Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O CRB e o Campeonato Alagoano

Crônica
Diz-se do Campeonato Alagoano: econômica e financeiramente inviável. Não parece haver exagero nessa afirmação. As despesas de gestão de um clube de futebol nessa competição, aqui e ali trazidas a público por seus respectivos dirigentes, demonstram o quão difícil é a sua administração, se naturalmente realizada com responsabilidade, sem prescindir, tampouco, de ousadia e criatividade (a rima foi involuntária).

Mas a despeito disto, o fato é que os campeonatos regionais (estaduais) — aliás, uma particularidade do Brasil —, continuam prestigiados, eis que considerados importantes pelos torcedores dos respectivos clubes, na medida, principalmente, de quem venha a ser o campeão. Na verdade, ouso afirmar que assim também pensam seus dirigentes, tanto que continuam envidando esforços — com mais ou menos competência, ou sorte — para realizar participação ao menos honrosa nos certames.

Os grandes clubes enfrentam, nessa seara, situação peculiar, na medida e razão mesma de sua grandeza. Por grandes clubes quero me referir — apenas para possibilitar a argumentação, sem qualquer menosprezo, portanto, aos que não se enquadrem nessas premissas — àqueles detentores de grande massa de torcedores, de uma história de títulos auferidos em número que, pela quantidade, os destacam dos demais, e por um patrimônio que, por igual, os fazem, ao menos em tese, econômica e financeiramente mais pujantes. Mantendo-me na Capital, restringirei minhas palavras singelas aos dois principais destas paragens, o CRB e o CSA, para ao final centrar-me no Galo, razão mesma destas reflexões.

Relativamente a este último, o Campeonato Alagoano é de uma importância ímpar e palmar, escancarada mesmo. É que sem ao menos destacar-se — positivamente, como óbvio — nessa disputa, o CSA, presentes as circunstâncias atuais do futebol brasileiro, estará fadado a uma perda de importância lenta, mas crescente e inexorável, no cenário futebolístico nacional (e até regional). Por importância entenda-se, como acima posto, torcida, tradição — pela ausência de títulos contemporâneos (ou de sua efetiva disputa) — e patrimônio.

Quanto ao CRB, a sua participação ininterrupta e completa, por 15 anos, do Campeonato Brasileiro da Série B — integrando, por isto, o grupo dos 40 principais clubes do país —, é, ao mesmo tempo, sua redenção e seu algoz.

Redenção, porque o situa numa posição de destaque nacional, conquista nova geração de torcedores e consolida as antigas, aufere recursos financeiros — seja pela renda dos jogos, muito prestigiados por sua fiel torcida, seja pelo auxílio advindo da(s) entidade(s) que patrocina(m) a competição, seja por eventuais negociações vantajosas de jogadores, seja pela possibilidade de obter melhores patrocínios —, além de manter-se vivo, porque atuante, durante praticamente todo o ano, circunstâncias essas que propiciam seja hoje considerado o maior clube do Estado.

Algoz, em aparente contradição, porque não raro o tornou presa fácil de dirigentes irresponsáveis, quando não mal-intencionados, sob os olhos de um Conselho no mínimo omisso, ressalvadas as honrosas exceções de sempre. Algoz, porque a necessidade de formar um time de jogadores de melhor qualidade técnica, pela maior dificuldade inerente a uma competição nacional, implica mais dispêndio financeiro, o que muitas vezes não é realizado com a competência necessária. Algoz, porque o insucesso do CRB no Estadual, nos últimos anos, auxiliado pelo “conforto” do insucesso ainda maior do seu maior rival nesse período, acabou por ajudar a que fosse relegada a disputa do Alagoano, por aquele, a uma desimportância de que não se reveste.

Nem só de Campeonato Brasileiro vive um clube no Brasil. É preciso, para manter-se a satisfação da torcida, razão maior da existência de qualquer grande clube, e a tradição — construída não apenas pelos muitos títulos obtidos no passado, mas, principalmente, pelo futuro que somente será construído pelos títulos auferidos no presente —, que se dispute com eficiência o certame regional, que se lhe dê o valor devido, que se busque a conquista do título respectivo. Dificuldades, sabe-se, há a rodo. Mas...

Um comentário:

Marcelo Pradines disse...

Caro amigo André ,

como era de se esperar mais uma crônica precisa e certeira. Relegar o Alagoano a um segundo plano , dada todas as sabidas dificuldades , ainda é um dos poucos erros dessa atual diretoria. Não que seja um erro proposital. Mas é um tremendo erro estratégico. O Alagoano deveria servir de base para alinhar o time para o brasileiro. Criar uma espinha dorsal é fundamental. Quando olho o time do CRB hoje vejo uma espinha fragilizada que sai de Jeferson passando por ? ? ? e terminando em Junior Amorim. Temos um reta e não uma espinha. Um zagueiro , um meia de qualidade construiria essa espinha. Hoje não temos isso.
Mais acredito na seriedade do trabalho que vem sendo feito, criticar é muito fácil , fazer é que exige muito mais que falar.

Um abraço,

Marcelo Pradines