Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quem está acima do bem e do mal?



Crônica

Grande parte da imprensa do sudeste do país é claramente tendenciosa em favor dos seus clubes de futebol. Algumas redes de televisão o são escancaradamente; outras, veladamente, tentando parecer desvestidas de tendência em prol de A ou B. Tenho a compreensão de que há os mais diversos interesses em jogo — não apenas paixão por tal ou qual time —, notadamente financeiros. A defesa do grande capital, que lhes financia, nutre e sustenta é um dos fatores que dão o tom (tendência) de suas matérias jornalísticas e impressões. Quem? Quais os jornalistas — ou radialista(s) ou cronista(s) —, exatamente? Não vem ao caso. É a minha interpretação do que vejo, leio, escuto. Não preciso dizer nomes, nem busco ver nomes vestidos na respectiva carapuça. O que não me impede, enquanto leitor, ouvinte ou telespectador de continuar achando, expressando a minha opinião.

A revista de circulação nacional de maior tiragem — e, naturalmente, seus jornalistas — é, segundo penso, claramente tendenciosa em desfavor do presidente do país e do partido ao qual integra. No mesmo norte, com alguma ou algumas diferenças, os jornais grandes brasileiros (igualmente integrantes da imprensa grande, não necessariamente da grande imprensa, que é outra coisa) e, até, o mais badalado programa de entrevistas da televisão brasileira. Todos negam, ou negarão, se forem questionados. Taxativamente. O que não me impede de assim continuar interpretando sua prática, e expressando a minha opinião.

Acho que boa parcela dos políticos brasileiros é mal intencionada. Entendo que o nosso Congresso Nacional é, infelizmente, prenhe deles. Penso que a criação da CPI da Petrobrás, por exemplo, é casuística e tendenciosa, tendo como objetivo escamoteado criar embaraços ao presidente da nação e à eventual candidata de sua preferência. Mas os políticos que a defendem têm outro discurso — de defesa da maior empresa pública nacional, entre outras justificativas mais nobres —, o que não me impede de interpretá-la como o fiz.

Outro dia acompanhei pelo noticiário uma perícia criminal realizada por respeitado profissional (a rima com o “al”, por favor, foi completamente involuntária, mas você naturalmente pode pensar não o foi), contratado pela parte acusada do crime. O resultado — oficialmente tido como restrito a parâmetros eminentemente técnico-científicos — foi completamente diverso daquele resultante da perícia dita oficial. Ficou-me a impressão de que seu trabalho fora tendencioso, vale dizer, favorável ao capital que o remunerou. Talvez não o tenha sido. Minha análise não é a de um experto. Mas é como senti.

Às vésperas de um jogo de futebol recente tive a nítida impressão de que a maioria da imprensa estava tendenciosamente favorável a um dos lados, justamente aquele que sofreria, para muitos, o maior prejuízo acaso vencido o fosse. Talvez — provável, até —, que assim tenha atuado movida pela torcida pelo clube objeto de sua predileção, não raro escondida. O certo seria que vingasse a imparcialidade. Mas, segundo compreendi, não o foi.

Alguém, portanto, que se ache injustamente atingido por matérias jornalísticas (ou de opinião), pode naturalmente interpretar que o foram para atender a interesses outros que não os exclusivamente ditados pela consciência imparcial do jornalista ou legítima compreensão do cronista. E todos que exercem um mister “público” estão sujeitos a ter seus atos interpretados, principalmente quando se é, ou o veículo correspondente, (licitamente) remunerado, direta ou indiretamente, por quem da crítica pode se beneficiar, segundo o juízo de outrem. É o ônus que se paga pela paga. Provavelmente por isto muitos profissionais da imprensa (ou na imprensa) omitam seu eventual time do coração, quando o tem. Para não sofrer o ônus que se paga por sua exposição. É que todos estão sujeitos a ter sua conduta ou opinião questionadas quanto à imparcialidade com que se conduziram, e quanto às razões (lícitas, porque ilícitas imprescinde de provas) que nortearam a sua fala ou escrita tida por tendenciosa.

E ninguém está acima do bem ou do mal. Nem mesmo a imprensa.


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*Foto: Futebolalagoano.com


*Tb publicada nos sítios Futebolalagoano.com e FutNet

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