Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Torcedores do ASA: bela lição

Crônica
Não foi o fato de o jogo ser à noite, no meio da semana, e em Maceió, que desanimou o torcedor do ASA a comparecer ao Trapichão na última quarta-feira (16/04), para apoiar seu time. Compareceu, e em bom número, considerada a média de público do alagoano. Havia torcedores do alvinegro na parte da arquibancada que lhe fora reservada e nas cadeiras. Proporcionalmente, repito, e consideradas as circunstâncias adversas já referidas, foi um ótimo público. Não foi, tampouco, uma torcida silenciosa. Algumas vezes foi a torcida que mais se fez ouvir no estádio.

Não foi o fato de o jogo seguinte ser num domingo (20/04), véspera de feriado, que desanimou o torcedor do ASA a comparecer ao Coaracy, em data de ontem, para apoiar seu time. Praticamente lotou as arquibancadas que lhe foram reservadas, além das cadeiras, estas tomadas na sua quase totalidade por torcedores arapiraquenses. Deram um espetáculo à parte, uma lição de humildade, de confiança, de valorização, de vibração, de alegria, de amor ao clube, às suas cores, à sua terra.

Fui aos dois jogos. Num futebol tão desprezado, achincalhado, traído e desorganizado como é o alagoano, deu gosto de ver o interesse e a participação do torcedor do ASA. Parabéns ao ASA, por seus torcedores.

Quanto aos do CRB, parece que se tornaram “de época”. Como carnaval, por exemplo, que tem “de época” e “fora de época”. A época, para seus torcedores? Apenas o Brasileiro da Série B. Campeonato alagoano seria “fora de época”, muito ruim, “vou não”. Só isto para explicar a ausência quase absoluta no Coaracy, ontem, e a pouca presença no Trapichão, na última quarta-feira. Resta dar os parabéns aos que ainda são “de todas as épocas”.
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Escrito em 21/04/2008
Tb postado no sítio Futebolalagoano.com, em 22/04/2008

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Retrato do desinteresse

Crônica
Minha Mãe do céu... (com todo respeito à Mãe de Nosso Senhor, por estar sendo trazida a uma crônica mundana), é impressionante o desinteresse dos torcedores de CRB e CSA em assistir aos jogos de seus próprios times, inclusive quando jogam entre si, o que é ainda mais triste — embora há muito deixou de ser surpresa —, como pude constatar (mais uma vez!).

Ontem, no Trapichão, repetiu-se o fiasco verificado no Coaracy. E se foi menor, porque maior o público presente, proporcionalmente talvez tenha sido até pior, já que o jogo se deu na casa das duas torcidas respectivas. Oficialmente, não havia 5.500 pessoas. Alguns dizem que havia mais. Não sei. De qualquer modo, enganados ou não, de novo assistiu-se ao Clássico dos Gatos Pingados.

O desinteresse é fato. Quais as razões, desta vez? A insegurança dentro e fora do estádio? Penso que não. Dentro, ao contrário de algumas previsões alarmantes, a divisão do estádio, partindo do centro das grandes arquibancadas em direção aos extremos, pareceu-me a melhor providência até hoje tentada. Os torcedores, de um e de outro time, simplesmente não se encontram. Talvez o número de policiais tenha sido pequeno, mas isto cabe à área responsável avaliar, para o futuro. Fora do estádio, aí sim, o resultado foi aquém, muito aquém do desejado, merecendo ser aprimorado, sem dúvida. Seja como for, a insegurança não me parece traduzir a causa do desinteresse. Fosse assim, um Bahia x Vitória não encheria seu estádio, ou um Sport x Náutico, e por aí afora.

Na verdade, penso que o motivo principal reside no interesse pelos jogos de clubes de fora, ontem televisionados, além do próprio CSA x CRB, também transmitido pela TV. Ou se desconhece que a parcela dos torcedores azulinos e regatianos que também torcem por clubes do sudeste do país estava à frente da TV na tarde de ontem? Urge o fortalecimento dos times de Alagoas. Mas a torcida precisa apoiar. Aliás, a transmissão do jogo alagoano para a capital foi um desserviço ao futebol da terra, nota ruim nesse bem-vindo trabalho da TV Pajuçara/Record.

Ora, se torço por um time de fora, além do da minha terra, é porque acho que o meu não presta, ou presta pouco. E aí, na hora “h”, não é nada difícil optar-se pelo de fora, mais rico e poderoso, até porque gostamos do que é dos outros. E como! Entretanto, observe se um carioca, paulista, gaúcho oumineiro torce por clube de outro estado? Ou um recifense? E é por isto que este tema vem se tornando tão recorrente. De qualquer sorte, resta a conscientização, que é, entretanto, lenta. Mas água mole em pedra dura...
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Também postado no sítio futebolalagoano.com

terça-feira, 8 de abril de 2008

Bons ventos no futebol alagoano

Crônica
Em primeiro lugar — não por ordem de importância —, o bom desempenho dos mais tradicionais clubes do estado, CRB e CSA, no Campeonato Alagoano/2008, é um ótimo vento. Fazia muito tempo que seus torcedores não se viam realmente entusiasmados com seus clubes no certame estadual. E penso que a última derrota sofrida por cada qual não alterou esse quadro.

Às vésperas do seu início, o CSA vivia uma crise gravíssima, amplificada pelo tumultuado afastamento da diretoria anterior, que até então vinha mantendo o time vivo com a realização de diversos amistosos, parceria com o Capelense, e contratações apalavradas para a temporada/2008. Mas surpreendentemente recuperou-se, contratou jogadores experientes e foi às semifinais. Agora, no 2° turno, e de técnico novo, está novamente classificado.

O CRB, depois da boa campanha no Brasileiro da Série B/2007, começou o novo ano com o fortalecimento de sua diretoria: 4º colocado no Regional e 8° lugar no Brasileiro, parcerias com o Atlético/MG e com a RT Sports mantidas, expectativa (depois não confirmadas) de manutenção da base do time da Série B, e contratação, já para o Alagoano, do novo ídolo da torcida alvirrubra, Jr. Amorim. Entretanto, tão-logo iniciado o certame, viu-se um time formado em sua quase totalidade por garotos, conduzidos por um técnico que, infelizmente, não convenceu. Resultado: péssima campanha no 1° turno. Agora, porém, e, como o arqui-rival, também de técnico novo, encontrou seu melhor futebol até aqui, encontrando-se, atualmente, na liderança de seu grupo.

Tudo caminha, portanto, para um grande jogo no próximo domingo — nos moldes dos emocionantes clássicos já vividos por seus torcedores, principalmente os mais velhos —, quiçá, também, nas semifinais que se avizinham.

Em segundo lugar, destaco a excelente, pacífica e respeitosa campanha “Torça apenas pelo time do seu estado”, lançada por um grupo de jovens torcedores regatianos. É, talvez, a melhor coisa acontecida no futebol alagoano nos últimos anos. Porque o futebol desta terra agoniza não só por causa de alguns dirigentes ao menos incompetentes que já passaram, ou da mídia grande do sudeste/sul (ou mesmo de parcela da alagoana), que nos entopem de futebol carioca e paulista goela abaixo, cooptando nossos ex-jovens de ontem e os de hoje. Nós, torcedores alagoanos, temos imensa parcela de responsabilidade, seja quando valorizamos os clubes de fora em detrimento dos nossos, seja quando simplesmente nos omitimos, deixando de prestigiar nossos times no campeonato regional.

Que esses ventos, então, soprem, soprem muito no futebol das Alagoas. Benditos sejam.
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Tb publicado no sítio futebolalagoano.com

quarta-feira, 2 de abril de 2008

CRB (AL) x Flamengo e Vasco (RJ)

Crônica
Zoada danada porque o Presidente do CRB formalizou pleito junto à Federação Alagoana de Futebol – FAF para que o jogo entre o Galo e o Murici fosse antecipado para o sábado (05/04). Segundo soube, assim agira em atendimento a pedido realizado por alguns torcedores que então se encontravam na Pajuçara, provavelmente mistos (ao mesmo tempo alvirrubros das Alagoas e rubro-negros ou alvinegros “cariocas”).

Alarde ruidoso, mas, francamente, não entendi a razão para tanto. Afinal, para atender o pedido, o Presidente do Galo deve ter pensado, unicamente, na renda do jogo. Simples: se por causa do jogo Flamengo x Vasco, que seria (como será) televisionado para Maceió no mesmo domingo, o número de torcedores do CRB poderia ser maior não o houvesse, então que fosse antecipado, preservando-se, teoricamente, a possibilidade de renda maior.

Ora, não caberia ao Presidente, por óbvio, e por mais desgosto que isso lhe pudesse causar, fazer ouvidos de mercador aos apelos multicolores realizados na própria Pajuçara. Com efeito, por pior que seja imaginar-se importante a ausência de concorrência, para garantir o comparecimento ao Trapichão dos torcedores (mistos) do Galo, não seria racional esperar do Presidente uma atitude passional ou orgulhosa. O Clube precisa da renda. Paciência.

O lamentável, na verdade, não é a atitude do Presidente, que está com um olho no jogo e outro nas finanças do clube. O lamentável é constatar que essa é a nossa realidade, a realidade do próprio futebol alagoano, que transcende, inclusive, os seus torcedores. Havendo um jogo, na TV, de qualquer um desses clubes grandes do sudeste do país (e até do sul), cá está um exército de alagoanos prontos para festejá-los, torcer apaixonadamente por eles, exaltá-los, jurar-lhes amor eterno e carregá-los no peito pela cidade, envergados em suas camisas passadas a ferro com o desprezo pelos clubes da terra.

Bem recentemente, estava passando por um bar na Jatiúca quando ouvi, em altíssimo e bom som, um coro de numerosas vozes alagoanas(?), acompanhadas de ritmada percussão, a cantar em louvor ao Corinthians Paulista. Após certificar-me de que estava mesmo em Maceió, de que não havia, por exemplo, sido abduzido por extraterrestres e jogado na capital paulista, continuei o meu caminho, com uma irresignação meio triste, mas de auto-estima renovada por torcer pelo CRB e pelo futebol das minhas Alagoas. Somente.

Ao final, decidiu-se que o jogo do Galo será mesmo no domingo. Ótimo. Muito melhor assim. Os (verdadeiros) regatianos estarão no Trapichão.
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Também publicado no sítio futebolalagoano.com