Recado aos alagoanos

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sábado, 20 de setembro de 2008

Sobre ilusão e... masoquismo?!

Crônica
Que me desculpem os que aparentemente se chateiam por existirem torcedores, e mesmo profissionais (dirigentes, jogadores, jornalistas, cronistas, radialistas, etc.), que personificam a velha máxima, “a esperança é a última que morre”, e, por isto, fiados embora nesse derradeiro sopro de vida — como é a probabilidade de vir o CRB a não cair —, resistem, entretanto, até o fim. Sinto-me no dever, até em atenção aos tantos bravos alvirrubros que estavam no estádio no último jogo e que, por isto mesmo, não jogam a toalha antes do tempo, modestamente alinhavar mais algumas palavras acerca do inusitadamente polêmico tema.

Pois bem, meus caros, de há muito dizem alguns que é ilusão ter esperança de que o CRB poderá não ser rebaixado. Que defender a resistência até enquanto houver esperança é vender ilusão. Que ter fé, acreditar nessa possibilidade — enquanto esta naturalmente existir — é viver na ilusão. Lamentavelmente confundem alhos com bugalhos. Confundem ilusão com luta, ilusão com coragem, ilusão com fé. Confundem probabilidade com fato consumado. Prognóstico com diagnóstico.

Ora, uma coisa é o desconhecimento das dificuldades do clube, das mínimas probabilidades de vencer os obstáculos futuros e, a partir desse descompromisso com a dura realidade, alardear a recuperação como algo facilmente realizável. Outra, bem diferente, é não os desconhecendo — antes, ao revés, por conhecê-los —, resistir, lutar, acreditar na única coisa que realmente é inegável para o time: a possibilidade de manter-se na disputa. É possível. E se o é — e o é —, não há ilusão em agarrar-se nesse fio de esperança que resta, por mais tênue, frágil e esgarçado que já esteja. Ele existe porque é possível. A matemática que quer desanimar (com sua cruel probabilidade) é a mesma que pode dar coragem (com a certeza incontestável da possibilidade). Fiar-se na esperança que se sustenta no que é possível não é ilusão, meus leitores e leitoras. É fé. E a fé no que é possível jamais pode ser tachada de ilusão. Salvo por equívoco... Bom..., aí, só aí, será perdoável a confusão.

Não há confundi-los, tampouco, com masoquistas. Se não são iludidos, o que dizer-se de masoquistas? O equívoco, aqui, é ainda de maior quilate! Com efeito, ao contrário do que lamentavelmente se disse, aquele que não desiste, que tem esperança, que mantém a chama acesa até o suspiro final — se ele vier, mesmo — é exatamente o sujeito mais feliz. O feliz não tem medo da felicidade, por mais difícil e improvável que se lhe pareça alcançá-la. Não foge da luta, não entrega os pontos. E assim age porque busca, acima de tudo, alcançar aquilo que lhe deixará... ainda mais feliz.

Não se confunda, por favor, o sofrimento pela batalha perdida com gosto por ela. O equívoco é quase imperdoável! Quem gosta da batalha perdida não luta pela que pode (possibilidade) vencer. Desiste antes. Este pode ser masoquista. Ou não. Mas os que não desistem, meus caros, estes jamais o serão. São o seu escancarado oposto e, porque o são, têm a coragem de não desistir enquanto possibilidade — logo, esperança — existir.

Parabéns, pois, aos que não desistem e lutam até o fim. Isto é para poucos, infelizmente. Mais parabéns, ainda, aos que não são mágicos. Não tentam fazer do amanhã provável o hoje. Finalmente, felicito os que, tendo a voz ou o teclado, conseguiram, também eles, ser felizes e terem fé e, assim, entenderem o que significa ilusão e masoquismo.
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Escrita ontem, 19/09/2008
Também publicada nos sites FutebolAlagoano.com e FutNet

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