Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Nova era 2009!



Crônica


O cartum (ou cartoon, para os que gostam de estrangeirismo) de O Jornal, edição de domingo, na Seção Charge, aqui reproduzido, dá bem o grau da expectativa do respectivo cartunista sobre o desempenho do Clube de Regatas Brasil no ano que se avizinha. Para ele — extrai-se de seu contundente desenho —, o CRB está prenhe de inúmeros pernas-de-pau, sejam os chamados “pratas-da-casa”, sejam os reforços contratados. Vale dizer: jogadores tecnicamente fracos (ou um monte de cabra grosso, mesmo, como se dizia). Detalhe: todos os “pernas-de-pau” estão lá vestidos com a camisa “CRB Nova Era 2009”, donde conclui-se, sem esforço, a nova era estaria fadada a se tornar um retumbante fracasso. Sempre, por favor, na visão do cartunista.

É a opinião dele. E como tal pode estar certa. Mas somente iniciado o campeonato alagoano 2009 é que se poderá aferir da correção, ou não, de sua avaliação (ou premonição subliminar). Quanto ao humor — objetivo de todo cartum —, certamente alcançou seu intento junto aos torcedores. Tá, talvez não assim entre os alvirrubros. Mas deixo um alento àqueles que não compactuaram com sua visão, tampouco com o humor que o desenhista certamente pretendeu imprimir em suas linhas e figuras: mostrem o cartum aos jogadores — é, aos “pernas-de-pau”(!) —, e à diretoria do clube. Divulguem-no nas hostes do CRB. O sentimento despertado em cada um dos que não alcançarem o riso lá buscado poderá ser muito útil nas batalhas que irão enfrentar a partir do dia 14, próximo, futuro.

Bem, mas o humor é livre. Faria apenas um reparo: acho no mínimo meio cruel, ainda que a pretexto de fazer rir — objetivo nobre, sem dúvida —, a adjetivação empregada àqueles profissionais da bola. Mas é só a minha despretensiosa opinião. No mais, nesta última crônica esportiva da temporada, quero agradecer a todos os que me prestigiaram com suas leituras e seus comentários, aqui, neste sítio — em que tenho a honra e o prazer de colaborar —, ou em meu blog (www.blogdoandrefalcao.com). Meus votos de saúde e paz a cada um de vocês. E, para o futebol alagoano como um TODO, que 2009 seja, mesmo, o ano em que se inicie uma NOVA ERA. Mas uma era de competência, profissionalismo, sucesso. E respeito.
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O microfone, esse sedutor


Crônica

O CRB foi rebaixado para a 3ª divisão do campeonato brasileiro, após 15 anos. Muito mal administrado há tempos, salvo em raríssimos momentos (2007, por exemplo, para não ir muito longe). Aliás, mal administrado é quase um eufemismo, pois que a administração, em certos casos, foi irresponsável mesmo. Contratações não honradas, ações trabalhistas não defendidas, dívidas estratosféricas mal e nebulosamente (s/transparência) contraídas, e por aí vai. Novidade? Nenhuma.

Rebaixamento sacramentado, eis que surge uma esperança de novos tempos, com responsabilidade administrativa, competência, transparência, seriedade duradoura, senão perene. Não, não vou dizer honestidade. Esta pressupõe-se presente, de antemão. Todas, numa palavra: profissionalismo. O novo presidente-executivo foi aceito, festejado, aclamado. Nele depositadas as esperanças mais genuínas dos alvirrubros alagoanos. Apoio fora dos gramados; apoio dentro. Não bastasse, os torcedores do Galo, liderados pela fidelíssima e vibrante Torcida Organizada Comando Alvi-Rubro, dando um xou à parte mesmo com o time rebaixado da forma que foi. Tudo leva(va) a crer que as coisas seriam diferentes de então pra frente. Mas...

Eis que (re)aparece o sedutor microfone. Nova diretoria posta, microfone à vista — insinuando-se, seduzindo, até pressionando mesmo em algumas oportunidades (como é natural, diga-se) —, e o caldo começa a engrossar (ou seria escorrer?). Com todo o respeito aos novos dirigentes do Galo (bem-intencionados, porém, disto não resta a menor dúvida!), mas tem-se ouvido declarações que ressentem-se de noções basilares de marketing e psicologia, pra não dizer bom senso, mesmo. Desconhecem, seus equivocados apregoadores, do quão ruins são as conseqüências que trazem para o clube discursos infelizes que tais.

A maior delas: alardear-se a péssima situação econômica-financeira da agremiação e, ao mesmo tempo, condicionar a formação de um bom plantel à ajuda dos torcedores. Ora, valha-me! Não se ameaça torcida! Torcedor deve ser estimulado, animado, acolhido, bem referido, elogiado. Deve ser incutida no torcedor a esperança de que as pessoas que assumiram espontaneamente os destinos do clube farão uma boa gestão. O torcedor deve ser estimulado, por ações (principalmente) e palavras, a acreditar na administração do clube e, assim, ajudá-lo. E não ser ameaçado de que o time será esse ou aquele (fraquinho, fraquinho) se o torcedor não chegar junto, porque o clube não teria dinheiro sequer para ir daqui pra ali, se necessário. É possível ser verdadeiro e transparente — aliás, isto sim, é um desejo insatisfeito da torcida — sem, contraditoriamente, tornar-se carrasco ou algoz dela.

Torcedor tem paixão, tem amor. É movido por esses sentimentos. Mas o combustível que dará impulso maior a esse motor é a fé. E somente o clube tem o poder de incutir fé no torcedor, seja por seus jogadores, seja por seus dirigentes. Se o dirigente limita-se a discorrer sobre as mazelas do clube e a cobrar raivosamente a participação econômica do torcedor, inclusive ameaçando-o com a perspectiva de um plantel deficiente caso não “chegue junto”, à toda evidência que esse torcedor irá afastar-se ou retrair-se, porque desestimulado, triste, desanimado ficará. Numa palavra: descrente. Novidade, aí? Nenhuma.

O microfone, pouquíssimos sabem lidar com ele no CRB. E não é de hoje. Futebol, por sua vez, repete-se todo dia, é para profissionais. Não joga bola quem não for profissional da bola. Assim também deve ser com os cartolas. Falar com a imprensa é também para profissionais. E como é! Deixem o microfone para quem com ele tem intimidade. Já passou da hora de regular esse namoro. Antes que o estrago fique maior. Novidade? Nenhuma. Pois é. Este é o (velho) problema. É preciso novidade, aí! Antes que o descrédito se instale, acabando com a única novidade boa que chegou no CRB em muitos anos: o apoio maciço do torcedor a uma direção. E por “culpa” do microfone. Ah! Esse sedutor...



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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Principal destino dos turistas paulistas tricolores


Crônica


Maceió o é. Não. É dever alertar os leitores e leitoras, que me prestigiam com sua leitura e aguardam, ansiosamente, uma explicação fundada em bases científicas, que a ousada afirmação não se lastreia em eventual resultado de pesquisa realizada na cidade ou no país por algum instituto congênere; embora isto tenha valor relativo, já que há muitos que desacreditam desse tipo de serviço. Mas o fato é que não houve. Houve nada que beire o profissionalismo, na verdade. Estou afirmando peremptoriamente, entretanto, porque vi com estes olhos que a terra há de comer. Tá, perdoem-me o ditado batido, mas o bicho veio na hora, assim automaticamente, fazer o quê? Falar nisso, só espero que demore muito, ainda — não, muitíssimo! —, pra que lhe sirvam de alimento.

Foi; divaguei. Voltemos ao assunto da crônica. Então — como, aliás, dizem os paulistas quando iniciam qualquer frase, em resposta ao que quer que seja, ou mesmo quando não o é em resposta a coisa alguma (o “então”, aqui, é homenagem, por favor!, e já escrevi sobre ele; vá lá, em www.blogdoandrefalcao.com) —, como afirmei, no título, Maceió é certamente o principal destino, no país, dos paulistas torcedores do São Paulo. Sim, claro que vi também muitos cariocas torcedores do Flamengo espalhados em bares pela cidade. E claro que foi o São Paulo o campeão brasileiro, enquanto que o do Rio sequer irá à Libertadores, o que poderia explicar a ausência de seus torcedores na cidade após o jogo (certamente voltaram aos seus hotéis, ou mesmo pegaram o primeiro vôo de volta para a capital fluminense; falando em Fluminense, escapou de cair de novo, hein?).

Bem, seja lá porque foi, mas o fato é que a orla litorânea mais bonita do país foi colorida, após a última rodada do Brasileirão, com as cores vermelha, preta e branca envergadas orgulhosamente por uma imensa quantidade de turistas-paulistas-torcedores-do-São-Paulo. Eu chegara, então (este “então”, percebam, não tem nada a ver com aquele a que me referi, dito pelos paulistas em todo o início de frase), de belíssima praia do litoral norte alagoano, onde, entre outras coisas, acompanhara os jogos (ou seus resultados) daquele dia, e estava apressado porque dali a pouco mais de uma hora iria assistir à peça de teatro Lúcio 80-30, dos ótimos Lúcio Mauro pai e filho, lá no Teatro do Marista. Estava atrasado e não haveria lugar marcado, donde a pressa. Foi quando me deparei com uma imensa carreata desses bem-vindos e pelos alagoanos sempre muito bem recebidos e acolhidos torcedores-turistas-paulistas-do-São-Paulo. Claro, claro que no meio deles deveria haver, também, alguns irmãos brasileiros daquele estado que aqui fizeram morada. Mas a maioria, certamente, de paulistas-turistas, mesmo. Tive, assim, que me embrenhar pelas “ruas de dentro” da Ponta Verde, de modo a chegar a tempo ao meu destino. Imaginei: os hotéis deveriam estar lotados deles, numa festa só. Merecida, por sinal.

Quanto a mim e aos demais torcedores do nosso sofrido futebol alagoano, principalmente a imensa maioria dos regatianos, azulinos e arapiraquenses —praticamente todos, como estamos cansados de saber, torcedores fidelíssimos e exclusivos auxiliadores de apenas um único time, o time do nosso estado, respectivamente CRB, CSA e ASA —, só nos restou lamentar por estarmos vivendo dias tão difíceis, sobre os quais, permitam-me, não vou nem falar. Apenas não entendi um detalhe nessa história envolvendo nossos irmãos-paulistas-turistas-tricolores, e que não me passou desapercebido, apesar de atrasado para aquele compromisso a que me referi acima: por que as placas dos carros onde estavam espremidos ou pendurados os felizes-entusiasmados-orgulhosos-amantíssimos-torcedores-paulistas-turistas-tricolores, envergando seus mantos, bandeiras e demais penduricalhos do time de sua Terra da Garoa, eram de Maceió – AL?

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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Que tal um lavado de roupa?

Crônica
Trezentos milhões de reais desviados do erário, supostamente por (vários) deputados da Assembléia Legislativa, pois que indiciados criminalmente em inquérito patrocinado pela Polícia Federal/AL. E se esse “irrelevante” feito sofreu alguma repercussão nos noticiários das grandes redes de televisão, foi tão insignificante que não me recordo.

Entretanto, novos tempos! Aquela Casa de Tavares Bastos — aliás, este sim, a esta altura certamente gostaria de que seu nome fosse de lá retirado — resolve, então, se debruçar sobre assunto da mais alta relevância. E o faz com notável e surpreendente afinco, talvez movida pelas renovadas energias trazidas pelos seus novéis membros. O assunto, motivo para tão hercúleos, úteis e justificados esforços: a necessidade premente e inarredável de alterar-se o nome do abandonado prédio, jogando-o (o nome e, se pudessem, acho, também o dono do nome) num canal daquele simpático bairro do Trapiche, lá deixando-o entregue aos vorazes sugadores de sangue humano (agora referi-me aos mosquitos, que, dizem, lá proliferam). Pois bem, em contrapartida, pretende aquela Assembléia rebatizá-lo com o nome de Rainha Marta, homenagem à brilhante alagoana, atleta do futebol feminino mundial. Em que sinuca de bico a meteram, hein?

Olha, pessoalmente, nem simpatizo muito com o Rei do futebol. Acho ele meio chato, insosso. Sem contar que às vezes fala umas besteiras... Nossa Senhora! Mas me orgulho, pra caramba, dele ser brasileiro, pelos seus feitos. E o fato é que lá pro início dos anos 1970 ele foi homenageado aqui, nesta terra. Deram o seu nome ao então novo estádio de futebol do estado. Ele não pediu. Foi dado, e pronto. Se ele não dá valor, se dá, pouco importa. Foi. Ponto. Pior do que eventual desdém que dele possa vir — não sei, mesmo, se vem — é a deselegância de desfazer a homenagem realizada. Com todo o respeito aos que pensam diferentemente, é inconcebível. Pra dizer o mínimo. Quanto à Marta? Ora, merecedora de todas as homenagens, como é, haverão de encontrar uma outra para fazê-lo. Pelo menos uma que não seja às custas de tamanha falta de educação e inadmissível infantilidade.

Sim! Já ia esquecendo! E a repercussão televisiva? Em editorial, no horário nobre! O tom? Vixe Maria! Carão da pega nos injustiçados e aguerridos e corajosos e altivos e nobres e sensíveis e, numa palavra (finalmente), trabalhadores deputados! Carão (para os não alagoanos): repreensão, admoestação. Só não entendo o porquê do desdém midiático quando do desvio dos 300 milhões... Vai ver que é porque uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa... Sei lá. Bom, enquanto isto... Ah! Aquela Casa fervia debatendo essa questão, orgulhando-nos “até umas horas”!

Sério. Desânimo que dá... Né, não? Ah! Já sei!! Acho que vou oferecer um lavadinho de roupa. É! É um santo remédio pra ocupar (melhor) o tempo. Bom, não vale a remuneração que recebem, mas pelo menos a gente passa algum sem sentir vergonha, seja por associação do nosso estado a atos de desonestidade, seja a atos de deseducação e .... Deixa pra lá. Bem, de esperança, agora, resta o palácio. Embora “não dê um tapa numa broa” pela recuperação do estádio, martirizando o nosso futebol a perder de vista (sem trocadilho), quem sabe ao menos não impede essa desmoralização, deixando o homem onde orgulhosamente (à época) o puseram?
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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um estranho no ninho

Crônica
Fim de semana de 8 e 9 deste mês. Estava em Recife para ver minha filha n.º 1 e fui dar aquela passeada-burguesa-básica (e já tradicional da maioria dos alagoanos) no Xópin de Boa Viagem (desculpem, mas como vocês talvez não identificassem se eu dissesse Centro Comercial, aportuguesei). Devidamente asseado e cheiroso, com minhas duas mulheres à tiracolo (a indigitada filha e minha namorada), vesti meu manto-sagrado-superior-alvirrubro (camisa do Galo, para os leitores desavisados) e para lá fui. Apesar de encontrar-me com a lanterna grudada a uma das mãos — e, pior, sem a mínima chance de dela ser retirada (nem matemática, mais) —, via-me pronto e disposto a exibir as cores do alvirrubro alagoano com muito orgulho. Talvez por ser daqueles torcedores dito doentes, além de apaixonado pela minha terra.

Naquela meca nordestina do consumo vi uma profusão de desfiles de camisas alvirrubras, rubro-negras e tricolores, respectivamente do Náutico, Sport e Santa Cruz. É, até do “sem série” time do bairro do Arruda, vi (pior do que meu Galo, que pelo menos ainda é “de série”). Vez perdida, perdida mesmo, enxerguei a de algum time do sul/sudeste, mas vestida em alguém que apostaria tratar-se de turista visitando aquelas plagas. Enquanto envergava com extrema dignidade minha indumentária vermelha e branca, admirava os nativos do Pernambuco fazendo o mesmo com as suas. Eram muitos, de todas as idades e, ousaria afirmar — mesmo sem conhecê-los —, classes sociais. Testemunhei, ali, um belíssimo exemplo de auto-estima, de valorização do que é seu, de sua história, de sua tradição, de suas raízes.

Domingo próximo passado (16/11). Já de volta ao rico (e saqueado) solo alagoano, na minha belíssima Maceió — da mais linda e agradável orla litorânea deste país —, lá fui eu dar uma volta no Xópin de Mangabeiras. Desta feita, de alteração nas minhas companhias queridas apenas a filha n.º 3, que substituiu a n.º 1. No mais, coberto com outro manto-sagrado-superior-alvirrubro (felizmente, posso ter mais de um), também com o escudo do CRB no lado do coração igualmente àquel’outro. Enquanto conferíamos os últimos lançamentos na (única) livraria de lá (minha filha n.º 3, embora ainda nos seus 10 anos, adora ler, graças a Deus), e voltava a ser criança brincando nos (custosos) jogos eletrônicos também lá instalados, via uma profusão de camisas rubro-negras e tricolores a desfilarem pelo estabelecimento. Não, não eram de times de futebol alagoanos. Os torsos onde envergadas eram, certamente, de alagoanos (ouso apostar, sem medo de errar), mas os times nelas representados eram do Rio de Janeiro e de São Paulo, respectivamente.

Antes, havíamos ido à feirinha de artesanato da Pajuçara, bem como num estabelecimento do mesmo gênero, que lhe é quase vizinho. Nunca mais houvera passado por um nem por outro. Assim que cheguei à feirinha deparei-me com um conjunto infantil de calção e camisa de um global time carioca, pendurado numa das lojinhas daquele recanto. Imediatamente perguntei se havia do CRB, pensando em presentear minha mais nova sobrinha, recém-nascida. Não, de clubes alagoanos não havia, disse-me a vendedora.

Meio sem-graça, e já ingressando naquelas estreitas vias internas, enxerguei uns canecos e relógios com o escudo de times de futebol brasileiros; também vi toalhas e outras lembranças. Legal! Aqui devo achar alguma coisa, nem que seja pra mim mesmo. “Tem do CRB?”, perguntei, já com uma ponta de timidez, com receio da resposta negativa. Não, somente de times de fora (do estado). “Mas vocês não têm clientes nativos, não?”, indaguei, disfarçando a chateação. “Temos...”, respondeu meio sem graça a lojista, “mas não temos produtos de time daqui, não.”

Contendo minha irresignação — tá bem: já puto, mesmo! —, vi de repente, saindo de um restaurante lá situado, e dirigindo-se em minha direção, um torcedor do Regatas, vestindo uma antiga (mas bela, claro) camisa do Galo(!). Foi logo lamentando para mim a queda do CRB à Série C — torcedor é assim, fala com você como se já o conhecesse de antes, o que, diga-se, é muito legal — e dizendo de suas expectativas para 2009, além de perguntar das minhas. Entretanto, qual não foi minha surpresa quando em seguida afirmou, com notória expressão de satisfação: “O São Paulo vai ganhar o campeonato! Tá vencendo mais uma!” Fiz sinal com a cabeça — tipo tudo bem — e encerrei a conversa, com um sorriso amarelo nos lábios.

Já em outra de suas ruelas, ouço um grito feminino: “Gollll!!!”, berrou uma atendente de uma das lojas. “Chora, bestona!!!”, exclamou em seguida, dirigindo-se a uma colega próxima. Perguntei de quem tinha sido o gol tão festejado, e em qual jogo. Gol do Flamengo (do estado do Rio de Janeiro) em cima do Palmeiras (do estado de São Paulo), esclareceu-me, toda contente. Contendo a muito custo minhas feições — misto de lamentação, compaixão e, não vou negar, algum desprezo —, perguntei à torcedora, então visivelmente constrangida pelo gol sofrido por seu time-do-coração-alviverde-paulista-que-ela-não-sabe-nem-de-que-bairro-é: “Você é paulista?” A outra, sem entender o porquê da minha pergunta, respondeu por ela: “Não. É daqui... Mas é palmeirense, doente!!!”. Ah..., tá.

E assim voltei para casa, depois da feirinha e do Xópin. Envergando heroicamente meu singular manto-sagrado-superior-alvirrubro, mas sem conseguir esconder uma ponta de tristeza por meus conterrâneos terem optado por adorar o que é dos outros, e uma enorme admiração pelo exemplo (de auto-estima elevada) do povo recifense. Um estranho, no (meu) ninho: foi como me senti.
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sábado, 22 de novembro de 2008

Ranulfo Lira: novo Diretor de Patrimônio (CRB)


Crônica

Soube sexta-feira próxima passada que o meu amigo-irmão Ranulfo, cujo patronímico completo é Torres Homem Lira (o Torres Homem vem da Bahia, terra de sua querida e lamentavelmente já falecida genitora), aceitou o convite para participar da administração do Clube de Regatas Brasil, ocupando a Diretoria de Patrimônio. Mas se o nome é assim, digamos, eloqüentemente grandioso, sua personalidade é de uma simplicidade quase franciscana. É uma honra e um prazer poder falar sobre ele, além de tratar-se de tarefa extremamente fácil.

Rapaz (moça, também, claro; é só maneira de dizer), com essa escolha o Presidente Serafim deixa-me ainda mais esperançoso com sua administração. É que a indicação do Ranulfo, meus caros leitores — juntamente com a de outros valorosos nomes que vim a conhecer — é sintomática da qualidade que a nova administração do CRB pretende impingir aos seus rumos. Cuida-se da escolha de um profissional considerados, estritamente — estritamente, mesmo! —, a sua competência e princípios que norteiam e compõem a sua personalidade e a sua vida, profissional e pessoal, além do amor ao Regatas.

Com efeito, Ranulfo, além da formação em História — o sujeito é também professor —, é empresário bem sucedido do ramo de alimentos (panificação) e, ao lado de sua esposa, da educação (curso para concursos públicos). Não bastasse, é torcedor doente do Galo, e um de seus maiores e mais regulares benfeitores, além de assíduo freqüentador da Pajuçara, sempre preocupado(íssimo) com os destinos do clube.

Para dizer de suas características de personalidade qualquer um que o conheça fica à vontade. Vejam, só: sólido e excelente caráter, larga generosidade, belos e sólidos princípios humanitários. É ético, honesto, autêntico, responsável, trabalhador. Pode crer, é isto tudo mesmo. Somos fraternalmente ligados desde a mais tenra infância — imenso orgulho pra mim, afinal vir à vida e ter como amigo um sujeito como Ranulfo Lira, francamente, é privilégio de poucos, estou certo —, o que em nada torna suspeitas as minhas impressões a seu respeito, ora desfiladas, antes lhes dão robustez.

Portanto, transmito meus parabéns ao Presidente Serafim (pela escolha)! Parabéns ao CRB, que parece estar começando a trilhar um novo caminho! E parabéns (e boa sorte) ao Ranulfo! Imagino quão grande é o tamanho da honra que esse regatiano autêntico deve estar sentindo.

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1) Escrita em 17/11/2008

2) Também postada no sítio Futebolalagoano.com

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ao Presidente Serafim (e aos regatianos)

Crônica
Não se enganem, é na crise que se manifestam as melhores condições para grandes mudanças. Não é a toa que, na história, as revoluções (mudança, por excelência) somente conseguem se deflagrar em ambiente de “desordem”. Numa palavra: na crise. Por isto mesmo, é terreno fértil, propício à correção de rumos, adoção de novas (ou esquecidas) práticas, busca de objetivos renovados. Basta ver-se o que está a ocorrer com (e no) Clube de Regatas Brasil.

Não me recordo — talvez por deficiência de memória, mesmo (mas aí, leitor, por gentileza, releve) — de uma eleição para presidente do Galo de Campina tão festiva, aclamatória, emocionante como a que presenciei ontem na Pajuçara, mais especificamente no chamado Beer CRB. Aliás, putz!, é uma praga: até no Galo tem estrangeirismo (ridículo!). Por que, oras bolas, não foi batizada, então, simplesmente de “Cervejaria do Galo”?! Seria muito mais autêntica e bela, sem a mínima dúvida (perdoem, mais uma vez, desta feita o leitor ou leitora que gostam de batizar, ou não raro rebatizar, nossas coisas em inglês). Mas isto é assunto para outra crônica, a exemplo das que já escrevi anteriormente, lá no meu blog (
www.blogdoandrefalcao.com), de títulos “O Saci e a Bicicleta”, “Federal Savings Bank” e “Língua e futebol: ambos abastardados” (que aproveito para convidá-los a irem lá conferir).

Mas voltando ao assunto desta, foi no Beer (argh!) CRB que testemunhei. Olha, a crise tem um lado tão bom — se bem aproveitado, e o está sendo até agora (vide também o excelente “Movimento Galo pra frente”) —, que ontem nem parecia que o Galo estava vivendo certamente a maior delas que já antes experimentara. O fato é que os torcedores do clube estão a depositar num homem (e seus auxiliares) a esperança de dias melhores para a sua imensa paixão. E a despeito das notícias equivocadas (e, pior, desagregadoras) que se viu nos dias que antecederam a eleição de Serafim, o fato é que seu nome recebeu explícito apoio do Presidente do Conselho do clube e de todos os conselheiros lá presentes.

É uma responsabilidade e tanto, Presidente Serafim! Sei que o senhor, com suas argúcia, inteligência e sensibilidade bem o sabe. Mas sabe, também, que não está só. Há toda uma nação apaixonada o apoiando e desejosa, ávida mesmo, para apoiá-lo ainda mais e mais. Sedenta de títulos, sim. Mas principalmente sedenta de competência, bons propósitos e transparência no trato com as coisas do CRB. A tarefa é imensamente árdua, Presidente. A desejada reconstrução é tão urgente quanto difícil. Mas a nação regatiana está confiante no senhor. Que Deus inspire seus pensamentos, guie seus atos, apazigúe seus sentimentos, para o bem do Clube de Regatas Brasil. E parabéns por ser merecedor dessa que é uma das mais nobres virtudes: a credibilidade.

Quanto à torcida do Galo: hoje tem jogo. É ir. Ou ir.
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a)Escrito às primeiras horas da manhã de 11/11/2008 (dia do jogo CRB x Ceará, à noite);
b)Também postada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet;
c)E o Galo finalmente venceu! CRB 1 x 0 Ceará . Ah!, se fosse esse time desde o início... (nota à 00:45h, de 12/11/2008).

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Movimentos “CRB Meu Único Time” e “Galo pra Frente”

Crônica
Acima, duas quase únicas coisas boas que surgiram no futebol alagoano nos últimos tempos. É que devo registrar, também, a transmissão dos jogos pela TV Pajuçara/SBT. Os três devem ser ressaltados, portanto — e assim mesmo, genericamente —, porque os frutos que deles podem resultar trazem benefícios ao nosso futebol como um todo, não apenas ao alvirrubro da Pajuçara.

Veja-se: No caso das transmissões, finalmente uma parcela da imprensa (a dita televisão) vem prestigiar, com exclusividade, o nosso futebol, transmitindo nossos jogos a despeito daqueles — do sudeste/sul — que porventura estejam sendo transmitidos, no mesmo horário, por outra rede televisiva. É preciso se entender que a pobreza de nosso futebol não é congênita. Apenas não somos alvo das benesses recebidas pelos clubes daquele eixo do Brasil, que lhes permite, com uma série de facilidades que lhes são endereçadas (e não raro com nosso “inocente” estímulo), fortalecer-se e crescer.

Quanto ao “CRB Meu Único Time – Torça apenas pelo time de seu estado”, traz à tona a auto-estima do torcedor alagoano, até então perdida, e para muitos equivocadamente (ou deliberada e ardilosamente) compreendida como bairrismo. Ora, defender a si mesmo e o que é seu, contra o que não o é e quer engoli-lo, não pode ser confundido com bairrismo. A exaltação desmesurada pelo que é dos outros em detrimento do que é seu, e que por isto mesmo é quase abandonado à própria sorte, é que é exemplo escabroso de baixa (ou nenhuma) auto-estima. Aliás, em casos assim, o bairrismo seria, a si, bem menos pernicioso. Seu exemplo transcende, por isto mesmo, os limites da Pajuçara, atingindo todo o futebol vilipendiado e sofrido do nosso estado.

Finalmente, o recente “Galo pra Frente”. Maravilhosa novidade, que busca, num sentido mais amplo, levar o torcedor para dentro do clube, torná-lo mais participativo e respeitado, e, mais estritamente, à modernização do estatuto do clube, de modo, por exemplo, a criar condições e regras a que o sócio-torcedor possa concretamente interferir nos destinos do Galo, inclusive com direito a escolher o seu futuro presidente-executivo. Sensacional!

Dois desses exemplos, pois, estão sendo dados por torcedores do Clube de Regatas Brasil – CRB. Isto me faz ver que quando se fala que a torcida é o maior patrimônio de um clube, entendo que se esteja referindo principalmente a torcedores assim, que efetivamente defendem e buscam o crescimento da agremiação que dizem amar. Nada melhor pra se medir a paixão do que fazê-lo pelos atos praticados por quem se diz apaixonado.
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Também postada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Língua e futebol: ambos abastardados

Crônica
Questão de baixa auto-estima e desapego às origens. Na língua portuguesa ou no futebol alagoano, a mesma razão: idolatria pelo que vem de fora e nos é empurrado goela adentro, sem resistência — ao contrário: exultamo-nos por beber dos anglicismos e do glamour midiático dos clubes das grandes cidades do país. E assim vamos nos abastardando, também.

Mas, dizem, não é da natureza humana o gosto pelo sofrimento (causado pelos times da terra), e o é pelo que exprime e exala poder (o vocabulário anglo-saxão). Realmente, não é mesmo querido o sofrimento. E também é natural admirar qualidade ou algo que não temos, se for digno dessa admiração. Donde vem a pergunta: como torcer exclusivamente por CRB, CSA e ASA (por exemplo) quando existem os globais Flamengos e São Paulos da vida? Como denominar Centro Comercial, ou Centro de Compras, ao invés de Shopping Center?

Ora, não se trata de gostar de sofrer, tampouco de não admirar o que é pra ser admirado. Num como noutro caso a questão passa por auto-estima, apego às nossas tradições e raízes, defesa do que somos e temos. Ou por outra: guarda da nossa identidade. Temos nossa língua, falamos português; somos alagoanos, temos time para torcer. Se nossos clubes foram (ou são) mal-administrados — por incompetência (ou até má-fé) —, o que fizemos para defendê-los, torná-los fortes, respeitados? Se dispomos de palavras com idêntico ou semelhante significado aos dos estrangeirismos que nos chegam, por que não adotá-las? Por que temos que chamar nossos adolescentes de teen, nossos produtos dietéticos de diet, de divulgar nossos descontos (promocionais) por sale on, de chamar nossa curvilínea bicicleta de bike? E o que dizer de RT Sports, New Time, Solution, FF Sport Soccer?

E por favor, não me venham com o argumento de que nossos times não disputam a 1ª divisão! Seu filho também não participou das Olimpíadas de Pequim e eu acredito que você não o troca pelo norte-americano papão das piscinas, não é? Poupem-me, também, do argumento de que não existe língua pura e de que a nossa não seria exceção. Claro que não é. Mas não se está rejeitando palavras estrangeiras que possam ser incorporadas ao nosso vocabulário, à falta de alguma de idêntico ou semelhante significado em nossa língua. A questão é que estamos trocando as nossas (palavras) e os nossos (times) pelos dos outros.

E atenção! Não tarda estaremos berrando: Cheer the Flemish! Nesse dia, teremos sepultado nosso futebol e nossa língua.
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Publicada no jornal Gazeta de Alagoas, de 06/11/2008
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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Receita para o sucesso do futebol alagoano

Crônica
Na verdade, não sou a pessoa mais indicada para apontar esse receituário. Afinal, minha formação no futebol — e minha prática — é apenas a do torcedor que vai a todos os jogos do seu (único) time do coração e procura ajudá-lo como pode. No mais, tenta se informar e, sempre que possível, assiste aos jogos (de qualquer outro time) que lhe pareçam interessantes, porque gosta de futebol. Deseja muito voltar a ver o futebol alagoano que já viu, mas tem dúvidas de que o conseguirá. E só.

Este ano tive uma rápida passagem pelo Conselho Deliberativo do CRB. Ingressei ainda no decorrer do Campeonato Alagoano. Foi muito emocionante. Não a “solenidade” de ingresso, em si, já que mais do que simples, foi quase desapercebida. Emocionante foi saber-me lá, conselheiro do meu clube tão amado. Mesmo quando vim a saber-me incluso no grupo dos “Conselheiros 150”. Explico: conforme a quantia com que você se comprometesse a contribuir mensalmente — 150, 300 ou 500 reais —, à frente do seu cartão eletrônico do “Craque-Torcedor Conselheiro” vinha inserida a sua, digamos, categoria: “Conselheiro 150”. Tudo bem. Embora eu me soubesse, portanto, uma espécie de Conselheiro de 3ª categoria, foi uma honra, mesmo assim.

Fui convocado, e compareci, a umas 3 reuniões mensais. Era oferecido um lanche simples, mas muito gostoso (ô pãozinho de queijo bom danado! Derretia na boca, o peste!). Nesse período, tentei novamente — agora já como Conselheiro (puxa! Como diz o Malandrinho: que legal!) —, que aceitassem a ajuda psicológica tantas vezes por mim oferecidas antes, por meio da Dra. Helena Barbosa — esta, por sua vez, fazendo-me uma enorme deferência pessoal. A custo zero para o CRB, ressalve-se. Nada. Aí veio a crise e cessaram as reuniões. Surpreendente e contraditoriamente para mim — este novel Conselheiro (ops! Conselheiro 150) —, ninguém procurou reunir o Conselho. Se houve alguma reunião oficial (não li nenhuma convocação nos jornais, como antes), eu, pelo menos, nunca fui chamado.

Depois, bem depois, com o CRB pegando carreira na sua derrocada, consegui levá-la (a doutora) umas 3 vezes, quando eram treinadores o Nélson e o Jean Carlos, salvo engano. E só. Foi quando finalmente concluí que minha ajuda não era bem-vinda. Logo — conclusão segunda — estava tomando a vaga de alguém que poderia ser mais útil. Assim, saí. Meados de junho/2008 entreguei no CRB e ao meu amigo Carlinhos Almeida, também Conselheiro (que gentilmente a recebeu), minha Carta-Renúncia, além de encaminhá-la por e-mail à caixa-postal do próprio Conselho.

Portanto, não tenho a competência para receitar saídas para o futebol alagoano, apesar do título da crônica aparentemente pretender dizer o contrário. Mas algo para inserir nesse receituário posso arriscar, sem receio de equivocar-me: 1) receitas dos clubes são exclusivamente dos clubes, e somente na conta bancária do clube pode ser depositada; 2) de toda receita e de toda despesa devem ser prestadas contas ao clube (conselheiros e sócios), à torcida, a eventuais investidores e à comunidade em geral; e 3) os clubes não têm dono ou donos, por mais benfeitorias e investimentos que alguém (ou alguns) tenha (ou tenham) realizado: os clubes são de seus respectivos torcedores.

Olha, é pouco e simples. Mas se fizerem isto já é um excelente começo.
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Votei, sim. E com vontade!

Crônica
Domingo, 05/10/2008. Eu, com alguns adesivos do meu candidato a vereador, Marcelo Malta, colados à camiseta. “Ô André, e tu vai votar no Cícero, é?”, perguntou-me, com uma expressão misto de enjôo e incredulidade, certamente assim me questionando porque Marcelo apoiou Cícero para prefeito. Não lembro se falou Cícero. Ou Ciço. “Vou, claro! O que meus olhos vêem não me deixa votar em outro candidato!”, respondi, algo surpreso com aquele tom igualmente surpreso com que me foi dirigida a pergunta. Referia-me à verdadeira revolução urbana operada pelo então candidato à reeleição. Para até cego (ops!, deficiente visual) ver. “Ave Maria...!”, limitou-se a dizer — não sei se pra mim, ou para eu ouvir —, torcendo o nariz. Na verdade, desconheço se o que foi torcido foi mesmo o responsável pelo olfato; mas se não foi, que torceu alguma outra parte de sua face, ah!, torceu, sim). Ave Maria...!, não disse, só pensei. E nada mais me tendo sido dito ou perguntado, o “papo” foi encerrado por aí mesmo.

Confesso que não entendi o porquê de Nossa Senhora ter sido lembrada (ou invocada?) para vir em seu socorro — ou ao do próprio futuro da cidade, quem sabe? Pelo tom de desencanto que percebi tão-logo confirmei-lhe minha preferência, talvez tenha o chamamento sido em prol, mesmo, da coletividade. Tipo: protegei-nos, Mãe de Jesus! Coitada de Maceió! Mais um a votar no Ciço! Mas..., mais um o quê?, pensei cá com meus botões, embora minha camisa não fosse de abotoar. Mais um bobo, um incauto? Sei lá. O que percebi é que votar no Cícero parecia-lhe inaceitável.

Confesso que não votei nele na eleição anterior. Definitivamente não me parecia ideologicamente afinado com minhas idéias. Nem me lembro de já ter apoiado algum de seus correligionários de então. Tampouco o conheço pessoalmente. Mas se soubesse que aquele candidato iria fazer o que hoje vejo ter feito na minha cidade, afirmo: teria votado também ali.

Bem, duas conclusões: a primeira: é o melhor prefeito que já vi atuar. Pelo menos, na minha existência adulta (ou mesmo adolescente), embora saiba da (com justiça!) elogiada administração de Sandoval Caju e Dílton Simões, em tempos mais remotos. Pois o Cícero vem se juntar à dupla, então! Mais, ouso dizer: a continuar nesse ritmo, e ajustando o que há por ajustar, ficará para a história como o melhor prefeito que Maceió já teve.

A segunda: voltei a ter orgulho da minha cidade. O mérito: do Cícero. Queiram ou não. Fazer o quê? Não vou mentir.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O Galo e sua nova realidade

Crônica
Bom, antes de mais nada, quero dizer que não estou afirmando que o CRB caiu. Provavelmente cairá, é fato, porque com o retrospecto que tem e o abandono em que se vê, este conferido por parcela significativa de seus maiores dirigentes (exceção visível ao conselheiro Kennedy Calheiros, além, naturalmente, de Luciano Correia e Marcos Lima Verde), não reúne condições críveis de dar uma reviravolta a esta altura. Mas não caiu. Ainda. Deixarei para assim considerá-lo, portanto, quando (e se) se tornar impossível evitar-se a queda. Não adianta. Não sou um de seus jogadores, não faço o perseguido (e sumido) gol, mas como cidadão, cronista e, principalmente, torcedor não jogo a toalha antes da hora. Bola pra frente.

Entretanto, vindo a cair, mesmo, não enxergo razões para choro, menos ainda para vela (até porque, diriam alguns, talvez permaneçamos com a lanterna na mão, com o perdão do cruel trocadilho). O CRB, se cair, será para a mais prestigiada Série C da história do futebol organizado brasileiro. Basta que se relembre a época das Taças de Ouro e Prata, lá da década de 1980, contendo, cada, 40 times espalhados por todo o Brasil, o que totalizava 80 clubes de futebol. Atualmente, contadas as Séries A, B e C, serão apenas 60 clubes participantes, 20 em cada, o que demonstra, só por isto, o bom nível que deverão apresentar (sem esquecer, naturalmente, o baixo nível do nosso futebol brasileiro, hoje).

Não bastasse, se cair, haverá incentivo financeiro da FBA, e o CRB receberá um percentual diferenciado (maior) dos outros clubes que conseguiram o acesso (porque egresso da Série B). Mais: continuará tendo um calendário anual. E não custa ressaltar: inúmeros clubes comemorariam, brindando com caros espumantes, o ingresso àquela Série. Portanto, a ida à Série C não é, por si só, motivo para desespero.

Mas há algo que me conforta e alegra mais, mesmo entre tantas dificuldades: o momento nunca foi tão propício para que os verdadeiros e autênticos torcedores regatianos passem a, de algum modo e em alguma medida, influir na vida administrativa do clube. Movimento já há, nesse sentido. Mas precisa ser fortalecido. E, ainda que interinamente, temos um dos maiores nomes do clube na sua presidência. O estatuto, pois, urge ser alterado! O quadro de sócios deve ser revitalizado. Novos quadros societários devem ser criados (sócio-torcedor, por exemplo). O SERAFIM PRECISA SER ACLAMADO PRESIDENTE PARA O PRÓXIMO BIÊNIO! É um nome que soma respeito, conhecimento e honestidade. Os torcedores necessitam, como nunca, apoiar e participar! Como nunca! A hora é esta, regatianos! E o Conselho tem a obrigação — obrigação(!) — de marchar junto. A torcida alvirrubra não aceitará outro caminho. Não se enganem.
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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Do discurso à ação

Crônica
Como tem que ser. Ouviram-se muitas vozes, leram-se muitos discursos.Quase que invariavelmente prenhes de justa irresignação, críticas certeiras, idéias criativas (ou nem tanto, mas válidas, que é o que importa). Esse fenômeno, por si só, já se traduzia extremamente relevante, importante, sadio, prenúncio de que se deseja mudança. Mudança boa, mudança para melhor. Atualização. Progresso. Crescimento. Tirando-se da crise o que ela pode trazer de bom. É que a crise é fértil por excelência. Pode-se, a partir dela, ou por causa dela, alcançar-se dias muito melhores.

Pois bem, dando seqüência a esse movimento, a essa energia (positiva) — ou na esteira dele(a) —, eis que um grupo de torcedores do Clube de Regatas Brasil resolveu partir da palavra ao planejamento, da intenção à ação. As aguerridas torcidas Galo Chopp e Comando Alvi-Rubro (o certo seria alvirrubro, mas tudo bem...), por seus respectivos líderes, João Tigre e João Gordo, e torcedores que as integram (entre outros, Batista Neto, por coincidência comigo no Programa Cadeira Cativa da Rádio Jornal, na véspera do jogo do CRB contra o Gama), a ONG CRB Acima de Tudo, por seu presidente, João Hélio (o Jota) — que tive o prazer de conhecer na viagem à São Paulo, para assistir ao nosso Galo fazer-se respeitar pelo Corinthians (apesar da derrota) —, além de Marcelo Pradines, velho amigo e regatiano autêntico e exclusivo, Frederico Pinheiro (que também é da ONG e que está sempre me honrando e prestigiando com sua leitura), Dirceu Prior, Francisco Tenório, Sérgio Andrade — entre outros valorosos regatianos que vou me abster de relacionar aqui por causa do espaço —, uniram-se para alcançar mudanças de extrema importância para o clube — que é dos seus torcedores, não custa nada repetir essa máxima(!). Dessas destaco, entre outros objetivos relevantíssimos, a alteração do seu velho, desatualizado e até preconceituoso estatuto, de modo a permitir-se a criação da figura do sócio-torcedor, e que, como tal (sócio que é), possa verdadeiramente influir nos destinos do clube sob o ponto de vista de sua administração.

Bela iniciativa. Belo exemplo. Esse é o caminho. O CRB não pode ter donos. Por isto mesmo, não pode continuar a tê-los. Nesse passo, o que deve animar a todos quantos arregaçaram as mangas e abraçaram esse bom combate é a consciência — certamente não ilusória — de que um número significativo de conselheiros apoiará essa idéia, marchará junto nessa luta. Não são poucos aqueles que se afastaram por não concordar com muitos encaminhamentos adotados no passado, e, ao mesmo tempo, por não terem ânimo, ou organização (ou ambos) para impedi-los ou alterá-los.

Tudo tem um lado bom, já dizia alguém. A crise não é diferente. É na crise que mais se avança. Evolução. Revolução. Bendita seja, então. E que se vá embora rapidamente, então já sob os ares de uma nova era para o CRB. Todo o meu apoio.
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sábado, 20 de setembro de 2008

Sobre ilusão e... masoquismo?!

Crônica
Que me desculpem os que aparentemente se chateiam por existirem torcedores, e mesmo profissionais (dirigentes, jogadores, jornalistas, cronistas, radialistas, etc.), que personificam a velha máxima, “a esperança é a última que morre”, e, por isto, fiados embora nesse derradeiro sopro de vida — como é a probabilidade de vir o CRB a não cair —, resistem, entretanto, até o fim. Sinto-me no dever, até em atenção aos tantos bravos alvirrubros que estavam no estádio no último jogo e que, por isto mesmo, não jogam a toalha antes do tempo, modestamente alinhavar mais algumas palavras acerca do inusitadamente polêmico tema.

Pois bem, meus caros, de há muito dizem alguns que é ilusão ter esperança de que o CRB poderá não ser rebaixado. Que defender a resistência até enquanto houver esperança é vender ilusão. Que ter fé, acreditar nessa possibilidade — enquanto esta naturalmente existir — é viver na ilusão. Lamentavelmente confundem alhos com bugalhos. Confundem ilusão com luta, ilusão com coragem, ilusão com fé. Confundem probabilidade com fato consumado. Prognóstico com diagnóstico.

Ora, uma coisa é o desconhecimento das dificuldades do clube, das mínimas probabilidades de vencer os obstáculos futuros e, a partir desse descompromisso com a dura realidade, alardear a recuperação como algo facilmente realizável. Outra, bem diferente, é não os desconhecendo — antes, ao revés, por conhecê-los —, resistir, lutar, acreditar na única coisa que realmente é inegável para o time: a possibilidade de manter-se na disputa. É possível. E se o é — e o é —, não há ilusão em agarrar-se nesse fio de esperança que resta, por mais tênue, frágil e esgarçado que já esteja. Ele existe porque é possível. A matemática que quer desanimar (com sua cruel probabilidade) é a mesma que pode dar coragem (com a certeza incontestável da possibilidade). Fiar-se na esperança que se sustenta no que é possível não é ilusão, meus leitores e leitoras. É fé. E a fé no que é possível jamais pode ser tachada de ilusão. Salvo por equívoco... Bom..., aí, só aí, será perdoável a confusão.

Não há confundi-los, tampouco, com masoquistas. Se não são iludidos, o que dizer-se de masoquistas? O equívoco, aqui, é ainda de maior quilate! Com efeito, ao contrário do que lamentavelmente se disse, aquele que não desiste, que tem esperança, que mantém a chama acesa até o suspiro final — se ele vier, mesmo — é exatamente o sujeito mais feliz. O feliz não tem medo da felicidade, por mais difícil e improvável que se lhe pareça alcançá-la. Não foge da luta, não entrega os pontos. E assim age porque busca, acima de tudo, alcançar aquilo que lhe deixará... ainda mais feliz.

Não se confunda, por favor, o sofrimento pela batalha perdida com gosto por ela. O equívoco é quase imperdoável! Quem gosta da batalha perdida não luta pela que pode (possibilidade) vencer. Desiste antes. Este pode ser masoquista. Ou não. Mas os que não desistem, meus caros, estes jamais o serão. São o seu escancarado oposto e, porque o são, têm a coragem de não desistir enquanto possibilidade — logo, esperança — existir.

Parabéns, pois, aos que não desistem e lutam até o fim. Isto é para poucos, infelizmente. Mais parabéns, ainda, aos que não são mágicos. Não tentam fazer do amanhã provável o hoje. Finalmente, felicito os que, tendo a voz ou o teclado, conseguiram, também eles, ser felizes e terem fé e, assim, entenderem o que significa ilusão e masoquismo.
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Escrita ontem, 19/09/2008
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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Por que devo ainda acreditar?


Crônica
Porque novos ares voltaram a soprar na Pajuçara. As dispensas havidas, a saída dos diretores que desistiram do clube, o ingresso do Luciano Correia, para tratar diretamente do futebol, e a contratação do novo técnico. Não foram ares sensacionais. Mas a Pajuçara melhorou. Pouco que seja. A propósito, não conheço aquele rapaz (o Luciano), mas tenho gostado de sua postura e de seu discurso, além do que ouvi referências elogiosas a seu respeito de ninguém menos do que o Marcos Lima Verde. Aliás, o CRB, mesmo sofrendo com tudo o que lhe fazem (ou não fazem), tem algumas sortes: O Marcos é uma delas. Vou enumerar mais não, para não esquecer alguém. Tá bom, vá lá, mais uma: o Serafim também é uma baita sorte.

Porque há chances concretas de manter-se. Há, ora! Pode-se discutir tudo: probabilidades matemáticas estratosféricas para cair (que praticamente iria para a cucuia se o CRB começasse a ter uma seqüência de vitórias), desempenho horroroso no 1° turno (que dificulta e faz descrer no time para o 2°, em que já está, aliás), crise fora de campo, recém-ocorrida (o que propiciou a involução verificada após o jogo contra o Vila Nova), etc. Mas não se pode discutir que há 14 jogos pela frente, onde serão disputados, portanto, 42 pontos. O CRB, que tem 15, em tese precisaria de mais 25 a 30 pontos. Mas... “Ah! É difícil!” “Ah! É campanha de campeão!”, e por aí vão as manifestações de pessimismo.

Bom, difícil é, não há negar-se. Muito, inclusive. Mas se conseguirem dar aos jogadores o equilíbrio emocional que desesperada e urgentemente necessitam — o que passa por suporte psicológico profissional (chamem a doutora, Deus do céu!), pagamento em dia, paz fora de campo —, tenho certeza que o time poderá, sim, vencer esse desafio. E isto passa também por evitar-se declarações à imprensa que só prejudicam o ambiente, como as recentemente prestadas por alguns jogadores (resolvam dentro do clube, meus caros). O plantel do CRB, tomado cada jogador individualmente, não merecia estar na posição que está. Mas sem equilíbrio emocional só há lugar para a incompetência (nas finalizações, nos passes, cruzamentos, desarmes, etc.). E onde há incompetência a sorte não aparece.

Finalmente, postas essas razões, devo acreditar também porque, afinal, sou regatiano. Desde criancinha. Olha o pirralho na foto aí em cima, com o saudoso esquadrão de 1974 (sou o 3°, da esquerda para a direita). E com um agravante: sou somente regatiano. Como é que posso desistir?

P.S.: Da crise para a alegria: Parabéns ao ASA de Arapiraca! Salve o ASA de Alagoas! E que chegue à B! São meus votos e minha torcida, de torcedor alagoano, que também sou.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Diretoria não tem esse direito

Crônica
Restam quinze jogos. Desses, seis são em casa. Se vencê-los, serão dezoito pontos a somarem-se aos quinze conquistados. Totalizaria trinta e três, dez ou doze a menos do que o necessário, segundo os idolatrados matemáticos (são!, fazer o quê?), para a permanência na Série B.

Não estou dizendo que é fácil. Já não seria estivesse o clube ao menos com um mínimo de organização; não houvesse farra em plena concentração (o cúmulo da bagunça!); estivessem os jogadores motivados (mas, também, como se motivar numa zoeira dessa, pra não dizer outra coisa?)... Contudo, possível é. Probabilidade existe, sim. É mínima, mas há. E, afinal, num vai jogar?

Embora, portanto, esteja longe de ser fácil, o que é inadmissível é que a diretoria jogue a toalha. Imperdoável. Inaceitável. Torcedor tem o direito de estar desanimado, de estar pessimista, até de não ir ao estádio (ainda fosse gratuito o acesso), inobstante não ache seja seu melhor papel, porque em meu entender deve estar junto com o clube, apoiando quando precisa, criticando idem, e por aí vai. Nada a opor, igualmente, contra notícias divulgadas pela imprensa que piorem o que já está difícil, afinal é o seu trabalho, quer a torcida goste, quer espere apoio e ajuda, ou não. Há parcelas da imprensa que apóia mais o nosso combalido futebol — porque precisam, claro, de que esteja vivo e atuante — do que outras. Mas não é obrigação dela apoiar. Tampouco importa que alguns, de fora do CRB, atestem precocemente o seu rebaixamento, como se videntes o fossem, sabe-se lá com que intuito. Irrelevante. Agora não venha a diretoria do clube desistir da luta enquanto há luta a ser travada.

Negociar o jogador que talvez venha sendo o melhor jogador do CRB nos últimos jogos é, no mínimo (e que mínimo, imagine o máximo) inaceitável. Já basta ter que dar um dos melhores valores jovens do clube para pagar uma dívida absurda, decorrente de um contrato cuja relação custo/benefício soou-me muito mais custosa do que benéfica. Já basta ter que aturar atletas que não fazem jus a essa condição. Agora, largar o leme, baixar as velas... Vem não. Que não tem.
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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O problema

Crônica
O maior problema do CRB não será a eventual queda à Série C. Aliás, probabilíssima, registre-se, mas ainda não sacramentada — salvo por alguns falsos videntes ou vendedores de negativismo, de plantão (excetuado aí, naturalmente, o torcedor regatiano, que, se pessimista, o está sinceramente, já que por óbvio não deseja a derrota de seu próprio time). Não deve, por isto mesmo, residir exclusivamente aí o foco das preocupações dos torcedores alvirrubros. Afinal, para descer basta estar em cima. E o CRB quer cair, parece. Fez um regional muito ruim — com um 1º turno péssimo —, um horrível início do Brasileirão/B (o jogo contra o Corinthians foi a grande ilusão), melhorou a partir do jogo contra o Bahia, ainda no 1º turno, mas desde aquele antepenúltimo, contra o Vila Nova (2º tempo desastroso), voltou a demonstrar que pretende visitar a nova 3ª divisão (talvez por ser nova... quem sabe?). Mas o fato é que a queda, no futebol como na vida (já diria aquele intelectualmente “brilhante” participante daquele programa de tv; o que no final ficou amigo de uma vassoura ou coisa parecida), faz parrrte.

O maior problema tampouco é a escassez de títulos regionais. É ruim, é problema, mas não é o maior. De que serviu o (singular, no século atual) título de 2002 para o futuro do clube? Bom, foi! Comemorar, claro! Mas não resolveu o problema que está na essência do clube. Como não resolve. E olhe que o trabalho ali desenvolvido foi dos mais razoáveis que já vi modernamente no clube. Mas não há solução de continuidade. O time, com ou sem títulos, com ou sem Série B, não crescerá só por isto. Injeção sazonal de dinheiro de origem desconhecida pode dar um título (não seria o caso de 2002), mas não dá pujança, robustez, futuro a clube algum.

O problema do CRB, leitor e leitora que me honram com sua leitura, é exatamente quanto ao futuro, seja na C (o que é muito mais provável), seja na B (a esperança, afinal, é a última..., lembram?). Explico: Quem vai cuidar do clube amanhã? Quem vai administrá-lo? Quem vai estar lá na Pajuçara (se é que vai estar lá, e se é que o “lá” vai continuar resistindo às dívidas)? Respondo: os mesmos. Os mesmos que vêm se revezando na diretoria do clube há vários anos. A queda, meus caros, por si só é apenas ruim (ironia, não). Para um cair existe, em tese, um levantar. Não fosse assim o verbo (levantar) nem existiria. O problema mesmo reside em encontrar-se, no vasto (vastíssimo!) emaranhado de incompetência e prevalência de interesses pessoais e vaidades mesquinhas que reinam soberanamente no Galo — isto pelo menos é visível —, o fio de esperança que possa coser um futuro melhor para o clube.

Claro que a crítica não é pessoal. E evidente que exceções heroicamente existem, ou existiram. Mas não têm voz, nem força. Ou tendo, não querem. Devem ter razão em não querer. Já os que estão (e sempre estiveram) fora, e querem, não conseguem entrar, ou não lutam o suficiente para tanto. O futuro próximo (e aquele não tão próximo): Isto é “o” problema.
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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Lição de um torcedor

Crônica
Infelizmente não recordo o nome, ou apelido (nick), do torcedor do CSA que defendeu o apoio ao time, contra todas as dificuldades matemáticas astronômicas (exagero, não) que se opunham aos então objetivos azulinos na Série C/2008. Falava até em milagre possível, ou algo parecido. Foi lá no forum de discussão do FutebolAlagoano.com, onde me disseram ter visto seu post que, à época, fui conferir. Salvo engano — a memória teima em me faltar — restavam duas ou três partidas para o time tentar obter a classificação para a fase seguinte. Além da necessidade de vencê-las, dependia de uma combinação de resultados dos adversários, extremamente improvável de ocorrer. Era dificílimo, mas a matemática que o condenava ao fracasso iminente era a mesma que lhe assegurava uma (microscópica que fosse) chance de sucesso.

Pois bem, esse (valoroso) torcedor realizou, ali, uma série de cálculos e projeções para demonstrar, ao final, que a despeito de absolutamente improvável, não era impossível, e, sendo possível, cabia aos verdadeiros azulinos apoiarem o time, acreditarem nele. Noutras palavras: não abandoná-lo, justamente nessa hora em que mais precisava de sua torcida. Infelizmente não conseguiu injetar o ânimo imprescindível à conquista do dificílimo objetivo. Aliás, o próprio maior dirigente do clube manifestou, em público, sua absoluta descrença de que conseguiria (no popular: jogou a toalha). Pena. Meus aplausos àquele torcedor, e minhas desculpas por tê-lo, aqui, anônimo (não consegui, para escrever esta crônica, identificar novamente seu post).

Naturalmente não estou dizendo que esse foi o motivo da desastrosa campanha realizada pelo time do Mutange. E não foi. Tampouco quero encontrar culpados, até porque seria inoportuno. Estou defendendo, aqui, que a despeito dos inúmeros problemas que existam num clube — dentro e fora de campo —, das mais contundentes críticas — não raro, justas — que se faça aos que estiveram ou estão em campo, e aos que estiveram ou estão fora do campo, o fato é que um time que passe por dificuldades numa competição, sejam de que tamanho forem, não pode prescindir do apoio INCONDICIONAL de seus torcedores (e, obrigatoriamente, de seus dirigentes).

Num filho a gente acredita, e o apóia incondicionalmente até o fim. Assim também tem que ser — guardadas, naturalmente, as diferenças e proporções — em se tratando de um clube de futebol dito do coração. Amar e, consequentemente, apoiar e acreditar quando o clube atravessa um bom momento é de uma facilidade imensa. Quem, torcedor que seja, não o faz? Mas amor tem utilidade, mesmo, é na dificuldade extrema. Sua serventia se mostra é na crença e no apoio, seja até que venha (se vier, mesmo) o resultado não querido — quando, aí sim, nada mais se poderá fazer para aquela disputa —, seja até o alcance daquele tão desejado (e tão improvável) objetivo. Como na vida, a hora, agora, é para apoiar e acreditar. O CRB nunca precisou tanto.
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Também postado no site FutebolAlagoano.com

sábado, 30 de agosto de 2008

Egoísta e acomodado

Crônica
Sou. Cada vez mais. E isto se torna mais evidente em dois momentos, que se interligam. Primeiro, viajando pelo interior alagoano, quando me deparo com a miséria de vários de seus municípios. De dar dó! Alguns não têm “um pau pra dar num gato” (o pau que metaforicamente bateria no bichano seria um comércio decente, uma grande feira, alguma indústria, enfim, dinheiro circulando). Nada (ou quase). Mas sobra miséria: doenças (muitas erradicadas em outros locais), analfabetismo, esgoto a céu aberto, barbeiro (o bicho, não quem barbeia os outros), bocas desdentadas, piolho, falta d’água... Sim, sobra(!) falta d’água. Falta tanto que sua falta já é a regra. Assim, sobra.

Outra momento é em época de eleição para prefeito. Os candidatos são uns abnegados, uns desprendidos, uns exemplos incontestes de amor ao próximo necessitado. Verdadeiras Madres Teresas de Calcutá (com o perdão da santa, pela comparação e citação, aqui), não fosse uma diferença: pegam em armas, se preciso for. A maneira como guerreiam — entre eles, inclusive e principalmente —, sem receio de criar desafeições no opositor e, não raro, arriscando a própria vida; o volume de recursos financeiros que investem na campanha — sacrificando dos seus entes mais próximos e queridos (mesmo com a certeza de que jamais conseguirão recuperar as vultosas importâncias despendidas apenas pelo recebimento de sua remuneração mensal, contrapartida do exercício do cargo) —, se de um lado fazem-me marejar os olhos de lágrimas, emocionado pela ainda existência de homens tão probos, generosos e devotados à causa dos miseráveis, de outro como que apunhalam-me o peito, face à dor que sinto, decorrente da constatação de meus egoísmo e acomodação.

Mas a recompensa divina não tarda! (com o perdão do Senhor, pelo socorro ao além, de que mais uma vez me valho). Com efeito, após eleitos, rápida e folgadamente vê-se adquirirem belas e confortáveis casas (algumas, verdadeiras mansões), enormes propriedades rurais, belos carrões importados (e por aí afora), certamente por terem ganho em alguma das loterias da CAIXA, ou por uma herança inesperada, ou coisa (legal, claro!) que o valha.

Vejo tudo isto e sinto-me incomodado pela depreciativa avaliação de mim mesmo. Mas nem assim livro-me de meu egoísmo, de minha confortável acomodação. Prefiro seguir com o incômodo. Tão diferente desses pretendentes a homens públicos. Tão diferente desses, depois eleitos, prefeitos.
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Também publicado no jornal impresso Gazeta de Alagoas, de 10/9/2008 (na internet, em http://gazetaweb.globo.com/v2/gazetadealagoas/texto_completo.php?cod=134236&ass=37&data=2008-09-10)

Nada está perdido

Crônica
Três desfalques importantíssimos num time ainda, pasmem, em formação (Glaydson, Ivo e Leandrinho); uma postura inadmissivelmente medrosa no 2° tempo (após uma mexida infeliz do técnico, que nem por isto deve ser trocado por outro); e um cansaço injustificável de alguns jogadores (explicável, certamente; justificável, jamais) foram para mim as principais razões para o desastre promovido pelo CRB, contra si mesmo, ontem à noite (CRB 1 x 2 Vila Nova).

Não é fácil (e como não é!) levantar a cabeça após uma derrota de virada, vivendo o calvário que vem vivendo — pelas mais diversas razões — o CRB. Muito menos para a sua torcida. Mas não se pode esquecer que os erros ocorridos têm solução, que ainda há tempo para lhes dar solução, e que o time, mesmo com os desfalques, fez um bom 1° tempo (portanto, começa a ter uma equipe, não apenas 11 jogadores), o que também reforça a percepção de que vem evoluindo. Por último, lembremos que tudo isto, de bom e de ruim, ocorreu num jogo contra um dos mais sérios concorrentes ao acesso à Série A, então ocupante da 3ª posição no campeonato, com 39 pontos. Certamente deve ter algum valor, ou não? Mas o Galo foi pra cima, fez gol, e jogou com bravura e competência, ainda que lamentavelmente apenas no 1° tempo.

Por isto mesmo, não é hora de derrotismo, pessimismo, (de se falar em) planejamento para a Série C, de desesperança, e por aí vai. O time precisa de mais 10 vitórias? Precisa (pelo menos, em tese). Perdeu quantos jogos no 2° turno? De 3, perdeu 2. Para quem? Corinthians Paulista (1° colocado) e Vila Nova (então, 3°). Talvez seus dois mais difíceis adversários. Ganhou de quem? Do São Caetano (situado no meio da tabela de classificação) e na casa dele. Quantas partidas restam? 16. Poderia, assim, ainda dar-se ao luxo de perder 6 partidas, correto? Certamente. Vem melhorando? Nitidamente, sim. Ora, difícil é, quem haveria de negar? Mas daí a jogar a toalha, agora? Agora é que é a hora de apoiar e acreditar! Quem morre de véspera é peru. Não Galo.
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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sem medo de ser feliz

Crônica
Analise-se os fatos com realismo. Dificuldade não é sinônimo de impossibilidade. No máximo, de modesta probabilidade de ser vencida. Mas esta é sempre relativa e, outrossim, mutável. Enquanto algo for possível, existe, necessariamente, alguma probabilidade de obtê-lo. E se a tarefa do CRB é matematicamente difícil — e o é, o que a torna, em tese, com poucas probabilidades de ser realizada —, é também, inobstante, concretamente possível. Ainda. Veja-se:

O CRB acaba de vencer, pela primeira vez fora de casa, o respeitado São Caetano (4 x 2), que hoje se encontra no meio da tabela, com o dobro dos seus pontos. Venceu e convenceu. Foi, talvez, sua melhor partida, considerando-se seu próprio desempenho técnico, postura, equilíbrio emocional, além das próprias qualidades do time adversário.

De outra parte, o CRB vem em lenta, mas nítida, evolução, a meu ver a partir do jogo contra o Bahia, ainda no 1º turno. Parece, finalmente, estar encontrando sua melhor formação. Restam-lhe, ainda, 17 partidas a serem disputadas (51 pontos), nas quais teria, em tese, de obter mais 10 vitórias (ou 30 pontos) — desconsiderando-se os eventuais empates — para ver-se livre do rebaixamento, já que o time, hoje, tem 15 pontos.

Ora, formos pensar que o CRB sofreu 13 derrotas no 1º turno, e entendermos que a tendência, pelo que vem apresentando, é de manter esse pífio desempenho, motivos haverá para pessimismo. Mas 10 vitórias em 17 jogos, para um time que vem evoluindo — ou 11 vitórias em 18, tendo uma delas já sido alcançada, exatamente contra o São Caetano —, está longe de traduzir-se tarefa impossível. Daí porque, e outrossim, aquela última vitória altera muita coisa para o CRB, a despeito de não lhe ter tirado a lanterna da mão. Afinal, se é para considerar significativa apenas a mudança que o deixará livre do rebaixamento, então nada será suficiente, já que não existe atalho para lá chegar. É uma por vez.

De outra parte, formos dar uma olhadela em 2006, veremos que o Galo obteve 4 vitórias e sofreu 12 derrotas no 2º turno da Série B daquele ano. Estava em franca involução, já que fizera um muito bom 1º turno. Ora, 12 derrotas representam uma derrota a menos do que as que sofreu no 1º turno desta temporada; 4 vitórias, representa uma a mais. Portanto, se involuindo sofreu 12 derrotas, e mesmo assim se manteve na Série B/2006, em evolução (na Série B/2008) suas 13 derrotas no 1º turno deste ano não significam, necessariamente, rebaixamento. Ao contrário, se o time vir melhorando (ou consolidando) o seu desempenho nos jogos seguintes, como vem fazendo nos últimos até aqui, não será nenhum absurdo a obtenção das (10) vitórias que lhe faltam.

Resta um turno quase inteiro. E nele, recentemente iniciado, perdeu (honrosamente) apenas para o time que destoa, positivamente, dos demais. O segundo, venceu (e convenceu). Fora de casa. Pela primeira vez. Assim, postos os pés firmemente no chão, tenho que a descrença tão precoce, sendo-se torcedor, traduz medo de ser feliz; e, não o sendo, defender-se que o rebaixamento está sacramentado é vender desilusão. Os números que, sob determinado ângulo, estão para alguns a condená-lo precocemente ao rebaixamento são os mesmos que poderão vir a salvá-lo. Depende só do CRB. E ele vem mostrando que quer. É preciso continuar acreditando, pois.
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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Reciprocidade e educação

Crônica
Há algum tempo atrás, o atual presidente do Brasil determinou que os turistas norte-americanos deveriam se submeter a regras semelhantes, aqui, em nossos aeroportos, àquelas que os turistas brasileiros estavam sendo submetidos nos aeroportos dos Estados Unidos. Não ordenou que fossem mal-tratados, embora muitos de nossos conterrâneos assim o estivessem sendo naquele país; não impediu, arbitrariamente, o ingresso de qualquer turista estrangeiro no Brasil; não pretendeu submetê-los a incômodo maior do que aquele sofrido pelos nossos irmãos brasileiros. A isto se chama direito de reciprocidade de tratamento, previsto no ordenamento jurídico internacional.

Li ou ouvi muitas vozes e penas (teclados) de respeito criticando a posição dos que se insurgiam contra a abertura de mais uma parte do Trapichão. Igualmente, li ou ouvi palavras (igualmente respeitáveis) contrárias aos que defendiam fosse dedicado, à torcida e à direção do Corinthians Paulista, um tratamento semelhante àquele percebido pelos torcedores e dirigentes alagoanos, mais especificamente do Clube de Regatas Brasil.

Em apertada síntese, assim entendiam, no primeiro caso, porque nós teríamos a obrigação, como anfitriões, de acomodar em nosso estádio os torcedores da agremiação rival do time alagoano; no segundo, porque não seria porque fomos mal-tratados que iríamos assim tratar os que vinham à nossa casa. Em suma, somos educados, recebemos bem os que nos visitam, somos pacíficos, e por aí foram os argumentos sinceramente esgrimidos por seus defensores.

Preciso, porém, discordar. Relativamente ao primeiro ponto, não enxergo essa necessidade de esticar-se o até então interditado (pela metade) Trapichão para receber os torcedores do time adversário. Principalmente quando se sabe que jamais tal atitude fora adotada antes para beneficiar os times do próprio estado. Por que o seria, agora? Para obter-se uma maior renda? Se foi por isto, cuida-se de exemplo lamentável de aplicação da máxima de que os fins justificam os meios. Nem sempre justificam. Aqui, certamente, não.

Ao revés, a idéia que paira sobre nossas cabeças é outra: de submissão, de desprestígio aos torcedores alagoanos ou, pior, de irresponsabilidade por submeter-se o visitante ao risco de um desmoronamento (afinal, não estava interditado porque oferecia risco aos torcedores alagoanos?). Ora, ora, ora... Existe lei a disciplinar essa situação! Ponha-se à venda o número mínimo de ingressos permitidos pela legislação e reserve-se um local adequado e devidamente protegido aos visitantes. E só.

Quanto à segunda objeção, relativa ao tratamento no que tange às demais circunstâncias (reserva de ingressos, acomodação 5 estrelas para a diretoria roxa, etc.), penso que não se trata de ser mal-educado, muito menos de defender-se o uso de violência. A questão aí, mais uma vez, é de reciprocidade. Misturada com um pouco de brio e de auto-estima, o que também não faz mal. Veja-se: se a torcida do CRB sequer pôde adquirir seus ingressos com antecedência (parece que, aqui, houve também a colaboração de nossos dirigentes, que não os teria solicitado), se nem abrir a bandeira do próprio estado de Alagoas lhe foi permitido (o que dizer uma mísera faixa), se até um coronel da polícia militar nativa foi injustificadamente destratado naquelas terras, por que vamos nós facilitar-lhes desmesuradamente a venda de bilhetes para o jogo, permitir-lhes encher nosso estádio de faixas e o que mais lhes conviesse?

A verdade é que infelizmente fomos (mal-)educados a confundir educação com subserviência, respeito com lenimento, hospitalidade com bajulação, reciprocidade com pagamento na mesma moeda. Violência? Absolutamente, não. Não podemos (nem devemos) ser selvagens. Mal tratamento? De forma alguma. Tratamento digno. Mas só.

E reciprocidade, naturalmente, não quer dizer reagir-se como o animal que nos agride, até porque não se tem patas, mas pés. Reciprocidade implica é reação à altura, não necessariamente idêntica. Entretanto, agredido o seja pelo bicho, nem por isto se deve enviar os agressores a um pet-shop ou ao nosso melhor haras, para alimentá-lo e embelezá-lo. Para bicho raivoso existe “carrocinha”, cocheira, jaula, entre outros lugares adequados, conforme for a espécie do dito cujo. Assim como faríamos se fosse na nossa casa. Merecemos (e temos de exigir) respeito em qualquer circunstância. Venha de onde vier o desrespeito. Até no esporte. Ao agirmos com reciprocidade estamos exigindo respeito. Isto é educação.
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Escrito em 25/08/2008
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domingo, 24 de agosto de 2008

Velhos problemas. Velhos alertas.

Crônica
Finalização. O CRB continua pouco finalizando, ou finalizando mal. Não fosse o esquecido Touzin, que entrou no lugar do lateral (ou ala, como queiram), nem o único gol teria saído. Apesar de algumas caretas que se faz ao jogador, não custa lembrar que em seis jogos pelo CSA, na Série C/2008, o mesmo Touzin fez, salvo engano, 5 gols. E é bom recordar, também, que o time fez uma campanha terrível; mesmo assim, lá estava o Touzin (rima involuntária) fazendo seus gols. É evidente que o Galo continua precisando melhorar esse fundamento. Hugo Henrique até agora não emplacou. Luciano Fonseca, idem. Olhem, então, para o Touzin. Antes do fim (agora foi voluntária).

Emocional. Em tese, o mais difícil adversário seria enfrentado ontem. Não vou nem explicar o porquê, de tão gritantes que são as razões para assim ser por muitos considerado. Chamaram a bendita doutora (Helena) para trabalhar com o plantel durante a semana que antecedeu o jogo? Chamaram, nada. Quando foram fazê-lo já foi em cima da hora, impossibilitando a sua importante — melhor, imprescindível(!) — atuação. É impressionante! As Olimpíadas/2008 estavam aí (até há poucos minutos antes de escrever esta crônica), mostrando a importância, para um atleta, de apresentar um bom equilíbrio emocional, espírito de vencedor. Deu pra enxergar, com clareza, quem o tinha e quem o não. Como é, então, que o lanterna da competição, das sofridas Alagoas, vai jogar com o líder, do todo-poderoso São Paulo, e não se atenta pra isto?

Pra terminar: a missão do CRB é difícil, mas está longe de ser impossível. Longe! Continuo achando que o time está evoluindo. Merece reforços? Merece. Mas reforços, não jogadores para compor elenco (não vou nem dizer as posições, porque amplamente conhecidas). Merece acompanhamento psicológico? E como! Então, por favor, dêem-no ao time. Será possível que ainda não perceberam o quão importante que é?! Ah! E não ousem, não ousem(!) jogar a toalha! Além dos erros cometidos pelo CSA na preparação para a Série C (troca de técnico, dispensa de jogadores que atuaram no alagoano, etc.) — que o levaram à desastrosa e lamentável campanha já referida —, creio que a pá de cal que acabou de enterrá-lo foi a infeliz declaração de seu então presidente (bom presidente, entretanto), de que não acreditava mais na classificação. Matematicamente, porém, ainda era possível. Havia chance, havia vida. Dirigentes não têm o direito de desistir. Aprendam com esses equívocos.
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O retrato do nosso Estado

Crônica
Não é o único retrato infeliz. Mas é um retrato e tanto.

O Trapichão esteve interditado — aberto ao público apenas a metade, aproximadamente — durante praticamente todo o Campeonato Alagoano/2008, e todo o 1º turno do Campeonato Brasileiro da Série B. Agora, porque vem pra cá o Corinthians Paulista é liberado mais um tanto de sua estrutura, aumentando-lhe a capacidade de público. Isto, mesmo. Agora, como num passe de mágica, não oferece mais perigo... E por quê? Algum serviço foi feito para evitar os riscos de um possível desastre? Sim, porque deveriam ser iminentes, já que interditado estava. Serviço algum. É apenas por causa do time do sudeste do país.

Havia razão para a interdição, que, aliás, só fez aumentar o prejuízo que já sofrem os times de Alagoas, notadamente os da Capital? Ou alguém tem dúvida de que o tamanho do estádio é um dos fatores para que o público compareça em maior ou menor número? Será que o maior público havido no Trapichão durante o Alagoano — creio que o da sua decisão, entre CSA x ASA, no início de maio —, não seria maior se o estádio estivesse liberado? E não me refiro aos que porventura não tenham conseguido ingresso, mas aos que simplesmente não vão pelo natural desconforto e riscos de acidentes existentes num estádio de capacidade de público reduzida.

Mas que importa isto para os responsáveis pela interdição? Que importa isto para os responsáveis por serviço algum ter sido sequer iniciado? Que importa isto para aqueles que poderiam ter liberado o estádio antes, como o fizeram — embora ainda parcialmente —, agora? A questão aqui trazida, pois, não é porque a liberação teve em vista atender a torcida adversária — seja ela composta por paulistas, ou mesmo alagoanos (estes, também os há), até porque isto é outra história —, mas porque não se teve essa atenção com os clubes da própria terra.

Infelizmente, este é um dos retratos do nosso Estado, dos que o dirigem e dos que fazem o seu futebol. E vamos nós (sobre)vivendo assim, mesmo. Uma viva aos outros! E viva o que é dos outros!
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Escrito sexta-feira (22/08/2008)
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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

CRB x Corinthians: dá pra acreditar?

Crônica
10/05/2008 – Corinthians 3 x 2 CRB
CRB: Jéferson; Mateus, Márcio (Lairson) e Plínio; Serginho, Fabiano Silva, Marcos, Helder (Juliano) e Marcinho (Jamba); Ricardo Boiadeiro e Júnior Amorim. Técnico: Roberval Davino. Vi o clube das Alagoas agigantar-se frente ao poderoso clube paulista. Poderia ter empatado o jogo, até ter ganho, apesar de suas limitações, já que a base era a mesma do recém-concluído certame regional. E como pôde disputar o Campeonato Brasileiro da Série B com esse plantel? Isto é outra história. De qualquer sorte, foi. Mas não fez feio, repita-se.

12/08/2008 – CRB 3 x 0 Paraná
CRB: Fernando; Alex Santos, Plínio, Johnny e Anderson Paim; Glaydson (Reginaldo Nascimento), Carlinhos (Ivo), Leandrinho e Gaibu; Junior Amorim e Hugo Henrique (Assis). Técnico: Jean Carlos (interino). Comparativamente àquele plantel, acima, mantidos no time dito titular apenas Plínio e Júnior Amorim. E há mais três reforços chegando: o lateral esquerdo Jorge Luis, o atacante Rodrigo Silva e o meia-atacante Juninho Cearense. Sem a menor sombra de dúvidas, e com todo respeito aos respectivos atletas, este último plantel é, no geral, (muito) superior ao primeiro. No papel e em campo.

Pois bem, naquele jogo, contra o Paraná, o Galo fez sua melhor partida. Poderia até ter vencido por um placar mais elástico. E não se diga que ganhou porque o time sulista está mal no certame, afinal o Bahia é um time sofrível e ganhou do CRB. Outros exemplos haveria a discriminar. Coisas do futebol.

Por outro lado, desde as últimas partidas, contra o Bahia — quando perdeu pelo placar de 2 x 1 (muito injustamente, ressalte-se) —, passando por aquela disputada contra o Paraná, até a última, contra o ABC, lá em Natal — quando jogou desfalcado dos atuais três principais jogadores do meio-campo e foi escancaradamente garfado por aquele sujeito travestido de árbitro —, o CRB tem demonstrado estar em evolução.

Mais: joga em casa — parece que será em casa mesmo desta vez, já que a torcida adversária, composta por paulistas ou alagoanos-mistos (fazer o quê?), ou alguns rivais, ficará restrita a uma parte menor das arquibancadas, segundo as resenhas esportivas diárias —, empurrado pela sua enorme e barulhenta torcida, sem o mais mínimo favoritismo (que é todo do clube do sudeste do país), necessitando vencer, para permanecer com chances de manter-se na 2ª divisão do brasileiro, estimulado por jogar contra o famoso líder do campeonato e com um histórico de superar as naturais dificuldades que enfrenta.

Crer numa vitória do Regatas é, assim, acreditar em algo absolutamente razoável, factível. Não há ilusão alguma nisto. Isto é o futebol. Ao contrário, não acreditar, ou ao menos não considerar concreta essa possibilidade, é que pode revelar pessimismo exagerado, baixa auto-estima (somos inferiores congênitos), derrotismo.

Aliás, futebol não se vence só com os pés. E cabeça boa não é só aquela que faz gol. O CRB, hoje, apesar de ser um time em formação (fazer o quê?, é!), e da péssima posição que ostenta na classificação, tem um bom plantel e vem se tornando um bom time. Se estiver bem de cabeça, e bem postado tática e tecnicamente tem todas as chances de surpreender. Surpreender os que já dão como certa a vitória do time de São Paulo. Avante, Galo! Avante, Alagoas!
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sobre cascudos corretivos

Crônica
Sabe qual é a salvação dos “cabras de peia”? A civilidade. Porque é graças a ela que muito sujeito sem-vergonha escapa de levar uns “croques”. Não estou querendo, aqui, defender o uso do desforço físico em represália a arbitrariedades praticadas por árbitros de futebol (com trocadilho), sejam elas decorrência de incompetência ou de intenções escusas, mesmo. Até porque a culpa maior dessa sucessão de erros gritantes — vou chamá-los assim, por civilidade (olha ela aí de novo) — que se vê nos gramados de futebol é, de um lado, das velhas e carcomidas regras do futebol, que não permitem sejam corrigidos ou revisados, durante ou após a disputa (para o resguardo do espetáculo e proteção dos próprios árbitros), e, de outro, da inoperância dos órgãos que têm a incumbência de reprimi-los. E naturalmente que a minha irresignação não se dirige àqueles lances do jogo de difícil marcação, que, outrossim, não retratam incompetência, muito menos dá ensanchas a que se os imagine resultantes de vontade deliberada de prejudicar um dos times, movida sabe-se lá por qual estímulo.

Mas o que aquele indivíduo fantasiado de árbitro de futebol fez com o CRB em Natal/RN foi vergonhoso. Aliás, não só o CRB é vítima contumaz desses caras travestidos de árbitro: o CSA também o foi (pra não ir muito longe, durante o Campeonato Brasileiro da Série C/2008), e que eu saiba nada aconteceu contra eles. “Mas, ah!” — podem dizer alguns —, “se o clube tivesse sido mais competente nas finalizações, se fizesse a sua parte, esses erros seriam absorvidos pelo resultado favorável experimentado por aquele que foi vítima do erro.” É verdade. Mas a eventual incompetência, ou mesmo falta de sorte de um time, não pode servir de perdão à incompetência ou mesmo de excludente da ilicitude de um árbitro. Tivesse o CRB sofrido um gol legítimo do ABC, teria perdido porque não foi competente, teve falta de sorte, o que for. Mas perder em decorrência da ingerência determinante de um ato incompetente ou de má-fé de um árbitro não é admissível. E nesse sentido acho que estamos meio acostumados, na nossa civilidade, a tolerar que tais fatos ocorram sem maiores conseqüências.

No meio dessas reflexões fico sabendo que um ou outro dirigente e um ou outro membro da imprensa do estado extravasaram suas emoções um pouco além do que para alguns recomendaria a nossa perseguida e idolatrada civilidade. Também soube que sofreram críticas por isto. Não, qual o quê!, nada muito grave, leitor. Só um xingamentozinho aqui, outro ali, esbravejados no calor da emoção por quem viu seu clube do coração sendo injustificadamente prejudicado (aviso que estou moderando as palavras em homenagem à nossa civilidade, sempre ela!). Ora, não podemos esquecer que somos humanos, que temos sangue correndo nas veias, que futebol é paixão, que mexe, outrossim, com nossas emoções e sentimentos muitas vezes recônditos e adormecidos. É necessário domá-los? É. Mas também é necessário a quem deles tripudia acautelar-se? É, também. A civilidade é, muitas vezes, uma via de mão-dupla, principalmente quando a sua falta desperta naturais arroubos de defesa, na vítima. E nem um cascudo, um mísero “croque” o tal cabra de preto levou.

Penso mesmo que talvez fosse interessante é que estivesse apitando aquela peleja no Iraque. Não, o de hoje, não. O do finado Sadam. A reprimenda que sofreria certamente não ultrapassaria os limites da peculiar civilidade. De lá. Não sei porque, mas nessa hipótese acho que ele não iria marcar aquele pênalti...
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