Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

CAIU, LEVANTA


É por essas (ditas com propriedade aí embaixo), e por um tanto de outras já tantas e incansáveis vezes ditas e repetidas por mim e por mais um bocado de gente que felizmente tem aumentado "até umas horas", que sou torcedor, EXCLUSIVAMENTE, do MEU Clube de Regatas Brasil - CRB. Leia o texto:
Por Flavio Gomes, em seu blog
"SÃO PAULO (não muda nada) – O rebaixamento da Portuguesa ontem tem responsáveis óbvios e muitos culpados, como sempre há nas grandes derrotas. Não vou ficar aqui apontando o dedo e nominando cada um. Faço isso na arquibancada. Farei no próximo jogo, que será pela Copa do Brasil, contra Remo ou Bahia. Copa do Brasil que venceremos, garantindo vaga na Libertadores do ano que vem para jogar a final do Mundial no Marrocos.
Estou triste, claro, mas não envergonhado. Vergonha de quê? De torcer para um time? A malta de babacas que ontem e hoje se manifestou nas redes sociais não me incomodou. Aliás, é curiosa essa nova subcategoria de torcedor: o torcedor das redes sociais. Que fazem parte também da categoria um pouco maior, que é a do torcedor do pay-per-view. Essa criançada que nunca foi a um estádio na vida. Vergonha nenhuma. A bandeira da Lusa está na janela de casa, como esteve durante algumas semanas no fim do ano passado, quando fomos campeões brasileiros. Eu tenho bandeiras. Comprei nos jogos. Poderia ter comprado pela internet, também, mas comprei nos jogos.
O problema dessa garotada é seu total e absoluto desconhecimento do que quer que seja. São profundos especialistas em Facebook, Twitter e Instagram, mas da vida nada compreendem. Conhecem os personagens do “Pânico”, gargalham com “memes”, têm no YouTube sua principal fonte de informação e inspiração.
Pois eu explico o que está acontecendo com o futebol brasileiro, e a partir dessa realidade é mais fácil entender por que alguns clubes que têm história e tradição subirão e cairão com frequência daqui para a frente, até que sejam eventualmente extintos e virem apenas memória.


Nesse futebolzinho mequetrefe de hoje, que muitos jovens creem ter-se inspirado no Playstation, inventado depois do videogame, não há times bons. Há times ricos. É preciso ser muito obtuso para morrer de orgulho de um time que só é forte porque tem capacidade de gerar receita. Capacidade essa diretamente ligada aos índices de audiência que obtém nas transmissões da TV — que, por sua vez, determina quem deve ganhar mais dinheiro e, portanto, quem vai vencer mais. Aparecendo mais na TV, a chance de fechar patrocínios melhores também cresce, e assim se cria um círculo vicioso que tira do futebol sua natureza esportiva e o transforma em um mero negócio. E assim temos Jontex x Unimed, BMG x Banrisul, KIA x Netshoes.
Há muita gente, jornalistas, inclusive, que se deliciam com a falência do que costumo chamar de “futebol de raiz”. Sonham com uma liga hiper-mega-ultra-profissional no Brasil que se limite a 20 clubes — uns dez que se pretendem barcelonas, chelseas, manchesters ou reais madrid, e uns dez sacos de pancada para fazer figuração. Aqui, lembro que minha Portuguesa, circunstancialmente, pertence a essa elite babaca em 2012. É um dos 20. E como jamais se pretenderá um barcelona, estará entre os dez sacos de pancada da Série A.
Será “escada” para os gloriosos gigantes, porque o que vai decidir quem será o campeão brasileiro de 2012 não é a eventual capacidade de um clube de formar um time bom, que jogue bonito, que tenha alguma filosofia desde o nascedouro. Um Barcelona de verdade. De qualquer forma, a Portuguesa não tem nada disso faz tempo, o que também não importa — os anos 50 e 60 estão meio século atrás de nós. E mesmo se tivesse, sucumbiria à receita que a ela será destinada pela TV, quando comparada àquela que será entregue aos times que terão seus jogos transmitidos ao vivo para gáudio da turma que vive de ibope.
Por isso que digo que uma Série B é muito mais divertida para quem gosta de futebol de verdade, e não de anúncios de camisinha ou de setores VIP em estádios, até com pulseirinha para entrar — enquanto do lado de fora, nas estações de trem e metrô, tontos se matam em nome de gangues que surgiram para torcer para um time, e hoje torcem por elas mesmas, para ver quem mata mais.
Ano passado, o orçamento da Portuguesa não era muito maior que o do Goiás, ou do Vitória. A coisa é mais equilibrada e, meio sem querer, montou-se um time excelente, encantador, que deu certo e foi campeão. Foi um título conquistado em igualdade de condições com a maioria dos adversários. Tem um valor muito maior — para quem gosta de futebol, insisto — do que qualquer conquista amparada por receitas que em muitos casos são dez vezes maiores que a dos rivais. Um time que recebe 10 milhões por ano da TV nunca vai se impor a um que receba 100. Nisso, o futebol é meramente matemático, não há surpresas.
O futebol que aprendi a amar, aquele dos anos 70 e 80, não existe mais no Brasil. A Portuguesa foi campeã paulista em 1973, vice em 1975, campeã da Taça Governador do Estado em 1976, finalista do primeiro turno do Paulistão em 1980, num tempo em que os clubes tinham tanto dinheiro quanto conseguissem arrecadar formando e vendendo jogadores. Seu resultado em campo era diretamente ligado à capacidade de montar bons times com recursos próprios, sem ajuda externa determinada por uma emissora de TV, que hoje escolhe quem pode e quem não pode ganhar. (...)
Hoje, o corintiano e o flamenguista, por exemplo, não precisam se preocupar com eventuais tragédias como um rebaixamento. Escrevam: a última desgraça de um desses que vocês chamam de “grandes” foi a queda do Vasco. O formato atual do futebol brasileiro, com sua distribuição desigual de dinheiro, é um antídoto quase infalível a essas tragédias. “Quase” porque, claro, sempre há uma remota chance de dar uma merda federal, como quase deu com o Santos em 2008 (não caiu por um ponto), ou com o Cruzeiro no ano passado (se safou na última rodada). Serão deslizes cada vez mais raros, e vai ser preciso muita incompetência para cair com uma conta bancária tão robusta.
Campeonato Brasileiro, hoje, graças ao que a TV determina e os clubes aceitaram, é aquela festinha chique para a qual muita gente dá a vida para ser convidado, mesmo sabendo que será escanteado até pelo garçom. E por isso o futebol de verdade está acabando. Por isso que os times do interior de São Paulo estão morrendo, assim como os do interior do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Minas… Morreram os grandes dos subúrbios cariocas, agonizam grandes como Portuguesa, Américas (do Rio e de Minas), comem o pão que o diabo amassou os gigantes do Norte-Nordeste.
Não me importo muito. É claro que a tristeza por um rebaixamento é imensa, tanto maior quanto for o amor que se tem por um clube. Mas é nesses altos e baixos que se vive aquilo que o futebol tem de melhor: a capacidade de ser uma metáfora da vida como ela é. Exatamente um ano atrás, eu estava eufórico porque a Lusa se classificou para a fase final do Paulista. Escrevi algumas linhas. Fiquei feliz como poucas vezes na vida, mas logo depois veio a derrota para o São Paulo e a eliminação. E, depois, a campanha da Série B. E, depois, a queda de ontem. Alegria, tristeza, alegria, tristeza. O que é a vida, afinal? Esse sobe-desce, ou essa euforia empastelada e permanente que os apresentadores de esportes na TV tentam nos enfiar goela abaixo?
Meus dois meninos sofreram ontem. Meu pai também. Cada um a seu modo. O mais novo, que sempre fica com muita raiva nas derrotas, disse que iria trocar de time. Depois, se arrependeu. Mas continua zangado. O mais velho, que na escola é conhecido como “Lusa”, fez questão de dizer que iria “vestir o manto” hoje porque nunca vai se envergonhar do time que escolheu para torcer. Sim, eles escolheram. Eu os levo a campo desde que eram de colo, mas sempre puderam escolher. E sua escolha é motivo de orgulho para mim, porque escolheram aprender a ganhar e a perder. A não pertencer a nenhuma manada preguiçosa que só se importa em bater no peito para dizer “ganhamos”, sem perceber que nunca ganharam nada, não fazem parte daquilo. Veem tudo a distância em TVs de LCD, Optaram pela via mais fácil de se sentirem vencedores: se apropriando das vitórias de algo que só faz parte de suas vidas quando chega a fatura dos canais pagos.
Meus meninos, e os milhões de torcedores disso que vocês chamam de “pequenos”, não. Nós podemos bater no peito e dizer “ganhamos”. Mas sabemos dizer, também, “perdemos”. Fazemos parte daquilo de verdade. Quando nos vemos numa arquibancada distante debaixo de chuva ou de sol, com nossas camisetas da sorte, o boné desbotado, a calça meio rasgada, o tênis velho, a bunda no cimento, temos a completa noção de que fazemos parte daquilo. Ganhamos e perdemos junto.
A Portuguesa caiu, fizeram um monte de cagadas no campeonato, o clube é uma desgraça comandada por beócios, mas a vida segue e o futebol, também. Semana que vem tem jogo, tem mais vida pela frente. Para ganhar ou perder de verdade, sem controle remoto na mão."

terça-feira, 3 de abril de 2012

Torcer é apoiar (crítica, só pra construir)


Foto: Maceió Agora

Há quem cogite de movimento entre os jogadores para derrubar o técnico. Outros acham que a culpa é porque o técnico comete muitos erros ou o goleiro Cristiano é fraco (e o novo não é muito melhor) ou seriam por excessos com o uso de álcool na noite de Maceió ou a preparação física é inadequada ou mesmo que o time seja tecnicamente ruim.

Essas as razões que se atribui, não necessariamente em seu conjunto, para o pífio desempenho do CRB nesse 2º Turno do Alagoano.

Da minha parte, embora não as enxergue como “a(s) causa(s)” para o descalabro vivido pelo Galo, é fato que o goleiro Cristiano falhou algumas (várias) vezes — sendo mesmo o responsável principal por um ou outro resultado ruim —, e que o técnico Paulo Comelli também andou mexendo ou escalando mal o time. Nem vou enumerar aqui as falhas de um e de outro, porque quem vem acompanhando o CRB bem as conhece. Ambos aqui e ali não foram competentes em seus trabalhos, mas é só. Não são, em meu entender, os responsáveis pela penúltima colocação do Regatas. E no mais, discordo frontalmente.


Pra mim me parece claro que o time entrou de salto alto no 2º Turno (sem seriedade, sem profissionalismo, e achando que o 2º Turno seria quase uma mamata), por isto mesmo levou boas lapadas dos adversários. Só que quando acordou — e acordou —não tem conseguido sair do poço em que se afundou por sua conta e risco.

O time não é ruim (antes, é suficiente para disputar o título do campeonato alagoano, como disputou e ganhou o 1º Turno), os jogadores desejam reverter essa situação, e a diretoria tem feito a sua parte, embora com mais competência no âmbito administrativo do que no técnico (leia-se, contratações). Só que depois que se chega ao fundo do poço é mais difícil sair. E tomando-se o 2º Turno o CRB está, sim, no fundo do poço. Aí os jogadores sofrem as cobranças por resultados positivos, que não são poucas, tampouco injustas, da torcida, da direção e deles próprios, e pra agüentar cobrança tem que ter a cabeça no lugar.

Cabe à diretoria ajudá-los, proporcionando-lhes algum tipo de acompanhamento psicológico, e à torcida incentivá-los, indo a campo e torcendo pelo time. Não adianta protesto violento (só põe os caras mais pra baixo do que já estão, ou coisa pior), nem vaia, muito menos abandonar o time deixando de ir a campo. Nem burro trabalha na porrada. Empaca. Se o sujeito já está psicologicamente abatido, não é com agressão que você poderá ajudá-lo, e ajudar-se (afinal, o que você quer é que ele dê ao seu clube os resultados que você espera lhe dê).

Os jogadores estão de péssimo astral; não se pode desejar não ver, apenas porque mais fácil, já que enxergar implica alguma generosidade e, principalmente, amor incondicional ao clube. Não é razoável imaginar que as coisas chegaram aonde chegaram porque os jogadores não queiram vencer, não quisessem ganhar o turno, não queiram se classificar, ou não queiram ser campeões. É óbvio que querem. Nada é melhor para um jogador, que vive do futebol, do que vitória e títulos. Cabe ao torcedor regatiano apoiar o time. Ir a campo e apoiar seus jogadores. Fazê-lo só na boa é muito fácil. Apoiar o time: assim é que se comporta uma torcida que se pretenda ser assim chamada. E a torcida regatiana já provou que sabe estar ao lado do clube nos piores momentos. Volte a fazê-lo, então. E urgente.