Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Preito a um resistente torcedor alagoano

Talvez seja intolerância minha. Talvez seja bairrismo. Talvez, outrossim, e por outra, não seja uma crítica desvestida de preconceito. Do mesmo modo, talvez não seja uma questão de auto-estima baixa. Talvez — é, é possível! — seja inveja, pura inveja da minha parte. São tantos talvez, tão poucas certezas. Até porque não me arvoro dono da verdade. Tampouco sei se há mentiras ou desacertos, aí. Ou se, ao contrário, e na verdade, um grande amontoado de verdades (sem trocadilho). Não sei. Mas que me incomoda, ah!, incomoda. Sempre é certo, porém, que há sempre a saída de se mudarem, os que incomodados, como eu, possam estar. Como certamente devem no mínimo pensar aqueles atingidos, em maior ou menor grau, por minhas palavras, tão incertas quanto, todavia, verdadeiras.

O fato é que me incomoda por demais ver os bares da minha cidade repletos de torcedores (alagoanos) e bandeiras de times do eixo Rio-São Paulo. Não vou mentir... Sinto-me sem identidade, sem referência, sem história, sem cidade, sem alagoanidade (a rima, fraca por sinal, foi involuntária). Incomoda-me, um tanto sem tamanho de tão grande, estar numa balada, num domingo à noite, e ser obrigado a ouvir a vocalista indagar do público, repleto de alagocariocas e alagopaulistas (respectivamente torcedores dos times do Rio e de São Paulo), quem torce pra time tal, quem torce pra time qual — argh!, eca! (perdão!) —, como tá o time isso, se o time aquilo já tá líder, e por aí vai. Pior: até entoar o hino! Supremo absurdo...

E de repente presenciar a bandeira de um desses times ser hasteada?! Apaixonada e orgulhosamente!! Eu, com a tristeza estampada no meu, olhava para o semblante dos que a hasteavam (a bandeira era grande, sim senhor!), tentava ouvir suas vozes, atrás de algum sinal, algum sotaque que me fizessem concluir tratarem-se de turistas cariocas de passagem por nossa tão bela quanto mal-amada terra. É doloroso, leitor (certamente não tão compreensivo com meu mal-estar, provavelmente crítico de minhas palavras, até), constatar que eram daqui mesmo.

Até que, nesse mesmo ambiente, encontro um solitário torcedor de Alagoas, como eu certamente torcedor apenas do time de sua terra, vá ele bem ou mal, seja ele pobre ou rico, seja ele o que for, esteja ele como estiver. Ele ostentava a bela camisa do seu (sim, seu!) clube do coração. Esse era dele, mesmo! Esse fazia parte de sua história, de suas raízes. Para assistir aos seus jogos, não ia (ou vai) aos bares da cidade. Não! Ia (ou vai) ao estádio, ora!

Encheu-me de orgulho e esperança encontrá-lo. Investi-me de um sentimento de resistência profundo. Senti-me um combatente das coisas da minha terra que de surpresa, pela sua presença e atitude, teve restauradas suas forças em defesa do nosso futebol, dos nossos clubes, até da nossa gente (por que não?). Senti inveja dele. Uma bela inveja, porque não tinha ido com a minha camisa alvirrubra. Com a minha camisa, como a dele, do nosso Clube de Regatas Brasil. Mas valeu, companheiro. Acho que seu nome — eu, então, perguntei a ele — é Lucas Ramalho. Obrigado.
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Também postada no sítio Futebolalagoano.com

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A "virada de mesa" e o CRB

Nem vou falar da nada surpreendente (em Alagoas não o é, mesmo!), mas nem por isto menos escandalosa e repulsiva “virada de mesa” patrocinada pelo CSA, em compadrio com os representantes de clubes que se fizeram presentes à famosa reunião que deliberou pelo retorno do time do Mutange à divisão do futebol alagoano, da qual fora recentemente rebaixado, com méritos.

A verdade, porém, ao meu sentir, é que a ida ou não à histórica reunião (sim, também os fatos nauseantes se inserem na história, negativamente, como óbvio) não guardaria — como continuo entendendo não guarda — a mais mínima importância ao deslinde da pretensão azulina. É que a questão é jurídica, somente podendo ter ares de definitividade qualquer decisão que se profira tentando solucioná-la, se adotada nas esferas competentes, em tudo e por tudo dissociadas daquela que deliberou pelo retorno do CSA. Assim, competente fora a FAF, ao deliberar pela impossibilidade do acesso pretendido, seguindo o parecer de sua assessoria jurídica. Competente o é, agora, a Justiça Desportiva, para restabelecer o estado de direito no âmbito do nosso futebol, declarando ineficaz a tão vergonhosa quanto esdrúxula decisão proferida na patética reunião, porquanto inválida, nula de pleno direito.

E aí pretendo ressaltar que não entendo deva a diretoria do CRB ser achincalhada, agredida, atacada, incompreendida por seus — justamente, embora — irresignados torcedores, porque não se fez presente à comemorada reunião. O CRB, nem qualquer outro clube que para lá não acorreu, não tinha a mais mínima obrigação, mesmo moral, de compactuar com a patética estratégia montada e arquitetada pelo CSA. Se enxergo absurda, porque desvestida de juridicidade, aquela situação, não posso ser obrigado a com ela pactuar, mesmo que seja para, aceitando-a e, portanto, legitimando-a, votar contra a pretensão de seu arquiteto.

Em suma: se entendo sem substância jurídica aquela reunião — no que tange ao que se pretendia, por ela, decidir —, não posso ser atacado porque não quis legitimá-la, o que se daria pela só minha presença no circo armado (com todo respeito aos que trabalham em espetáculos que tais: a referência, aqui promovida, o é no sentido de teatro, ficção, criação, engenho).

Cumpre, porém, que se adote as providências jurídicas cabíveis, providência, esta sim, a que o CRB, por sua diretoria, não tem o direito de omitir-se. Ou, por outra, assim agiria e diria o clube: “não fui à reunião, mas não porque aceito o que lá se decidiu, e sim porque discordo da legalidade de seus fins deliberativos; tanto assim que, na seara competente, aquela decisão será devida e veementemente contestada.”

Infelizmente o estrago já foi realizado no âmbito alvirrubro, com a saída — equivocada, a meu pensar, embora entenda a irresignação de que se impregnou —, de dois dos mais valorosos quadros da diretoria executiva do clube, exatamente os membros da ONG CRB Acima de Tudo, por quem nutro devotados respeito e apreço. Tudo de que o CRB menos necessita, no momento — e no particular, a sua respeitável direção — é de atitudes que a enfraqueçam. Quem sabe possam seus ilustres membros, com as legitimidade e regatianidade que lhes confere suas vidas e sua Associação, repensar a atitude e voltar aos cargos de onde jamais deveriam ter saído. Pelo bem do CRB.
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Tb postada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Exterminadores de times

Crônica
Por Guilherme Scalzilli*

Parte da crônica esportiva decidiu que os campeonatos estaduais de futebol chegaram a um nível irremediável de indigência e previsibilidade, devendo ser extintos e substituídos por disputas mais amplas. Não surpreende que a medida seja defendida majoritariamente pela imprensa das capitais: apenas os clubes poderosos conheceriam benefícios, enquanto os interioranos cairiam no ostracismo das divisões inferiores.

É universalmente sabido que isso levaria, em pouco tempo, à extinção de dezenas de times sem recursos. As cidades menores sofreriam conseqüências negativas para o comércio e o emprego, perdendo ainda mais sua tão menosprezada identidade regional. Ao mesmo tempo, os clubes ricos ganhariam fortunas absorvendo diretamente os talentos originados nos rincões. Para dimensionar os valores envolvidos, basta fazer um levantamento dos jogadores mais badalados do país que foram revelados por times de menor expressão.

Mas apenas o aspecto financeiro não explica o apego à proposta malévola. A indisfarçável decadência técnica do futebol nacional nivelou os times negativamente, ameaçando a primazia dos chamados “grandes”. Se um rebaixamento no campeonato brasileiro soa-lhes constrangedor, semelhante fracasso em nível estadual pareceria desmoralizante, abalando certas ilusões de “grandeza” que a imprensa alimenta para valorizar-se a reboque de seus preferidos.

É essa mitologia da superioridade imanente que disfarça a cadeia de artimanhas viciadas dos gabinetes futebolísticos. O poder dos clubes privilegiados advém de uma popularidade construída com títulos que foram possíveis graças à generosidade dos contratos publicitários e de transmissão televisiva, além dos infames sistemas de repasses desiguais de verbas por parte da CBF. Para completar o cartel, resta apenas eliminar a indesejável concorrência.
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Golpe no "acesso" azul

Crônica
Para quem achava que a Federação Alagoana de Futebol iria rasgar os diplomas legais que regem a matéria decorrente da desistência do Igaci, para beneficiar o Centro Sportivo Alagoano, teve ontem uma surpresa.

Não conheço o inteiro teor do parecer da assessoria jurídica daquela Federação, mas pelo que pude ouvir de seu representante, na RÁDIO JORNAL, afina-se perfeitamente com a compreensão jurídica que já em mim se consolidara há tempos, no sentido de que o desejado acesso à 1ª Divisão do time do Mutange, pelas “vias legais”, ele que fora o 9º colocado no Campeonato Alagoano da 1ª Divisão e, outrossim, rebaixado à divisão imediatamente abaixo daquela — portanto por mérito próprio, ou por falta de mérito, conforme se queira interpretar a expressão —, não encontraria amparo na legislação desportiva pátria vigente.

Aliás, bem antes já se pronunciara, com as absolutas, elogiáveis e costumeiras isenção e imparcialidade — não diria tecnicismo jurídico, porque lhe falta competência para tanto, já que de operador do Direito não se trata — o jornalista, radialista e cronista (perdoe-me se esqueci de mais algum atributo profissional) Waldemir Rodrigues. E foi uma bela interpretação do imbróglio, embora, como dito, de leigo nas ciências jurídicas se trate o já festejado blogueiro.

E a questão pode ser assim resumida, embora aparentemente tormentosa a questão, à míngua de alguns diplomas estaduais obsoletos e omissos: não há previsão legal a que a situação experimentada pelo Igaci redunde no acesso à divisão imediatamente superior daquele já rebaixado, isto é, do CSA, 9º colocado. Antes, há proibição a que se concretize a pretensão alardeada e apaixonadamente defendida até por setores da imprensa, que não seja pela via prevista no próprio ordenamento jurídico desportivo vigente. Simples assim, segundo penso.

Agora, quanto ao direito de que eventualmente se julgue detentor a agremiação azulina, contrário àquele em que se amparou a FAF, naturalmente outras vias há a percorrer, se assim lhe aprouver. E possível é, até, obtenha compreensão diversa e logre êxito. Mas não vejo provável esse desiderato se concretize.

Os prejuízos ao futebol alagoano, precisamente ao próprio certame regional da 1ª divisão, decorrentes do rebaixamento do CSA? Indiscutíveis. Mas é a regra do jogo. Literal (legal) e futebolisticamente falando. E é alvissareiro que no país do “jeitinho” a lei, ainda que momentaneamente, tenha sido respeitada.
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Tb postada no sítio
Futebolalagoano.com

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Reconhecimento e apoio concreto

Crônica
Se é notório que o futebol de CRB e CSA não tem servido de orgulho para os seus torcedores, entretanto, remando contra a maré vem dos torcedores do primeiro alguns bons exemplos de abnegação, criatividade, desprendimento, dedicação. Ou por outras palavras: sair-se do mero discurso, das críticas de sempre, do choro, das lamentações, das fofocas, para a demonstração cabal, indiscutível, verossímil e visível — em tudo e por tudo visível(!) — de amor ao clube. Amor de direito, mas principalmente de fato, por este entendendo-se aquele que transcende o sentimento. Vai além: sai das palavras à ação. Com todo o respeito, trata-se de uma categoria especial de torcedores, uma espécie — de cujo gênero é toda a imensa nação alvirrubra — excepcional de apaixonados regatianos. Regatianos que fazem, que põem a mão na massa, que arregaçam as mangas vermelhas do manto sagrado e encarnado que os veste para ajudar o Galo a voltar a ser o mais importante clube das Alagoas.

Refiro-me a todos os alvirrubros que integram o Movimento “Galo pra Frente” — com destaque para os admiráveis jovens da “ONG CRB Acima de Tudo” e os líderes das Torcidas Organizadas do CRB —, os que criaram e mantêm vivo o Movimento “CRB Meu Único Time” — uma das melhores, senão a melhor iniciativa de conscientização para o resgate da auto-estima do torcedor alagoano (não apenas do regatiano, pelo exemplo que dá a todos os outros) — e, acrescento, os que compõem a atual diretoria-executiva do Galo da Praia, formada por torcedores regatianos da lavra de um José Serafim, de um Miguel Moraes, de um Carlos Roberto, de um Roberto Costa (estes, Vice-Presidentes), de um Dirceu Prior, de um Ricardo (aqui, Diretores), entre outros. É verdade: trata-se de uma diretoria constituída de autênticos e, como tais, apaixonados torcedores, sim senhor.

Pois bem, apesar de todas as imensas dificuldades enfrentadas pelo CRB, esse pessoal tem dado muito de si — senão tudo de si — para soerguer aquele que contemporaneamente era o nacionalmente mais destacado e, para muitos, o hoje mais querido clube do estado — considerados, para fundamentar a primeira compreensão, o ranking da Confederação Brasileira de Futebol, e, para a segunda, a última pesquisa do instituto Data Folha.

Com efeito, a despeito do mau momento vivido pelo clube — que em 2008 deixou escapar por entre seus dedos o imenso patrimônio que detinha hegemonicamente no estado (o de ser um dos dois únicos times que permaneciam no Campeonato Brasileiro da Série B durante os seus então 15 anos de duração) —, é fato que muito vem sendo realizado na Pajuçara, e estas palavras, ao lado de se traduzirem no reconhecimento que necessita ser ressaltado diuturnamente, têm também o propósito de conclamar os regatianos ainda descrentes a moverem-se no sentido de conferir ao Galo da Praia um amor como aquele lá em cima descrito: um amor concreto, um amor que se traduza em atos em prol do clube, e em apoio aos que mais de perto a ele têm dedicado parte de sua vida.
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Tb postada no sítio Futebolalagoano.com