Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

domingo, 18 de novembro de 2012

Ver jogo do CRB em Maceió, pela TV (Premiere), ninguém merece

Assistir ao jogo (CRB 2 x 1 Guarani) pela TV (que, ressalte-se, só ocorreu por absoluta impossibilidade física de ir ao estádio) foi algo absolutamente angustiante. Mas pior do que a angústia foi a irritação, a revolta, a tristeza, a vergonha que senti ouvindo a narração (principalmente) e os comentários da partida.

Nunca -- talvez pq só assista aos jogos do CRB pela TV quando o Galo joga fora (e não o acompanho) -- senti tanta vergonha.

Um narrador do meu estado sem a menor vibração com o time de sua terra, sem conferir qualquer valorização ao time, tampouco aos seus torcedores, enaltecendo o adversário (foco de TODOS os seus comentários positivos) e sua torcida, só desprezo e critica ao time alagoano.

Pra se ter uma idéia, aos 15min do 2o tempo ele já dava a derrota (parcial) e o consequente rebaixamento do CRB como favas contadas, sem esquecer de lembrar ao torcedor adversário as boas possibilidades que teria de permanecer na Serie B. Vou pular o empate, salvo p/ressaltar a preocupação do narrador com a angustia que deveria estar sofrendo o torcedor do Guarani.

Feito o 2o gol pelo CRB, sem a mais mínima referência à ESPETACULAR virada, sem vibração, quase pedindo desculpas ao Guarani e ao seu torcedor pelo revés que o Galo estava proporcionando aos paulistas, ele fez questão de lembrar ao torcedor regatiano que o time experimentava uma sobrevida. Só isso. Nunca senti tanta vergonha. Saber que o que eu estava presenciando também o estaria pelos certamente tão agradecidos (quanto estarrecidos com a torcida do narrador alagoano) torcedores do Guarani.

Não é possível que isso vá continuar se repetindo. Respeitem o torcedor e telespectador alagoano! Aqui tem gente com autoestima e sangue nas veias! Não vou aceitar esse espetáculo deprimente se repetindo. Exigo respeito! TV é concessão publica!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Fé regatiana


Não me venham com churumelas! Ah, porque assim já é demais, porque o CRB merece cair, porque não fez (nem faz) a sua parte, porque se antes já estava difícil agora é quase impossível, porque é muito sofrimento, porque os jogadores isso e aquilo, porque o cara perdeu um pênalti irresponsavelmente (e foi, mesmo), porque como é que vai ganhar do Ceará lá fora, quando contra outros não conseguiu vencer nem em casa, e por aí vai....

Ora, ora ora... Quem não sabe que o CRB está deixando escapar a hercúlea conquista de voltar à Série B? Todos, todos o sabemos! Sabemos a dor que é deixar a vitória escapar por entre as gramas do Trapichão, ontem, contra o bom time do Paraná, e com ela a tão aguardada saída da zona de rebaixamento. E dá pra imaginar a nossa alegria também, se houvéssemos conseguido? Sabemos, muito bem, os gostos diversos da dor e do prazer.


Ocorre, caro irmão regatiano, que o CRB não está morto no campeonato. O CRB não caiu! E não vou escrever aqui o “ainda”. É difícil — não escrevo estas linhas para negar — torcer por um time que vem nos dando tantas tristezas como neste “2º turno” da Série B. Mas e aí? Vai abandonar a “nau”?

Não me importam os jogadores, o técnico, sequer o presidente. Não me importa, nesse momento, apontar defeitos. Qualquer um sabe apontá-los. O que me importa, meu caro alvirrubro integrante dessa torcida realmente impressionante do meu CRB (coisa linda, ontem!), é que amamos o Clube de Regatas Brasil. Amamos essa instituição, esse nome, essas cores, sua história e tradição. Amamos fazer parte dessa família de apaixonados que não transigem com a hipótese de trair o Galo e negar-lhe apoio em momento de que tanto necessita. Não adianta! Não nos tentem convencer a entregar os pontos... Não nos tentem desestimular a estar com ele nessa hora... Não somos CRB apenas porque a felicidade que sentimos com a sua vitória é indescritível. Somos CRB porque o que sentimos por esse clube vai muito além do prazer.

Ser CRB significa, mais do que qualquer outra coisa, apoiá-lo.  Seja na conquista do alagoano e do retorno à Série B, seja agora, quando corre risco homérico de voltar à C. Não nos importa! Enquanto houver chances de permanecermos na Série B estaremos torcendo e acreditando nisto. Achamos difícil? Claro. Muito, até. Mas é possível e não é improvável. No máximo é pouco provável. Mas em se tratando de probabilidade, alguém pode duvidar de que o Galo pode conseguir?

Restam três jogos, argonautas. A guerra ainda não acabou. Enquanto houver batalhas a lutar com possibilidade de alcançar o objetivo desejado, estaremos lá, no nosso papel, junto com o nosso CRB.

A tenacidade, a coragem, a perseverança e, principalmente, a fé alvirrubra não nos falta, já nos diz nosso belíssimo hino:

“Nos momentos mais extremos
A pátria em nós terá fé
E o futuro venceremos
Alegres, firmes, de pé.
Em nossas veias ardentes
De marujo o sangue corre
Mocidade pra frente
Que a mocidade não morre”!
Viva o CRB!

domingo, 30 de setembro de 2012

Saudades


O ano era o de 2006. O CRB estava correndo sérios riscos de cair para a Série C, quando resolvemos ajudá-lo levando a psicóloga Dra. Helena para a Pajuçara. Tudo acabou dando certo: o Galo conseguiu as duas vitórias que necessitava nos dois jogos restantes e permaneceu na Série B.

Apesar de tantas dificuldades, sentia um imenso prazer de ir a campo. Ia com a esperança (quase crença) de que venceríamos o jogo. Lá eu assistia realmente a um time de futebol. Não foram poucas as vezes em que o Galo perdia ou empatava por levar um gol no final da partida. Mas jogava bem! Dava gosto de assistir. Foram muitas, também, as comemorações que se sucediam às vitórias pelas ruas e bares e restaurantes de Maceió. A campanha ainda assim não era boa, tanto que corria seríssimos riscos de cair,... mas jogava bem! Havia uma expectativa natural de que poderia vencer o adversário, ou de que poderia empatar e virar o jogo quando o placar lhe era desfavorável. O time demonstrava isto em campo. E o torcedor, e eu em particular, percebíamos e sentíamos isto. Assim, ir a campo era sempre uma festa. A ausência dos jogos, quando eventualmente a tabela dava um descanso ao time, era sentida por demais.



A campanha de 2006 foi aqui referida porque emblemática de quanto um time pode agradar ao seu torcedor, mesmo quando os resultados que alcança não são os melhores. A defesa era falha, e este era o seu maior defeito (aliás, abro um parênteses para dizer que tenho a convicção de que se o CRB tivesse outra defesa naquela época teria feito melhor campanha), mas o time apresentava qualidade técnica e esquema tático, além de raça e vigor físico. As velhas ladainhas (que saudade dessas ladainhas, olha só!...) de que “o time não mereceu o resultado”, de que “perdeu mas jogou bem”, “de que dormiu no final do jogo”, apesar da tristeza que encerravam, deixavam sempre a esperança (quase crença) de que o próximo jogo o Galo venceria, porque tinha time pra isso, jogava bem, bonito e com razoável apuro técnico.

Passaram-se seis anos, e o Galo está novamente na Série B (havia caído em 2008), em pleno ano de seu centenário, e na qualidade de campeão alagoano de 2012. Entretanto, não joga nem um décimo do que jogava aquele time de 2006, que tomei aqui como referência em face da campanha ruim que também vivenciou naquela temporada.

O time do CRB é ruim. Não tem esquema tático, não tem técnica, sequer cumpre com razoabilidade mínima os mais comezinhos fundamentos do futebol. Verdade! Mal acerta um passe! Joga no chutão pra frente, na esperança de que a vítima (atacante) que lá esteja consiga furar a barreira e com sorte fazer o gol. Sua defesa é fraca, fraquíssima. Meio de campo não tem. O ataque não faz gol. Corrijo: não chuta a gol, e quando o faz o que se vê, na maioria absoluta das (pouquíssimas) vezes em que o faz, é a agressão a mais um dos rudimentares fundamentos do futebol: o chute.

Assistir a todo um jogo do Galo tem sido um tormento, sacrifício enorme. Você não sente sequer a esperança mínima de que possa sair vitorioso daquela peleja. Se ele está em desvantagem no placar, como é quase de praxe, não se acredita que possa ser revertida aquela situação. Não acredita porque acreditar seria partir para esperar um milagre, e milagre já houve e não vai haver outro (refiro-me à virada espetacular sobre o Joinville, quando perdendo por 3 gols, em poucos minutos empatou e venceu o jogo).

Há, por outro lado, coisas incompreensíveis fora de campo. Cito dois exemplos: o técnico atual estava defendendo um time que está ainda pior do que o Galo na tabela. O CRB foi buscá-lo. Pois bem, agora o Galo está há quase dez jogos sem vencer, e o referido profissional, até a hora e dia em que escrevo (meio-dia do dia 30.09.2012), permanece à frente da Comissão Técnica. Há pouco contratou dois jogadores do rival, que disputando a Série D, não logrou êxito, não passando da 2ª fase do certame. Pode ser que sejam bons, mesmo (e um deles parece sê-lo), mas será que o são para disputar uma Série B?! Afinal, não se está jogando contra Feirense, Souza/PB, Itabaiana/SE, Vitória da Conquista/BA e Campinense (que, aliás, o eliminou), mas contra Vitória, Criciúma, Goiás, América/MG e América/RN, Joinville, Atlético Paranaense, Guarani e por aí vai. A diferença é muito grande, amigo! Pode ser que dê? Pode. Mas pra quem tá ruim das pernas como o Galo...

Aí me lembro de que isto está acontecendo justamente no ano do centenário do clube, e dá um arrepio, pode crer...

Sabe de uma coisa, vou rezar. Se você souber também, faça-o. Ah! Já dei três coquinhos na madeira. Vale tudo.

sábado, 30 de junho de 2012

O GOL e o CRB

sociologialimite.blogspot.com.br
Não adiantou para o CRB viver quase 100 anos (que completará no próximo dia 20 de setembro). Ele continua sendo um clube cujo time de futebol ainda desconhece que o GOL é mais do que o principal fundamento daquele esporte, é sua própria razão de ser, seu principal objetivo. Mesmo quando se joga pra não perder, ainda assim se o faz apostando em fazer o GOL sempre que possível o seja. O CRB não. Seja quando joga prioritariamente pra vencer, portanto ofensivamente, seja quando um empate lhe parece um bom resultado, o GOL continua sendo menosprezado pelo Galo. Ele, simplesmente, não sabe colocar a bola dentro das redes.


Hoje, em Santa Catarina, o CRB fez um bom 1o. tempo. Taticamente se comportou com competência, soube defender-se e criar situações de GOL. Mas não fez GOL. E quando a sua zaga falhou, e falhou duas vezes, o Criciúma, para quem o GOL é fundamental, foi lá e meteu dois. A verdade é que o CRB é muito pouco competente, para não dizer que é incompetente, quando se trata de realizar o principal objetivo a que se propõe um time de futebol: o GOL. Essa incompetência é escancarada jogo após jogo. O Regatas finaliza mal, muito mal. Quando finaliza. Surpreendente.

Esta deficiência pode ser constatada desde muito tempo atrás. Mas que não se vá muito longe... Basta que nos lembremos do desempenho do Galo para fazer GOL ainda na recém-finda Série C. Vindo mais pra perto, pensando em termos do atual elenco do CRB (embora a base da Série C ainda está por aqui), todos nos lembramos, por exemplo, do jogo de estreia desta Série B, contra o Bragantino, no Rei Pelé. O Galo dominou amplamente o jogo, criou várias oportunidades de GOL, mas não fez um mísero que fosse. Já o Bragantino, não jogou nada, mas nas duas únicas oportunidades que os deuses do futebol lhe propiciaram foi lá e fez dois GOLS no CRB. De lá pra cá nada mudou. Assim, meu amigo, não se pode querer chegar a lugar algum. Ou melhor, pode sim: na Série C.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Carta a Juca Kfouri


Por Guilherme Scalzilli (postado nos Blogs do Guilherme Scalzilli e no Amálgama)


Prezado Juca,

Tento decifrar os rótulos pejorativos que você anexa ao Campeonato Paulista e só consigo entendê-los como sintoma de algum ódio reprimido aos clubes do interior. Não imagino que outra nefasta particularidade explicaria apenas os estaduais merecerem críticas tão equivocadas e injustas. Por isso, atingido no orgulho de pontepretano brioso, dirijo-lhe esta humilde contestação.

Imoralidades diversas, oportunismo eleitoral e abuso de bens estatais são corriqueiros no universo futebolístico, e agravam-se na medida em que aumenta o poder financeiro dos envolvidos. Também a mediocridade técnica ultrapassa bandeiras e raízes, considerando o nível do futebol brasileiro em geral. Segundo tal critério, deveríamos chamar o torneio nacional de “Brasileirinho”, em referência aos longos meses de pasmaceira suportados até que os mesmos clubes mais ricos terminem nas melhores posições. Ademais, se os atletas dos rincões fossem inferiores ao padrão dominante, não comporiam os milionários elencos sediados nas capitais.


Um preconceito muito em voga, o suposto desinteresse das platéias interioranas, pede primeiro um contraponto matemático. Apesar de todo o glamour da Série A, as maiores torcidas do país são incapazes de ultrapassar a média de quinze mil pagantes por jogo. O peso desse público num conjunto urbano de vários milhões de habitantes não alcança a mesma proporção observada nas cidades menores.

Mas quem disse que a bilheteria deve constituir um objetivo central do esporte? É evidente que a natureza capitalista dos clubes tem certos limites, pois no mundo cruel dos negócios as empresas mal administradas desaparecem muito antes que suas dívidas cheguem a centenas de milhões de reais. A transcendência sócio-cultural do futebol, por definição, está acima do gosto hegemônico e das modas passageiras. Os mais restritos círculos religiosos, criativos, étnicos ou políticos merecem tratamento honroso e igualitário, mas os futebolísticos precisam ser legitimados por fatores mercadológicos?

Repudio sua afirmação de que os interioranos vampirizam a “elite”, pois ocorre justamente o contrário. Os clubes poderosos sempre exploraram os menos prestigiados, cooptando sua mão-de-obra capacitada e barata (depois lucrando com ela), desviando recursos a que tinham direito e usando a conseqüente penúria para sufocá-los nos viciados bastidores das federações. Espelhando um notório mecanismo da geopolítica, as tradições dos “grandes” foram construídas com o sacrifício histórico dos “pequenos”.

Os analistas esportivos das metrópoles, eternos cúmplices da pilhagem, agora defendem que as agremiações coadjuvantes sumam dos últimos torneios sérios de que ainda participam. Todos sabem que o golpe aniquilaria os excluídos, mas disfarçam a ânsia genocida com placebos retóricos do tipo fundos emergenciais e regulamentos anódinos. Tentam, assim, fazer os torcedores dos “grandes” que vivem nas cidades menores pensarem que a agonia dos times locais só atinge quem sofre por eles. Não se reconhecendo vítimas desse menosprezo e incapazes de antever seus graves efeitos colaterais, as platéias distantes ignoram que são usadas pelo marketing da homogeneidade, que visa apenas lucrar à custa da audiência massificada.

Algo muito importante, que ninguém parece notar, é o prejuízo causado pela decadência do interior a todo o futebol nacional, inclusive os poderosos “favoritos” da mídia. Os recentes fracassos da seleção e dos representantes brasileiros em disputas internacionais refletem a pobreza de uma estrutura viciada nas glórias fáceis e imediatas dos seus protagonistas. Beneficiados pela miséria dos adversários regionais e iludidos com a equivalência dos concorrentes diretos, os times vitoriosos se acomodam a uma superioridade artificial, que só faz sentido num ambiente esportivo menos qualificado.

Suponhamos que minha leitura esteja errada, caríssimo Juca, e que você queira realmente lutar pela dignidade dos “pequenos”. Sugiro-lhe então liderar uma campanha para que as verbas televisivas de qualquer campeonato sejam repartidas igualmente por todos os competidores. Aposto que não faltaria base constitucional para reivindicação dessa natureza. E que tal defender também que a insossa e onerosa Copa do Brasil passe a abrigar os melhores de cada estado que não disputam a Série A, dando vagas na Sul-Americana ao campeão e ao vice? O calendário da “elite” ficaria enxuto e dinâmico, o prestígio dos estaduais aumentaria, os “pequenos” investiriam nas categorias de base e o mercado conheceria milhares de bons profissionais que hoje vivem no ostracismo.

Se tais idéias soam alucinógenas é porque de fato salvariam os clubes menores. Porque a cúpula do futebol, mídia inclusa, tem horror de um cenário com torneios imprevisíveis e dezenas de times competitivos roubando os triunfos, a visibilidade e os lucros do cartel predominante. É essa arrogância monopolista que gera a depreciação da única oportunidade que têm os desfavorecidos de conhecer algum sucesso, mesmo “fortuito” e “circunstancial”, para usar seus discutíveis adjetivos. Não por acaso, os ataques aos estaduais costumam acompanhar elogios ao tendencioso sistema de pontos corridos, fórmula de manipulação classificatória baseada no privilégio econômico.

Finalizo deixando um apelo para que você repense a mania de chamar de cegos e provincianos os pontos-de-vista discordantes. Não há nada mais provinciano que louvar a supremacia de apenas quatro times num estado com população equivalente à de países europeus. Só bairristas obtusos ignoram a imensa riqueza regional brasileira, querendo reduzi-la a um punhado de referências construídas e disseminadas pela imprensa das capitais e por seus anunciantes. Os inimigos de tamanho empobrecimento adotam visão contrária, que respeita a diversidade, a integração e o equilíbrio de forças.

Embora desunidos e submissos, os clubes interioranos ainda podem escapar da morte que seus detratores anunciam. Quando parlamentares, governantes e dirigentes conhecerem as dimensões da tragédia, imediatamente buscarão evitá-la. Mas para tanto é necessário que a crônica esportiva deixe as paixões na arquibancada e trate de fazer jornalismo, para variar um pouco.

Deixo-lhe um abraço de admirador.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

CRB: Campeão Alagoano/2012

*Também publicado no jornal Gazeta de Alagoas de hoje, 25/5/2012, pág. A4


Meu CRB completa 100 anos de vida neste ano, mesmo dia, aliás, do aniversário de meu pai. Mas meu pai fará só 81 anos. Na verdade, o Galo de Campina não é só meu. Mas é também meu. Tá certo que meu pai é sócio do clube. E bem antigo o seu título. Mas não por isto sou dono dele. Sou porque o amo. Alguns se imaginam donos com exclusividade. Como se um clube de torcida numerosa e apaixonada pudesse ter outros donos que não seus torcedores. Ou como se a torcida se resumisse ao futebol, não alcançando outros esportes e a própria instituição, com sua história, feitos, tradição e cores. Deixo que se iludam. Não são.


Há alguns anos libertei-me desse quase dogma, instrumentalizado há anos pelas rádios e tvs do eixo RJ/SP, de que em face da fragilidade “congênita” e “imutável” de nossos clubes teríamos apenas duas opções: ou torceríamos por outro(s) time(s) além do nosso (os deles, claro), ou apenas pelos deles. Uma ova! Mas isto nos é suavemente empurrado cérebro a dentro. Toda a cruel estrutura é alimentada para que poucos clubes consigam sequer disputar as principais competições do país. Os nossos, pobres, devem assim permanecer, e à margem. Dividir nossa paixão fortalece os deles, na medida em que enfraquece (ou inviabiliza de vez) os nossos. No futebol, quanto mais acirradas as desigualdades melhor. Os louros dessa indústria ficam para poucos. Para eles.

A torcida alvirrubra é imensa, apaixonada, alegre, vibrante e exigente. Alguns dizem que é hoje a maior do estado. Não tenho dados objetivos para assim afirmar. Mas e daí? Certamente não o era, há um tanto de vários anos atrás. Mas é muito bom saber que só fez crescer ao ponto de hoje muitos crerem ser. Isto demonstra que está cada vez mais vivo. Quanto mais vida, mais torcedores esse clube tem.

Em pleno ano do centenário meu Regatas sagrou-se campeão alagoano. Com isto, passou a integrar o seleto grupo dos únicos sete clubes brasileiros a serem campeões no ano em que completaram 100 anos. Antes, final do ano passado, conquistou o acesso à Série B do campeonato brasileiro, e o fez sendo vice-campeão brasileiro da Série C, voltando assim a credenciar-se, também no ano de seu centenário, a disputar a 2ª maior competição nacional — onde, aliás, permanecera por 15 anos ininterruptos, até 2008.

Não sei dizer o porquê dessa paixão que sinto. Certamente não o é apenas por suas dezenas de conquistas e centenas de vitórias. Só sei que sinto, e o que sinto. E mesmo quando perde, ainda sinto. Talvez porque a paixão nunca perde.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

CAIU, LEVANTA


É por essas (ditas com propriedade aí embaixo), e por um tanto de outras já tantas e incansáveis vezes ditas e repetidas por mim e por mais um bocado de gente que felizmente tem aumentado "até umas horas", que sou torcedor, EXCLUSIVAMENTE, do MEU Clube de Regatas Brasil - CRB. Leia o texto:
Por Flavio Gomes, em seu blog
"SÃO PAULO (não muda nada) – O rebaixamento da Portuguesa ontem tem responsáveis óbvios e muitos culpados, como sempre há nas grandes derrotas. Não vou ficar aqui apontando o dedo e nominando cada um. Faço isso na arquibancada. Farei no próximo jogo, que será pela Copa do Brasil, contra Remo ou Bahia. Copa do Brasil que venceremos, garantindo vaga na Libertadores do ano que vem para jogar a final do Mundial no Marrocos.
Estou triste, claro, mas não envergonhado. Vergonha de quê? De torcer para um time? A malta de babacas que ontem e hoje se manifestou nas redes sociais não me incomodou. Aliás, é curiosa essa nova subcategoria de torcedor: o torcedor das redes sociais. Que fazem parte também da categoria um pouco maior, que é a do torcedor do pay-per-view. Essa criançada que nunca foi a um estádio na vida. Vergonha nenhuma. A bandeira da Lusa está na janela de casa, como esteve durante algumas semanas no fim do ano passado, quando fomos campeões brasileiros. Eu tenho bandeiras. Comprei nos jogos. Poderia ter comprado pela internet, também, mas comprei nos jogos.
O problema dessa garotada é seu total e absoluto desconhecimento do que quer que seja. São profundos especialistas em Facebook, Twitter e Instagram, mas da vida nada compreendem. Conhecem os personagens do “Pânico”, gargalham com “memes”, têm no YouTube sua principal fonte de informação e inspiração.
Pois eu explico o que está acontecendo com o futebol brasileiro, e a partir dessa realidade é mais fácil entender por que alguns clubes que têm história e tradição subirão e cairão com frequência daqui para a frente, até que sejam eventualmente extintos e virem apenas memória.


Nesse futebolzinho mequetrefe de hoje, que muitos jovens creem ter-se inspirado no Playstation, inventado depois do videogame, não há times bons. Há times ricos. É preciso ser muito obtuso para morrer de orgulho de um time que só é forte porque tem capacidade de gerar receita. Capacidade essa diretamente ligada aos índices de audiência que obtém nas transmissões da TV — que, por sua vez, determina quem deve ganhar mais dinheiro e, portanto, quem vai vencer mais. Aparecendo mais na TV, a chance de fechar patrocínios melhores também cresce, e assim se cria um círculo vicioso que tira do futebol sua natureza esportiva e o transforma em um mero negócio. E assim temos Jontex x Unimed, BMG x Banrisul, KIA x Netshoes.
Há muita gente, jornalistas, inclusive, que se deliciam com a falência do que costumo chamar de “futebol de raiz”. Sonham com uma liga hiper-mega-ultra-profissional no Brasil que se limite a 20 clubes — uns dez que se pretendem barcelonas, chelseas, manchesters ou reais madrid, e uns dez sacos de pancada para fazer figuração. Aqui, lembro que minha Portuguesa, circunstancialmente, pertence a essa elite babaca em 2012. É um dos 20. E como jamais se pretenderá um barcelona, estará entre os dez sacos de pancada da Série A.
Será “escada” para os gloriosos gigantes, porque o que vai decidir quem será o campeão brasileiro de 2012 não é a eventual capacidade de um clube de formar um time bom, que jogue bonito, que tenha alguma filosofia desde o nascedouro. Um Barcelona de verdade. De qualquer forma, a Portuguesa não tem nada disso faz tempo, o que também não importa — os anos 50 e 60 estão meio século atrás de nós. E mesmo se tivesse, sucumbiria à receita que a ela será destinada pela TV, quando comparada àquela que será entregue aos times que terão seus jogos transmitidos ao vivo para gáudio da turma que vive de ibope.
Por isso que digo que uma Série B é muito mais divertida para quem gosta de futebol de verdade, e não de anúncios de camisinha ou de setores VIP em estádios, até com pulseirinha para entrar — enquanto do lado de fora, nas estações de trem e metrô, tontos se matam em nome de gangues que surgiram para torcer para um time, e hoje torcem por elas mesmas, para ver quem mata mais.
Ano passado, o orçamento da Portuguesa não era muito maior que o do Goiás, ou do Vitória. A coisa é mais equilibrada e, meio sem querer, montou-se um time excelente, encantador, que deu certo e foi campeão. Foi um título conquistado em igualdade de condições com a maioria dos adversários. Tem um valor muito maior — para quem gosta de futebol, insisto — do que qualquer conquista amparada por receitas que em muitos casos são dez vezes maiores que a dos rivais. Um time que recebe 10 milhões por ano da TV nunca vai se impor a um que receba 100. Nisso, o futebol é meramente matemático, não há surpresas.
O futebol que aprendi a amar, aquele dos anos 70 e 80, não existe mais no Brasil. A Portuguesa foi campeã paulista em 1973, vice em 1975, campeã da Taça Governador do Estado em 1976, finalista do primeiro turno do Paulistão em 1980, num tempo em que os clubes tinham tanto dinheiro quanto conseguissem arrecadar formando e vendendo jogadores. Seu resultado em campo era diretamente ligado à capacidade de montar bons times com recursos próprios, sem ajuda externa determinada por uma emissora de TV, que hoje escolhe quem pode e quem não pode ganhar. (...)
Hoje, o corintiano e o flamenguista, por exemplo, não precisam se preocupar com eventuais tragédias como um rebaixamento. Escrevam: a última desgraça de um desses que vocês chamam de “grandes” foi a queda do Vasco. O formato atual do futebol brasileiro, com sua distribuição desigual de dinheiro, é um antídoto quase infalível a essas tragédias. “Quase” porque, claro, sempre há uma remota chance de dar uma merda federal, como quase deu com o Santos em 2008 (não caiu por um ponto), ou com o Cruzeiro no ano passado (se safou na última rodada). Serão deslizes cada vez mais raros, e vai ser preciso muita incompetência para cair com uma conta bancária tão robusta.
Campeonato Brasileiro, hoje, graças ao que a TV determina e os clubes aceitaram, é aquela festinha chique para a qual muita gente dá a vida para ser convidado, mesmo sabendo que será escanteado até pelo garçom. E por isso o futebol de verdade está acabando. Por isso que os times do interior de São Paulo estão morrendo, assim como os do interior do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Minas… Morreram os grandes dos subúrbios cariocas, agonizam grandes como Portuguesa, Américas (do Rio e de Minas), comem o pão que o diabo amassou os gigantes do Norte-Nordeste.
Não me importo muito. É claro que a tristeza por um rebaixamento é imensa, tanto maior quanto for o amor que se tem por um clube. Mas é nesses altos e baixos que se vive aquilo que o futebol tem de melhor: a capacidade de ser uma metáfora da vida como ela é. Exatamente um ano atrás, eu estava eufórico porque a Lusa se classificou para a fase final do Paulista. Escrevi algumas linhas. Fiquei feliz como poucas vezes na vida, mas logo depois veio a derrota para o São Paulo e a eliminação. E, depois, a campanha da Série B. E, depois, a queda de ontem. Alegria, tristeza, alegria, tristeza. O que é a vida, afinal? Esse sobe-desce, ou essa euforia empastelada e permanente que os apresentadores de esportes na TV tentam nos enfiar goela abaixo?
Meus dois meninos sofreram ontem. Meu pai também. Cada um a seu modo. O mais novo, que sempre fica com muita raiva nas derrotas, disse que iria trocar de time. Depois, se arrependeu. Mas continua zangado. O mais velho, que na escola é conhecido como “Lusa”, fez questão de dizer que iria “vestir o manto” hoje porque nunca vai se envergonhar do time que escolheu para torcer. Sim, eles escolheram. Eu os levo a campo desde que eram de colo, mas sempre puderam escolher. E sua escolha é motivo de orgulho para mim, porque escolheram aprender a ganhar e a perder. A não pertencer a nenhuma manada preguiçosa que só se importa em bater no peito para dizer “ganhamos”, sem perceber que nunca ganharam nada, não fazem parte daquilo. Veem tudo a distância em TVs de LCD, Optaram pela via mais fácil de se sentirem vencedores: se apropriando das vitórias de algo que só faz parte de suas vidas quando chega a fatura dos canais pagos.
Meus meninos, e os milhões de torcedores disso que vocês chamam de “pequenos”, não. Nós podemos bater no peito e dizer “ganhamos”. Mas sabemos dizer, também, “perdemos”. Fazemos parte daquilo de verdade. Quando nos vemos numa arquibancada distante debaixo de chuva ou de sol, com nossas camisetas da sorte, o boné desbotado, a calça meio rasgada, o tênis velho, a bunda no cimento, temos a completa noção de que fazemos parte daquilo. Ganhamos e perdemos junto.
A Portuguesa caiu, fizeram um monte de cagadas no campeonato, o clube é uma desgraça comandada por beócios, mas a vida segue e o futebol, também. Semana que vem tem jogo, tem mais vida pela frente. Para ganhar ou perder de verdade, sem controle remoto na mão."

terça-feira, 3 de abril de 2012

Torcer é apoiar (crítica, só pra construir)


Foto: Maceió Agora

Há quem cogite de movimento entre os jogadores para derrubar o técnico. Outros acham que a culpa é porque o técnico comete muitos erros ou o goleiro Cristiano é fraco (e o novo não é muito melhor) ou seriam por excessos com o uso de álcool na noite de Maceió ou a preparação física é inadequada ou mesmo que o time seja tecnicamente ruim.

Essas as razões que se atribui, não necessariamente em seu conjunto, para o pífio desempenho do CRB nesse 2º Turno do Alagoano.

Da minha parte, embora não as enxergue como “a(s) causa(s)” para o descalabro vivido pelo Galo, é fato que o goleiro Cristiano falhou algumas (várias) vezes — sendo mesmo o responsável principal por um ou outro resultado ruim —, e que o técnico Paulo Comelli também andou mexendo ou escalando mal o time. Nem vou enumerar aqui as falhas de um e de outro, porque quem vem acompanhando o CRB bem as conhece. Ambos aqui e ali não foram competentes em seus trabalhos, mas é só. Não são, em meu entender, os responsáveis pela penúltima colocação do Regatas. E no mais, discordo frontalmente.


Pra mim me parece claro que o time entrou de salto alto no 2º Turno (sem seriedade, sem profissionalismo, e achando que o 2º Turno seria quase uma mamata), por isto mesmo levou boas lapadas dos adversários. Só que quando acordou — e acordou —não tem conseguido sair do poço em que se afundou por sua conta e risco.

O time não é ruim (antes, é suficiente para disputar o título do campeonato alagoano, como disputou e ganhou o 1º Turno), os jogadores desejam reverter essa situação, e a diretoria tem feito a sua parte, embora com mais competência no âmbito administrativo do que no técnico (leia-se, contratações). Só que depois que se chega ao fundo do poço é mais difícil sair. E tomando-se o 2º Turno o CRB está, sim, no fundo do poço. Aí os jogadores sofrem as cobranças por resultados positivos, que não são poucas, tampouco injustas, da torcida, da direção e deles próprios, e pra agüentar cobrança tem que ter a cabeça no lugar.

Cabe à diretoria ajudá-los, proporcionando-lhes algum tipo de acompanhamento psicológico, e à torcida incentivá-los, indo a campo e torcendo pelo time. Não adianta protesto violento (só põe os caras mais pra baixo do que já estão, ou coisa pior), nem vaia, muito menos abandonar o time deixando de ir a campo. Nem burro trabalha na porrada. Empaca. Se o sujeito já está psicologicamente abatido, não é com agressão que você poderá ajudá-lo, e ajudar-se (afinal, o que você quer é que ele dê ao seu clube os resultados que você espera lhe dê).

Os jogadores estão de péssimo astral; não se pode desejar não ver, apenas porque mais fácil, já que enxergar implica alguma generosidade e, principalmente, amor incondicional ao clube. Não é razoável imaginar que as coisas chegaram aonde chegaram porque os jogadores não queiram vencer, não quisessem ganhar o turno, não queiram se classificar, ou não queiram ser campeões. É óbvio que querem. Nada é melhor para um jogador, que vive do futebol, do que vitória e títulos. Cabe ao torcedor regatiano apoiar o time. Ir a campo e apoiar seus jogadores. Fazê-lo só na boa é muito fácil. Apoiar o time: assim é que se comporta uma torcida que se pretenda ser assim chamada. E a torcida regatiana já provou que sabe estar ao lado do clube nos piores momentos. Volte a fazê-lo, então. E urgente.

terça-feira, 20 de março de 2012

O vinho está avinagrando

Galo de Campina - Mascote do CRB
Não vou negar: continuo confiando nessa diretoria, notadamente no presidente. Aliás, ressalto que sua administração foi (está sendo) uma grata surpresa. Realmente, não acreditava. Que bom estava enganado.

O preâmbulo utilizado para ressalvar, pondo os pingos nos is (com o perdão pelo chavão), é exatamente para ressaltar que não vai, aqui, alguma crítica pelo que vem acontecendo na Pajuçara e que à diretoria possa ser atribuída, ao menos não diretamente (afinal, como diretoria, sempre lhe caberá parcela significativa, seja de bônus como de ônus).


O fato, porém, indiscutível, é que o time do CRB mudou. E mudou do vinho pra água. É verdade que não é um vinho competente o suficiente para vencer qualquer competição, mas prum (para + um, gramática minha) campeonato alagoano daria (como dá) pra vencer, ainda que com muita dificuldade (veja-se a final do 1º turno). E é aí que está o nó. E é fato. E contra os fatos, já se diz ou dizia, não há argumentos. Embora sempre haja — ou deverá(ia) haver — explicação(ões), e a partir delas, tratar o problema para voltar a dar alegrias ao seu exigente (com razão) e participativo torcedor. 

É que não se concebe o comportamento em campo do “Galo de tanta gente” (como diz o Luciano Costa, da Rádio Jornal AM 710). Refiro-me ao “campo”, porque se problemas há, nos bastidores — intestinamente —, não são divulgados (continuam lá, nos recônditos intestinais), tampouco são expelidos pra onde devem ir (a descarga). Ninguém pode viver com constipação intestinal. Nem um clube de futebol.

Enquanto isto, “o Galo mais famoso e querido do nordeste” (nas palavras do mesmo radialista) segue deixando escapar por entre os dedos o campeonato que já se estava a vestir-se com suas cores. O ASA, irretocável. O Murici, forte como dantes. Até o CSA, dado por muitos apressadamente como morto, já saiu da UTI e está à beira da porta do hospital, de alta. A coisa está ficando cada vez mais negra. Ou alvinegra. Ou alguém pode imaginar que o CRB, a manter-se realizando essa campanha vergonhosa no 2º turno (sim, vergonhosa), chegará com força para disputar o campeonato?

Algo está acontecendo... Esta é a única certeza que se pode ter. Não se concebe um time cobrado pela diretoria e pela torcida como vem sendo, ceder um empate nos últimos minutos, quando vencia por 2 x 0 o Sport Atalaia. Qualquer time nessa situação comeria grama, mas não deixaria o adversário meter-lhe dois gols pela fuça.

E se algo não for feito, pra ontem, o CRB irá disputar o título como o animal a ser abatido sem misericórdia. O vinho, aí, já terá se tornado vinagre há muito tempo.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Aos alagoanos torcedores do Palmeiras de São Paulo


Acho uma bobagem, um desserviço ao futebol de nossa terra, a predileção de vocês pelo clube paulista, como acharia por qualquer outro que não de Alagoas. Mas respeito. O respeito, porém, como já é possível perceber, não torna esse comportamento imune a eventual crítica contendo opinião contrária.

As razões que dão suporte a esta posição são várias, mas a principal é que, como defensor intransigente do nosso futebol, tenho a plena convicção de que a adoração aos times alienígenas — ou, por outras palavras, aos times “dos outros” — somente prejuízo lhe traz. Paro nessa, entretanto, porque a crônica não tem o objetivo de defender que se torça apenas pelo time de Alagoas — como os paulistas, cariocas e a imensa maioria dos recifenses e soteropolitanos, por exemplo, o fazem. E respeito porque estamos num país livre, onde qualquer um tem o livre arbítrio para torcer pelo time que quiser. Respeito, também, porque tenho a compreensão de como nasceu esse fenômeno — tão peculiar aos nossos estados nordestinos e do norte — da lavagem cerebral midiática desde tempos idos. Respeito, por fim, e outrossim, porque não sou o dono da verdade.


Porém, venho mais do que pedir a vocês, venho exigir-lhes: respeitem o Coruripe, time do seu estado que estará enfrentando o time de São Paulo por que vocês torcem. É o time da sua terra, das suas raízes. A torcida nativa do Coruripe de Alagoas é diminuta, como o é a população daquele município, e certamente não logrará fazer frente ao grande número de vocês, torcedores do time dos paulistas, que comparecerão ao estádio. O Coruripe, por sua vez, está representando o futebol alagoano (junto com o ASA), na Copa do Brasil. Se não pode gozar do privilégio natural de ser apoiado por vocês, que pelo menos não o menosprezem, não o tratem como um adversário qualquer.

Assim, se querem aplaudir, ovacionar, cantar, pular, invadir gramado e rasgar as vestes de algum(ns) jogador do time de São Paulo a título de lembrança, façam-no. É triste, não vou negar, mas façam-no. Mas se abstenham de menosprezar, humilhar, vaiar o time da terra de vocês. Não repitam o que fizeram com o Murici, há pouco tempo atrás e na mesma competição, os alagoanos torcedores do Flamengo do Rio de Janeiro. Privem-nos daquele espetáculo deprimente. Permitam-nos ao menos a privação da vergonha da baixa auto-estima e do complexo de vira-latas que nos soa injustificadamente escancarados ao vê-los vaiarem um time da terra nessas circunstâncias.

Respeitem o Coruripe! Respeitem a sua terra! Respeitem Alagoas!

domingo, 11 de março de 2012

A hegemonia do CSA

Na resenha da Rádio Jornal AM 710, passada às 13h de quinta-feira última (08/03), só deu CSA. Os jogos do Campeão e do Vice-Campeão do 1o Turno, ...nem tchum.
Foi um tal de se discutir o jogo do Azulão contra o lanterna da competição, desde o futuro do CSA (com o fantasma do 3o rebaixamento), seu presente ineficiente, suas atuais e novas contratações (inclusive como fazê-las, vez que, dizem, nenhum jogador quer ir para o Mutange, e como desfazer-se de outras)... Enfim, o CSA isto, o CSA aquilo... A impressão que ficou é que CRB e ASA, além de insignificantes, não são as duas maiores forças do estado, e tampouco têm torcida (ouvintes). Só se porque a final do 1o turno, sem o CSA, não teve graça... Ah, tá.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Decepção com o quê?


dayvison.wordpress.com

Serviu-me de inspiração aos devaneios que se seguem um comentário acerca do último jogo do Galo contra o Coruripe. Dizia-se que o CRB havia novamente decepcionado o seu torcedor por haver empatado com o então lanterna do campeonato. Deus do céu! ― desculpaê, meu Deus ―, qual a surpresa? Não é de hoje que o Galo é o maior ressuscitador de defunto deste estado. Não ganha de um lanterna! Decepcionar-se com isto é o mesmo que espantar-se porque vive perdendo pro ASA, ou o azulino surpreender-se por levar mais uma pisa do Galo (aliás, como o azulino tem sofrido, Vixe Maria! Toc-toc-toc, pé-de-pato mangalô três vezes!), ou o torcedor do ASA imaginar que seu time não se assusta com o CSA. Tudo tão corriqueiro... Por que a decepção?

Devo reconhecer, porém, que a insistência em decepcionar-se é normal, graças à bendita esperança. Há muitos outros exemplos. Vejam alguns:


O cara tá andando pela orla e vê aquelas línguas negras despejando cocô no mar. Não tem como não se irresignar. E não tem um prefeito que dê jeito! Entra eleito, sai eleito, mas a m... tá lá. Quer dizer: aquilo se repete há anos, mas você insiste em se decepcionar.

Av. Álvaro Otacílio, sentido Jatiúca-Ponta Verde, vindo da Álvaro Calheiros. Não adianta: até passar a Amélia Rosa o trânsito estará insuportável (pra mim é av. Amélia Rosa, e pronto.). Seja por causa da fila que se forma para entrar naquela franquia de lanches norte-americana (aquela do hidróxido de amônia que tempera seus hambúrgueres) e invade a avenida, seja pelos carros que querem passar de um lado a outro, embora proibido seja. Quem tá vindo da Ponta Verde, quer atravessar com o carro a avenida pra ir à referida lanchonete ou ao posto de combustível que lhe é vizinho; e quem lá está quer ir pra Mangabeiras ou Cruz das Almas atravessando para o outro lado da pista. Isto é notório e se repete indiscriminadamente. O prefeito também aqui não faz nada.

A propósito, vai uma sugestão pra ele: manda pôr, em toda a orla, uns gelos-baianos, daqueles enormes e resistentes (aliás, que nome, né?), suficientes a criar obstáculo intransponível a que esses mal-educados de sempre tumultuem o trânsito ― aí incluídos muitos moradores dos prédios à beira-mar, tão mal-educados quanto aqueles, pois que fazem a mesma coisa para irem pra casa.

E por favor!! Os bueiros e suas respectivas tampas devem estar no mesmo nível da rua! Se não estão, é mais um buraco nessa cidade já prenhe deles. Que decepção! Tá vendo? É a esperança...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

CRB: as "sortes" de uma guerra


sorte.softonic.com.br

Ouvi algumas vezes a simpática e positiva (em regra) palavra sorte, sendo apregoada por parcela da crônica esportiva alagoana, atribuindo-se à dita cuja, subliminarmente, a conquista do acesso à Série B pelo Clube de Regatas Brasil.

Ouvi também, pelo rádio, da boca do polêmico mandatário do talvez único clube em face do qual os torcedores alvirrubros detenham efetiva rivalidade, que seu time iria precisar de muita sorte na disputa do campeonato alagoano/2012, mais até do que a que teve o Galo da Pajuçara na já referida competição nacional.
Aliás, aqui abro um parêntese (invisível), para explicar que isto (a rivalidade) não vai mudar (felizmente), a despeito do ostracismo vivido pelo tradicional time do Mutange; ostracismo, registre-se, ao menos no que se refere às principais competições do país, já que regionalmente o CSA, a despeito de há pouco tempo haver experimentado um longo jejum de títulos na 1ª divisão do alagoano (hoje vivido pelo Galo, há 09 anos sem levantar a taça), foi campeão em 2008 (após 08 anos à margem), e em 2005 e 2010, nestes últimos anos disputando a 2ª divisão do alagoano.

Pois bem, como facilmente se percebe, sorte, ali, não foi proferida como algo positivo. Claro, porém, que à exceção do já referido mandatário (para quem, está explícito, embora esbarrando nas entrelinhas, o CRB conquistou o acesso, por sorte), no mais das vezes a palavra sorte vem num contexto um tanto quanto escamoteado (como já afirmado no início). Tais vozes, por exemplo, inobstante se digam imparciais, após referirem-se ao valoroso (segundo elas próprias) sucesso experimentado pelo Galo, e que todos são vitoriosos, e que o mérito é inegável, etc., etc., lá no meio, sem a mais mínima necessidade, absolutamente fora do contexto, fazem a ressalva: não se trata, aqui, de discutir-se se o CRB teve sorte, ou não, se o acesso à Série B caiu em seu colo, ou não. Não; o fato, repisam, é que o Galo tem todo mérito na conquista, etc., etc., etc. Pronto: acabaram com o mérito que não aguentam reconhecer.

O fato é que as vozes (e tintas) não suportam render-se estritamente à análise dos fatos (às batalhas) e do fato-resultado (a conquista) com a imparcialidade que apregoam. Assim como quem não quer nada, tratam de trazer um tema que, disfarçadamente, busca enodoar o feito alvirrubro. É o torcedor (e não o jornalista) atuando, por excelência. Na verdade, a minha primeira estranheza é com a suposição de que pudesse a conquista ter “caído no colo”, afinal colo bom, até onde sempre compreendi, é o de mãe. Mas se escolheu o do Galo, que seja. Mas há mais estranhezas.

Antes de formulá-las, porém, preciso primeiro explicar, com exemplos, o mal que faz a parcialidade ao futebol alagoano, particularmente em parcela do seu jornalismo. Pra se ter ideia, uma coluna de um grande jornal daqui anotou que o Campeonato Brasileiro da Série C estava tão bagunçado que até o Galo iria se classificar. Foi mais ou menos isto. Juro! Se eu não tivesse lido, não acreditaria. Outro, por sua vez, enumerando os fatos que foram destaque no ano que findava (retrospectiva/2011), omitiu a conquista do acesso à Série B pelo CRB. E não vou dar exemplo de outros fatos, não esportivos, que mereceram destaque pelo referido jornal, para não desmerecê-los, mas houve algo mais importante para o futebol maceioense (e alagoano, que me perdoe o ASA), do que a conquista do acesso pelo CRB? Ah! Mas a conquista do Brasileiro da Série A pelo Corinthians Paulista tava lá. Percebe?...

Também preciso antes trazer o significado da palavra sorte dentro do contexto em que é dita (ou escrita), naqueles casos. Sorte, assim, seria aquele evento que ocorreu por acaso. Tipo: não morreu, por sorte. No caso do Galo seria: conquistou o acesso à Série B, por sorte. Assim como ganhar na loteria, tá ligado? Qual o mérito? Nenhum. Mas vamos aos fatos, que explicam as outras estranhezas com a referência desmedida à sorte do Regatas.

Pois bem, o CRB disputou 14 jogos no Campeonato Brasileiro da Série C/2011 (além dos 02, na final). Classificou-se antecipadamente, completados 12 (dos 14) jogos realizados. Isto mesmo! Faltando ainda 02 a disputar, precisamente com o América/RN, no Trapichão, e o Luverdense/MT, na casa deste, o Galo já comemorava o acesso à Série B. Ah! Empatou esses dois, restantes, embora já classificado. 1º lugar no grupo, e conquista antecipada: sorte?

Mais: dos 06 jogos disputados na 2ª fase do certame, venceu 03 e empatou 03 (sendo que em 02 desses, não custa lembrar, já estava classificado). Assim, classificou-se antecipadamente, e invicto, com 03 vitórias e 01 empate em 04 jogos. Sorte?

Dos 03 jogos disputados na casa do adversário, venceu 01 e empatou 02 (em um destes últimos, ressalte-se, já estava classificado). Em casa, venceu os 03 que disputou. Sorte?

Teve como adversários de destaque, na 1ª fase, o poderoso Fortaleza e o América/RN. Perdeu lá, no Ceará e Rio Grande do Norte, mas ganhou em Alagoas, dos dois. Na 2ª fase, enfrentou o papão Paysandu e, novamente, o América/RN. O papão foi papado nas duas partidas (cá e lá; inclusive, cá, por goleada); do segundo, venceu uma e empatou outra (esta, no RN). Sorte?

Sabe de uma coisa? Vai ter “sorte” assim na casa da pexte! É,... pexte com “x”. Bem chiada. E com exclamação!