Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

domingo, 28 de junho de 2009

Cabeças-duras


Crônica
Como já disse em outra crônica, tempos atrás, e mais ou menos reproduzo agora, não sou psicólogo. Mas isto não me impede de constatar sua importância fundamental para o esporte, notadamente, para o futebol. Aliás, vivenciei experiência prática extraordinária nessa seara. Foi durante os últimos jogos do Campeonato Brasileiro da Série B/2006, cuja história rendeu até um conto, “Uma inesquecível história de amor, garra e fé”, postado inicialmente aqui, e depois, onde ainda está, no desativado BOLAGOANA (http://bolagoana.blogspot.com), além de no sítio oficial do CRB (http://www.crbalagoas.com.br). Narra a passagem fundamental, emocionante e inesquecível da psicóloga Dra. Helena Soares pelo CRB, a este levada, com muito orgulho e alegria, por mim e um grupo de abnegados amigos alvirrubros.

Pois bem, nomes respeitados apontam a importância do psicólogo para o futebol, do que é exemplo o de Regina Brandão(*), para quem “um atleta sem uma preparação psicológica adequada que lhe permita desempenhar-se bem sob pressão, competir com dor, concentrar-se, manter o foco, ter sentimentos positivos e participar das competições sentindo-se confiante e tranqüilo, terá poucas chances de alcançar uma boa atuação. Isto porque, no alto nível, as habilidades esportivas de diferentes esportistas se igualam. Portanto, precisam mais do que um alto nível de treinamentos físicos, técnicos e táticos, eles precisam estar bem preparados psicologicamente. Assim, aos atletas são necessários três requerimentos básicos para a excelência no esporte: talento, treinamento intenso e ‘cabeça’ (ORLICK, 1986).”

O respeitado Paulo Ribeiro(**), por sua vez, perguntado sobre a importância da psicologia no desempenho do jogador de futebol, assim dispôs: “Depende de que categoria falamos. Se pela formação, a base, a psicologia entra como fator fundamental juntamente com o Serviço Social, pois funciona como alicerce da estrutura emocional de um garoto que inicia sua prática esportiva e precisa conhecer seu corpo, suas possibilidades, limites e frustrações. Portanto, nesse caso, a Psicologia entra como processo intrínseco à formação do atleta. Já no esporte de alto rendimento, equipe profissional, a Psicologia entra como grande aliada na melhora da performance individual e de grupo. Lida com os mais diversos sentimentos que apontam um grupo de pessoas reunidas, ou seja, trabalha com as vaidades individuais, com as dificuldades de relacionamento e suas variantes. Trabalha com dinâmicas de grupo, trabalhos motivacionais, testes de ansiedade e atenção concentrada e também na elaboração do perfil do atleta para que treinador e auxiliares possam entrar mais a fundo no âmbito da personalidade de seu jogador. Não da para discorrer sobre todos os aspectos numa breve entrevista."

Não por outra, o célebre jornalista e escritor Armando Nogueira tenha asseverado, com todas as letras: “Queiram ou não queiram os doutores do futebol, jogar bem ou jogar mal será sempre reflexo do estado mental em que se encontre uma equipe. Não só de pernas vive um grande time."(***)

Da minha parte, modestamente tenho tentado, desde 2007, alertar para a importância de dotar-se o clube de um profissional psicólogo. Sem sucesso. Ora a desculpa dos cartolas de plantão é a falta de verba, ora é a discordância do treinador — que não raro teme venha aquele diminuir as luzes dos holofotes sobre si e seu trabalho.

Pois bem, estão hoje os jogadores do CRB sob enorme pressão psicológica. Têm de vencer, se quiserem continuar lutando pela classificação; pior, para ao menos sair da incômoda posição que ocupa na tabela: a lanterna. Não há um só dia que não lhes seja lembrado que será o jogo da vida do Galo, que é vencer ou vencer, enfim, que lhes recordem a importância de vencer a próxima partida. Cobrança vinda de todos, sem exceção, inclusive deles próprios. Até reunião entre eles, soube, fizeram. A direção cogitou mandá-los a Coruripe — providência frustrada face ao inoportuno amistoso de hoje, em Campina Grande, a dois dias do jogo “fatal” —, fala-se em palavras de estímulo, mas não se ouve uma mísera palavra sobre a contratação de um psicólogo.

Dinheiro certamente há. O que não há é priorização. Basta que se atente para as boas (e custosas) contratações havidas. Sobra, porém, ignorância — desconhecimento, mesmo, sobre a importância do trabalho psicológico e da premente necessidade de que os atletas recebam acompanhamento por parte desse profissional —, ou preconceito, que nada mais é do que o resultado da ignorância. Enfim, autênticos cabeças-duras. Arre!
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# Escrita em 24/06/2009, antes da quarta derrota do Galo (CRB 1 x 2 Icasa/CE), ocorrida ontem, que a crônica alertava poderia ocorrer à míngua de acompanhamento psicológico.

# Também postada nos sítios FutebolAlagoano.com e FutNet.

(*) Conforme o sítio Arenasports, na internet, é psicóloga, com pós-graduação em Psicologia do Esporte pelo Instituto Superior de Cultura Física de Havana - Cuba, mestre em Desenvolvimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (RS) e doutora em Ciências do Esporte pela Unicamp, São Paulo. Trabalhou em grandes clubes do futebol brasileiro (São Paulo/SP, onde iniciou no futebol profissional, Internacional e Grêmio/RS, Santos e Palmeiras/SP), além da própria Seleção Brasileira de Futebol pentacampeã mundial. Mais recentemente trabalhou na Seleção Portuguesa de Futebol, em sua preparação para a Eurocopa 2004 e Copa do Mundo 2006. Conviveu com treinadores como Celso Roth, Paulo Autuori, Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari.

(**) Psicólogo formado pela Universidade Gama Filho – RJ, com pós-graduação em Psicologia Medica e Psicossomática, Especialista em Psicologia do Esporte e Psicologia Clinica. Atualmente ensina na pós-graduação da Universidade Veiga de Almeida e trabalha no Dept° de Futebol Profissional do Clube de Regatas Flamengo – RJ (
www.pauloribeiro.com.br).

(***) Jornal “Estado de São Paulo”, 21/04/1999.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sem matar a cobra, não dá


Crônica
Não se mata cobra venenosa cortando-lhe apenas o rabo, ou dando-lhe cascudo na cabeça pestilenta. É pra ser de uma porrada só. E o quanto antes. Porque mantê-la viva, seja pela porretada ineficaz, seja pela demora em desferi-la, permite que mais estragos ela os promova. Os erros que a gente comete são às vezes como a cobra. Ninguém está livre de cometê-los, nem mesmo aqueles de quem, pelo seu ofício, não se espera os cometa. Mas o importante é consertá-los, tão rápida quanto eficientemente. Pela cepa, arrancando-lhe fora até à raiz. Assim na vida, assim no futebol. Assim no CRB.

O grande erro do então arrumado, unido e em evolução CRB foi, ao menos inicialmente, menos a contratação do técnico Arnaldo Lira, e mais a incapacidade de reação face ao danoso acolhimento dos jogadores vindos com ele, de mala e cuia. Jamais poderia tê-los aceito. Seja porque, vindo de onde vieram (com todo o respeito), não poderiam ter cacife pra tanto; seja porque acabou com a união do valoroso grupo pré-existente, arduamente construída. Depois o erro deu frutos, traduzindo-se em nova inércia do clube para corrigi-lo, agora face às tão desastrosas quanto inacreditáveis e revoltantes declarações do treinador — certamente construídas para justificar a vinda descabida do time que trouxe —, desmerecendo a qualidade daqueles que aguardavam o seu comando. E aí a equivocada agressão é dúplice: seja porque não correspondia à realidade (o time era bom), seja porque simplesmente não se pode aceitar venha de um técnico, o que dizer-se de um, como aquele, recém contratado.

Veneno posto, veneno disseminado. E o remédio, como se vê, além de injustificadamente demorada a sua prescrição, tampouco o foi na dose certa. É a tal história da cacetada eficiente (remédio) na cabeça da cobra (problema). Com a saída do goleiro, finalmente decidida após suas duas declarações inaceitáveis — venenosamente jogadas na mídia — e gritantes falhas de ofício, talvez se tenha definitivamente dado a porrada que a cobra, trôpega mas não morta, já tardava a receber.

Erros à parte — e quem não os comete? —, o que importa observar é que nada, nada mesmo, está perdido. O CRB tem jeito. A Série C pode, ainda — não sem esforço, naturalmente —, ser o degrau escalado à volta à Série B, e não àquele escorregado à D, que os realistas de plantão partem a desde já vaticinar e alertar. Tem uma diretoria atuante, que tem-se verdadeiramente esforçado para vê-lo de volta à elite do futebol brasileiro. Tem uma torcida apaixonada e, não bastasse, ativa e esclarecida. Exigente, mas Acima de Tudo fiel (como diz meu amigo Carlinhos Almeida, fazendo perfeito trocadilho com a valorosa ONG presidida pelo novo amigo João Hélio).

Principalmente, caro leitor, tem um bom time. Sim, tem um bom time. E não só no papel. Não se pode deixar que a falta dos resultados tenha o condão de trazer o pessimismo, o desestímulo e a descrença à Pajuçara e a seus torcedores. Quem assistiu aos jogos contra o ASA e o Confiança sabe que os resultados não espelharam o que foram. O CRB, teoricamente ou em campo, pode vencer qualquer um dos seus adversários. Tem plantel e futebol pra isto.

Só é preciso limpar os restos da cobra. Dar tranquilidade, confiança, valorização e estímulo aos jogadores que querem dar o sangue pelo clube. Resgatar o respeito e a união atacados. E isto já a partir de cada membro da diretoria em relação aos seus pares. É preciso deixar que o sol volte a brilhar na Pajuçara. Antes, aí sim, que seja tarde demais.
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Também publicada no sítio FutebolAlagoano.com e FutNet

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A hora é de exaltar e acreditar!


Crônica
Não vou enumerar os erros — que até me surpreenderam —, de pouco antes do término do campeonato alagoano. Seja porque você, que me lê, poderia discorrer facilmente sobre eles, seja porque o que o CRB mais necessita, nesse momento, é de apoio. E apoio implica exaltar as boas novas (e outras nem tanto novas).

Falo de ressaltar e valorizar o que vem sendo feito no futebol do CRB — a parte administrativa e de patrimônio já não é novidade —, que renova nossas esperanças e nos faz crer num futuro (breve) melhor. E nisto, ninguém se engane, está a marca da credibilidade do Presidente do CRB, o tão discreto quanto grande comandante do clube e da equipe que o auxilia.

O CRB tem uma boa base, facilmente constatada ao término do campeonato alagoano/2009. Diferentemente do que alardearam alguns — até mesmo o antigo treinador (responsável direto pela “quase” crise que lá se instalou, com o apoio equivocado e intransigente de parcela da diretoria do clube) —, o time, dadas as circunstâncias difíceis que enfrentou, fez, sim, uma boa campanha. Enquanto teve o mesmo número de jogos daquele que viria a ser o campeão da temporada, alcançou apenas sete pontos a menos; pontos rigorosamente idênticos àquele, entretanto, se considerado apenas o 2º turno.

Vieram os investidores. Vieram porque creem no trabalho, na seriedade e na “regatianidade” do Presidente. Não se trata, e isto é bem o retrato da “Nova Era”, de negociação instalada sob a aura da desconfiança e do mistério quanto à forma de reembolso do valor investido; antes, percebe-se que a exigente, atuante e esclarecida maioria da torcida do CRB a aprova.

Com eles, as aguardadas contratações de qualidade. Não a troca de seis por meia dúzia, ou por cinco, quatro... Não! Numa palavra: reforços. Vieram só agora, verdade. Mas não se pode esquecer que somente há pouco as negociações foram fechadas. Paciência.

Assim, à boa base (Da Silva, Edmar, Alex Lima, Léo, Jairo e Jonathan, destacadamente) vieram juntar-se atletas que agradariam aos mais exigentes torcedores alagoanos: Lúcio “Bala” (ex-Flamengo, Botafogo, Santos), Frontini (ex-Santos, Ponte Preta, Goiás), Zacarias (ex-Atlético/GO, Ponte Preta, Caxias/RS), Neguette (ex-Atlético Mineiro, Botafogo, Juventude/RS) e Marcinho (ex-CRB/2007). Para comandá-los um técnico reconhecidamente competente: Fito Neves. E, pra completar, a permanência do ótimo preparador físico, Hamilton Tavares.

Não bastasse, o CRB, ainda que armado de maneira diferente da que o fariam nove entre dez torcedores e cronistas, não jogou mal contra o ASA. Mais: não mereceu a derrota. Finalmente: vem apresentando-se bem nos treinos, comportando-se com desenvoltura os novos contratados. Ora, postos esses fatos, que hora é essa, então, senão a de exaltar as virtudes, acreditar e apoiar?!

Chega de turbulência(!),que o mar não é longo mas é bravio. E a argos* precisa do apoio de todos os seus argonautas. Como sempre o teve, mesmo (e principalmente) “nos momentos mais extremos”**.
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*Argos: nave que teria conduzido os argonautas (heróis da mitologia grega, grandes navegantes, exploradores de mares). O Hino Oficial do Clube de Regatas Brasil (CRB) - que como o próprio nome o diz, nasceu clube de "regatas" - faz expressa relação desses heróis, argonautas, com aqueles que integram o clube (os jogadores, torcedores, etc.)
-Também postada nos sítios FutebolAlagoano.com e FutNet
-Foto: FutebolAlagoano.com

Mais humildade, menos intransigência

Crônica
Pronto. Aconteceu o que se temia, e, segundo os defensores da contratação do técnico recém demitido, o que se queria evitar insistindo-se na sua mantença. Na verdade sua contratação veio quase desdizer a velha, e agora atrevidamente contestada máxima Rodrigueana, de que toda a unanimidade é burra. É que quase todos discordaram da contratação do, digamos, nervoso treinador. Contratado o foi, foram todos os discordantes — maior parte da torcida e da crônica esportiva — praticamente obrigados a engoli-lo, ao menos até o primeiro jogo, ou a primeira derrota, como queiram. Depois, teve-se de tolerá-lo, como forma de apoiar a diretoria do clube, na figura do seu respeitado presidente.

O irascível técnico, por sua vez, entretanto, embora ao final já antipatizado e atacado pela crônica esportiva — inclusive por parte dela que até então o apoiava —, acabou pondo, ele mesmo, a derradeira pá de cal que redundou em sua queda. E o que tanto se queria evitar e se forçou alcançar insistindo-se na sua contratação acabou ocorrendo às vésperas do primeiro jogo do time em casa. O CRB sofre a 2ª derrota consecutiva. O que já estava ruim, piorou.

Como reclamação, agora, de nada adianta, fica o que é para mim a maior e mais óbvia (mas não ensinada, ou aprendida) lição a ser extraída: não se pode contratar, mal assim, um treinador de futebol. São dois erros consecutivos e gritantes, um deles, o primeiro, inclusive reconhecido pela vice-presidência de futebol do clube, ambos, inobstante, facilmente apontados pelo mais alienado torcedor às épocas respectivas. Talvez por isto mesmo, sabe-se lá, insistiu-se tanto no segundo. O erro, porém, naturalmente agigantou-se. Insistência num erro não é perseverança, é intransigência. Competência não pode rimar com intransigência. Como rima, deu no que deu. Tá aí o resultado.

Esperemos que o presidente, que não é bobo nem nada, não mais aceite que rimas assim ocorram na Pajuçara. Menos paciência com a intransigência. Menos tolerância com a ignorância. Essas as rimas que podem dar certo.
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*Escrito em 09/06/2009 (outra, postada com atraso no blog, logo após a queda - anunciada - do então treinador do CRB, Arnaldo Lira)
*Também postada no sítio FutebolAlagoano.com

A úlitma do Lira (a pior!)

Crônica

Um mea-culpa e uma situação no tempo!

Essa crônica foi escrita na noite do dia 04, próximo passado, mas não tive tempo para postá-la no blog. É lasca, né? Tempo pra escrever, mas não pra postar (a rigor, é o mais rápido). Como para o sítio FutebolAlagoano.com, onde tenho uma coluna, é só um clique - basta enviar pra lá como anexo num emeio (emeio, assim, aportuguesado mesmo, como vi na Caros Amigos e achei massa!) -, lá o foi na manhã do dia seguinte.

É a respeito do inferno astral em que se envolveu, por sua própria culpa (diga-se), o ex-treinador do CRB, Arnaldo Lira, poucos dias antes de ele cair (também porque fez por onde). Entretanto, após uma determinada entrevista em que fazia críticas, digamos, pouco ortodoxas a parcela da imprensa esportiva alagoana, o sujeito foi de tal modo por ela bombardeado, que entendi já o era desproporcional, meio defesa corporativista, sacomé? Assim, saiu a crônica que segue e, lamentavelmente, é só agora postada. Boa leitura e minhas desculpas!


Não ia contar, não, que não sou chegado a disse-me-disse, a blá-blá-bla, a maledicências, nem a fofocas, muito menos a violência. Mas..., sacomé, a gente vê todo mundo falando, cada um que conte a sua história (sobre ele) mais cabeluda do que a outra, cada um que esbraveje com mais alarde, que demonstre mais irresignação, que salte de espada na mão (sem trocadilho) em defesa de uma nova vítima do cara, que..., finalmente, não resisti. Fazer o quê? Resisti, não, e tô aqui! Também tenho direito de contar a minha, e como existem uns sítios (nem a pau que vou dizer site) na internet (FutebolAlagoano.com e FutNet) que fizeram a besteira de acolher meus textos, lá vai! Ferrou-se, irascível ser! Também resolvi marchar nas fileiras dessa justíssima campanha por sua defenestração, pelo extermínio desse, desse, desse, arrff..., Lira.

A vítima: a cozinheira do Clube de Regatas Brasil. Pobre mulher, pobre operária, pobre artista do fogão vermelho.
O algoz (com o perdão da redundância, mas deixem-me sentir o prazer de repetir seu nefasto nome): Lira. Sim, Lira, o terrível!
O perdão: peço aos diretores do CRB, que imploraram o meu silêncio. Em vão. Não posso negar à sociedade o direito de conhecer sua (dele) maior injustiça, sua maior crueldade, sua maior indelicadeza. Seja pelo ato, em si, seja pela vítima, uma humilde cozinheira.

Foi assim. Fui ao café-da-manhã oferecido na Pajuçara na terça-feira última. É, aquele que teria sido boicotado pela imprensa — se o foi (sou desligado demais), compareceram, entretanto, vários colaboradores e conselheiros. Cheguei atrasado (umas 8:30h), acomodei-me, e fiquei por ali, jogando (sem trocadilho) conversa fora. No campo, os atletas treinavam, vigorosamente! Com eles, além de alguns membros da Comissão Técnica, ele. Sim, ele, o (arghh!!) Lira. Aproveitei para dar uma olhada na Pajuçara: tá arrumadinha demais. O clima, entre os presentes (convidados ou diretoria), melhor, impossível. O treino, apesar da presença dele, transcorria na mais absoluta normalidade. Salvo pelo notório empenho dos jogadores e, pasmem os incrédulos, até do Da Silva, do Rafinha e do Aragoney, há pouco protagonistas de desagradável, digamos, incidente, na Paju. Soube que antes da chegada dele (é, do Lira; é que não gosto de ficar citando seu nome) também houve uns episódios desagradáveis com os dois primeiros (vê, só! E eu nem sabia, óia! Pensava que tinha sido a partir da chegada do desbocado treinador).

Pois bem, tirando a corrida do Da Silva em volta do campo após o treino, reinava a paz na Pajuçara. Ah! A propósito, susto da pega vê-lo correndo numa disposição só! Não fosse o cabelo amarelo, diria que estava ainda dormindo; mas me belisquei, vi que estava acordado, e constatei o tom dos cabelos do, segundo soube, 4kg mais magro meia-armador. Até que foi servido o café. E que café, meus amigos! Hummm..., só de lembrar, tô salivando. Escrevendo e salivando. Uns 6 tipos de fruta (belas e suculentas), macaxeira (molinha, molinha), charque, salsicha, queijo muçarela (estranhe, não: é com “ç”), presunto, 2 tipos de bolo, bolacha, biscoito, sucos e, claro, café com leite. Ufa! Acho que só. Só? Cafezão, rapá!

Sentei-me em uma das mesas. Conversava, comia, conversava, comia. Repeti uma vez. Voltei a conversar e a comer. Continuo salivando, danou-se! Foi quando, já encerrada a aprazível tarefa, vinda da cozinha, aos prantos, a nossa vítima (digo, a vítima “dele”): a querida cozinheira. Chorava, soluçava, inconformada, inconsolável. Foi um custo fazê-la acalmar-se, até para que se pudesse entender o que finalmente ocorrera. Após uns dois tradicionais copos de água com açúcar, e algumas palavras de conforto, eis que ela conseguiu, no meio de todo aquele sofrimento, balbuciar: e-e-e-ele na-na-não ve-ve-io to-to-to-tomar (quase que não saíam as palavras de seus lábios trêmulos) — respirou fundo e disse de uma só suspirada, quase gritando, e quase com raiva — o café-da-manhã!!! Ora, claro que na hora não entendi “quem” não fora prestigiar o bendito café-da-manhã, preparado com tanto capricho e amor pela cândida e dedicada funcionária. Quem, afinal, teria sido capaz de tamanha indelicadeza, se é que poderia existir um sujeito assim na face da terra, o que dirá na Pajuçara. “Quem, pobre senhora?”, perguntaram todos os presentes, quase que numa só voz. “Quem fez-lhe isto?”, indaguei-lhe, com o coração aos sobressaltos. “Ele”, respondeu. “Ele”, repetiu, apontando seu dedo fino, longo e acusador na direção do campo onde ainda treinavam os jogadores. “O Seu Lira”, esclareceu, para que não remanescessem dúvidas da autoria do quase-crime que desafortunadamente testemunhei.

O silêncio foi geral. A dor em cada semblante era indisfarçável. Um misto de raiva e de pesar abateu-se sobre a Pajuçara, ao menos sobre todos nós, antes tão felizes. Isto mesmo — caros e, certamente, consternados e revoltados leitores, tal como eu ainda me encontro —, lá no campo, trabalhando incansável e freneticamente com os atletas do CRB, em pleno treino (pasmem!), o treinador Lira. O café-da-manhã fora posto, e enquanto nos deliciávamos com seus quitutes, e enquanto os jogadores treinavam no campo, o cruel e insensível treinador lá permaneceu: treinando-os, trabalhando. Dá pra acreditar em tamanha vileza?
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Também publicado no sítio Futebolalagoano.com

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quem está acima do bem e do mal?



Crônica

Grande parte da imprensa do sudeste do país é claramente tendenciosa em favor dos seus clubes de futebol. Algumas redes de televisão o são escancaradamente; outras, veladamente, tentando parecer desvestidas de tendência em prol de A ou B. Tenho a compreensão de que há os mais diversos interesses em jogo — não apenas paixão por tal ou qual time —, notadamente financeiros. A defesa do grande capital, que lhes financia, nutre e sustenta é um dos fatores que dão o tom (tendência) de suas matérias jornalísticas e impressões. Quem? Quais os jornalistas — ou radialista(s) ou cronista(s) —, exatamente? Não vem ao caso. É a minha interpretação do que vejo, leio, escuto. Não preciso dizer nomes, nem busco ver nomes vestidos na respectiva carapuça. O que não me impede, enquanto leitor, ouvinte ou telespectador de continuar achando, expressando a minha opinião.

A revista de circulação nacional de maior tiragem — e, naturalmente, seus jornalistas — é, segundo penso, claramente tendenciosa em desfavor do presidente do país e do partido ao qual integra. No mesmo norte, com alguma ou algumas diferenças, os jornais grandes brasileiros (igualmente integrantes da imprensa grande, não necessariamente da grande imprensa, que é outra coisa) e, até, o mais badalado programa de entrevistas da televisão brasileira. Todos negam, ou negarão, se forem questionados. Taxativamente. O que não me impede de assim continuar interpretando sua prática, e expressando a minha opinião.

Acho que boa parcela dos políticos brasileiros é mal intencionada. Entendo que o nosso Congresso Nacional é, infelizmente, prenhe deles. Penso que a criação da CPI da Petrobrás, por exemplo, é casuística e tendenciosa, tendo como objetivo escamoteado criar embaraços ao presidente da nação e à eventual candidata de sua preferência. Mas os políticos que a defendem têm outro discurso — de defesa da maior empresa pública nacional, entre outras justificativas mais nobres —, o que não me impede de interpretá-la como o fiz.

Outro dia acompanhei pelo noticiário uma perícia criminal realizada por respeitado profissional (a rima com o “al”, por favor, foi completamente involuntária, mas você naturalmente pode pensar não o foi), contratado pela parte acusada do crime. O resultado — oficialmente tido como restrito a parâmetros eminentemente técnico-científicos — foi completamente diverso daquele resultante da perícia dita oficial. Ficou-me a impressão de que seu trabalho fora tendencioso, vale dizer, favorável ao capital que o remunerou. Talvez não o tenha sido. Minha análise não é a de um experto. Mas é como senti.

Às vésperas de um jogo de futebol recente tive a nítida impressão de que a maioria da imprensa estava tendenciosamente favorável a um dos lados, justamente aquele que sofreria, para muitos, o maior prejuízo acaso vencido o fosse. Talvez — provável, até —, que assim tenha atuado movida pela torcida pelo clube objeto de sua predileção, não raro escondida. O certo seria que vingasse a imparcialidade. Mas, segundo compreendi, não o foi.

Alguém, portanto, que se ache injustamente atingido por matérias jornalísticas (ou de opinião), pode naturalmente interpretar que o foram para atender a interesses outros que não os exclusivamente ditados pela consciência imparcial do jornalista ou legítima compreensão do cronista. E todos que exercem um mister “público” estão sujeitos a ter seus atos interpretados, principalmente quando se é, ou o veículo correspondente, (licitamente) remunerado, direta ou indiretamente, por quem da crítica pode se beneficiar, segundo o juízo de outrem. É o ônus que se paga pela paga. Provavelmente por isto muitos profissionais da imprensa (ou na imprensa) omitam seu eventual time do coração, quando o tem. Para não sofrer o ônus que se paga por sua exposição. É que todos estão sujeitos a ter sua conduta ou opinião questionadas quanto à imparcialidade com que se conduziram, e quanto às razões (lícitas, porque ilícitas imprescinde de provas) que nortearam a sua fala ou escrita tida por tendenciosa.

E ninguém está acima do bem ou do mal. Nem mesmo a imprensa.


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*Foto: Futebolalagoano.com


*Tb publicada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet