Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O microfone, esse sedutor


Crônica

O CRB foi rebaixado para a 3ª divisão do campeonato brasileiro, após 15 anos. Muito mal administrado há tempos, salvo em raríssimos momentos (2007, por exemplo, para não ir muito longe). Aliás, mal administrado é quase um eufemismo, pois que a administração, em certos casos, foi irresponsável mesmo. Contratações não honradas, ações trabalhistas não defendidas, dívidas estratosféricas mal e nebulosamente (s/transparência) contraídas, e por aí vai. Novidade? Nenhuma.

Rebaixamento sacramentado, eis que surge uma esperança de novos tempos, com responsabilidade administrativa, competência, transparência, seriedade duradoura, senão perene. Não, não vou dizer honestidade. Esta pressupõe-se presente, de antemão. Todas, numa palavra: profissionalismo. O novo presidente-executivo foi aceito, festejado, aclamado. Nele depositadas as esperanças mais genuínas dos alvirrubros alagoanos. Apoio fora dos gramados; apoio dentro. Não bastasse, os torcedores do Galo, liderados pela fidelíssima e vibrante Torcida Organizada Comando Alvi-Rubro, dando um xou à parte mesmo com o time rebaixado da forma que foi. Tudo leva(va) a crer que as coisas seriam diferentes de então pra frente. Mas...

Eis que (re)aparece o sedutor microfone. Nova diretoria posta, microfone à vista — insinuando-se, seduzindo, até pressionando mesmo em algumas oportunidades (como é natural, diga-se) —, e o caldo começa a engrossar (ou seria escorrer?). Com todo o respeito aos novos dirigentes do Galo (bem-intencionados, porém, disto não resta a menor dúvida!), mas tem-se ouvido declarações que ressentem-se de noções basilares de marketing e psicologia, pra não dizer bom senso, mesmo. Desconhecem, seus equivocados apregoadores, do quão ruins são as conseqüências que trazem para o clube discursos infelizes que tais.

A maior delas: alardear-se a péssima situação econômica-financeira da agremiação e, ao mesmo tempo, condicionar a formação de um bom plantel à ajuda dos torcedores. Ora, valha-me! Não se ameaça torcida! Torcedor deve ser estimulado, animado, acolhido, bem referido, elogiado. Deve ser incutida no torcedor a esperança de que as pessoas que assumiram espontaneamente os destinos do clube farão uma boa gestão. O torcedor deve ser estimulado, por ações (principalmente) e palavras, a acreditar na administração do clube e, assim, ajudá-lo. E não ser ameaçado de que o time será esse ou aquele (fraquinho, fraquinho) se o torcedor não chegar junto, porque o clube não teria dinheiro sequer para ir daqui pra ali, se necessário. É possível ser verdadeiro e transparente — aliás, isto sim, é um desejo insatisfeito da torcida — sem, contraditoriamente, tornar-se carrasco ou algoz dela.

Torcedor tem paixão, tem amor. É movido por esses sentimentos. Mas o combustível que dará impulso maior a esse motor é a fé. E somente o clube tem o poder de incutir fé no torcedor, seja por seus jogadores, seja por seus dirigentes. Se o dirigente limita-se a discorrer sobre as mazelas do clube e a cobrar raivosamente a participação econômica do torcedor, inclusive ameaçando-o com a perspectiva de um plantel deficiente caso não “chegue junto”, à toda evidência que esse torcedor irá afastar-se ou retrair-se, porque desestimulado, triste, desanimado ficará. Numa palavra: descrente. Novidade, aí? Nenhuma.

O microfone, pouquíssimos sabem lidar com ele no CRB. E não é de hoje. Futebol, por sua vez, repete-se todo dia, é para profissionais. Não joga bola quem não for profissional da bola. Assim também deve ser com os cartolas. Falar com a imprensa é também para profissionais. E como é! Deixem o microfone para quem com ele tem intimidade. Já passou da hora de regular esse namoro. Antes que o estrago fique maior. Novidade? Nenhuma. Pois é. Este é o (velho) problema. É preciso novidade, aí! Antes que o descrédito se instale, acabando com a única novidade boa que chegou no CRB em muitos anos: o apoio maciço do torcedor a uma direção. E por “culpa” do microfone. Ah! Esse sedutor...



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Também publicado nos sites Futebolalagoano.com e FutNet

3 comentários:

Geraldo Câmara disse...

Obrigado, André, por sua visita ao meu blog do Alagoas em Tempo. Estou aqui para conhecer o seu e dizer que gostei, além de retribuir sua gentileza.
Um abraço
Geraldo Câmara
-seu novo leitor -
geraldo-camara@hotmail.com

Rodrigo Magalhaes disse...

Opa André!

Queria agradecer a visita ao meu blog e te parabenizar pelas postagens de sua autoria, muito boas!

Rodrigo Magalhaes disse...

Sobre este novo post do nosso querido Galo, concordo com sua colocação e visão.O que demonstra que ninguém vai conseguir fazer um time de futebol sem ser profissional.
Não adianta ter paixão e boa vontade, precisamos de profissionais a frente do nosso futebol (exemplo Corinthians-AL), profissionais estes que se faça de um planejamento, que estipulem metas e objetivos e com isso conquiste o apoio da torcida. Não podem estar usando da prerrogativa do momento financeiro vivido pelo nosso grandioso para fazer chantagem perante uma apaixonada e enlouquecida torcida, que, diga-se de passagem, nunca abandonou o Regatas, querendo até ser mais participativa (cadê o novo estatuto? ninguém fala mais nada?) mais infelizmente vivemos em um Estado, onde o coroneralismo impera em pleno século XXI, e impera em todas as áreas e setores da nossa bela Alagoas.
Desde algum tempo que acompanho o nosso Regatas, nunca vi uma presidência ser tão aclamada e desejada, isso demonstra o quanto a torcida está próxima, mais está carente, arredia, precisa de atitudes e de grandes mudanças, precisa enxergar uma profissionalização no clube que sinceramente da minha parte até o momento não estou vendo nada de diferente, precisamos de projetos sólidos para podermos realmente poder ajudar, pra onde foi o dinheiro do meu craque torcedor????Até hoje nunca soube e nunca vi, isso cria descrédito e desconfiança.Ai alguns vão dizer isso aconteceu na Gestão passada...NÃO! Isso aconteceu no CRB e com os seus torcedores que apesar de toda a dificuldade do estado pegam seu suado dinheirinho e fazem questão de ajudar e participar.As pessoas que hoje lá estão já deveriam saber das dificuldades e com certeza antes de aceitar o desafio já sabiam o tamanho do mesmo, e ter estratégias para mudar o cenário atual.Caso contrario estamos entregues novamente a uma diretoria apaixonada, de “boa vontade” mas sem profissionalismo nenhum...Precisamos profissionalizar e moralizar nosso Futebol!!!!!