Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sem matar a cobra, não dá


Crônica
Não se mata cobra venenosa cortando-lhe apenas o rabo, ou dando-lhe cascudo na cabeça pestilenta. É pra ser de uma porrada só. E o quanto antes. Porque mantê-la viva, seja pela porretada ineficaz, seja pela demora em desferi-la, permite que mais estragos ela os promova. Os erros que a gente comete são às vezes como a cobra. Ninguém está livre de cometê-los, nem mesmo aqueles de quem, pelo seu ofício, não se espera os cometa. Mas o importante é consertá-los, tão rápida quanto eficientemente. Pela cepa, arrancando-lhe fora até à raiz. Assim na vida, assim no futebol. Assim no CRB.

O grande erro do então arrumado, unido e em evolução CRB foi, ao menos inicialmente, menos a contratação do técnico Arnaldo Lira, e mais a incapacidade de reação face ao danoso acolhimento dos jogadores vindos com ele, de mala e cuia. Jamais poderia tê-los aceito. Seja porque, vindo de onde vieram (com todo o respeito), não poderiam ter cacife pra tanto; seja porque acabou com a união do valoroso grupo pré-existente, arduamente construída. Depois o erro deu frutos, traduzindo-se em nova inércia do clube para corrigi-lo, agora face às tão desastrosas quanto inacreditáveis e revoltantes declarações do treinador — certamente construídas para justificar a vinda descabida do time que trouxe —, desmerecendo a qualidade daqueles que aguardavam o seu comando. E aí a equivocada agressão é dúplice: seja porque não correspondia à realidade (o time era bom), seja porque simplesmente não se pode aceitar venha de um técnico, o que dizer-se de um, como aquele, recém contratado.

Veneno posto, veneno disseminado. E o remédio, como se vê, além de injustificadamente demorada a sua prescrição, tampouco o foi na dose certa. É a tal história da cacetada eficiente (remédio) na cabeça da cobra (problema). Com a saída do goleiro, finalmente decidida após suas duas declarações inaceitáveis — venenosamente jogadas na mídia — e gritantes falhas de ofício, talvez se tenha definitivamente dado a porrada que a cobra, trôpega mas não morta, já tardava a receber.

Erros à parte — e quem não os comete? —, o que importa observar é que nada, nada mesmo, está perdido. O CRB tem jeito. A Série C pode, ainda — não sem esforço, naturalmente —, ser o degrau escalado à volta à Série B, e não àquele escorregado à D, que os realistas de plantão partem a desde já vaticinar e alertar. Tem uma diretoria atuante, que tem-se verdadeiramente esforçado para vê-lo de volta à elite do futebol brasileiro. Tem uma torcida apaixonada e, não bastasse, ativa e esclarecida. Exigente, mas Acima de Tudo fiel (como diz meu amigo Carlinhos Almeida, fazendo perfeito trocadilho com a valorosa ONG presidida pelo novo amigo João Hélio).

Principalmente, caro leitor, tem um bom time. Sim, tem um bom time. E não só no papel. Não se pode deixar que a falta dos resultados tenha o condão de trazer o pessimismo, o desestímulo e a descrença à Pajuçara e a seus torcedores. Quem assistiu aos jogos contra o ASA e o Confiança sabe que os resultados não espelharam o que foram. O CRB, teoricamente ou em campo, pode vencer qualquer um dos seus adversários. Tem plantel e futebol pra isto.

Só é preciso limpar os restos da cobra. Dar tranquilidade, confiança, valorização e estímulo aos jogadores que querem dar o sangue pelo clube. Resgatar o respeito e a união atacados. E isto já a partir de cada membro da diretoria em relação aos seus pares. É preciso deixar que o sol volte a brilhar na Pajuçara. Antes, aí sim, que seja tarde demais.
________________
Também publicada no sítio FutebolAlagoano.com e FutNet

Nenhum comentário: