Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Dá-lhe, mãe!

Crônica
Bem, só pra não deixar de falar sobre esse assunto que virá no próximo parágrafo — tão instigante quanto triste, às vezes, noutras irritante, não raro tudo junto —, estive mais uma vez na vizinha cidade do Recife, neste último final de semana. É que minha primogênita lá reside, de sorte que fui buscá-la para passar parte das férias escolares comigo. Aliás, falando nisto, vou compartilhar outra intimidade minha com vocês, que me honram com o prestígio de sua leitura: ela passou no vestibular para o curso de Direito. Legal, né? Benza Deus...

Mas voltemos, ou iniciemos, o tal assunto. Dessa vez me surpreendi com a torcida do Santa Cruz. Haveria a (re)inauguração do estádio do Arruda e jogo do clube, no domingo. A cidade tava cheia de torcedores ostentando camisas tricolores, carros com bandeiras, uma festa. E olhe que eu estava em Boa Viagem, muito distante daquele bairro que apelida aquele estádio. No sábado, já tinha visto em algumas lojas diversos objetos com a marca dos times de lá, enquanto o Canuto (André) e o Bodão (André, também), por celular (sms) me deixavam informado do jogo do Galo que estava acontecendo naquela tarde em Murici. Cadernos escolares, canetas, e muitas outras bugigangas. Em pleno Xópin! Eita diferença... De onde? Daqui, ora!




O que mais me impressionou foi ao me lembrar que o Santa Cruz nem com participação garantida na Série D está!... E o buzinaço, o orgulho, a resistência e, principalmente, a praticamente nenhuma presença de torcedores com camisas de clubes do sudeste do país!? Oh, diacho! Será que um dia chegaremos lá?


Ainda no hotel, eu conversava com a minha mais nova (10 anos) sobre a politização daquele povo e de sua auto-estima elevada, tanto que às vezes é confundida com bairrismo (tá, às vezes é, mesmo, mas é desculpável; melhor pecar por excesso do que por falta). Percebendo o valor que eles davam às suas raízes, suas atrações turísticas, sua terra, seus clubes de futebol, e como isto era bem recepcionado por mim, ela me perguntou: “Pai, você gostaria de ser pernambucano?, ao que respondi: “De jeito nenhum. Sou completamente alagoano! Mas gostaria que nosso povo e nossos políticos(!) aprendessem com nossos vizinhos a amar, defender, valorizar nossa Alagoas como eles fazem com o que são e têm. Numa palavra: auto-estima. E que se reflete, não há como negar, no futebol, também.” E continuei: “Olha, a sua avó, cuja família tem muitas raízes em Pernambuco, talvez por isto mesmo seja um bocadinho assim. Bocadinho, não; na verdade, um tantão. E talvez eu tenha aprendido com ela. O que você exaltar de outro lugar, ela, embora possa compartilhar de sua opinião, aceitando-a, sempre que possível ressaltará algo, semelhante ou não, também de nossa cidade ou nosso estado. Quer ver?, experimente dizer pra ela, com certo espanto, que Recife estava lotado de turistas. Ela certamente aceitará sua informação, mas acrescentará, com jeito, que Maceió também está. Faça o teste quando voltarmos.” Ela sorriu e assim encerramos o papo.


Sim, claro que eu vi torcedores do Náutico e do Sport vestidos com as camisas de seus respectivos clubes. Citei o Santa Cruz porque o jogo que lá haveria naquele domingo, dia em que o Arruda voltaria a sediar jogos, tinha incrementado a presença de seus torcedores nas ruas. De todas as idades, diga-se! Muito diferente de Maceió, o que dizer-se do restante do estado. Mas havia de todos. De fora, vi um, de um time do Rio. Só um.


Aliás, falando em Maceió — e vou enfatizar a parte norte da cidade — ver alguém vestindo camisa do CRB ou do CSA na rua, fora de dia de jogo, é muito difícil. Menos ainda deste último, mas certamente por conta do tempo que seus torcedores vêm minguando sem um calendário em que possam acompanhar seu clube durante todo ou quase todo o ano. Mas o fato é que são poucos, inclusive do CRB. Dá uma olhada na orla, naqueles horários de caminhada (nem a pau que vou dizer “jogging”. Puááá! Sai daí! Oxe!). Coroa, então, nem pensar. No máximo adolescente, vinte e poucos anos... Salvo exceções, claro. Você vê o pai, a mãe e a criancinha (só ela) com a camisa do clube. Será que o pai alagoano tem vergonha? Isto também varia de acordo com a classe social. Quanto mais abastada, menos camisa de CRB ou CSA veste (ou ASA também, claro; é porque, com todo o respeito, estou dando mais ênfase aos mais tradicionais). Coisa impressionante, mermão! (sim, leitor, nem sonhe que vou dizer “brother”, porque não vou mesmo. Sou brasileiro, cabra veio! Uma ova, que eu digo). Huummm, to ficando muito ranzinza... Será que é a idade?


Vixe Maria, que já escrevi muito! Vou parar. Sim, já ia esquecendo! Quando voltamos, a Nandinha, recordando-se da nossa conversa no hotel, comentou com minha mãe sobre a imensa quantidade de turistas que havia em Recife neste último fim-de-semana. “Imagino... Não vê como está aqui em Maceió?!”, respondeu minha mãe. Dá-lhe, mãe!
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Também publicada no sítio FutebolAlagoano.com

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