Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

De dezembro pra cá

Crônica
Desde a última vez, ainda no ano passado (22/12), volto hoje trazendo a vocês alguns fatos que percebi de lá pra cá, relacionados(as), naturalmente, ao nosso futebol. Infelizmente, não são legais. Fazer o quê? Num vou mentir...

Começo voltando ao microfone. É, o sedutor sobre o qual escrevi ainda no início daquele dezembro findo. Vocês perceberam que apesar da calmaria que, depois, pareceu reinar no Galo — retratada, por exemplo, no aparente clima de harmonia que se viu reinstalado na diretoria do CRB durante o organizado e interessante lançamento da Nova Era 2009 —, eis que, entretanto, durou pouco, regressando novos dias de muita conturbação no ambiente da Pajuçara, com indevida repercussão na mídia e, claro, nos seus microfones? Bem, parece que agora a brisa vem tomar o lugar da ventania. Menos mal. Antes (meio) tarde, do que nunca. Que tenha vindo pra valer. Esse microfone...

Passo ao CSA e suas involuntárias mudanças de técnico. Caramba! Que tristeza o retrato que disto se tira e se estende ao nosso futebol, hein? Quem te viu, quem te vê... Estamos perdendo técnico pra tudo o que é estado. Não bastasse Sergipe, agora até para clube do interior de Pernambuco (com todo o respeito!). Ambos de menor tradição do que o futebol alagoano (respeito novamente salientado). Eita, capeste! A que ponto chegamos... O que fizeram com o nosso futebol!

Finalmente, trago agora a festa de Ano Novo a que compareci aqui em Maceió. Queria até evitar esse tema, mas é inevitável. Deparo-me com ele várias vezes, nas mais diversas situações. Como nessa, que vou contar. Tava tocando uma banda de Belo Horizonte (quer dizer, não sei se da capital, mesmo; mas de Minas era, certeza). Certa hora o vocalista perguntou se tinha alguém do Galo, ali. Não, não imagine que eu realmente tenha pensado que ele estava se referindo ao Galo de Campina, o Galo da Praia. Tá, vá lá, tive uma esperançazinha de nada que fosse. Mas qual o quê?! Logo em seguida perguntou se havia do Cruzeiro, para, frente às poucas vozes que suponho tenham se erguido (não as ouvi), continuou: — Então tá cheio de Flamenguista aí, né? E do Vasco? Alô, pessoal do São Paulo, do Corinthians... — e por aí foi. Eu tava longe do palco, mas ainda berrei (não sem alguma timidez, porque me sentia só no meio da multidão): — P... de Flamengo, ô rapá! CRB!, c...! Aqui tem time, p... (as reticências, explico, é porque os termos que ela encobre são impublicáveis). Os caba ao meu lado olharam-me como quem diz: Ôxe, quem é esse doido? Devem ter pensado: CRB? Quá-quá-quá... Ou, escrevendo em eme-esse-enês: kkkkkkkkk...

Regatianos e azulinos, o vocalista não citou nossos principais clubes uma mísera vez. Se não os conhecia, nosso futebol tá tão desmoralizado que nem se deu ao trabalho de procurar se informar. Feito pelo menos, por exemplo, esse pessoal do teatro, que procura aprender algo de pitoresco da cidade quando vem de fora dar algum espetáculo e insere-o na peça. Pior: ninguém protestou! Talvez algum maluco, isoladamente, como eu. Havia turistas, sim, mas a imensa maioria era de conterrâneos. E se assim foi porque a festa era privada e na praia? Então definitivamente perdemos torcedores nesse extrato da nossa sociedade? É provável. Aliás, não é a toa que são exatamente os bares da orla e cercanias que vivem lotados de alagoanos torcedores de times do sudeste do país, vendo-os pela TV. O fato é que, ali, a certeza entrou-me goela (e orgulho) abaixo: não havia alvirrubros, não havia azulinos. Se havia, calaram-se. Vergonha? Não sei. Talvez na hora ficaram satisfeitos com a lembrança do seu “2°” time. Quem sabe? É triste. Ou não é?

Bem, vou parar. E quanto a nós — que sequer podemos dizer que a nossa terra é exclusivamente dos nossos times (hoje sequer são os donos das maiores torcidas, creio) —, e que queremos ver o nosso futebol forte novamente, precisamos deixar o comodismo de lado, chegar junto, oferecer ajuda (de todo o tipo), apoiar (sem ingenuidade, claro) as pessoas que lá estão, dirigindo nossos quase centenários clubes, enfrentando as dificuldades com a coragem do melhor alagoano. Afinal, não se enganem: somos também responsáveis pelo que fizeram com o nosso futebol. Nem que seja pela nossas omissão provinciana e baixa auto-estima já encruada com cara de normal.
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Também postada no sítio FutebolAlagoano.com

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