torcedores. Tá, talvez não assim entre os alvirrubros. Mas deixo um alento àqueles que não compactuaram com sua visão, tampouco com o humor que o desenhista certamente pretendeu imprimir em suas linhas e figuras: mostrem o cartum aos jogadores — é, aos “pernas-de-pau”(!) —, e à diretoria do clube. Divulguem-no nas hostes do CRB. O sentimento despertado em cada um dos que não alcançarem o riso lá buscado poderá ser muito útil nas batalhas que irão enfrentar a partir do dia 14, próximo, futuro.

Bem, mas o humor é livre. Faria apenas um reparo: acho no mínimo meio cruel, ainda que a pretexto de fazer rir — objetivo nobre, sem dúvida —, a adjetivação empregada àqueles profissionais da bola. Mas é só a minha despretensiosa opinião. No mais, nesta última crônica esportiva da temporada, quero agradecer a todos os que me prestigiaram com suas leituras e seus comentários, aqui, neste sítio — em que tenho a honra e o prazer de colaborar —, ou em meu blog (www.blogdoandrefalcao.com). Meus votos de saúde e paz a cada um de vocês. E, para o futebol alagoano como um TODO, que 2009 seja, mesmo, o ano em que se inicie uma NOVA ERA. Mas uma era de competência, profissionalismo, sucesso. E respeito.
____________
Também publicada nos sites Futebolalagoano.com e FutNet.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O microfone, esse sedutor


Crônica

O CRB foi rebaixado para a 3ª divisão do campeonato brasileiro, após 15 anos. Muito mal administrado há tempos, salvo em raríssimos momentos (2007, por exemplo, para não ir muito longe). Aliás, mal administrado é quase um eufemismo, pois que a administração, em certos casos, foi irresponsável mesmo. Contratações não honradas, ações trabalhistas não defendidas, dívidas estratosféricas mal e nebulosamente (s/transparência) contraídas, e por aí vai. Novidade? Nenhuma.

Rebaixamento sacramentado, eis que surge uma esperança de novos tempos, com responsabilidade administrativa, competência, transparência, seriedade duradoura, senão perene. Não, não vou dizer honestidade. Esta pressupõe-se presente, de antemão. Todas, numa palavra: profissionalismo. O novo presidente-executivo foi aceito, festejado, aclamado. Nele depositadas as esperanças mais genuínas dos alvirrubros alagoanos. Apoio fora dos gramados; apoio dentro. Não bastasse, os torcedores do Galo, liderados pela fidelíssima e vibrante Torcida Organizada Comando Alvi-Rubro, dando um xou à parte mesmo com o time rebaixado da forma que foi. Tudo leva(va) a crer que as coisas seriam diferentes de então pra frente. Mas...

Eis que (re)aparece o sedutor microfone. Nova diretoria posta, microfone à vista — insinuando-se, seduzindo, até pressionando mesmo em algumas oportunidades (como é natural, diga-se) —, e o caldo começa a engrossar (ou seria escorrer?). Com todo o respeito aos novos dirigentes do Galo (bem-intencionados, porém, disto não resta a menor dúvida!), mas tem-se ouvido declarações que ressentem-se de noções basilares de marketing e psicologia, pra não dizer bom senso, mesmo. Desconhecem, seus equivocados apregoadores, do quão ruins são as conseqüências que trazem para o clube discursos infelizes que tais.

A maior delas: alardear-se a péssima situação econômica-financeira da agremiação e, ao mesmo tempo, condicionar a formação de um bom plantel à ajuda dos torcedores. Ora, valha-me! Não se ameaça torcida! Torcedor deve ser estimulado, animado, acolhido, bem referido, elogiado. Deve ser incutida no torcedor a esperança de que as pessoas que assumiram espontaneamente os destinos do clube farão uma boa gestão. O torcedor deve ser estimulado, por ações (principalmente) e palavras, a acreditar na administração do clube e, assim, ajudá-lo. E não ser ameaçado de que o time será esse ou aquele (fraquinho, fraquinho) se o torcedor não chegar junto, porque o clube não teria dinheiro sequer para ir daqui pra ali, se necessário. É possível ser verdadeiro e transparente — aliás, isto sim, é um desejo insatisfeito da torcida — sem, contraditoriamente, tornar-se carrasco ou algoz dela.

Torcedor tem paixão, tem amor. É movido por esses sentimentos. Mas o combustível que dará impulso maior a esse motor é a fé. E somente o clube tem o poder de incutir fé no torcedor, seja por seus jogadores, seja por seus dirigentes. Se o dirigente limita-se a discorrer sobre as mazelas do clube e a cobrar raivosamente a participação econômica do torcedor, inclusive ameaçando-o com a perspectiva de um plantel deficiente caso não “chegue junto”, à toda evidência que esse torcedor irá afastar-se ou retrair-se, porque desestimulado, triste, desanimado ficará. Numa palavra: descrente. Novidade, aí? Nenhuma.

O microfone, pouquíssimos sabem lidar com ele no CRB. E não é de hoje. Futebol, por sua vez, repete-se todo dia, é para profissionais. Não joga bola quem não for profissional da bola. Assim também deve ser com os cartolas. Falar com a imprensa é também para profissionais. E como é! Deixem o microfone para quem com ele tem intimidade. Já passou da hora de regular esse namoro. Antes que o estrago fique maior. Novidade? Nenhuma. Pois é. Este é o (velho) problema. É preciso novidade, aí! Antes que o descrédito se instale, acabando com a única novidade boa que chegou no CRB em muitos anos: o apoio maciço do torcedor a uma direção. E por “culpa” do microfone. Ah! Esse sedutor...



_______________



Também publicado nos sites Futebolalagoano.com e FutNet

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Principal destino dos turistas paulistas tricolores


Crônica


Maceió o é. Não. É dever alertar os leitores e leitoras, que me prestigiam com sua leitura e aguardam, ansiosamente, uma explicação fundada em bases científicas, que a ousada afirmação não se lastreia em eventual resultado de pesquisa realizada na cidade ou no país por algum instituto congênere; embora isto tenha valor relativo, já que há muitos que desacreditam desse tipo de serviço. Mas o fato é que não houve. Houve nada que beire o profissionalismo, na verdade. Estou afirmando peremptoriamente, entretanto, porque vi com estes olhos que a terra há de comer. Tá, perdoem-me o ditado batido, mas o bicho veio na hora, assim automaticamente, fazer o quê? Falar nisso, só espero que demore muito, ainda — não, muitíssimo! —, pra que lhe sirvam de alimento.

Foi; divaguei. Voltemos ao assunto da crônica. Então — como, aliás, dizem os paulistas quando iniciam qualquer frase, em resposta ao que quer que seja, ou mesmo quando não o é em resposta a coisa alguma (o “então”, aqui, é homenagem, por favor!, e já escrevi sobre ele; vá lá, em www.blogdoandrefalcao.com) —, como afirmei, no título, Maceió é certamente o principal destino, no país, dos paulistas torcedores do São Paulo. Sim, claro que vi também muitos cariocas torcedores do Flamengo espalhados em bares pela cidade. E claro que foi o São Paulo o campeão brasileiro, enquanto que o do Rio sequer irá à Libertadores, o que poderia explicar a ausência de seus torcedores na cidade após o jogo (certamente voltaram aos seus hotéis, ou mesmo pegaram o primeiro vôo de volta para a capital fluminense; falando em Fluminense, escapou de cair de novo, hein?).

Bem, seja lá porque foi, mas o fato é que a orla litorânea mais bonita do país foi colorida, após a última rodada do Brasileirão, com as cores vermelha, preta e branca envergadas orgulhosamente por uma imensa quantidade de turistas-paulistas-torcedores-do-São-Paulo. Eu chegara, então (este “então”, percebam, não tem nada a ver com aquele a que me referi, dito pelos paulistas em todo o início de frase), de belíssima praia do litoral norte alagoano, onde, entre outras coisas, acompanhara os jogos (ou seus resultados) daquele dia, e estava apressado porque dali a pouco mais de uma hora iria assistir à peça de teatro Lúcio 80-30, dos ótimos Lúcio Mauro pai e filho, lá no Teatro do Marista. Estava atrasado e não haveria lugar marcado, donde a pressa. Foi quando me deparei com uma imensa carreata desses bem-vindos e pelos alagoanos sempre muito bem recebidos e acolhidos torcedores-turistas-paulistas-do-São-Paulo. Claro, claro que no meio deles deveria haver, também, alguns irmãos brasileiros daquele estado que aqui fizeram morada. Mas a maioria, certamente, de paulistas-turistas, mesmo. Tive, assim, que me embrenhar pelas “ruas de dentro” da Ponta Verde, de modo a chegar a tempo ao meu destino. Imaginei: os hotéis deveriam estar lotados deles, numa festa só. Merecida, por sinal.

Quanto a mim e aos demais torcedores do nosso sofrido futebol alagoano, principalmente a imensa maioria dos regatianos, azulinos e arapiraquenses —praticamente todos, como estamos cansados de saber, torcedores fidelíssimos e exclusivos auxiliadores de apenas um único time, o time do nosso estado, respectivamente CRB, CSA e ASA —, só nos restou lamentar por estarmos vivendo dias tão difíceis, sobre os quais, permitam-me, não vou nem falar. Apenas não entendi um detalhe nessa história envolvendo nossos irmãos-paulistas-turistas-tricolores, e que não me passou desapercebido, apesar de atrasado para aquele compromisso a que me referi acima: por que as placas dos carros onde estavam espremidos ou pendurados os felizes-entusiasmados-orgulhosos-amantíssimos-torcedores-paulistas-turistas-tricolores, envergando seus mantos, bandeiras e demais penduricalhos do time de sua Terra da Garoa, eram de Maceió – AL?

______________

Também publicada nos sites Futebolalagoano.com e FutNet