Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Trapichão: agora, vai!

Crônica
Não vale mais do que 70 tostões. Isto mesmo! Uma merreca, uma porcaria, uma bagatela de cerca de 70 pilas. Sabe o que é isso? Um serviço de 70 mirréis e não se poder assistir a um jogo de futebol no Trapichão porque ele permanece inconcluso? Pior: nem parece estar sendo realizado! E isto se dá nesse futebol pobre de recursos como o é o alagoano. Exatamente! Nesse futebol em que os clubes necessitam, desesperadamente, da renda de seus jogos, não se pode usar o Trapichão porque não se logra concluir uma miséria de um serviço que não ultrapassa a ridícula quantia de 70 contos. Sim, refiro-me a R$ 70.000,00! Sabe o que é essa estratosférica importância para um estado da federação brasileira? Brincadeira!

Enquanto isto, CRB e CSA têm que sofrer (drama, não! Sufoco, mesmo!) realizando jogos em campos pequenos, em horários ruins, e terão certamente de se enfrentar no 2° turno em outra cidade (Arapiraca), privando as suas torcidas de assistirem ao grande clássico estadual — nesse estado tão miserável de diversão para a população mais sofrida —, e as suas diretorias de perceberem algum para aliviar suas mais comezinhas contas de gestão. O Corinthians Alagoano, por sua vez, é obrigado a enfrentar um time da 1ª divisão do campeonato brasileiro às 15 horas da tarde, em seu belo, mas pequeno estádio de futebol, enquanto o CRB, do jeito que a barca estadual da incompetência vai, cheia de furos, preguiça e inoperância, poderá ser obrigado a fazer seus jogos pelo Campeonato Brasileiro da Série B em outro estado, quem sabe Sergipe ou Pernambuco. Cabra véio, já pensou nisto? O único representante do estado no Campeonato Brasileiro não terá, na Capital das Alagoas, um estádio que tenha capacidade de receber sua gigante torcida!

Mermão, qué-qué isso?! E não há exagero algum nessas irresignadas palavras. Procure saber o andamento das “obras”. Vá dar uma olhada e encontre oxigênio para respirar aliviado com algum otimismo. Duvido! E, meu caro, se for tratada a coisa como foram as greves estaduais havidas nestes últimos tempos, valha-me Deus! Tamos ferrados e mal pagos!

A nossa sorte é que nas boas rádios alagoanas destaca-se, dentre outros, um profissional porreta, além de um prefeito realizador nato (também forrozeiro e ex-radialista), competentes o suficiente pra dar uma sacudida no marasmo geral que norteia as atividades de “recuperação” ou “manutenção” do nosso estádio. Tenho fé em que os novos ventos que hoje começaram a soprar, por volta das 18 horas, na Rádio Jornal AM 710, soprem mesmo com vigor e façam içar a vela esburacada dessa canoa cheia de furos em que se transformou a novela “Trapichão”

Sim! Capitaneada pelo mais responsável malandro(inho) que conheço, e por um político que prontamente atendeu ao seu chamado — e que nos vem resgatando o orgulho de nossa capital (além de ser regatiano de ótima cepa) —, foi lançada a campanha “Trapichão, já!” (o nome tive que inventar agora, pra ficar mais legal a crônica), inclusive já marcada uma reunião para as 8 horas da manhã da próxima segunda-feira, lá mesmo na prefeitura, com todos os interessados, para encontrar-se meios de dar um rápido desenlace a esse modorrento drama, devolvendo-se finalmente o Trapichão ao alagoano, talvez ainda para antes do final do campeonato regional. O prefeito garantiu. Até o dinheiro, garantiu.

Salve, então, Guimarães (Malandrinho) e Ciço (Cícero) Almeida!
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A pisa sofrida, bendita tenha sido

Crônica
Nem endoidei (pressupondo que sou bom do juízo), nem sou ou me tornei masoquista (pelo menos não conscientemente), tampouco gosto de apanhar (Deus me livre!, e sadismo também não é a minha praia, muito menos acompanhado de algum sofrimento), muito menos sou frio ou racional ao ponto de não ter ficado “puto da vida” (ops!, leitor, desculpe a expressão) com a humilhação e a vergonha experimentadas domingo.

Aliás, ontem, até às primeiras horas após o jogo, foi o tempo de extravasar a irritação, de reagir passionalmente ao tropeço (vamos chamar assim o desastre de ontem), com direito a xingamento a jogador, técnico, o escambau! Afinal, a gente também é instinto (controlado, porém), não é só razão. Dispensáveis, nesse aspecto, apenas as pedras. Só estas. Mas a lição, como se vê, ainda não foi aprendida pelos adeptos do arremesso desse perigoso objeto em jogos do CRB.

Hoje, ou, ainda, ontem à noite bem mais tarde, é chegado o momento de analisar friamente o acontecimento, tentando enxergar (e extrair) o que de bom pode vir a trazer ao Galo a surra sofrida. Em primeiro lugar, registro logo que continuo considerando a parceria um ótimo negócio para o Regatas. Aliás, as parcerias. A firmada com o Atlético/MG — por meio, aliás, da contratação da RT Sports, tida como parceira, embora, a rigor, cuide-se de uma empresa prestadora de serviços ao CRB — foi um achado, cobiçada, não tenho a menor dúvida, por vários times que enfrentam as dificuldades financeiras, econômicas e patrimoniais do Galo de Campina. E a RT Sports até agora também tem se mostrado interessante, com mais prós do que contras.

O problema, me parece, é a sua consideração como uma quase panacéia, remédio para todos os males. Não o é. E não o sendo — como de resto restou demonstrado pela pífia campanha do CRB no 1° Turno do Alagoano, agora com o coroamento da pisa humilhante, sofrida em plena Pajuçara, impingida pelo desacreditado, e até então em crise, ASA — cumpria encontrar outras saídas que viessem a se juntar àquelas exauridas pelas parcerias. Faltava dinheiro? Sem dúvida. Mas alternativas haveriam de ser buscadas no sentido de obtê-lo.

Naturalmente não se entenda essas palavras como falta de reconhecimento pela seriedade com que o trabalho vem sendo promovido pela atual Diretoria, que continua merecedora de nosso apoio. Mas urge dar-se outros passos, que possam vir a se somar aos já trilhados. As palavras do Presidente do Conselho Deliberativo do Clube, nesse sentido, logo em seguida ao desastre, seguidas das providências que elencou com vistas à obtenção de apoio financeiro para novas contratações, parecem um bom sinal de que a pisa surtiu efeito; parecem vir provar, mais uma vez, que é na crise que se cresce, a partir da constatação, não raro cruel (pisa dói), dos eventuais erros cometidos ou acomodações que se instalaram.

O CRB é adulto e capaz. Não precisa de pai ou mãe a lhe ditar rumos ou o seu destino. Nem os terá, diga-se de passagem. Precisa de parceiros, não de tutor. Mas também precisa do amor incondicional de seus torcedores. Com menos de 500 Craques-Torcedores atuais, estará sendo amado pela (enorme) parcela de sua torcida que tem condições financeiras de associar-se? Não se pode confundir desavenças ou discordâncias eventualmente existentes com quem dirige o clube, principalmente em momentos de dificuldade como agora, com o próprio clube. É nas dificuldades que o torcedor precisa mostrar o seu propalado amor. Cada um tem que fazer a sua parte. Pelo bem do CRB, que é quem, afinal, importa nessa história toda.
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O CRB e o Campeonato Alagoano

Crônica
Diz-se do Campeonato Alagoano: econômica e financeiramente inviável. Não parece haver exagero nessa afirmação. As despesas de gestão de um clube de futebol nessa competição, aqui e ali trazidas a público por seus respectivos dirigentes, demonstram o quão difícil é a sua administração, se naturalmente realizada com responsabilidade, sem prescindir, tampouco, de ousadia e criatividade (a rima foi involuntária).

Mas a despeito disto, o fato é que os campeonatos regionais (estaduais) — aliás, uma particularidade do Brasil —, continuam prestigiados, eis que considerados importantes pelos torcedores dos respectivos clubes, na medida, principalmente, de quem venha a ser o campeão. Na verdade, ouso afirmar que assim também pensam seus dirigentes, tanto que continuam envidando esforços — com mais ou menos competência, ou sorte — para realizar participação ao menos honrosa nos certames.

Os grandes clubes enfrentam, nessa seara, situação peculiar, na medida e razão mesma de sua grandeza. Por grandes clubes quero me referir — apenas para possibilitar a argumentação, sem qualquer menosprezo, portanto, aos que não se enquadrem nessas premissas — àqueles detentores de grande massa de torcedores, de uma história de títulos auferidos em número que, pela quantidade, os destacam dos demais, e por um patrimônio que, por igual, os fazem, ao menos em tese, econômica e financeiramente mais pujantes. Mantendo-me na Capital, restringirei minhas palavras singelas aos dois principais destas paragens, o CRB e o CSA, para ao final centrar-me no Galo, razão mesma destas reflexões.

Relativamente a este último, o Campeonato Alagoano é de uma importância ímpar e palmar, escancarada mesmo. É que sem ao menos destacar-se — positivamente, como óbvio — nessa disputa, o CSA, presentes as circunstâncias atuais do futebol brasileiro, estará fadado a uma perda de importância lenta, mas crescente e inexorável, no cenário futebolístico nacional (e até regional). Por importância entenda-se, como acima posto, torcida, tradição — pela ausência de títulos contemporâneos (ou de sua efetiva disputa) — e patrimônio.

Quanto ao CRB, a sua participação ininterrupta e completa, por 15 anos, do Campeonato Brasileiro da Série B — integrando, por isto, o grupo dos 40 principais clubes do país —, é, ao mesmo tempo, sua redenção e seu algoz.

Redenção, porque o situa numa posição de destaque nacional, conquista nova geração de torcedores e consolida as antigas, aufere recursos financeiros — seja pela renda dos jogos, muito prestigiados por sua fiel torcida, seja pelo auxílio advindo da(s) entidade(s) que patrocina(m) a competição, seja por eventuais negociações vantajosas de jogadores, seja pela possibilidade de obter melhores patrocínios —, além de manter-se vivo, porque atuante, durante praticamente todo o ano, circunstâncias essas que propiciam seja hoje considerado o maior clube do Estado.

Algoz, em aparente contradição, porque não raro o tornou presa fácil de dirigentes irresponsáveis, quando não mal-intencionados, sob os olhos de um Conselho no mínimo omisso, ressalvadas as honrosas exceções de sempre. Algoz, porque a necessidade de formar um time de jogadores de melhor qualidade técnica, pela maior dificuldade inerente a uma competição nacional, implica mais dispêndio financeiro, o que muitas vezes não é realizado com a competência necessária. Algoz, porque o insucesso do CRB no Estadual, nos últimos anos, auxiliado pelo “conforto” do insucesso ainda maior do seu maior rival nesse período, acabou por ajudar a que fosse relegada a disputa do Alagoano, por aquele, a uma desimportância de que não se reveste.

Nem só de Campeonato Brasileiro vive um clube no Brasil. É preciso, para manter-se a satisfação da torcida, razão maior da existência de qualquer grande clube, e a tradição — construída não apenas pelos muitos títulos obtidos no passado, mas, principalmente, pelo futuro que somente será construído pelos títulos auferidos no presente —, que se dispute com eficiência o certame regional, que se lhe dê o valor devido, que se busque a conquista do título respectivo. Dificuldades, sabe-se, há a rodo. Mas...