Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Copa do Brasil, 16/11/2010, Estádio Rei Pelé: Eu fui Murici

Com todo o respeito ao alagoano que torce pelo rubro-negro carioca, continuo achando um desprestígio ao já desprestigiado (por todos os que ditam os gostos no país) futebol alagoano.

Constrangeu-me profundamente, por exemplo, a postura e as declarações do presidente do Murici, durante a reportagem de que participou, transmitida por rede televisiva carioca para todo o país. E não se diga (como se eu desconhecesse isto, ou desrespeitasse sua preferência) que ele tem todo o direito de vestir-se (e ao seu fusca) com as cores do adversário do RJ, como também tem o direito de cantarolar o hino daquele, ter três vezes mais camisas e desconhecer até a melodia do hino do que preside. Ele tem esse direito, sim, claro. Mas como toda atitude, que não é imune à crítica, a dele, ou a dos que assim agem, também não o é.

Claro que o referido cartola é para aqui apenas simbolicamente trazido porque é emblemático do que nos acomete: nossa impressionantemente baixa auto-estima, nossa contumaz prática de idolatrar o que é dos outros, mesmo, até, por vezes, quando de tanto se é alertado.

As razões para essa colonização existem e vêm dos tempos em que muitos de nossos pais ouviam a extinta Rádio Nacional transmitir o futebol carioca, chegando às grandes redes de TV carioca e paulistas nos dias modernos. Observe-se que o Inter/RS, por exemplo, um verdadeiro "papão" de títulos, não logra ter no nosso pobre e subserviente nordeste uma torcida minimamente significativa, enquanto o recente adversário do nosso alagoano Murici é detentor da maior torcida entre nós nordestinos. A razão determinante para isto é óbvia: temos nosso cérebro lavado, diuturnamente, com sua maciça propaganda midiática, velada ou escancarada, mesmo.

O que dizer-se, então, dos nossos times mais tradicionais? Mal geridos, sofrem ainda com nossos torcedores que não lhe são fiéis, não raro ocupando um segundo lugar em suas preferências. Ou alguém duvida que a maior torcida do estado não é mais a do Azulão, tampouco a do Galo de Campina (que hoje reivindica essa condição, pelo crescimento alcançado nos últimos 15 anos) mas aquela, formada por regatianos, azulinos, alvi-negros, etc., que torce pelo rubro-negro carioca? Qual será, mesmo, o lugar ocupado pelo Galo e pelo Azulão no coração de seus infiéis torcedores?

É por essas (e tantas outras  mais) que como torcedor de Alagoas e dessa ideia (que felizmente já é de muitos) torci muito pelo sucesso do Murici na noite de quarta (16), ainda que agir assim tenha parecido algo "quixotesco". Vi o contrário: não fosse a covardia do treinador do time alagoano, que resolveu fechar o time na defesa mal iniciado o 2o tempo de jogo, Davi poderia novamente ter vencido Golias e impedido, com isto, que o país testemunhasse os alagoanos e demais nordestinos presentes ao Rei Pelé, travestidos com as cores do time carioca, cantando e gritando palavras de louvor àquele, tripudiando de seus próprios conterrâneos, desgraçadamente humilhando a si mesmos.