Crônica
O sonho de um futebol alagoano forte aparenta estar cada vez mais distante. Nenhuma novidade. Mas o que preocupa, a todos que curtem ver um bom jogo de futebol — torcendo, em pessoa(!), por times de sua terra —, é que o processo permite supor-se coisa pior por vir. O preocupante é que os problemas do nosso futebol — criados e marcados ao longo do tempo pela incompetência quase generalizada, quando não pela exploração perniciosa e desonesta dos que o fazem —, além de antigos e enormes, não param de crescer. Isto apesar das boas intenções que se consegue identificar, mas só pontualmente, aqui e ali.
Imaginava termos um dia pelo menos quatro times de Alagoas divididos entre as Séries B e C do Brasileirão. Eventualmente, um ou outro ingressando na 1ª Divisão. Sonho? É sonho, sim. Mas embora o sinta, cada vez mais, um sonho, a convicção de que nós é que não o deixamos tornar-se realidade é, por outro lado, inabalável em mim.
Veja-se, por exemplo, o atual Campeonato Alagoano. Já se inicia contrário à lei, alterando-se as regras antes do prazo permitido. Detalhe: com a aceitação de todos os clubes participantes. Ótimo. Afinal, o modo de disputa anterior, por pontos corridos, era ruim mesmo. Mas e se houvesse (houver) problemas no decorrer do certame e se questionasse (questionar) a ilegalidade na justiça?... Terá valido a pena a mudança? E a sucessão de jogos? Nossa Senhora! Menos de 48 horas entre um e outro! E o Penedense? Sai ou não sai? E se sair, leva tudo junto pro buraco? E o Clássico dos Gatos Pingados? Caso à parte. Outrora “das multidões”, os valorosos cerca de dois mil torcedores — verdadeiros apaixonados pelos um dia grandes CRB e CSA — tiveram que se deslocar a Arapiraca, distante 130km da sede de seus clubes, debaixo de chuva e em pleno feriado da Semana Santa! Por quê? Porque o Trapichão foi injustamente condenado, e não se faz nada para absolvê-lo.
Falando na interdição, o que dizer-se de ter ocorrido às vésperas do início do campeonato, embora sem jogos desde novembro de 2007? Protestos houve, principalmente do CSA — que ali então depositava esperanças de melhorar seu combalido caixa, embora não mais vazio do que o de CRB ou ASA —, mas não foi ouvido. Quando se percebeu que o estádio certamente não estaria pronto sequer para o primeiro jogo do CRB na Série B, a gritaria ganhou mais vozes e maiores volume e acústica, mas até agora não se vê esteja algo sendo realizado. A inoperância, a incompetência, a omissão dos (ir)responsáveis é de tal ordem que o cansaço faz perguntar: tem isso jeito (ou terá um dia)? Será que é porque são flamenguistas, vascaínos, são paulinos? Ou o raio que os parta?
E o CRB? Quatorze anos de Série B e vive, literalmente, na pindaíba. Quatorze anos naquela vitrine nacional e não conseguiu tirar proveito disso! É espantoso, meus caros. E a culpa não é desse pessoal que está aí, não, bem entendido. Pelo contrário! Podem não ser os bam-bam-bans do negócio, mas, embora meio de longe, a gente vê pelo menos dedicação e seriedade no trabalho que tentam desenvolver.
E nós? Hum, nós também contribuímos, sim! E muito! Contribuímos quando nos comportamos, em relação aos nossos clubes, como aqueles pais que renegam o filho porque não é o mais inteligente, o mais bonito, o mais alguma coisa, e, ato contínuo, dividem (quando dividimos!) o amor com os de fora, por sua vez totalmente estranhos a nossa vida, realidade, raízes e história; quando deixamos de ver o nosso time, no estádio, para assistir pela TV ao de fora — tornado filho por escolha, porque lindo, rico, perfeito e poderoso; quando, mesmo podendo, somente apoiamos os nossos times se ele estiver bem na disputa, apresentando um bom futebol; quando nos omitimos e não os defendemos, mesmo percebendo que os estão maltratando (ou coisa pior).
Dra. Helena, a maravilhosa psicóloga que um dia tive o prazer, a honra e o orgulho de apresentar ao CRB, naquela já longínqua Série B/2006, disse-me certa vez: amor de verdadeiro torcedor é como amor de mãe: incondicional. Ama em qualquer circunstância. Seja feio ou bonito, doente ou sadio... Na maioria das vezes amamos nossos clubes sob condições. Isto nós podemos mudar.
Imaginava termos um dia pelo menos quatro times de Alagoas divididos entre as Séries B e C do Brasileirão. Eventualmente, um ou outro ingressando na 1ª Divisão. Sonho? É sonho, sim. Mas embora o sinta, cada vez mais, um sonho, a convicção de que nós é que não o deixamos tornar-se realidade é, por outro lado, inabalável em mim.
Veja-se, por exemplo, o atual Campeonato Alagoano. Já se inicia contrário à lei, alterando-se as regras antes do prazo permitido. Detalhe: com a aceitação de todos os clubes participantes. Ótimo. Afinal, o modo de disputa anterior, por pontos corridos, era ruim mesmo. Mas e se houvesse (houver) problemas no decorrer do certame e se questionasse (questionar) a ilegalidade na justiça?... Terá valido a pena a mudança? E a sucessão de jogos? Nossa Senhora! Menos de 48 horas entre um e outro! E o Penedense? Sai ou não sai? E se sair, leva tudo junto pro buraco? E o Clássico dos Gatos Pingados? Caso à parte. Outrora “das multidões”, os valorosos cerca de dois mil torcedores — verdadeiros apaixonados pelos um dia grandes CRB e CSA — tiveram que se deslocar a Arapiraca, distante 130km da sede de seus clubes, debaixo de chuva e em pleno feriado da Semana Santa! Por quê? Porque o Trapichão foi injustamente condenado, e não se faz nada para absolvê-lo.
Falando na interdição, o que dizer-se de ter ocorrido às vésperas do início do campeonato, embora sem jogos desde novembro de 2007? Protestos houve, principalmente do CSA — que ali então depositava esperanças de melhorar seu combalido caixa, embora não mais vazio do que o de CRB ou ASA —, mas não foi ouvido. Quando se percebeu que o estádio certamente não estaria pronto sequer para o primeiro jogo do CRB na Série B, a gritaria ganhou mais vozes e maiores volume e acústica, mas até agora não se vê esteja algo sendo realizado. A inoperância, a incompetência, a omissão dos (ir)responsáveis é de tal ordem que o cansaço faz perguntar: tem isso jeito (ou terá um dia)? Será que é porque são flamenguistas, vascaínos, são paulinos? Ou o raio que os parta?
E o CRB? Quatorze anos de Série B e vive, literalmente, na pindaíba. Quatorze anos naquela vitrine nacional e não conseguiu tirar proveito disso! É espantoso, meus caros. E a culpa não é desse pessoal que está aí, não, bem entendido. Pelo contrário! Podem não ser os bam-bam-bans do negócio, mas, embora meio de longe, a gente vê pelo menos dedicação e seriedade no trabalho que tentam desenvolver.
E nós? Hum, nós também contribuímos, sim! E muito! Contribuímos quando nos comportamos, em relação aos nossos clubes, como aqueles pais que renegam o filho porque não é o mais inteligente, o mais bonito, o mais alguma coisa, e, ato contínuo, dividem (quando dividimos!) o amor com os de fora, por sua vez totalmente estranhos a nossa vida, realidade, raízes e história; quando deixamos de ver o nosso time, no estádio, para assistir pela TV ao de fora — tornado filho por escolha, porque lindo, rico, perfeito e poderoso; quando, mesmo podendo, somente apoiamos os nossos times se ele estiver bem na disputa, apresentando um bom futebol; quando nos omitimos e não os defendemos, mesmo percebendo que os estão maltratando (ou coisa pior).
Dra. Helena, a maravilhosa psicóloga que um dia tive o prazer, a honra e o orgulho de apresentar ao CRB, naquela já longínqua Série B/2006, disse-me certa vez: amor de verdadeiro torcedor é como amor de mãe: incondicional. Ama em qualquer circunstância. Seja feio ou bonito, doente ou sadio... Na maioria das vezes amamos nossos clubes sob condições. Isto nós podemos mudar.
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Também publicada no sítio futebolalagoano.com