Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Por que o desespero e a revolta?

Crônica
Desempenho sofrível, pra não dizer muito ruim. Aliás, foi um jogo feio “até umas horas”, como popularmente hoje se diz. E tendo sido feio, a gente há de convir, também nesse passo, que o ASA não jogou nenhuma maravilha. Muito pelo contrário. Digo mais: não tenho, naturalmente, bola de cristal, mas duvido muito que o jogo tivesse aquele desenvolvimento e final não fosse aquele infeliz gol contra (como se houvesse algum gol contra feliz; só se for pro time que dele se beneficiou!).

Mas, Deus do céu, há com o quê se surpreender, de modo a ver-se, após o jogo, tanta revolta, tanto desespero? Ora, sequer foi o time (completo) que jogou os dois primeiros jogos! Um plantel modesto como o do CRB teria, necessariamente, que sentir a perda do então melhor centroavante do grupo e do simplesmente melhor jogador do campeonato até então! Ou, não? Mais: o substituto daquele havia pedido pra ir embora, e a estrela do certame, pior ainda, fugiu da concentração! Como esperar que o time não sentisse, técnica e emocionalmente?

Por outro lado, não se pode deslembrar — a despeito do mau desempenho do ASA no 1º tempo de jogo —, a partida foi em Arapiraca. Em outras palavras, olhando-se por esses ângulos, não vejo razão para surpresa, tampouco para revolta. A modéstia do time já era perfeitamente observada desde quando iniciara-se o primeiro jogo-treino. E não se viu desespero quando esse mesmo modesto time venceu o bom time do Murici, na casa do adversário, e empatou, na Pajuçara, com o CSE (mereceria, aqui, melhor resultado).

Agora, que há necessidade de reforços, isto é de uma obviedade ululante. Mas já havia antes do jogo. E tenho certeza de que a abnegada diretoria que hoje comanda os destinos do Galo está vendo isto, como todos nós. E certamente, dentro da sua política de responsabilidade, haverá de os providenciar.

O fato mais importante, meus caros: quem está acompanhando mais ou menos de perto o que vem ocorrendo lá na Pajuçara tem no mínimo a desconfiança de duas coisas: 1ª) a turma que lá está é merecedora da nossa confiança e apoio, porque desde o início, a despeito de umas turbulências havidas, tem agido com dedicação, responsabilidade, competência, zelo, seriedade e amor ao clube; 2ª) a necessidade de que tudo dê certo, porque esta é a nossa chance, a chance do Clube de Regatas Brasil reerguer-se sobre solo finalmente firme.
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A bagunça e a torcida: belo contraponto

Crônica
Apesar do título da crônica, não vou falar da bagunça generalizada que impera, hoje, no campeonato alagoano de futebol. Vou, nada! Saco cheio de tanto disse-me-disse, vaidade, picuinha, futrica, fofoca, tantas versões valendo num dia e sendo desmentida momentos depois (nem um dia depois), tanto amadorismo, guerrinha de bastidores (ou em público mesmo). A novela da liberação dos estádios, por exemplo, a nova que tem tomado o nosso tempo e da crônica esportiva do estado, é ridícula, provinciana, amadora, irresponsável, vergonhosa, desrespeitosa (com o público torcedor), incompetente. Injustificável. Eita! Tá ruim, cabra veio...
Assim, porque não tem mais santo que aguente ouvir falar nesse pandemônio grotesco e patético em que se transformou nosso campeonato estadual e seus sucessivos e intermináveis enredos desastrosos, vou dizer dos sofridos e honrados torcedores dos clubes alagoanos, mais especificamente do Galo da Pajuçara.
Olha, o CRB, se tivesse mãos, teria que elevá-las para o céu! Que torcida im-pres-si-o-nan-te é a do Regatas! Vejam, só: depois do fatídico rebaixamento para a série C do brasileiro (ou durante os jogos que se seguiam naquela agonia do final da disputa, quando já sacramentada a queda), os torcedores jamais abandonaram o clube. Trapichão pela metade (abandonado que está pelo poder público), campanha horrorosa, e a fiel (fiel, não; fidelíssima) torcida acompanhando o time, apoiando-o, solidária naquele sofrimento. Vou dizer pra vocês, meus caros: na década de 1970, havendo deixado as fraldas há pouco tempo, eu já saía de mascote pelo CRB, portanto posso falar de emoção à vontade.
Pois bem, o último jogo do Galo pelo campeonato brasileiro da série B/2009, quando sofreu a derradeira derrota naquela via-crúcis que, enfim, findara, foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida de alvirrubro. E essa emoção eu devo a uma torcida vibrante, apaixonada, barulhenta, fiel, gigante — pois que cresceu demais da conta durante esses 15 anos naquela competição —, capitaneada pelos valorosos integrantes da torcida organizada Comando Alvi-Rubro. Naquele jogo, meus amigos e amigas, a Comando se superou, contagiando a todos os torcedores que em ótimo número lá se encontravam. Foram canções e mais canções de amor ao clube, de apoio, de solidariedade, e de esperança. Tive, várias vezes, que conter as lágrimas que teimavam em me provocar, contrariando, à revelia de minha vontade racional, minha formação machista de que homem não chora.
Pois eis que agora, depois do seguinte processo (ainda não concluído) de alteração (modernização) do estatuto do clube — levado a cabo por um grupo de admiráveis torcedores (Movimento Galo pra Frente) logo após o término do brasileiro —, da rifa vitoriosa para ajudar o clube financeiramente — organizada pelos mesmos valorosos alvirrubros e apoiados por muitos torcedores contribuintes —, do apoio maciço e participativo à moderna, bem-intencionada e dedicada direção executiva do momento recente do Galo — liderada pelo Presidente Serafim, depositário, junto com sua equipe abnegada, das esperanças dos confiantes torcedores por uma Nova Era no clube —, eis que surge uma nova rifa com a nada modesta pretensão de dobrar o tamanho das grandes arquibancadas da querida Pajuçara, ao lado do já sucesso, surpreendente, do novo projeto do Sócio-Torcedor, organizado por uma empresa formada por regatianos da melhor estirpe, com a participação de um grupo que ano após ano vem se destacando e fortalecendo a confiança de que desfrutam junto à grande massa regatiana, a ONG CRB Acima de Tudo.
Um time que tem torcedores assim não pode estar fora de uma série A, o que dizer-se da Série B. Quem tem um time desse pra torcer — com torcedores apaixonados como provam que são os alvirrubros — não precisa de mais nenhum para preencher o seu coração. Torcedor!, esse clube merece o seu empenho e o seu amor; essa diretoria merece o seu apoio e o seu auxílio. O momento é de pés no chão, mas com um olho no presente e outro num futuro próximo, que ponha o Clube de Regatas Brasil e, de conseqüência, o futebol alagoano, no lugar que a sua história e tradição exigem. Diretoria!, não pode “dar mole”. Ofício a uma instituição, deve nela ser protocolado.
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1) Escrita em 26/01/2009
2) Também publicada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Dá-lhe, mãe!

Crônica
Bem, só pra não deixar de falar sobre esse assunto que virá no próximo parágrafo — tão instigante quanto triste, às vezes, noutras irritante, não raro tudo junto —, estive mais uma vez na vizinha cidade do Recife, neste último final de semana. É que minha primogênita lá reside, de sorte que fui buscá-la para passar parte das férias escolares comigo. Aliás, falando nisto, vou compartilhar outra intimidade minha com vocês, que me honram com o prestígio de sua leitura: ela passou no vestibular para o curso de Direito. Legal, né? Benza Deus...

Mas voltemos, ou iniciemos, o tal assunto. Dessa vez me surpreendi com a torcida do Santa Cruz. Haveria a (re)inauguração do estádio do Arruda e jogo do clube, no domingo. A cidade tava cheia de torcedores ostentando camisas tricolores, carros com bandeiras, uma festa. E olhe que eu estava em Boa Viagem, muito distante daquele bairro que apelida aquele estádio. No sábado, já tinha visto em algumas lojas diversos objetos com a marca dos times de lá, enquanto o Canuto (André) e o Bodão (André, também), por celular (sms) me deixavam informado do jogo do Galo que estava acontecendo naquela tarde em Murici. Cadernos escolares, canetas, e muitas outras bugigangas. Em pleno Xópin! Eita diferença... De onde? Daqui, ora!




O que mais me impressionou foi ao me lembrar que o Santa Cruz nem com participação garantida na Série D está!... E o buzinaço, o orgulho, a resistência e, principalmente, a praticamente nenhuma presença de torcedores com camisas de clubes do sudeste do país!? Oh, diacho! Será que um dia chegaremos lá?


Ainda no hotel, eu conversava com a minha mais nova (10 anos) sobre a politização daquele povo e de sua auto-estima elevada, tanto que às vezes é confundida com bairrismo (tá, às vezes é, mesmo, mas é desculpável; melhor pecar por excesso do que por falta). Percebendo o valor que eles davam às suas raízes, suas atrações turísticas, sua terra, seus clubes de futebol, e como isto era bem recepcionado por mim, ela me perguntou: “Pai, você gostaria de ser pernambucano?, ao que respondi: “De jeito nenhum. Sou completamente alagoano! Mas gostaria que nosso povo e nossos políticos(!) aprendessem com nossos vizinhos a amar, defender, valorizar nossa Alagoas como eles fazem com o que são e têm. Numa palavra: auto-estima. E que se reflete, não há como negar, no futebol, também.” E continuei: “Olha, a sua avó, cuja família tem muitas raízes em Pernambuco, talvez por isto mesmo seja um bocadinho assim. Bocadinho, não; na verdade, um tantão. E talvez eu tenha aprendido com ela. O que você exaltar de outro lugar, ela, embora possa compartilhar de sua opinião, aceitando-a, sempre que possível ressaltará algo, semelhante ou não, também de nossa cidade ou nosso estado. Quer ver?, experimente dizer pra ela, com certo espanto, que Recife estava lotado de turistas. Ela certamente aceitará sua informação, mas acrescentará, com jeito, que Maceió também está. Faça o teste quando voltarmos.” Ela sorriu e assim encerramos o papo.


Sim, claro que eu vi torcedores do Náutico e do Sport vestidos com as camisas de seus respectivos clubes. Citei o Santa Cruz porque o jogo que lá haveria naquele domingo, dia em que o Arruda voltaria a sediar jogos, tinha incrementado a presença de seus torcedores nas ruas. De todas as idades, diga-se! Muito diferente de Maceió, o que dizer-se do restante do estado. Mas havia de todos. De fora, vi um, de um time do Rio. Só um.


Aliás, falando em Maceió — e vou enfatizar a parte norte da cidade — ver alguém vestindo camisa do CRB ou do CSA na rua, fora de dia de jogo, é muito difícil. Menos ainda deste último, mas certamente por conta do tempo que seus torcedores vêm minguando sem um calendário em que possam acompanhar seu clube durante todo ou quase todo o ano. Mas o fato é que são poucos, inclusive do CRB. Dá uma olhada na orla, naqueles horários de caminhada (nem a pau que vou dizer “jogging”. Puááá! Sai daí! Oxe!). Coroa, então, nem pensar. No máximo adolescente, vinte e poucos anos... Salvo exceções, claro. Você vê o pai, a mãe e a criancinha (só ela) com a camisa do clube. Será que o pai alagoano tem vergonha? Isto também varia de acordo com a classe social. Quanto mais abastada, menos camisa de CRB ou CSA veste (ou ASA também, claro; é porque, com todo o respeito, estou dando mais ênfase aos mais tradicionais). Coisa impressionante, mermão! (sim, leitor, nem sonhe que vou dizer “brother”, porque não vou mesmo. Sou brasileiro, cabra veio! Uma ova, que eu digo). Huummm, to ficando muito ranzinza... Será que é a idade?


Vixe Maria, que já escrevi muito! Vou parar. Sim, já ia esquecendo! Quando voltamos, a Nandinha, recordando-se da nossa conversa no hotel, comentou com minha mãe sobre a imensa quantidade de turistas que havia em Recife neste último fim-de-semana. “Imagino... Não vê como está aqui em Maceió?!”, respondeu minha mãe. Dá-lhe, mãe!
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Também publicada no sítio FutebolAlagoano.com

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

De dezembro pra cá

Crônica
Desde a última vez, ainda no ano passado (22/12), volto hoje trazendo a vocês alguns fatos que percebi de lá pra cá, relacionados(as), naturalmente, ao nosso futebol. Infelizmente, não são legais. Fazer o quê? Num vou mentir...

Começo voltando ao microfone. É, o sedutor sobre o qual escrevi ainda no início daquele dezembro findo. Vocês perceberam que apesar da calmaria que, depois, pareceu reinar no Galo — retratada, por exemplo, no aparente clima de harmonia que se viu reinstalado na diretoria do CRB durante o organizado e interessante lançamento da Nova Era 2009 —, eis que, entretanto, durou pouco, regressando novos dias de muita conturbação no ambiente da Pajuçara, com indevida repercussão na mídia e, claro, nos seus microfones? Bem, parece que agora a brisa vem tomar o lugar da ventania. Menos mal. Antes (meio) tarde, do que nunca. Que tenha vindo pra valer. Esse microfone...

Passo ao CSA e suas involuntárias mudanças de técnico. Caramba! Que tristeza o retrato que disto se tira e se estende ao nosso futebol, hein? Quem te viu, quem te vê... Estamos perdendo técnico pra tudo o que é estado. Não bastasse Sergipe, agora até para clube do interior de Pernambuco (com todo o respeito!). Ambos de menor tradição do que o futebol alagoano (respeito novamente salientado). Eita, capeste! A que ponto chegamos... O que fizeram com o nosso futebol!

Finalmente, trago agora a festa de Ano Novo a que compareci aqui em Maceió. Queria até evitar esse tema, mas é inevitável. Deparo-me com ele várias vezes, nas mais diversas situações. Como nessa, que vou contar. Tava tocando uma banda de Belo Horizonte (quer dizer, não sei se da capital, mesmo; mas de Minas era, certeza). Certa hora o vocalista perguntou se tinha alguém do Galo, ali. Não, não imagine que eu realmente tenha pensado que ele estava se referindo ao Galo de Campina, o Galo da Praia. Tá, vá lá, tive uma esperançazinha de nada que fosse. Mas qual o quê?! Logo em seguida perguntou se havia do Cruzeiro, para, frente às poucas vozes que suponho tenham se erguido (não as ouvi), continuou: — Então tá cheio de Flamenguista aí, né? E do Vasco? Alô, pessoal do São Paulo, do Corinthians... — e por aí foi. Eu tava longe do palco, mas ainda berrei (não sem alguma timidez, porque me sentia só no meio da multidão): — P... de Flamengo, ô rapá! CRB!, c...! Aqui tem time, p... (as reticências, explico, é porque os termos que ela encobre são impublicáveis). Os caba ao meu lado olharam-me como quem diz: Ôxe, quem é esse doido? Devem ter pensado: CRB? Quá-quá-quá... Ou, escrevendo em eme-esse-enês: kkkkkkkkk...

Regatianos e azulinos, o vocalista não citou nossos principais clubes uma mísera vez. Se não os conhecia, nosso futebol tá tão desmoralizado que nem se deu ao trabalho de procurar se informar. Feito pelo menos, por exemplo, esse pessoal do teatro, que procura aprender algo de pitoresco da cidade quando vem de fora dar algum espetáculo e insere-o na peça. Pior: ninguém protestou! Talvez algum maluco, isoladamente, como eu. Havia turistas, sim, mas a imensa maioria era de conterrâneos. E se assim foi porque a festa era privada e na praia? Então definitivamente perdemos torcedores nesse extrato da nossa sociedade? É provável. Aliás, não é a toa que são exatamente os bares da orla e cercanias que vivem lotados de alagoanos torcedores de times do sudeste do país, vendo-os pela TV. O fato é que, ali, a certeza entrou-me goela (e orgulho) abaixo: não havia alvirrubros, não havia azulinos. Se havia, calaram-se. Vergonha? Não sei. Talvez na hora ficaram satisfeitos com a lembrança do seu “2°” time. Quem sabe? É triste. Ou não é?

Bem, vou parar. E quanto a nós — que sequer podemos dizer que a nossa terra é exclusivamente dos nossos times (hoje sequer são os donos das maiores torcidas, creio) —, e que queremos ver o nosso futebol forte novamente, precisamos deixar o comodismo de lado, chegar junto, oferecer ajuda (de todo o tipo), apoiar (sem ingenuidade, claro) as pessoas que lá estão, dirigindo nossos quase centenários clubes, enfrentando as dificuldades com a coragem do melhor alagoano. Afinal, não se enganem: somos também responsáveis pelo que fizeram com o nosso futebol. Nem que seja pela nossas omissão provinciana e baixa auto-estima já encruada com cara de normal.
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Também postada no sítio FutebolAlagoano.com