Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O direito de ser esclarecido

Todos têm o direito de torcer pelo time que quiserem. Não importa que sua predileção seja pelos times dos cariocas ou dos paulistas. Assim, se o sujeito, embora alagoano, nascido em Alagoas, residente e domiciliado em Alagoas, sabedor de que existem clubes de futebol no seu estado, ao menos tenha ouvido dizer, alguma vez na sua vida curta ou longa, que esses times, sofrivelmente ou não, disputam competições regionais e nacionais, mas mesmo assim querem torcer pelo time tal, do Rio de Janeiro, ou pelo time qual, da capital paulista, é direito dele. Ou torce por um time do seu estado, e por outro dos torcedores cariocas ou paulistas. Ou torce mais por um destes do que pelo da sua terra. Ele tem esse direito, não há negar-se. Tem, outrossim, o direito de ser respeitado em suas escolhas. Tem todo o direito de ser feliz torcendo pelos times dos outros, se assim se sente. Mais: tem, inclusive, o direito de criticar àqueles que, como este que vos escreve, torcem apenas por um único time, e, pasme, sendo este o do meu estado..

Ora, quantas vezes já não ouvi de alguém dizer-me que não entende como só torço pelo CRB. “Ôxe, André, você tá doido! Times daqui prestam não! Tudo falido! Torça ao menos também por outro, rapaz! Um do Rio ou de São Paulo... Tem nem graça torcer só pelos times bos... daqui! A gente tem de torcer pelo que é ‘bom’! Desde de há muito que fomos ‘apresentados’ aos times do Rio e, depois, de São Paulo. Logo, é natural que torçamos por esses times. E como os daqui não prestam... Num tá vendo que vou trocar meu isto por CRB! Ou meu aquilo por CSA! Ou por ASA! Ôxe! Tas é doido! Mais a mais, torço pelo que gosto, pouco me importa se são dos cariocas ou dos paulistas. O que eu quero é ser feliz, ora!” E por aí, vão as manifestações de surpresa, os argumentos, as explicações...

A questão é que nós, que torcemos apenas pelo time da nossa terra — portanto, que torcemos apenas por NOSSOS times —, ao lado do respeito que devemos ter para com nossos conterrâneos apaixonados pelos times dos cariocas e paulistas, temos igualmente o direito de desfiar as críticas que julgarmos pertinentes a esse fenômeno de tão pouco clara quanto concreta lavagem cerebral que neles é promovida, a esse processo inescondível, mas velado, de nefasta doutrinação de idéias e sentimentos clubísticos patrocinada, diuturna e historicamente, pela aparentemente inofensiva, natural e “democrática” ditadura (a contradição é proposital) da mídia grande a nós imposta.

E mais do que o direito de escancararmos, às vezes silenciosamente, outras ruidosamente, mas sempre incansável e resistentemente esse fenômeno nefasto, prejudicial e aniquilador dos clubes e da auto-estima dos alagoanos, temos o DEVER de fazê-lo. Até porque eles têm o direito de ouvir-nos.
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Tb postada no sítio
Futebolalagoano.com

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Domingo continuarei Alagoas

Como todos sabem, próximo domingo (06/12) haverá diversos jogos decisivos pelo Campeonato Brasileiro da Série A. Por isto mesmo, certamente a cidade — e principalmente seus bares, já que os estádios onde ocorrerão não se encontram nem nesta capital, nem neste estado — estará tomada por torcedores, daqui mesmo de Alagoas, que, entretanto, torcem por times de fora, notadamente das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. O fenômeno é cultural, mas bem que poderia sê-lo bebendo-se do exemplo de nossos vizinhos recifenses, que não admitem divisões em seu coração, e não daquela (cultura massificada e alienante) patrocinada pela mídia grande.

E aí há aqueles alagoanos que só torcem por esses times, que são na verdade times dos cariocas e paulistas; há outros que torcem mais por esses, mas também torcem — um pouco, vá lá — pelos de sua terra, e há aqueles que, diferentemente destes últimos, têm o dos outros como seu 2º time. Todos, portanto, na totalidade, em maior, ou em menor grau, sofrem, choram, alegram-se, vibram, brigam, gritam pelo seu time do coração, de estado diverso do seu. Todos, portanto, vestem-se com as cores de seu time do coração, de estado diverso do seu.

Bem, como isto é um fato, tão incontestável quanto lamentável — e aqui quero registrar que a crítica formulada não significa desrespeitar a vontade e amores alheios, mas apenas manifestação de opinião, em defesa do meu estado, de seus clubes e, portanto, de nossa auto-estima —, resta-me — além de escrever essas mal traçadas linhas na esperança, talvez vã, de que alguma alma, aqui e ali, nelas deseje debruçar-se — vestir-me, no próximo domingo, com a camisa do clube da minha terra, das minhas raízes, do meu estado, da minha cidade, do meu dia-a-dia, do meu bairro, da minha infância, do meu chão, da minha história, do meu, efetivamente do meu(!) coração e da minha(!) vida.

E assim poder exibir com orgulho esse amor exclusivo, como exclusivos são os verdadeiros amores. E assim tentar demonstrar que um coração dividido não é tão forte quanto se de um só clube fosse. E demonstrar que a minha Maceió, que a nossa Alagoas não é terra apenas de torcedores de times dos outros, ou de torcedores mistos (com todo o respeito), mas também de alguns resistentes que, felizmente só conseguindo amar àquele de sua história, são (e serão sempre) a ele eternamente fiéis. Assim, domingo estarei, mais uma vez, com muito orgulho e paixão, vestido com a camisa do Clube de Regatas Brasil – CRB.
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Também publicada no jornal Gazeta de Alagoas, de 06/12/2009, e postada no sítio www.futebolalagoano.com

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Preito a um resistente torcedor alagoano

Talvez seja intolerância minha. Talvez seja bairrismo. Talvez, outrossim, e por outra, não seja uma crítica desvestida de preconceito. Do mesmo modo, talvez não seja uma questão de auto-estima baixa. Talvez — é, é possível! — seja inveja, pura inveja da minha parte. São tantos talvez, tão poucas certezas. Até porque não me arvoro dono da verdade. Tampouco sei se há mentiras ou desacertos, aí. Ou se, ao contrário, e na verdade, um grande amontoado de verdades (sem trocadilho). Não sei. Mas que me incomoda, ah!, incomoda. Sempre é certo, porém, que há sempre a saída de se mudarem, os que incomodados, como eu, possam estar. Como certamente devem no mínimo pensar aqueles atingidos, em maior ou menor grau, por minhas palavras, tão incertas quanto, todavia, verdadeiras.

O fato é que me incomoda por demais ver os bares da minha cidade repletos de torcedores (alagoanos) e bandeiras de times do eixo Rio-São Paulo. Não vou mentir... Sinto-me sem identidade, sem referência, sem história, sem cidade, sem alagoanidade (a rima, fraca por sinal, foi involuntária). Incomoda-me, um tanto sem tamanho de tão grande, estar numa balada, num domingo à noite, e ser obrigado a ouvir a vocalista indagar do público, repleto de alagocariocas e alagopaulistas (respectivamente torcedores dos times do Rio e de São Paulo), quem torce pra time tal, quem torce pra time qual — argh!, eca! (perdão!) —, como tá o time isso, se o time aquilo já tá líder, e por aí vai. Pior: até entoar o hino! Supremo absurdo...

E de repente presenciar a bandeira de um desses times ser hasteada?! Apaixonada e orgulhosamente!! Eu, com a tristeza estampada no meu, olhava para o semblante dos que a hasteavam (a bandeira era grande, sim senhor!), tentava ouvir suas vozes, atrás de algum sinal, algum sotaque que me fizessem concluir tratarem-se de turistas cariocas de passagem por nossa tão bela quanto mal-amada terra. É doloroso, leitor (certamente não tão compreensivo com meu mal-estar, provavelmente crítico de minhas palavras, até), constatar que eram daqui mesmo.

Até que, nesse mesmo ambiente, encontro um solitário torcedor de Alagoas, como eu certamente torcedor apenas do time de sua terra, vá ele bem ou mal, seja ele pobre ou rico, seja ele o que for, esteja ele como estiver. Ele ostentava a bela camisa do seu (sim, seu!) clube do coração. Esse era dele, mesmo! Esse fazia parte de sua história, de suas raízes. Para assistir aos seus jogos, não ia (ou vai) aos bares da cidade. Não! Ia (ou vai) ao estádio, ora!

Encheu-me de orgulho e esperança encontrá-lo. Investi-me de um sentimento de resistência profundo. Senti-me um combatente das coisas da minha terra que de surpresa, pela sua presença e atitude, teve restauradas suas forças em defesa do nosso futebol, dos nossos clubes, até da nossa gente (por que não?). Senti inveja dele. Uma bela inveja, porque não tinha ido com a minha camisa alvirrubra. Com a minha camisa, como a dele, do nosso Clube de Regatas Brasil. Mas valeu, companheiro. Acho que seu nome — eu, então, perguntei a ele — é Lucas Ramalho. Obrigado.
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Também postada no sítio Futebolalagoano.com

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A "virada de mesa" e o CRB

Nem vou falar da nada surpreendente (em Alagoas não o é, mesmo!), mas nem por isto menos escandalosa e repulsiva “virada de mesa” patrocinada pelo CSA, em compadrio com os representantes de clubes que se fizeram presentes à famosa reunião que deliberou pelo retorno do time do Mutange à divisão do futebol alagoano, da qual fora recentemente rebaixado, com méritos.

A verdade, porém, ao meu sentir, é que a ida ou não à histórica reunião (sim, também os fatos nauseantes se inserem na história, negativamente, como óbvio) não guardaria — como continuo entendendo não guarda — a mais mínima importância ao deslinde da pretensão azulina. É que a questão é jurídica, somente podendo ter ares de definitividade qualquer decisão que se profira tentando solucioná-la, se adotada nas esferas competentes, em tudo e por tudo dissociadas daquela que deliberou pelo retorno do CSA. Assim, competente fora a FAF, ao deliberar pela impossibilidade do acesso pretendido, seguindo o parecer de sua assessoria jurídica. Competente o é, agora, a Justiça Desportiva, para restabelecer o estado de direito no âmbito do nosso futebol, declarando ineficaz a tão vergonhosa quanto esdrúxula decisão proferida na patética reunião, porquanto inválida, nula de pleno direito.

E aí pretendo ressaltar que não entendo deva a diretoria do CRB ser achincalhada, agredida, atacada, incompreendida por seus — justamente, embora — irresignados torcedores, porque não se fez presente à comemorada reunião. O CRB, nem qualquer outro clube que para lá não acorreu, não tinha a mais mínima obrigação, mesmo moral, de compactuar com a patética estratégia montada e arquitetada pelo CSA. Se enxergo absurda, porque desvestida de juridicidade, aquela situação, não posso ser obrigado a com ela pactuar, mesmo que seja para, aceitando-a e, portanto, legitimando-a, votar contra a pretensão de seu arquiteto.

Em suma: se entendo sem substância jurídica aquela reunião — no que tange ao que se pretendia, por ela, decidir —, não posso ser atacado porque não quis legitimá-la, o que se daria pela só minha presença no circo armado (com todo respeito aos que trabalham em espetáculos que tais: a referência, aqui promovida, o é no sentido de teatro, ficção, criação, engenho).

Cumpre, porém, que se adote as providências jurídicas cabíveis, providência, esta sim, a que o CRB, por sua diretoria, não tem o direito de omitir-se. Ou, por outra, assim agiria e diria o clube: “não fui à reunião, mas não porque aceito o que lá se decidiu, e sim porque discordo da legalidade de seus fins deliberativos; tanto assim que, na seara competente, aquela decisão será devida e veementemente contestada.”

Infelizmente o estrago já foi realizado no âmbito alvirrubro, com a saída — equivocada, a meu pensar, embora entenda a irresignação de que se impregnou —, de dois dos mais valorosos quadros da diretoria executiva do clube, exatamente os membros da ONG CRB Acima de Tudo, por quem nutro devotados respeito e apreço. Tudo de que o CRB menos necessita, no momento — e no particular, a sua respeitável direção — é de atitudes que a enfraqueçam. Quem sabe possam seus ilustres membros, com as legitimidade e regatianidade que lhes confere suas vidas e sua Associação, repensar a atitude e voltar aos cargos de onde jamais deveriam ter saído. Pelo bem do CRB.
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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Exterminadores de times

Crônica
Por Guilherme Scalzilli*

Parte da crônica esportiva decidiu que os campeonatos estaduais de futebol chegaram a um nível irremediável de indigência e previsibilidade, devendo ser extintos e substituídos por disputas mais amplas. Não surpreende que a medida seja defendida majoritariamente pela imprensa das capitais: apenas os clubes poderosos conheceriam benefícios, enquanto os interioranos cairiam no ostracismo das divisões inferiores.

É universalmente sabido que isso levaria, em pouco tempo, à extinção de dezenas de times sem recursos. As cidades menores sofreriam conseqüências negativas para o comércio e o emprego, perdendo ainda mais sua tão menosprezada identidade regional. Ao mesmo tempo, os clubes ricos ganhariam fortunas absorvendo diretamente os talentos originados nos rincões. Para dimensionar os valores envolvidos, basta fazer um levantamento dos jogadores mais badalados do país que foram revelados por times de menor expressão.

Mas apenas o aspecto financeiro não explica o apego à proposta malévola. A indisfarçável decadência técnica do futebol nacional nivelou os times negativamente, ameaçando a primazia dos chamados “grandes”. Se um rebaixamento no campeonato brasileiro soa-lhes constrangedor, semelhante fracasso em nível estadual pareceria desmoralizante, abalando certas ilusões de “grandeza” que a imprensa alimenta para valorizar-se a reboque de seus preferidos.

É essa mitologia da superioridade imanente que disfarça a cadeia de artimanhas viciadas dos gabinetes futebolísticos. O poder dos clubes privilegiados advém de uma popularidade construída com títulos que foram possíveis graças à generosidade dos contratos publicitários e de transmissão televisiva, além dos infames sistemas de repasses desiguais de verbas por parte da CBF. Para completar o cartel, resta apenas eliminar a indesejável concorrência.
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Golpe no "acesso" azul

Crônica
Para quem achava que a Federação Alagoana de Futebol iria rasgar os diplomas legais que regem a matéria decorrente da desistência do Igaci, para beneficiar o Centro Sportivo Alagoano, teve ontem uma surpresa.

Não conheço o inteiro teor do parecer da assessoria jurídica daquela Federação, mas pelo que pude ouvir de seu representante, na RÁDIO JORNAL, afina-se perfeitamente com a compreensão jurídica que já em mim se consolidara há tempos, no sentido de que o desejado acesso à 1ª Divisão do time do Mutange, pelas “vias legais”, ele que fora o 9º colocado no Campeonato Alagoano da 1ª Divisão e, outrossim, rebaixado à divisão imediatamente abaixo daquela — portanto por mérito próprio, ou por falta de mérito, conforme se queira interpretar a expressão —, não encontraria amparo na legislação desportiva pátria vigente.

Aliás, bem antes já se pronunciara, com as absolutas, elogiáveis e costumeiras isenção e imparcialidade — não diria tecnicismo jurídico, porque lhe falta competência para tanto, já que de operador do Direito não se trata — o jornalista, radialista e cronista (perdoe-me se esqueci de mais algum atributo profissional) Waldemir Rodrigues. E foi uma bela interpretação do imbróglio, embora, como dito, de leigo nas ciências jurídicas se trate o já festejado blogueiro.

E a questão pode ser assim resumida, embora aparentemente tormentosa a questão, à míngua de alguns diplomas estaduais obsoletos e omissos: não há previsão legal a que a situação experimentada pelo Igaci redunde no acesso à divisão imediatamente superior daquele já rebaixado, isto é, do CSA, 9º colocado. Antes, há proibição a que se concretize a pretensão alardeada e apaixonadamente defendida até por setores da imprensa, que não seja pela via prevista no próprio ordenamento jurídico desportivo vigente. Simples assim, segundo penso.

Agora, quanto ao direito de que eventualmente se julgue detentor a agremiação azulina, contrário àquele em que se amparou a FAF, naturalmente outras vias há a percorrer, se assim lhe aprouver. E possível é, até, obtenha compreensão diversa e logre êxito. Mas não vejo provável esse desiderato se concretize.

Os prejuízos ao futebol alagoano, precisamente ao próprio certame regional da 1ª divisão, decorrentes do rebaixamento do CSA? Indiscutíveis. Mas é a regra do jogo. Literal (legal) e futebolisticamente falando. E é alvissareiro que no país do “jeitinho” a lei, ainda que momentaneamente, tenha sido respeitada.
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Tb postada no sítio
Futebolalagoano.com

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Reconhecimento e apoio concreto

Crônica
Se é notório que o futebol de CRB e CSA não tem servido de orgulho para os seus torcedores, entretanto, remando contra a maré vem dos torcedores do primeiro alguns bons exemplos de abnegação, criatividade, desprendimento, dedicação. Ou por outras palavras: sair-se do mero discurso, das críticas de sempre, do choro, das lamentações, das fofocas, para a demonstração cabal, indiscutível, verossímil e visível — em tudo e por tudo visível(!) — de amor ao clube. Amor de direito, mas principalmente de fato, por este entendendo-se aquele que transcende o sentimento. Vai além: sai das palavras à ação. Com todo o respeito, trata-se de uma categoria especial de torcedores, uma espécie — de cujo gênero é toda a imensa nação alvirrubra — excepcional de apaixonados regatianos. Regatianos que fazem, que põem a mão na massa, que arregaçam as mangas vermelhas do manto sagrado e encarnado que os veste para ajudar o Galo a voltar a ser o mais importante clube das Alagoas.

Refiro-me a todos os alvirrubros que integram o Movimento “Galo pra Frente” — com destaque para os admiráveis jovens da “ONG CRB Acima de Tudo” e os líderes das Torcidas Organizadas do CRB —, os que criaram e mantêm vivo o Movimento “CRB Meu Único Time” — uma das melhores, senão a melhor iniciativa de conscientização para o resgate da auto-estima do torcedor alagoano (não apenas do regatiano, pelo exemplo que dá a todos os outros) — e, acrescento, os que compõem a atual diretoria-executiva do Galo da Praia, formada por torcedores regatianos da lavra de um José Serafim, de um Miguel Moraes, de um Carlos Roberto, de um Roberto Costa (estes, Vice-Presidentes), de um Dirceu Prior, de um Ricardo (aqui, Diretores), entre outros. É verdade: trata-se de uma diretoria constituída de autênticos e, como tais, apaixonados torcedores, sim senhor.

Pois bem, apesar de todas as imensas dificuldades enfrentadas pelo CRB, esse pessoal tem dado muito de si — senão tudo de si — para soerguer aquele que contemporaneamente era o nacionalmente mais destacado e, para muitos, o hoje mais querido clube do estado — considerados, para fundamentar a primeira compreensão, o ranking da Confederação Brasileira de Futebol, e, para a segunda, a última pesquisa do instituto Data Folha.

Com efeito, a despeito do mau momento vivido pelo clube — que em 2008 deixou escapar por entre seus dedos o imenso patrimônio que detinha hegemonicamente no estado (o de ser um dos dois únicos times que permaneciam no Campeonato Brasileiro da Série B durante os seus então 15 anos de duração) —, é fato que muito vem sendo realizado na Pajuçara, e estas palavras, ao lado de se traduzirem no reconhecimento que necessita ser ressaltado diuturnamente, têm também o propósito de conclamar os regatianos ainda descrentes a moverem-se no sentido de conferir ao Galo da Praia um amor como aquele lá em cima descrito: um amor concreto, um amor que se traduza em atos em prol do clube, e em apoio aos que mais de perto a ele têm dedicado parte de sua vida.
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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CRB: a torcida, a Direção e o Conselho

Crônica
Tem certas coisas que dizem acontecer no CRB que, forem verdadeiras, efetivamente não dá pra entender. Ou será que dá?

O clube está sob a direção de homens de bem (até que se prove o contrário, ou ao menos se levante algum indício que desminta essa compreensão, o são), esforçados, dedicados e, por que não, competentes em muitas das áreas que se comprometeram a dirigir. Amadores no mundo do futebol? Sim, sem dúvida. Uns mais, outros menos. Mas quem temos, no futebol alagoano, de quem se pode afirmar profissionais? A não ser que por profissionais se entenda empresários do futebol, agenciadores de jogadores, indivíduos que na verdade buscam obter lucro, para si, com essa atividade ou, o que é verdadeiramente pernicioso, pela aproximação com o respectivo clube, para explorá-lo, usá-lo em seu favor, alardeando falsa paixão.

Entretanto, não são raras as histórias de que haveria um boicote, uma torcida contra, dentro (e fora) do próprio clube, para que o trabalho lá desenvolvido não dê certo. Fala-se de coisas, até, que a responsabilidade me impede de ventilá-las aqui, dada a sua gravidade e repugnância. Mas francamente, não consigo acreditar. Nem em boicote, nem em torcida contra. Não consigo pensar que o ser humano, na sua ânsia de obter vantagens pessoais, possa tentar prejudicar o clube a que diz amar.

Aliás, fato interessante, que dá bem o tom do que digo, é o apoio da torcida à direção que lá está. A direção, apesar das boas intenções de que esteve imbuída, meteu os pés pelas mãos com a contratação do técnico Arnaldo Lira e, pior, com a insistência em mantê-lo no comando do Galo. Arrisco dizer, sem medo de errar, que essa foi a principal razão para a pífia campanha do time na Série C/2009. Mas nem assim aquela direção deixou de receber o apoio dos seus torcedores. Sintomático, isto, não?

Também não consigo entender esse desentendimento do Conselho Deliberativo do Galo, ou mais especificamente de sua presidência, com os integrantes da ONG CRB Acima de Tudo, e de alguns chefes de torcida participantes do chamado Movimento Galo pra Frente. Desentendimento, claro, é eufemismo, porque o que houve lá, segundo relato de diversos presentes, a mim realizados, foi de baixaria, mesmo. Por quê?

Meus caros, a torcida de qualquer clube é o seu maior patrimônio. No caso do CRB, a ONG CRB Acima de Tudo dá qualidade incomensurável a essa torcida. Alia-se a participação tradicional — torcedor que vai aos jogos, etc. — ao auxílio no aprimoramento e modernização do clube (até a desejada arquibancada está sendo construída pela briosa torcida do Galo, mas sob a liderança dos jovens integrantes da ONG). E o que quer a torcida, capitaneada pela referida ONG? Simplesmente ajudar o CRB, influir, mais decisivamente, nos destinos do clube, protegê-lo dos aproveitadores e sugadores de plantão que tanto mal já fizeram, anos a fio, ao querido Galo da Pajuçara. Para tanto, todos os trâmites sempre têm sido seguidos. Reuniões houve, um projeto de novo estatuto e até do regimento interno do Conselho foi elaborado e entregue ao Presidente do Conselho com o compromisso de retorno breve. Passados, porém, mais de uma gestação, o que se viu foi a intolerância imperar. Por quê? Por que a ONG, e o próprio Movimento, incomodam tanto? Senhores(as), não se pode imaginar solução para eventuais discordâncias que não passe pelo diálogo, consideração e respeito recíprocos.

O fato é que é preciso ter-se em mente que um novo tempo realmente aportou na Pajuçara. É necessário compreender que o CRB não mais será uma nau à deriva nas mãos de pessoas que dele só buscam o proveito próprio. Não haverá mais o silêncio e a omissão ditados pela desorganização e despolitização — típicos de um grupo heterogêneo como o é o que forma uma nação de torcedores — frente a atos irresponsáveis ou desonestos que se pretenda promover no Galo da Praia. Essa direção que lá está, e os jovens da ONG CRB Acima de Tudo, merecem todo o nosso apoio. E estão atentos. E ao que posso perceber, eles não desistirão. Não, mesmo.
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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vexame, paixão e baixa auto-estima

Crônica
Trapichão parcialmente interditado. Mas para receber torcedores do Corinthians e Santa Cruz — promessa de renda boa(!) —, libera! E não se ouve, lê ou vê quase ninguém, ou ninguém mesmo, comentar o surpreendente, perigoso e injustificável fato. Mas explicável. E a explicação, que não precisa ser dita, tem o condão de conseguir calar a todos, ou a quase todos.

Torcedores pernambucanos comparecem em número considerável ao quase todo liberado (para aquele jogo) Trapichão, talvez semelhante à quantidade de torcedores da terra. Resultado: ênfase, destaque estratosférico e enaltecedor à invasão pernambucana. Torcedores alagoanos comparecem em excelente número no estádio do vizinho estado. Resultado: quase silêncio. Um ou outro gato pingado, quase numa voz monocórdia, exalta o feito.

Comissão técnica incompetente — desculpem, mas não conhecer o regulamento de uma competição que se disputa é de uma incompetência tão grande que chega a ser inacreditável — promove dois vexames, um deles histórico. O primeiro é a “cera” escancarada, ridícula, exagerada, buscando-se, na esteira da informação equivocada de que um empate bastaria à classificação, garantir aquele resultado. Aliás, quanto a esse procedimento (o goleiro, diz-se, chegou a cair no gramado umas quatro vezes, sentindo nada em canto nenhum), não sei se a orientação veio apenas do comandante, se é que foi dele. O segundo é a comemoração, após o empate, como se classificado estivesse. Este, um vexame histórico. Gravado e televisionado. Uma autêntica tragicomédia, promovida pela incompetência, que já é de praxe, diga-se, por estas bandas.

A baixa auto-estima é porque nosso futebol, pobre e amadoramente dirigido como ele só — salvo raras e conhecidas exceções —, continua a receber maus-tratos de tudo e de todos. Nossos clubes mais tradicionais podem se acabar, porque sempre teremos o outro, do eixo Rio-São Paulo pra torcer. Outro, diga-se, que para muitos — certamente já a maioria — sequer é mais o “outro”: é o primeiro, o do coração. O da terra ocupa o 2º lugar. E a imprensa, igualmente, sobreviverá, porque não falta destaque a esses clubes enaltecendo-os, nem torcedores desses clubes entre seus membros. E defensores de que seja assim mesmo, em nome de uma tão falsa quanto nefasta tese de que todos são livres para torcer pelo time que quiserem. Parte-se de uma premissa verdadeira, para concluir-se falsamente.

É evidente que todos são livres para torcer pelos times do Rio ou de São Paulo. Mas isto não significa que seja bom para o futebol alagoano que seja assim. Isto não significa que seja educativo, que confira auto-estima e noção de cidadania aos alagoanos. Somos todos estados de um mesmo país, mas com sua história, sua cultura, seus clubes, suas paixões próprios. A paixão pelos times de fora do estado invariavelmente é perniciosa aos clubes da terra. Quem tem um, não tem nenhum. Daí que a luta por este é fundamental, condição à sua sobrevivência. Quem tem dois, terá ao menos um. Senão para ir aos estádios, ao menos para ir ao bar mal e porcamente fantasiado de estádio. O da terra? O da terra que se lasque... Não presta mesmo... Tá vendo, aí? Sem futebol até o fim do ano na capital. Ainda bem que tenho meu isso, meu aquilo, lá do Rio ou de São Paulo. Aliás, já tem camisa nova naquela loja! Pôxa! Que legal!
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

É PARABÉNS, SIM!


Crônica

Parabéns, CRB, por ter dado tantas alegrias aos seus fiéis e bravos torcedores durante longos 15 (quinze) anos disputando o Campeonato Brasileiro da Série B. Grandes clubes do país, CRB, muito mais ricos e poderosos do que você (não raro por benesses políticas e televisivas), experimentam situação de descalabro administrativo e ineficiência esportiva, e você conseguiu, contra tudo e contra todos, às vezes até contra quem o administrava, este imenso feito para o nosso pobre futebol alagoano, por tantos desejado, por tantos almejado, mas até o momento infelizmente só por você alcançado. Foste, em passado recentíssimo — daí porque a lembrança agora, já que ainda não é feito que esteja em museu —, o único representante do nosso futebol a disputar, por tanto tempo, ininterruptamente, o 2º campeonato de futebol mais importante do país. Quantos não caíram durante aquela caminhada... Até um poderoso Fluminense você deixou pra trás... É..., você definitivamente merece o respeito dos alagoanos.

Obrigado, CRB, por ter privado sua torcida (e que torcida!), dirigentes e jogadores do dissabor de nova queda. É certo que cairias onde muitos gostariam até de estar, mas para seus torcedores, bem acostumados torcedores a vê-lo entre os do topo, certamente não seria algo a que pudessem suportar facilmente. Parabéns por ter sido bravo e conseguido estancar uma descida que para muitos se prognosticava irreversível, e até escancarada, ou disfarçadamente, desejada. Para aqueles que esse desenlace aguardavam, foi bela a resposta dada ontem. Seus jogadores foram bravos guerreiros, competentes, eficientes, comandados por um ídolo seu que verdadeiramente o ama e merecia a vitória alcançada. Verdadeiros argonautas cantados por seu belo hino. Fosse nominar alguns jogadores, para justa homenagem, certamente cometeria injustiça. Mas posso fazê-lo desagravando um que certamente foi injustiçado: falo do Calmon, seu outrora artilheiro, querido por torcedores e jogadores, vítima maior do maior erro havido.

Parabéns, CRB. Apesar da campanha desastrosa que fizeste, parabéns! Só você sabe o que passou, o quanto sofreu nessa árdua caminhada. Só você sabe quantos erros foram cometidos — certamente, não se há de negar, no afã de acertar. Só você sabe a dedicação de seus dirigentes, o trabalho despendido, as noites mal-dormidas, os recursos investidos. Sintam-se todos homenageados na pessoa daquele que verdadeiramente deu o melhor de si a você: refiro-me ao Marcos Lima Verde. E meus votos de que a lição tenha sido bem aprendida. Nem vocês próprios, cartolas, nem os jogadores, nem a fantástica nação alvirrubra e, principalmente, o querido CRB merecem a repetição dos equívocos incorridos e por tantos vistos e denunciados.

Que a contratação do treinador Joãozinho Paulista, que o jogo de ontem, que o suporte psicológico iniciado, que a lição aprendida e o enxergar de novos horizontes sejam o início, o recomeço do árduo caminho do retorno à Série B do Campeonato Brasileiro, único lugar de que todos, sem exceção, automaticamente se lembram quando se fala em você, CRB, retornar a algum que seja.

Você conseguiu o que poucos — menos você, seus torcedores e dirigentes — acreditavam. Você podia mais, mas conseguiu, hoje, o que foi possível. E o possível, presentes as circunstâncias, não foi pouco. Parabéns, por isto, sim! O futuro? O futuro vencerás! Alegre, firme, de pé! Como tem que ser.

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domingo, 2 de agosto de 2009

"Mocidade para a frente..."

Crônica
“... Que a mocidade não morre”!

Não precisaria fazer este apelo, porque os torcedores do CRB — apesar de terem se acostumado a assistir a bons jogos no Campeonato Brasileiro da Série B, o que os torna mais exigentes do que os demais (é natural) — não têm se omitido em dar apoio ao time. Ontem (29), em Arapiraca, isto mais uma vez se mostrou patente. A torcida se fez presente em bom número, a despeito da péssima colocação do clube no certame, e do fantasma de novo rebaixamento continuar ameaçador, aliás, como nunca. E assim tem que ser (deve obrigatoriamente ser!), no próximo domingo, no Trapichão, contra o Salgueiro/PE, derradeiro jogo e derradeira chance de manter-se na Série atual, embora dependa do resultado do jogo do Confiança/SE contra o Icasa/CE. Com um detalhe: no Trapichão a Comando Alvirrubro não é impedida, sumariamente, de ingressar no estádio, como ocorreu no Estádio Municipal de Arapiraca.

Aliás, falando nisso, dizer-se do despreparo daquela polícia que atuou no Coaracy é pouco! Para ingressar na arquibancada reservada aos torcedores regatianos todos tinham que submeter-se, não a uma revista (o que é louvável e recomendável), mas a uma autêntica abordagem, como se de suspeitos de crimes, de marginais se cuidassem. O cara de farda mandava você pôr as mãos sobre a cabeça, abrir as pernas, ficar de costas, e, ato contínuo, vasculhada cada espaço de seu corpo com uma vontade, mas uma vontade tão manifesta no apalpar, que se você não tomasse cuidado saía de lá sem ov..., deixa pra lá. E o pior é que você no máximo só pode reclamar, mesmo assim contidamente, pois aqueles preparadíssimos policiais, caso contrário, poderão levá-lo preso e, aí, quando for providenciado o reparo à agressão, o constrangimento, ainda maior, já terá sido experimentado. Que situação!

Voltando ao Galo, a despeito das boas intenções, do trabalho e da dedicação da diretoria do clube, de modo geral, erros graves foram cometidos; alguns acertos, porém, têm sido tentados. Antes tarde do que nunca! Como acerto pretendo frisar a aceitação (é aceitação porque o custo não é do clube) a que a Dra. Helena iniciasse o trabalho de conferir suporte psicológico ao plantel. Isto vem sendo realizado, desde a segunda-feira próxima passada, mas naturalmente não é milagre, algo que se resolva do dia pra noite. Até acompanhar o time à Arapiraca o fez, e não tenho dúvidas de que foi fundamental para que o CRB não saísse do Coaracy com uma derrota humilhante. Não porque o ASA houvesse realizado um grande jogo — muito pelo contrário —, mas pelo abatimento dos jogadores durante o intervalo do jogo. E o CRB poderia, sim, ter de lá saído com uma vitória, fazendo por onde merecer ao menos um empate, pelo que apresentou durante o 2º tempo de jogo.

Para domingo, entretanto, faz-se necessário evitar grave erro cometido para o jogo em Arapiraca. Refiro-me a que se opte por arbitragem de fora do estado. Aquele cidadão que apitou o jogo cometeu erros gravíssimos — não marcar um pênalti claríssimo, em favor do CRB, é um exemplo —, embora nele não tenha incorrido quando o pênalti fora desfavorável ao Galo. O histórico de jogos disputados pelo CRB, em que fora árbitro aquele cidadão, é francamente, absolutamente favorável a que não se o aceitasse no jogo de ontem. Que pelo menos aprendam (os cartolas do Galo) com o erro cometido.

No mais, regatianos, é rezar e lutar até o fim. Chorar sobre o leite derramado (erros) não adianta nada.
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*Escrita em 30/07/2009 (quinta-feira)
*Também postada no sítio Futebolalagoano.com

terça-feira, 7 de julho de 2009

Revoltante e nauseante


Crônica

Ver mais uma vez as “otoridadis” alagoanas acomodarem os torcedores de um time adversário, e de outro estado, nas dependências até então inapelavelmente interditadas do Trapichão, dando-lhes, assim, tratamento completamente diverso daquele que é dado aos torcedores dos times alagoanos quando para lá se dirigem. Foi assim, ontem (CSA x Stª Cruz), foi assim, antes (CRB x Corinthians Paulista). As “otoridadis” alagoanas não conhecem o que seja reciprocidade, e ou são absolutamente irresponsáveis, ou não há razão para interdição coisa nenhuma. Se há, como se viu, não resiste a um adversário com número significativo de torcedores, e à generosa, desinteressada e oportuna liberação temporária de significativo espaço, outrora interditado, à torcida adversária. Coincidentemente, e por conseqüência, a renda da partida ganha em robustez, como adiante abordarei.

E as (agora autorizadas!!!) bandeiras com mastro de bambu? I-na-cre-di-tá-vel! As perigosíssimas bandeiras tiveram a entrada franqueada! Pasmem: inclusive para a torcida do time adversário. Clássico passado, nem a um pandeiro foi permitido exercer o seu mister, ou a finalidade de sua existência: o reles (mas considerado perigoso) batuque. Ontem: bandeiras com pau! Putz! Falar o quê, mais? Retifico a incredulidade acima dita: em se tratando de Alagoas e das nossas “otoridadis” tudo é crível, mesmo. E tudo é revoltante e dá náuseas.

E os cartolas azulinos? Ah, os cartolas azulinos! Generosos e altruístas como eles só, resolveram destinar quase a metade dos ingressos aos torcedores do vizinho estado. Questionados, a desculpa patética: se não os disponibilizasse, eles os comprariam aqui em Maceió mesmo. Como se todos os que vieram se arriscariam a vir na incerteza de obtê-los; como se todos viessem se soubessem que o espaço a eles reservado seria de apenas 10% (no máximo 20%) dos locais liberados ao público, e, nesse norte, como se fossem arriscar-se a ocupar o espaço dos torcedores nativos. Eita, náusea chata da pega...

E a renda? Seria risível, de dar gargalhadas, não fosse revoltante e nauseante. Não fui ao jogo, mas pelas fotos que já estão no domínio público é facílimo perceber-se que a renda foi escancaradamente mascarada, maquiada com cosmético dos mais vagabundos, mas suficiente ao lustre das caras-de-pau de plantão. Aliás, nessa seara, nada acontece. Ano após ano as rendas continuam sendo informadas com, digamos, equívocos notórios, sem que uma mísera investigação seja realizada, nem pela chamada imprensa investigativa, tampouco pelas autoridades competentes (as “otoridadis”, estas nem citei porque seria redundante, e até ingênuo, fazê-lo, já que são omissas por natureza).

O jogo. Bem, não vi. Mas o que mais me chamou a atenção foi um comentado, mas mal-explicado, atraso do time, supostamente (dizem algumas línguas) acerca de pagamento: será que condicionaram a prestação de seus serviços à pronta e prévia prestação da contrapartida? Se verdade, então é legítimo concluir-se que o clima no Mutange não estava tão bom como se dizia, correto? A reboque, a apatia dos jogadores alardeada pelos sofridos torcedores azuis. Assim, o time entrosado, que estava entusiasmando os comentaristas azulinos, declarados ou não, — parte significativa da imprensa estava numa festa só — e, de conseqüência, aos ressabiados, mas apaixonados, torcedores do CSA, teria deixado, a estes e aos torcedores de outras cores (mas de Alagoas), envergonhados.

E a imprensa? Bem, parte dela está mais interessada em dedicar parte considerável de suas energias e recursos a temas mais amenos —, como, por exemplo, a defesa corporativista, centrada no ataque mordaz e uníssono a um treinador aloprado que, felizmente para os alvirrubros (diga-se), já se foi —, do que a pujante repercussão (ou mesmo a investigação, no que toca à chamada imprensa investigativa) de temas intrigantes, que tais. Por exemplo: se o assunto renda é afeito, nos estados, às respectivas Federações de Futebol, nunca ouvi algum jornalista indagar, ao responsável respectivo, acerca do fenômeno (no mínimo esquisito) de o estádio apresentar-se lotado, ou perto disto, e o número de pagantes e não-pagantes não representar pouco mais da metade da sua capacidade. Salvo se foi desatenção minha e as perguntas se sucedem.

Ah! Já ia esquecendo! Bandeira do time rival tremulando no meio da torcida nativa? E o time da terra perdendo? E de goleada? Aí, meu caro leitor, não tem chá, Plasil ou Plamet que dê jeito!

Ê, Alagoas... É isto. Ainda bem que não é só isto. Mas é isto, também. Licença. Vou ali. E não volto. É a náusea.

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Também postada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet.

sábado, 4 de julho de 2009

Deem uma última chance a vocês

Crônica
Ainda há tempo para acordar, livrar-se dos preconceitos, parar de buscar culpados fora do clube e, com o trabalho — hoje, mais do que nunca, imprescindível e urgente —, evitar o pior. Isto é o que importa! Isto é o que ainda pode ajudar a salvar o CRB e, a vocês próprios, de carregarem nos ombros a indesejada (e injusta) marca de um fatídico rebaixamento (toc-toc-toc, pé-de-pato, mangalô, três vezes).

Não lhes importa avisá-los de que as chances de classificação são remotíssimas — embora vocês não tenham (nem pensar!) o direito de desanimar ou desistir —, porque vocês já sabem. Tampouco de que a “Série toc-toc-toc D” se mostra tão arrepiante quanto próxima: vocês já devem dormir e acordar com esse pesadelo. Não importa falar-lhes da falta de planejamento crônica, até porque planejar sem recursos é impossível, e receitá-lo é tão fácil quanto abrir a boca ou escrever estas linhas mal-traçadas (com o perdão pelo clichê). Não importa arranjar um cristo pra crucificar, porque ninguém fez nada sozinho, nem errou sozinho, nem demorou no erro sozinho. Não importa ver incompetentes onde antes se via profissionais em quem se depositava as melhores esperanças no trabalho desenvolvido.

O que importa, senhores da diretoria do CRB, é perceber que ainda há batalhas a serem lutadas, que a guerra é curta mas ainda há todo um 2° tempo a ser jogado, e que esses atletas precisam da única arma que lhes falta: o acompanhamento de um profissional da psicologia! Alguém, inclusive, que mais do que acompanhar o grupo e a cada um individualmente (aqui, na medida do possível, claro), principalmente conheça e saiba aplicar, a uma equipe de atletas, técnicas que lhes restitua a motivação, o estímulo, o ânimo, a união, a alegria, a confiança, a fé. Não basta, por isto mesmo, esforçados diretores — e não é disto que falo —, de proporcionar-lhes uma ou duas palestras motivacionais, a oitiva de um ou dois filmes que tratem do tema. A saída do momento atual, acreditem(!), também não passa por puxões de orelha, nem por carões. A saída passa pelo trabalho de quem tem competência para fazê-lo. E o marasmo, o derrotismo, o desânimo que se vê, às escâncaras, nesse time, pede um profissional dessa área.

Na Série B/2006, tudo estava aparentemente perdido e, ainda que faltando apenas dois jogos, os atletas, acompanhados por um profissional da psicologia, se impregnaram da alegria, da motivação e da fé perdidas. As duas vitórias que faltavam, nos dois últimos jogos, vieram: o clube salvou-se pelo congo. Na Série B/2008, o time só perdia. Já então lembrava dessa necessidade em minhas crônicas, mas não consegui ser ouvido. O resultado, sofrido ali, estamos vivenciando disputando a Série C/2009. Hoje, o time sofreu quatro derrotas em quatro jogos. Restam outros quatro. Precisa vencer no mínimo três. Se a cabeça dos senhores está atordoada, se os torcedores veem-se desesperançados, dá pra imaginar como estão os jogadores?

Senhores da direção do CRB! Ainda há tempo de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, como diz a (sábia) composição. Ainda que esse por cima não possa mais ser tão por cima assim, como se gostaria. Ainda há tempo! O que sugiro não é a panacéia, remédio para todos os males. Não é a certeza do sucesso. Não é infalível. É só mais uma chance. A última. Deem uma última chance ao CRB! Deem uma última chance a vocês.
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Também postada no sítio Futebolalagoano.com e FutNet

domingo, 28 de junho de 2009

Cabeças-duras


Crônica
Como já disse em outra crônica, tempos atrás, e mais ou menos reproduzo agora, não sou psicólogo. Mas isto não me impede de constatar sua importância fundamental para o esporte, notadamente, para o futebol. Aliás, vivenciei experiência prática extraordinária nessa seara. Foi durante os últimos jogos do Campeonato Brasileiro da Série B/2006, cuja história rendeu até um conto, “Uma inesquecível história de amor, garra e fé”, postado inicialmente aqui, e depois, onde ainda está, no desativado BOLAGOANA (http://bolagoana.blogspot.com), além de no sítio oficial do CRB (http://www.crbalagoas.com.br). Narra a passagem fundamental, emocionante e inesquecível da psicóloga Dra. Helena Soares pelo CRB, a este levada, com muito orgulho e alegria, por mim e um grupo de abnegados amigos alvirrubros.

Pois bem, nomes respeitados apontam a importância do psicólogo para o futebol, do que é exemplo o de Regina Brandão(*), para quem “um atleta sem uma preparação psicológica adequada que lhe permita desempenhar-se bem sob pressão, competir com dor, concentrar-se, manter o foco, ter sentimentos positivos e participar das competições sentindo-se confiante e tranqüilo, terá poucas chances de alcançar uma boa atuação. Isto porque, no alto nível, as habilidades esportivas de diferentes esportistas se igualam. Portanto, precisam mais do que um alto nível de treinamentos físicos, técnicos e táticos, eles precisam estar bem preparados psicologicamente. Assim, aos atletas são necessários três requerimentos básicos para a excelência no esporte: talento, treinamento intenso e ‘cabeça’ (ORLICK, 1986).”

O respeitado Paulo Ribeiro(**), por sua vez, perguntado sobre a importância da psicologia no desempenho do jogador de futebol, assim dispôs: “Depende de que categoria falamos. Se pela formação, a base, a psicologia entra como fator fundamental juntamente com o Serviço Social, pois funciona como alicerce da estrutura emocional de um garoto que inicia sua prática esportiva e precisa conhecer seu corpo, suas possibilidades, limites e frustrações. Portanto, nesse caso, a Psicologia entra como processo intrínseco à formação do atleta. Já no esporte de alto rendimento, equipe profissional, a Psicologia entra como grande aliada na melhora da performance individual e de grupo. Lida com os mais diversos sentimentos que apontam um grupo de pessoas reunidas, ou seja, trabalha com as vaidades individuais, com as dificuldades de relacionamento e suas variantes. Trabalha com dinâmicas de grupo, trabalhos motivacionais, testes de ansiedade e atenção concentrada e também na elaboração do perfil do atleta para que treinador e auxiliares possam entrar mais a fundo no âmbito da personalidade de seu jogador. Não da para discorrer sobre todos os aspectos numa breve entrevista."

Não por outra, o célebre jornalista e escritor Armando Nogueira tenha asseverado, com todas as letras: “Queiram ou não queiram os doutores do futebol, jogar bem ou jogar mal será sempre reflexo do estado mental em que se encontre uma equipe. Não só de pernas vive um grande time."(***)

Da minha parte, modestamente tenho tentado, desde 2007, alertar para a importância de dotar-se o clube de um profissional psicólogo. Sem sucesso. Ora a desculpa dos cartolas de plantão é a falta de verba, ora é a discordância do treinador — que não raro teme venha aquele diminuir as luzes dos holofotes sobre si e seu trabalho.

Pois bem, estão hoje os jogadores do CRB sob enorme pressão psicológica. Têm de vencer, se quiserem continuar lutando pela classificação; pior, para ao menos sair da incômoda posição que ocupa na tabela: a lanterna. Não há um só dia que não lhes seja lembrado que será o jogo da vida do Galo, que é vencer ou vencer, enfim, que lhes recordem a importância de vencer a próxima partida. Cobrança vinda de todos, sem exceção, inclusive deles próprios. Até reunião entre eles, soube, fizeram. A direção cogitou mandá-los a Coruripe — providência frustrada face ao inoportuno amistoso de hoje, em Campina Grande, a dois dias do jogo “fatal” —, fala-se em palavras de estímulo, mas não se ouve uma mísera palavra sobre a contratação de um psicólogo.

Dinheiro certamente há. O que não há é priorização. Basta que se atente para as boas (e custosas) contratações havidas. Sobra, porém, ignorância — desconhecimento, mesmo, sobre a importância do trabalho psicológico e da premente necessidade de que os atletas recebam acompanhamento por parte desse profissional —, ou preconceito, que nada mais é do que o resultado da ignorância. Enfim, autênticos cabeças-duras. Arre!
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# Escrita em 24/06/2009, antes da quarta derrota do Galo (CRB 1 x 2 Icasa/CE), ocorrida ontem, que a crônica alertava poderia ocorrer à míngua de acompanhamento psicológico.

# Também postada nos sítios FutebolAlagoano.com e FutNet.

(*) Conforme o sítio Arenasports, na internet, é psicóloga, com pós-graduação em Psicologia do Esporte pelo Instituto Superior de Cultura Física de Havana - Cuba, mestre em Desenvolvimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (RS) e doutora em Ciências do Esporte pela Unicamp, São Paulo. Trabalhou em grandes clubes do futebol brasileiro (São Paulo/SP, onde iniciou no futebol profissional, Internacional e Grêmio/RS, Santos e Palmeiras/SP), além da própria Seleção Brasileira de Futebol pentacampeã mundial. Mais recentemente trabalhou na Seleção Portuguesa de Futebol, em sua preparação para a Eurocopa 2004 e Copa do Mundo 2006. Conviveu com treinadores como Celso Roth, Paulo Autuori, Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari.

(**) Psicólogo formado pela Universidade Gama Filho – RJ, com pós-graduação em Psicologia Medica e Psicossomática, Especialista em Psicologia do Esporte e Psicologia Clinica. Atualmente ensina na pós-graduação da Universidade Veiga de Almeida e trabalha no Dept° de Futebol Profissional do Clube de Regatas Flamengo – RJ (
www.pauloribeiro.com.br).

(***) Jornal “Estado de São Paulo”, 21/04/1999.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sem matar a cobra, não dá


Crônica
Não se mata cobra venenosa cortando-lhe apenas o rabo, ou dando-lhe cascudo na cabeça pestilenta. É pra ser de uma porrada só. E o quanto antes. Porque mantê-la viva, seja pela porretada ineficaz, seja pela demora em desferi-la, permite que mais estragos ela os promova. Os erros que a gente comete são às vezes como a cobra. Ninguém está livre de cometê-los, nem mesmo aqueles de quem, pelo seu ofício, não se espera os cometa. Mas o importante é consertá-los, tão rápida quanto eficientemente. Pela cepa, arrancando-lhe fora até à raiz. Assim na vida, assim no futebol. Assim no CRB.

O grande erro do então arrumado, unido e em evolução CRB foi, ao menos inicialmente, menos a contratação do técnico Arnaldo Lira, e mais a incapacidade de reação face ao danoso acolhimento dos jogadores vindos com ele, de mala e cuia. Jamais poderia tê-los aceito. Seja porque, vindo de onde vieram (com todo o respeito), não poderiam ter cacife pra tanto; seja porque acabou com a união do valoroso grupo pré-existente, arduamente construída. Depois o erro deu frutos, traduzindo-se em nova inércia do clube para corrigi-lo, agora face às tão desastrosas quanto inacreditáveis e revoltantes declarações do treinador — certamente construídas para justificar a vinda descabida do time que trouxe —, desmerecendo a qualidade daqueles que aguardavam o seu comando. E aí a equivocada agressão é dúplice: seja porque não correspondia à realidade (o time era bom), seja porque simplesmente não se pode aceitar venha de um técnico, o que dizer-se de um, como aquele, recém contratado.

Veneno posto, veneno disseminado. E o remédio, como se vê, além de injustificadamente demorada a sua prescrição, tampouco o foi na dose certa. É a tal história da cacetada eficiente (remédio) na cabeça da cobra (problema). Com a saída do goleiro, finalmente decidida após suas duas declarações inaceitáveis — venenosamente jogadas na mídia — e gritantes falhas de ofício, talvez se tenha definitivamente dado a porrada que a cobra, trôpega mas não morta, já tardava a receber.

Erros à parte — e quem não os comete? —, o que importa observar é que nada, nada mesmo, está perdido. O CRB tem jeito. A Série C pode, ainda — não sem esforço, naturalmente —, ser o degrau escalado à volta à Série B, e não àquele escorregado à D, que os realistas de plantão partem a desde já vaticinar e alertar. Tem uma diretoria atuante, que tem-se verdadeiramente esforçado para vê-lo de volta à elite do futebol brasileiro. Tem uma torcida apaixonada e, não bastasse, ativa e esclarecida. Exigente, mas Acima de Tudo fiel (como diz meu amigo Carlinhos Almeida, fazendo perfeito trocadilho com a valorosa ONG presidida pelo novo amigo João Hélio).

Principalmente, caro leitor, tem um bom time. Sim, tem um bom time. E não só no papel. Não se pode deixar que a falta dos resultados tenha o condão de trazer o pessimismo, o desestímulo e a descrença à Pajuçara e a seus torcedores. Quem assistiu aos jogos contra o ASA e o Confiança sabe que os resultados não espelharam o que foram. O CRB, teoricamente ou em campo, pode vencer qualquer um dos seus adversários. Tem plantel e futebol pra isto.

Só é preciso limpar os restos da cobra. Dar tranquilidade, confiança, valorização e estímulo aos jogadores que querem dar o sangue pelo clube. Resgatar o respeito e a união atacados. E isto já a partir de cada membro da diretoria em relação aos seus pares. É preciso deixar que o sol volte a brilhar na Pajuçara. Antes, aí sim, que seja tarde demais.
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Também publicada no sítio FutebolAlagoano.com e FutNet

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A hora é de exaltar e acreditar!


Crônica
Não vou enumerar os erros — que até me surpreenderam —, de pouco antes do término do campeonato alagoano. Seja porque você, que me lê, poderia discorrer facilmente sobre eles, seja porque o que o CRB mais necessita, nesse momento, é de apoio. E apoio implica exaltar as boas novas (e outras nem tanto novas).

Falo de ressaltar e valorizar o que vem sendo feito no futebol do CRB — a parte administrativa e de patrimônio já não é novidade —, que renova nossas esperanças e nos faz crer num futuro (breve) melhor. E nisto, ninguém se engane, está a marca da credibilidade do Presidente do CRB, o tão discreto quanto grande comandante do clube e da equipe que o auxilia.

O CRB tem uma boa base, facilmente constatada ao término do campeonato alagoano/2009. Diferentemente do que alardearam alguns — até mesmo o antigo treinador (responsável direto pela “quase” crise que lá se instalou, com o apoio equivocado e intransigente de parcela da diretoria do clube) —, o time, dadas as circunstâncias difíceis que enfrentou, fez, sim, uma boa campanha. Enquanto teve o mesmo número de jogos daquele que viria a ser o campeão da temporada, alcançou apenas sete pontos a menos; pontos rigorosamente idênticos àquele, entretanto, se considerado apenas o 2º turno.

Vieram os investidores. Vieram porque creem no trabalho, na seriedade e na “regatianidade” do Presidente. Não se trata, e isto é bem o retrato da “Nova Era”, de negociação instalada sob a aura da desconfiança e do mistério quanto à forma de reembolso do valor investido; antes, percebe-se que a exigente, atuante e esclarecida maioria da torcida do CRB a aprova.

Com eles, as aguardadas contratações de qualidade. Não a troca de seis por meia dúzia, ou por cinco, quatro... Não! Numa palavra: reforços. Vieram só agora, verdade. Mas não se pode esquecer que somente há pouco as negociações foram fechadas. Paciência.

Assim, à boa base (Da Silva, Edmar, Alex Lima, Léo, Jairo e Jonathan, destacadamente) vieram juntar-se atletas que agradariam aos mais exigentes torcedores alagoanos: Lúcio “Bala” (ex-Flamengo, Botafogo, Santos), Frontini (ex-Santos, Ponte Preta, Goiás), Zacarias (ex-Atlético/GO, Ponte Preta, Caxias/RS), Neguette (ex-Atlético Mineiro, Botafogo, Juventude/RS) e Marcinho (ex-CRB/2007). Para comandá-los um técnico reconhecidamente competente: Fito Neves. E, pra completar, a permanência do ótimo preparador físico, Hamilton Tavares.

Não bastasse, o CRB, ainda que armado de maneira diferente da que o fariam nove entre dez torcedores e cronistas, não jogou mal contra o ASA. Mais: não mereceu a derrota. Finalmente: vem apresentando-se bem nos treinos, comportando-se com desenvoltura os novos contratados. Ora, postos esses fatos, que hora é essa, então, senão a de exaltar as virtudes, acreditar e apoiar?!

Chega de turbulência(!),que o mar não é longo mas é bravio. E a argos* precisa do apoio de todos os seus argonautas. Como sempre o teve, mesmo (e principalmente) “nos momentos mais extremos”**.
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*Argos: nave que teria conduzido os argonautas (heróis da mitologia grega, grandes navegantes, exploradores de mares). O Hino Oficial do Clube de Regatas Brasil (CRB) - que como o próprio nome o diz, nasceu clube de "regatas" - faz expressa relação desses heróis, argonautas, com aqueles que integram o clube (os jogadores, torcedores, etc.)
-Também postada nos sítios FutebolAlagoano.com e FutNet
-Foto: FutebolAlagoano.com

Mais humildade, menos intransigência

Crônica
Pronto. Aconteceu o que se temia, e, segundo os defensores da contratação do técnico recém demitido, o que se queria evitar insistindo-se na sua mantença. Na verdade sua contratação veio quase desdizer a velha, e agora atrevidamente contestada máxima Rodrigueana, de que toda a unanimidade é burra. É que quase todos discordaram da contratação do, digamos, nervoso treinador. Contratado o foi, foram todos os discordantes — maior parte da torcida e da crônica esportiva — praticamente obrigados a engoli-lo, ao menos até o primeiro jogo, ou a primeira derrota, como queiram. Depois, teve-se de tolerá-lo, como forma de apoiar a diretoria do clube, na figura do seu respeitado presidente.

O irascível técnico, por sua vez, entretanto, embora ao final já antipatizado e atacado pela crônica esportiva — inclusive por parte dela que até então o apoiava —, acabou pondo, ele mesmo, a derradeira pá de cal que redundou em sua queda. E o que tanto se queria evitar e se forçou alcançar insistindo-se na sua contratação acabou ocorrendo às vésperas do primeiro jogo do time em casa. O CRB sofre a 2ª derrota consecutiva. O que já estava ruim, piorou.

Como reclamação, agora, de nada adianta, fica o que é para mim a maior e mais óbvia (mas não ensinada, ou aprendida) lição a ser extraída: não se pode contratar, mal assim, um treinador de futebol. São dois erros consecutivos e gritantes, um deles, o primeiro, inclusive reconhecido pela vice-presidência de futebol do clube, ambos, inobstante, facilmente apontados pelo mais alienado torcedor às épocas respectivas. Talvez por isto mesmo, sabe-se lá, insistiu-se tanto no segundo. O erro, porém, naturalmente agigantou-se. Insistência num erro não é perseverança, é intransigência. Competência não pode rimar com intransigência. Como rima, deu no que deu. Tá aí o resultado.

Esperemos que o presidente, que não é bobo nem nada, não mais aceite que rimas assim ocorram na Pajuçara. Menos paciência com a intransigência. Menos tolerância com a ignorância. Essas as rimas que podem dar certo.
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*Escrito em 09/06/2009 (outra, postada com atraso no blog, logo após a queda - anunciada - do então treinador do CRB, Arnaldo Lira)
*Também postada no sítio FutebolAlagoano.com

A úlitma do Lira (a pior!)

Crônica

Um mea-culpa e uma situação no tempo!

Essa crônica foi escrita na noite do dia 04, próximo passado, mas não tive tempo para postá-la no blog. É lasca, né? Tempo pra escrever, mas não pra postar (a rigor, é o mais rápido). Como para o sítio FutebolAlagoano.com, onde tenho uma coluna, é só um clique - basta enviar pra lá como anexo num emeio (emeio, assim, aportuguesado mesmo, como vi na Caros Amigos e achei massa!) -, lá o foi na manhã do dia seguinte.

É a respeito do inferno astral em que se envolveu, por sua própria culpa (diga-se), o ex-treinador do CRB, Arnaldo Lira, poucos dias antes de ele cair (também porque fez por onde). Entretanto, após uma determinada entrevista em que fazia críticas, digamos, pouco ortodoxas a parcela da imprensa esportiva alagoana, o sujeito foi de tal modo por ela bombardeado, que entendi já o era desproporcional, meio defesa corporativista, sacomé? Assim, saiu a crônica que segue e, lamentavelmente, é só agora postada. Boa leitura e minhas desculpas!


Não ia contar, não, que não sou chegado a disse-me-disse, a blá-blá-bla, a maledicências, nem a fofocas, muito menos a violência. Mas..., sacomé, a gente vê todo mundo falando, cada um que conte a sua história (sobre ele) mais cabeluda do que a outra, cada um que esbraveje com mais alarde, que demonstre mais irresignação, que salte de espada na mão (sem trocadilho) em defesa de uma nova vítima do cara, que..., finalmente, não resisti. Fazer o quê? Resisti, não, e tô aqui! Também tenho direito de contar a minha, e como existem uns sítios (nem a pau que vou dizer site) na internet (FutebolAlagoano.com e FutNet) que fizeram a besteira de acolher meus textos, lá vai! Ferrou-se, irascível ser! Também resolvi marchar nas fileiras dessa justíssima campanha por sua defenestração, pelo extermínio desse, desse, desse, arrff..., Lira.

A vítima: a cozinheira do Clube de Regatas Brasil. Pobre mulher, pobre operária, pobre artista do fogão vermelho.
O algoz (com o perdão da redundância, mas deixem-me sentir o prazer de repetir seu nefasto nome): Lira. Sim, Lira, o terrível!
O perdão: peço aos diretores do CRB, que imploraram o meu silêncio. Em vão. Não posso negar à sociedade o direito de conhecer sua (dele) maior injustiça, sua maior crueldade, sua maior indelicadeza. Seja pelo ato, em si, seja pela vítima, uma humilde cozinheira.

Foi assim. Fui ao café-da-manhã oferecido na Pajuçara na terça-feira última. É, aquele que teria sido boicotado pela imprensa — se o foi (sou desligado demais), compareceram, entretanto, vários colaboradores e conselheiros. Cheguei atrasado (umas 8:30h), acomodei-me, e fiquei por ali, jogando (sem trocadilho) conversa fora. No campo, os atletas treinavam, vigorosamente! Com eles, além de alguns membros da Comissão Técnica, ele. Sim, ele, o (arghh!!) Lira. Aproveitei para dar uma olhada na Pajuçara: tá arrumadinha demais. O clima, entre os presentes (convidados ou diretoria), melhor, impossível. O treino, apesar da presença dele, transcorria na mais absoluta normalidade. Salvo pelo notório empenho dos jogadores e, pasmem os incrédulos, até do Da Silva, do Rafinha e do Aragoney, há pouco protagonistas de desagradável, digamos, incidente, na Paju. Soube que antes da chegada dele (é, do Lira; é que não gosto de ficar citando seu nome) também houve uns episódios desagradáveis com os dois primeiros (vê, só! E eu nem sabia, óia! Pensava que tinha sido a partir da chegada do desbocado treinador).

Pois bem, tirando a corrida do Da Silva em volta do campo após o treino, reinava a paz na Pajuçara. Ah! A propósito, susto da pega vê-lo correndo numa disposição só! Não fosse o cabelo amarelo, diria que estava ainda dormindo; mas me belisquei, vi que estava acordado, e constatei o tom dos cabelos do, segundo soube, 4kg mais magro meia-armador. Até que foi servido o café. E que café, meus amigos! Hummm..., só de lembrar, tô salivando. Escrevendo e salivando. Uns 6 tipos de fruta (belas e suculentas), macaxeira (molinha, molinha), charque, salsicha, queijo muçarela (estranhe, não: é com “ç”), presunto, 2 tipos de bolo, bolacha, biscoito, sucos e, claro, café com leite. Ufa! Acho que só. Só? Cafezão, rapá!

Sentei-me em uma das mesas. Conversava, comia, conversava, comia. Repeti uma vez. Voltei a conversar e a comer. Continuo salivando, danou-se! Foi quando, já encerrada a aprazível tarefa, vinda da cozinha, aos prantos, a nossa vítima (digo, a vítima “dele”): a querida cozinheira. Chorava, soluçava, inconformada, inconsolável. Foi um custo fazê-la acalmar-se, até para que se pudesse entender o que finalmente ocorrera. Após uns dois tradicionais copos de água com açúcar, e algumas palavras de conforto, eis que ela conseguiu, no meio de todo aquele sofrimento, balbuciar: e-e-e-ele na-na-não ve-ve-io to-to-to-tomar (quase que não saíam as palavras de seus lábios trêmulos) — respirou fundo e disse de uma só suspirada, quase gritando, e quase com raiva — o café-da-manhã!!! Ora, claro que na hora não entendi “quem” não fora prestigiar o bendito café-da-manhã, preparado com tanto capricho e amor pela cândida e dedicada funcionária. Quem, afinal, teria sido capaz de tamanha indelicadeza, se é que poderia existir um sujeito assim na face da terra, o que dirá na Pajuçara. “Quem, pobre senhora?”, perguntaram todos os presentes, quase que numa só voz. “Quem fez-lhe isto?”, indaguei-lhe, com o coração aos sobressaltos. “Ele”, respondeu. “Ele”, repetiu, apontando seu dedo fino, longo e acusador na direção do campo onde ainda treinavam os jogadores. “O Seu Lira”, esclareceu, para que não remanescessem dúvidas da autoria do quase-crime que desafortunadamente testemunhei.

O silêncio foi geral. A dor em cada semblante era indisfarçável. Um misto de raiva e de pesar abateu-se sobre a Pajuçara, ao menos sobre todos nós, antes tão felizes. Isto mesmo — caros e, certamente, consternados e revoltados leitores, tal como eu ainda me encontro —, lá no campo, trabalhando incansável e freneticamente com os atletas do CRB, em pleno treino (pasmem!), o treinador Lira. O café-da-manhã fora posto, e enquanto nos deliciávamos com seus quitutes, e enquanto os jogadores treinavam no campo, o cruel e insensível treinador lá permaneceu: treinando-os, trabalhando. Dá pra acreditar em tamanha vileza?
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Também publicado no sítio Futebolalagoano.com

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quem está acima do bem e do mal?



Crônica

Grande parte da imprensa do sudeste do país é claramente tendenciosa em favor dos seus clubes de futebol. Algumas redes de televisão o são escancaradamente; outras, veladamente, tentando parecer desvestidas de tendência em prol de A ou B. Tenho a compreensão de que há os mais diversos interesses em jogo — não apenas paixão por tal ou qual time —, notadamente financeiros. A defesa do grande capital, que lhes financia, nutre e sustenta é um dos fatores que dão o tom (tendência) de suas matérias jornalísticas e impressões. Quem? Quais os jornalistas — ou radialista(s) ou cronista(s) —, exatamente? Não vem ao caso. É a minha interpretação do que vejo, leio, escuto. Não preciso dizer nomes, nem busco ver nomes vestidos na respectiva carapuça. O que não me impede, enquanto leitor, ouvinte ou telespectador de continuar achando, expressando a minha opinião.

A revista de circulação nacional de maior tiragem — e, naturalmente, seus jornalistas — é, segundo penso, claramente tendenciosa em desfavor do presidente do país e do partido ao qual integra. No mesmo norte, com alguma ou algumas diferenças, os jornais grandes brasileiros (igualmente integrantes da imprensa grande, não necessariamente da grande imprensa, que é outra coisa) e, até, o mais badalado programa de entrevistas da televisão brasileira. Todos negam, ou negarão, se forem questionados. Taxativamente. O que não me impede de assim continuar interpretando sua prática, e expressando a minha opinião.

Acho que boa parcela dos políticos brasileiros é mal intencionada. Entendo que o nosso Congresso Nacional é, infelizmente, prenhe deles. Penso que a criação da CPI da Petrobrás, por exemplo, é casuística e tendenciosa, tendo como objetivo escamoteado criar embaraços ao presidente da nação e à eventual candidata de sua preferência. Mas os políticos que a defendem têm outro discurso — de defesa da maior empresa pública nacional, entre outras justificativas mais nobres —, o que não me impede de interpretá-la como o fiz.

Outro dia acompanhei pelo noticiário uma perícia criminal realizada por respeitado profissional (a rima com o “al”, por favor, foi completamente involuntária, mas você naturalmente pode pensar não o foi), contratado pela parte acusada do crime. O resultado — oficialmente tido como restrito a parâmetros eminentemente técnico-científicos — foi completamente diverso daquele resultante da perícia dita oficial. Ficou-me a impressão de que seu trabalho fora tendencioso, vale dizer, favorável ao capital que o remunerou. Talvez não o tenha sido. Minha análise não é a de um experto. Mas é como senti.

Às vésperas de um jogo de futebol recente tive a nítida impressão de que a maioria da imprensa estava tendenciosamente favorável a um dos lados, justamente aquele que sofreria, para muitos, o maior prejuízo acaso vencido o fosse. Talvez — provável, até —, que assim tenha atuado movida pela torcida pelo clube objeto de sua predileção, não raro escondida. O certo seria que vingasse a imparcialidade. Mas, segundo compreendi, não o foi.

Alguém, portanto, que se ache injustamente atingido por matérias jornalísticas (ou de opinião), pode naturalmente interpretar que o foram para atender a interesses outros que não os exclusivamente ditados pela consciência imparcial do jornalista ou legítima compreensão do cronista. E todos que exercem um mister “público” estão sujeitos a ter seus atos interpretados, principalmente quando se é, ou o veículo correspondente, (licitamente) remunerado, direta ou indiretamente, por quem da crítica pode se beneficiar, segundo o juízo de outrem. É o ônus que se paga pela paga. Provavelmente por isto muitos profissionais da imprensa (ou na imprensa) omitam seu eventual time do coração, quando o tem. Para não sofrer o ônus que se paga por sua exposição. É que todos estão sujeitos a ter sua conduta ou opinião questionadas quanto à imparcialidade com que se conduziram, e quanto às razões (lícitas, porque ilícitas imprescinde de provas) que nortearam a sua fala ou escrita tida por tendenciosa.

E ninguém está acima do bem ou do mal. Nem mesmo a imprensa.


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*Foto: Futebolalagoano.com


*Tb publicada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet

domingo, 31 de maio de 2009

Exterminadores de times

Por Guilherme Scalzilli*

Parte da crônica esportiva decidiu que os campeonatos estaduais de futebol chegaram a um nível irremediável de indigência e previsibilidade, devendo ser extintos e substituídos por disputas mais amplas. Não surpreende que a medida seja defendida majoritariamente pela imprensa das capitais: apenas os clubes poderosos conheceriam benefícios, enquanto os interioranos cairiam no ostracismo das divisões inferiores.

É universalmente sabido que isso levaria, em pouco tempo, à extinção de dezenas de times sem recursos. As cidades menores sofreriam conseqüências negativas para o comércio e o emprego, perdendo ainda mais sua tão menosprezada identidade regional. Ao mesmo tempo, os clubes ricos ganhariam fortunas absorvendo diretamente os talentos originados nos rincões. Para dimensionar os valores envolvidos, basta fazer um levantamento dos jogadores mais badalados do país que foram revelados por times de menor expressão.

Mas apenas o aspecto financeiro não explica o apego à proposta malévola. A indisfarçável decadência técnica do futebol nacional nivelou os times negativamente, ameaçando a primazia dos chamados “grandes”. Se um rebaixamento no campeonato brasileiro soa-lhes constrangedor, semelhante fracasso em nível estadual pareceria desmoralizante, abalando certas ilusões de “grandeza” que a imprensa alimenta para valorizar-se a reboque de seus preferidos.

É essa mitologia da superioridade imanente que disfarça a cadeia de artimanhas viciadas dos gabinetes futebolísticos. O poder dos clubes privilegiados advém de uma popularidade construída com títulos que foram possíveis graças à generosidade dos contratos publicitários e de transmissão televisiva, além dos infames sistemas de repasses desiguais de verbas por parte da CBF. Para completar o cartel, resta apenas eliminar a indesejável concorrência.
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www.guilhermescalzilli.blogspot.com

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Abra o olho, CRB!


Crônica
Campeonato Alagoano/2009. O CRB, dando continuidade à valorização dos atletas formados no clube, iniciada ao final da frustrada campanha no Brasileiro da Série B, e com o respaldo da torcida, inicia a disputa do certame estadual. Vencidas as primeiras (e muitas) dificuldades, termina o 1° turno com apenas 11 pontos. À sua frente, no seu grupo (B) — o mais forte do campeonato —, o Murici, com 13 pontos (dois a mais) e o ASA, com 18 (sete a mais). Comparativamente ao Grupo A, o CRB teve o mesmo número de pontos do 2° lugar, mas com uma vitória a mais. Mesmo assim, não se classificou.

2° Turno: O CRB, demonstrando notória evolução, comparativamente ao futebol apresentado no 1° Turno, soma 19 pontos, mesmo número de pontos do ASA (2° do seu grupo), mas com menor saldo de gols. Assim, passam para a fase semifinal, o Corinthians (20 pontos) e o Coruripe (12 pontos), pelo Grupo A, este último com 7 pontos a menos do que o Galo; e o Igaci (22 pontos) e o ASA (19 pontos), pelo “B”, do CRB.

Portanto, enquanto disputaram o mesmo número de partidas — na fase classificatória — o ASA, ao final campeão alagoano, conquistou 37 pontos; o CRB, 30 pontos. Diferença de 7 pontos, ou 2 vitórias e 1 empate, em 18 jogos. Como o ASA passou para as fases seguintes, tanto no 1°, como no 2° Turno (o que não ocorreu com o CRB, que não se classificou em qualquer deles), conquistou mais 14 pontos, totalizando 51. Mesmo assim, isto é, mesmo não passando para a fase seguinte em nenhum dos turnos, o CRB termina a disputa em 3° lugar na classificação geral, atrás apenas de ASA e Corinthians Alagoano, e à frente, cabe destacar, de Murici e Ipanema — que se classificaram à semifinal do 1° turno — e de Coruripe e Igaci — que se classificaram à semifinal do 2° turno —, portanto tiveram mais pontos a disputar do que o Galo —, além dos demais.

Apesar do desfecho pobre, considerando-se a tradição do Regatas, não se pode afirmar que foi uma campanha desastrosa, ou que fez vergonha, porque não se pode fechar os olhos às circunstâncias difíceis que vem, corajosa, organizada e competentemente enfrentando. Tampouco se pode negar, principalmente, que viesse apresentando um futebol desagradável aos olhos da torcida e da diretoria.

Pois bem, esse breve retrospecto é para melhor dar sustentação ao que vejo, com assombro, implantando-se, agora, na Pajuçara. Começo estranhando que, para justificar a vinda de mais de meio time do Ferroviário do Ceará, tenha o treinador recém contratado afirmado que o CRB era deles precisado, já que o plantel que dispunha no Alagoano não conseguiu sequer se classificar para as fases seguintes, no 1° e no 2° turno. Portanto, como “para bom entendedor meias palavras bastam”, compreendi que afirmara ser o CRB um time ruim, sofrível, incompetente. Logo, reforços daquele nível seriam necessários, já que trariam qualidade ao Regatas.

Passados alguns dias, volto a ouvi-lo tecendo críticas ao time do Alagoano, enquanto enaltecia os jogadores trazidos, o time de onde vieram e a campanha realizada no campeonato cearense, onde lograram um 3° lugar. Aí, estranhei de novo. Mas o CRB não foi, também, o 3° colocado no nosso campeonato? O CRB não vinha apresentando um futebol razoável, chegando mesmo a agradar aos olhos de sua exigente(íssima) torcida? Meu estranhamento só aumentou quando o ouvi comparar a pontuação geral do ASA (51) com a conquistada pelo Galo (30). Foi taxativo, do alto de sua experiência: “contra números não há argumentos!” Quase me convenci... Mas o diabo é que lembrei (oh!, memória, por que não falhaste?) que os 51 pontos do ASA foram conquistados somando-se o da fase classificatória (em que ambos participaram) com aqueles ganhos nas semifinais e finais disputadas pelo alvinegro (nestas, sem a participação do CRB). Olhada aquela, a diferença é de 7 pontos, sendo importante repetir-se que no 2° turno o CRB igualou o número de pontos ganhos pelo ASA, campeão alagoano.

Ora, essa me parece a interpretação correta, tomando-se a análise que estava sendo feita. Fosse tão deplorável, assim, o CRB não estaria com o mesmo número de pontos do campeão alagoano (19), antes de iniciadas as fases seguintes. Mas ainda assim, mesmo não passando para as semifinais e finais em ambos os turnos, ainda termina em 3° lugar no cômputo geral. Pôxa, volto a indagar: não foi tão ruim assim, ou foi? E quando a gente se lembra que o Ferroviário, esse celeiro de jogadores tão imprescindíveis ao CRB, também conquistou um 3° lugar lá, no seu campeonato? Eu estranho. Não vou negar.

Minha estranheza ancorou, finalmente, na observação do clima de discórdia, confusão, indisciplina e desunião que se alojou na Pajuçara. Primeiro, sai, brigado, o centroavante e artilheiro do clube, até então elogiado por todos (torcida, diretoria e imprensa). Depois, chegam alguns à concentração após o horário marcado, um deles embriagado. Todos queridos pela torcida e pela diretoria, até então. Outro, vindo do arquirrival com fama de barqueiro, teve um comportamento exemplar, elogiadíssimo pela torcida e pela diretoria. Agora, são um bando de baderneiros indisciplinados. Por quê? O que está havendo na Pajuçara? Por que lá se instalou esse clima nada agradável? Perdemos o artilheiro, perdemos o ala esquerdo(?), perdemos o meio-campista de qualidade incontestável(?).

Pra piorar (seria conseqüência?), jogamos mal contra o Salgueiro/PE — com todo o respeito, saca o time que jogou melhor do que o Galo(!) —, perdemos, e poderíamos ter perdido de mais. O que está acontecendo, CRB? Abra o olho, companheiro! A Série D é logo ali.
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Foto, em http://niilismo.net/
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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Quem é o legítimo campeão?

Crônica
Oxe, o ASA!
O ASA conquistou o Campeonato Alagoano de futebol, incontestavelmente.
O ASA venceu o 1° turno.
O ASA sagrou-se campeão antecipadamente, por vencer também o 2° turno.
O ASA não fez um time de loucos irresponsáveis, por loucos (mas nem tanto) e incompetentes; não contratou jogadores caros e desmotivados; não saiu mudando de técnico como quem troca de roupa.
O ASA organizou-se, estruturou-se, planejou-se.
O ASA não teve falsos salvadores da pátria (sorte de seus torcedores!).
O ASA, amanhã, continuará sendo o ASA, e não um arremedo do time campeão, ou até menos que isso.
O ASA conquistou um título com sustança! Não é campeão artificial.
O ASA foi competente durante a etapa de pontos corridos, e foi competente na fase seguinte, onde não basta a regularidade daquela, mas também a cara e o trejeito de campeão, para disputar finais e não tremer, como só os campeões conseguem.
O ASA foi o ASA! O ASA de Arapiraca! Da terra do fumo, sim, sinhô! A força maior do interior do estado! A força maior, hoje, de todo o estado!
Salve o ASA de Arapiraca! Alagoas, hoje, é preta e branca. Fazer o que, alvirrubros e azulinos? Reconhecer, ora!
E oxalá se liberte dessa coisa de MENGASA!... Quem precisa de Flamengo quando se é ASA?
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*Foto: Valderi Melo (Cada Minuto)
*Também postada nos sítios
Futebolalagoano.com e FutNet

sábado, 9 de maio de 2009

Pontos nos "is"

Crônica
Só alguns pontos, que teimaram, teimaram, e surpreendentemente não foram postos nos seus respectivos “is”. Antes deles foram tirados.

Primeiro: parte considerável da imprensa falada, ora nas entrelinhas (sob a roupagem da mera conjectura factual), ora descambando para cima das linhas mesmo, parecia torcer para que o CSA vencesse o clássico e, assim, escapasse do rebaixamento, ou até se classificasse. Aquilo que foi timidamente ventilado antes do jogo em que o Azulão desbancou o Santos, o foi mais afoitamente após, até à beira da euforia depois da vitória sobre o Murici.

Não venceu. Perdeu e, por isto, foi rebaixado. Mas o discurso é que o CSA é que teria rebaixado a si mesmo. Por sua incompetência dentro e fora das quatro linhas. O CRB? Mero coadjuvante nesse triste infortúnio. Não é verdade. Claro que o CSA foi incompetente, mas quem o rebaixou foi o CRB. Não fosse o Galo ter vencido, estaria o CSA, vencendo, classificado, graças ao Coruripe. Portanto, esse é um ponto que não foi posto em seu verdadeiro “i”.

O segundo ponto: criticou-se o CSA, pelo rebaixamento, mas tentou-se pôr o CRB, por não ter obtido a classificação, senão na mesma panela, ao menos num papeiro semelhante. Os dois teriam sido péssimos. Um, pelo rebaixamento; o outro, porque venceu pra nada, já que não se classificou. Enfim, os dois fora do quadrangular. Mesmo barco. O raciocínio, entretanto, é inconsistente.

Efetivamente, o CRB está longe do clube cujo passado o honra. Mas querer colocar as duas campanhas — de CSA e CRB — quase no mesmo saco é de um equívoco tão grande quanto inacreditável e injusto. Veja-se, em síntese.

O CRB vem tentando, já desde Wilton Figueiroa (quando este assumiu só havia um jogador na Pajuçara), soerguer-se com sustentabilidade. A partir do José Serafim e sua equipe, ultrapassados tropeços iniciais, os passos tornaram-se mais firmes e com resultados mais concretos. Hoje, indiscutivelmente, o CRB é outro. Dentro e fora de campo. Seu time, modesto embora, e guardadas as circunstâncias de seu estado anterior, realizou uma boa campanha, sim! Tanto que só não logrou o primeiro êxito (a classificação) porque o grupo de onde saíram os outros dois times teve um desempenho técnico escancaradamente ruim. Basta ver-se que o Coruripe classificou-se com 12 pontos, enquanto o CRB não o conseguiu com 19, mesmo número de pontos, aliás, do (elogiado) ASA, campeão do 1° turno (à frente do Galo apenas no saldo de gols). Mais: o CRB termina a sua participação no 3° lugar na contagem geral de pontos do campeonato.

Portanto, e ainda que em rapidíssimas observações, é facílimo perceber-se que o CRB não fez vergonha a sua apaixonada torcida, é perceptível que está no caminho certo, e é justo que seja reconhecido como tal. Modesto, sim. Longe, ainda, do que já foi, sim. Mas sério, organizando-se, e com os pés bem postos no chão.
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*Escrito em 07/05/2009
*Também postado nos sites Futebolalagoano.com e FutNet

terça-feira, 5 de maio de 2009

Nem só por títulos cresce uma torcida

Crônica
O CRB é um perfeito exemplo. Desde 1990, apenas quatro títulos (92, 93, 95 e 2002). Razões? A principal: não raro os dirigentes que por lá passaram não priorizaram a disputa regional, mas o Brasileiro da Série B. Sua torcida, porém, cresceu avassaladoramente.

Portanto, já afirmo: nem só de títulos vive (e cresce) uma torcida. Isto é a propósito do mando de campo do CRB neste domingo, contra o CSA, e a consequente ocupação — inédita no clássico e, portanto, histórica — das chamadas “grandes arquibancadas” por seus torcedores.

Desde os anos 1970, as torcidas de CSA e CRB ficaram assim distribuídas em dia de clássico: nas GA, a do Azulão; nos grandes e pequenos “poleiros” — as arquibancadas ao lado das cadeiras até àquelas situadas atrás dos gols (estas últimas, área mista) —, a do Galo. A razão, abstraindo a política (dizem), o tamanho. À maior, as GA. À menor, os “poleiros”.

Domingo, entretanto, o próximo Clássico das Multidões, com a referida e inédita ocupação das GA, vai marcar na sua história o que se vem consolidando ao longo dos últimos vinte anos: o impressionante crescimento da torcida alvirrubra. Com efeito, tão exagerado que até se discute se já não seria a maior do estado. Argumentos não faltariam. Dois exemplos: o Trapichão várias vezes completamente lotado de regatianos nos últimos anos, em jogos de uma só torcida, além de uma pesquisa recentemente realizada pelo respeitado Data Folha, que atestava sua supremacia.

Bem, à míngua de títulos, esse incontestável crescimento, penso, deveu-se, principalmente, à ininterrupta atividade durante aqueles quinze anos de Série B (1993 a 2008), aliada ao insucesso do seu principal rival nos regionais, inclusive ao rebaixamento deste à 2ª divisão do alagoano, onde passou dois anos (2004/2005).

É verdade. Se nunca venceu a Série B, também é certo que nunca havia deixado de disputá-la. Se lá sua melhor colocação foi um 5° lugar em 1997, é certo que o torcedor do CRB viveu ali inúmeras alegrias. Se tem menos títulos que o CSA, é fato também que tem mais vitórias do que o rival nos confrontos diretos. Numa palavra, emoção. E emoção de felicidade não há só em conquista de título. Há, também, e não raro com mais frequência, em estar em atividade. Ou por outra: com jogos para jogar, partidas a disputar, e até permanência a alcançar. E, a cada trunfo, comemorar. Numa palavra (ou duas): estar vivo.
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*Escrito em 1°/05/2009
*Tb postado nos sites Futebolalagoano.com e FutNet