Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Degringolando. Mas tem jeito

Crônica
O sonho de um futebol alagoano forte aparenta estar cada vez mais distante. Nenhuma novidade. Mas o que preocupa, a todos que curtem ver um bom jogo de futebol — torcendo, em pessoa(!), por times de sua terra —, é que o processo permite supor-se coisa pior por vir. O preocupante é que os problemas do nosso futebol — criados e marcados ao longo do tempo pela incompetência quase generalizada, quando não pela exploração perniciosa e desonesta dos que o fazem —, além de antigos e enormes, não param de crescer. Isto apesar das boas intenções que se consegue identificar, mas só pontualmente, aqui e ali.

Imaginava termos um dia pelo menos quatro times de Alagoas divididos entre as Séries B e C do Brasileirão. Eventualmente, um ou outro ingressando na 1ª Divisão. Sonho? É sonho, sim. Mas embora o sinta, cada vez mais, um sonho, a convicção de que nós é que não o deixamos tornar-se realidade é, por outro lado, inabalável em mim.

Veja-se, por exemplo, o atual Campeonato Alagoano. Já se inicia contrário à lei, alterando-se as regras antes do prazo permitido. Detalhe: com a aceitação de todos os clubes participantes. Ótimo. Afinal, o modo de disputa anterior, por pontos corridos, era ruim mesmo. Mas e se houvesse (houver) problemas no decorrer do certame e se questionasse (questionar) a ilegalidade na justiça?... Terá valido a pena a mudança? E a sucessão de jogos? Nossa Senhora! Menos de 48 horas entre um e outro! E o Penedense? Sai ou não sai? E se sair, leva tudo junto pro buraco? E o Clássico dos Gatos Pingados? Caso à parte. Outrora “das multidões”, os valorosos cerca de dois mil torcedores — verdadeiros apaixonados pelos um dia grandes CRB e CSA — tiveram que se deslocar a Arapiraca, distante 130km da sede de seus clubes, debaixo de chuva e em pleno feriado da Semana Santa! Por quê? Porque o Trapichão foi injustamente condenado, e não se faz nada para absolvê-lo.

Falando na interdição, o que dizer-se de ter ocorrido às vésperas do início do campeonato, embora sem jogos desde novembro de 2007? Protestos houve, principalmente do CSA — que ali então depositava esperanças de melhorar seu combalido caixa, embora não mais vazio do que o de CRB ou ASA —, mas não foi ouvido. Quando se percebeu que o estádio certamente não estaria pronto sequer para o primeiro jogo do CRB na Série B, a gritaria ganhou mais vozes e maiores volume e acústica, mas até agora não se vê esteja algo sendo realizado. A inoperância, a incompetência, a omissão dos (ir)responsáveis é de tal ordem que o cansaço faz perguntar: tem isso jeito (ou terá um dia)? Será que é porque são flamenguistas, vascaínos, são paulinos? Ou o raio que os parta?

E o CRB? Quatorze anos de Série B e vive, literalmente, na pindaíba. Quatorze anos naquela vitrine nacional e não conseguiu tirar proveito disso! É espantoso, meus caros. E a culpa não é desse pessoal que está aí, não, bem entendido. Pelo contrário! Podem não ser os bam-bam-bans do negócio, mas, embora meio de longe, a gente vê pelo menos dedicação e seriedade no trabalho que tentam desenvolver.

E nós? Hum, nós também contribuímos, sim! E muito! Contribuímos quando nos comportamos, em relação aos nossos clubes, como aqueles pais que renegam o filho porque não é o mais inteligente, o mais bonito, o mais alguma coisa, e, ato contínuo, dividem (quando dividimos!) o amor com os de fora, por sua vez totalmente estranhos a nossa vida, realidade, raízes e história; quando deixamos de ver o nosso time, no estádio, para assistir pela TV ao de fora — tornado filho por escolha, porque lindo, rico, perfeito e poderoso; quando, mesmo podendo, somente apoiamos os nossos times se ele estiver bem na disputa, apresentando um bom futebol; quando nos omitimos e não os defendemos, mesmo percebendo que os estão maltratando (ou coisa pior).

Dra. Helena, a maravilhosa psicóloga que um dia tive o prazer, a honra e o orgulho de apresentar ao CRB, naquela já longínqua Série B/2006, disse-me certa vez: amor de verdadeiro torcedor é como amor de mãe: incondicional. Ama em qualquer circunstância. Seja feio ou bonito, doente ou sadio... Na maioria das vezes amamos nossos clubes sob condições. Isto nós podemos mudar.
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Também publicada no sítio futebolalagoano.com

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