Crônica
Trapichão parcialmente interditado. Mas para receber torcedores do Corinthians e Santa Cruz — promessa de renda boa(!) —, libera! E não se ouve, lê ou vê quase ninguém, ou ninguém mesmo, comentar o surpreendente, perigoso e injustificável fato. Mas explicável. E a explicação, que não precisa ser dita, tem o condão de conseguir calar a todos, ou a quase todos.
Torcedores pernambucanos comparecem em número considerável ao quase todo liberado (para aquele jogo) Trapichão, talvez semelhante à quantidade de torcedores da terra. Resultado: ênfase, destaque estratosférico e enaltecedor à invasão pernambucana. Torcedores alagoanos comparecem em excelente número no estádio do vizinho estado. Resultado: quase silêncio. Um ou outro gato pingado, quase numa voz monocórdia, exalta o feito.
Comissão técnica incompetente — desculpem, mas não conhecer o regulamento de uma competição que se disputa é de uma incompetência tão grande que chega a ser inacreditável — promove dois vexames, um deles histórico. O primeiro é a “cera” escancarada, ridícula, exagerada, buscando-se, na esteira da informação equivocada de que um empate bastaria à classificação, garantir aquele resultado. Aliás, quanto a esse procedimento (o goleiro, diz-se, chegou a cair no gramado umas quatro vezes, sentindo nada em canto nenhum), não sei se a orientação veio apenas do comandante, se é que foi dele. O segundo é a comemoração, após o empate, como se classificado estivesse. Este, um vexame histórico. Gravado e televisionado. Uma autêntica tragicomédia, promovida pela incompetência, que já é de praxe, diga-se, por estas bandas.
A baixa auto-estima é porque nosso futebol, pobre e amadoramente dirigido como ele só — salvo raras e conhecidas exceções —, continua a receber maus-tratos de tudo e de todos. Nossos clubes mais tradicionais podem se acabar, porque sempre teremos o outro, do eixo Rio-São Paulo pra torcer. Outro, diga-se, que para muitos — certamente já a maioria — sequer é mais o “outro”: é o primeiro, o do coração. O da terra ocupa o 2º lugar. E a imprensa, igualmente, sobreviverá, porque não falta destaque a esses clubes enaltecendo-os, nem torcedores desses clubes entre seus membros. E defensores de que seja assim mesmo, em nome de uma tão falsa quanto nefasta tese de que todos são livres para torcer pelo time que quiserem. Parte-se de uma premissa verdadeira, para concluir-se falsamente.
É evidente que todos são livres para torcer pelos times do Rio ou de São Paulo. Mas isto não significa que seja bom para o futebol alagoano que seja assim. Isto não significa que seja educativo, que confira auto-estima e noção de cidadania aos alagoanos. Somos todos estados de um mesmo país, mas com sua história, sua cultura, seus clubes, suas paixões próprios. A paixão pelos times de fora do estado invariavelmente é perniciosa aos clubes da terra. Quem tem um, não tem nenhum. Daí que a luta por este é fundamental, condição à sua sobrevivência. Quem tem dois, terá ao menos um. Senão para ir aos estádios, ao menos para ir ao bar mal e porcamente fantasiado de estádio. O da terra? O da terra que se lasque... Não presta mesmo... Tá vendo, aí? Sem futebol até o fim do ano na capital. Ainda bem que tenho meu isso, meu aquilo, lá do Rio ou de São Paulo. Aliás, já tem camisa nova naquela loja! Pôxa! Que legal!
Torcedores pernambucanos comparecem em número considerável ao quase todo liberado (para aquele jogo) Trapichão, talvez semelhante à quantidade de torcedores da terra. Resultado: ênfase, destaque estratosférico e enaltecedor à invasão pernambucana. Torcedores alagoanos comparecem em excelente número no estádio do vizinho estado. Resultado: quase silêncio. Um ou outro gato pingado, quase numa voz monocórdia, exalta o feito.
Comissão técnica incompetente — desculpem, mas não conhecer o regulamento de uma competição que se disputa é de uma incompetência tão grande que chega a ser inacreditável — promove dois vexames, um deles histórico. O primeiro é a “cera” escancarada, ridícula, exagerada, buscando-se, na esteira da informação equivocada de que um empate bastaria à classificação, garantir aquele resultado. Aliás, quanto a esse procedimento (o goleiro, diz-se, chegou a cair no gramado umas quatro vezes, sentindo nada em canto nenhum), não sei se a orientação veio apenas do comandante, se é que foi dele. O segundo é a comemoração, após o empate, como se classificado estivesse. Este, um vexame histórico. Gravado e televisionado. Uma autêntica tragicomédia, promovida pela incompetência, que já é de praxe, diga-se, por estas bandas.
A baixa auto-estima é porque nosso futebol, pobre e amadoramente dirigido como ele só — salvo raras e conhecidas exceções —, continua a receber maus-tratos de tudo e de todos. Nossos clubes mais tradicionais podem se acabar, porque sempre teremos o outro, do eixo Rio-São Paulo pra torcer. Outro, diga-se, que para muitos — certamente já a maioria — sequer é mais o “outro”: é o primeiro, o do coração. O da terra ocupa o 2º lugar. E a imprensa, igualmente, sobreviverá, porque não falta destaque a esses clubes enaltecendo-os, nem torcedores desses clubes entre seus membros. E defensores de que seja assim mesmo, em nome de uma tão falsa quanto nefasta tese de que todos são livres para torcer pelo time que quiserem. Parte-se de uma premissa verdadeira, para concluir-se falsamente.
É evidente que todos são livres para torcer pelos times do Rio ou de São Paulo. Mas isto não significa que seja bom para o futebol alagoano que seja assim. Isto não significa que seja educativo, que confira auto-estima e noção de cidadania aos alagoanos. Somos todos estados de um mesmo país, mas com sua história, sua cultura, seus clubes, suas paixões próprios. A paixão pelos times de fora do estado invariavelmente é perniciosa aos clubes da terra. Quem tem um, não tem nenhum. Daí que a luta por este é fundamental, condição à sua sobrevivência. Quem tem dois, terá ao menos um. Senão para ir aos estádios, ao menos para ir ao bar mal e porcamente fantasiado de estádio. O da terra? O da terra que se lasque... Não presta mesmo... Tá vendo, aí? Sem futebol até o fim do ano na capital. Ainda bem que tenho meu isso, meu aquilo, lá do Rio ou de São Paulo. Aliás, já tem camisa nova naquela loja! Pôxa! Que legal!
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Também postado no sítio Futebolalagoano.com