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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Psicologia no futebol (CRB): tudo a ver

Crônica
Não sou psicólogo. Mas isto não me impede, como curioso da psicologia, de constatar sua importância fundamental para o esporte, notadamente, para o futebol. Aliás, além de alguma compreensão teórica — no âmbito e nos estritos limites, claro, de leigo que sou —, vivenciei experiência prática extraordinária nessa seara. Foi durante os últimos jogos do Campeonato Brasileiro da Série B/2006, cuja história rendeu até um conto, “Uma inesquecível história de amor, garra e fé”, postado inicialmente no Blog do AnDRé fALcÃO (http://afalcao.blogspot.com) e depois, onde ainda está, no BOLAGOANA (http://bolagoana.blogspot.com). Narra a passagem fundamental, emocionante e inesquecível da psicóloga Dra. Helena pelo CRB, a este levada, com muito orgulho e alegria, por mim e um grupo de abnegados amigos alvirrubros. Quiser conhecê-la, caro(a) leitor(a), será uma honra e um prazer contar com o prestígio de sua visita.

Pois bem, nomes respeitados apontam nesse sentido (da importância do psicólogo para o futebol), do que é exemplo o de Regina Brandão(*), para quem “um atleta sem uma preparação psicológica adequada que lhe permita desempenhar-se bem sob pressão, competir com dor, concentrar-se, manter o foco, ter sentimentos positivos e participar das competições sentindo-se confiante e tranqüilo, terá poucas chances de alcançar uma boa atuação. Isto porque, no alto nível, as habilidades esportivas de diferentes esportistas se igualam. Portanto, precisam mais do que um alto nível de treinamentos físicos, técnicos e táticos, eles precisam estar bem preparados psicologicamente. Assim, aos atletas são necessários três requerimentos básicos para a excelência no esporte: talento, treinamento intenso e ‘cabeça’ (ORLICK, 1986).”

O respeitado Paulo Ribeiro(**), por sua vez, perguntado sobre a importância da psicologia no desempenho do jogador de futebol, assim dispôs: “Depende de que categoria falamos. Se pela formação, a base, a psicologia entra como fator fundamental juntamente com o Serviço Social, pois funciona como alicerce da estrutura emocional de um garoto que inicia sua prática esportiva e precisa conhecer seu corpo, suas possibilidades, limites e frustrações. Portanto, nesse caso, a Psicologia entra como processo intrínseco à formação do atleta. Já no esporte de alto rendimento, equipe profissional, a Psicologia entra como grande aliada na melhora da performance individual e de grupo. Lida com os mais diversos sentimentos que apontam um grupo de pessoas reunidas, ou seja, trabalha com as vaidades individuais, com as dificuldades de relacionamento e suas variantes. Trabalha com dinâmicas de grupo, trabalhos motivacionais, testes de ansiedade e atenção concentrada e também na elaboração do perfil do atleta para que treinador e auxiliares possam entrar mais a fundo no âmbito da personalidade de seu jogador. Não da para discorrer sobre todos os aspectos numa breve entrevista.

Não por outra, o célebre jornalista e escritor Armando Nogueira tenha asseverado, com todas as letras: “Queiram ou não queiram os doutores do futebol, jogar bem ou jogar mal será sempre reflexo do estado mental em que se encontre uma equipe. Não só de pernas vive um grande time."(***)

Da minha parte, modestamente tenho tentado, desde 2007, alertar para a importância de dotar-se o clube de um profissional psicólogo. Não seja a Dra. Helena, se a preferência for por outro profissional. Mas que se o tenha. Não venho obtendo muito sucesso, entretanto. Do final de 2006 pra cá, salvo por uma pequena participação de um escritório de psicologia no Campeonato Brasileiro - Série B do ano passado, nunca mais o Galo recebeu essa atenção. Desde as criadas por treinador — que soube, à época (2007), não era favorável ao ingresso de um psicólogo no Galo —, até aquelas levantadas, por exemplo, por puro preconceito (pré-conceito) ou ignorância (que leva ao preconceito) ou dificuldades financeiras (mesmo quando não haveria custos) —, sempre foram (e são) muitas as dificuldades erguidas.

Aí me vêm as perguntas que não querem calar: será que se o CRB, formado hoje, inclusive, por muitos jovens inexperientes, recebesse um trabalho psicológico, não teria estado melhor preparado (mental e emocionalmente) para estrear na Série B enfrentando o Corinthians Paulista, em pleno Pacaembu? Será que deixaria escapar, tão grotesca e desatenciosamente, a vitória para São Caetano/SP, Vila Nova/GO e Bragantino/SP? Será que levaria 2 gols, em 5 minutos, para este último, no final do jogo?

Pode ser. Pode ser que levasse, sim, os 2 gols. Pode ser que sofresse, sim, os mesmos resultados. Afinal, psicólogo não é garantia de vitória, tampouco a panacéia, remédio para todos os males. Mas..., será?
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(*) Conforme o sítio Arenasports, na internet, é psicóloga, com pós-graduação em Psicologia do Esporte pelo Instituto Superior de Cultura Física de Havana - Cuba, mestre em Desenvolvimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (RS) e doutora em Ciências do Esporte pela Unicamp, São Paulo. Trabalhou em grandes clubes do futebol brasileiro (São Paulo/SP, onde iniciou no futebol profissional, Internacional e Grêmio/RS, Santos e Palmeiras/SP), além da própria Seleção Brasileira de Futebol pentacampeã mundial. Mais recentemente trabalhou na Seleção Portuguesa de Futebol, em sua preparação para a Eurocopa 2004 e Copa do Mundo 2006. Conviveu com treinadores como Celso Roth, Paulo Autuori, Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari.

(**) Psicólogo formado pela Universidade Gama Filho – RJ, com pós-graduação em Psicologia Medica e Psicossomática, Especialista em Psicologia do Esporte e Psicologia Clinica. Atualmente ensina na pós-graduação da Universidade Veiga de Almeida e trabalha no Dept° de Futebol Profissional do Clube de Regatas Flamengo – RJ (
www.pauloribeiro.com.br).

(***) Jornal “Estado de São Paulo”, 21/04/1999.
Também publicado no sítio FutebolAlagoano.com

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