Um mea-culpa e uma situação no tempo!
Essa crônica foi escrita na noite do dia 04, próximo passado, mas não tive tempo para postá-la no blog. É lasca, né? Tempo pra escrever, mas não pra postar (a rigor, é o mais rápido). Como para o sítio FutebolAlagoano.com, onde tenho uma coluna, é só um clique - basta enviar pra lá como anexo num emeio (emeio, assim, aportuguesado mesmo, como vi na Caros Amigos e achei massa!) -, lá o foi na manhã do dia seguinte.
É a respeito do inferno astral em que se envolveu, por sua própria culpa (diga-se), o ex-treinador do CRB, Arnaldo Lira, poucos dias antes de ele cair (também porque fez por onde). Entretanto, após uma determinada entrevista em que fazia críticas, digamos, pouco ortodoxas a parcela da imprensa esportiva alagoana, o sujeito foi de tal modo por ela bombardeado, que entendi já o era desproporcional, meio defesa corporativista, sacomé? Assim, saiu a crônica que segue e, lamentavelmente, é só agora postada. Boa leitura e minhas desculpas!
A vítima: a cozinheira do Clube de Regatas Brasil. Pobre mulher, pobre operária, pobre artista do fogão vermelho.
O algoz (com o perdão da redundância, mas deixem-me sentir o prazer de repetir seu nefasto nome): Lira. Sim, Lira, o terrível!
O perdão: peço aos diretores do CRB, que imploraram o meu silêncio. Em vão. Não posso negar à sociedade o direito de conhecer sua (dele) maior injustiça, sua maior crueldade, sua maior indelicadeza. Seja pelo ato, em si, seja pela vítima, uma humilde cozinheira.
Foi assim. Fui ao café-da-manhã oferecido na Pajuçara na terça-feira última. É, aquele que teria sido boicotado pela imprensa — se o foi (sou desligado demais), compareceram, entretanto, vários colaboradores e conselheiros. Cheguei atrasado (umas 8:30h), acomodei-me, e fiquei por ali, jogando (sem trocadilho) conversa fora. No campo, os atletas treinavam, vigorosamente! Com eles, além de alguns membros da Comissão Técnica, ele. Sim, ele, o (arghh!!) Lira. Aproveitei para dar uma olhada na Pajuçara: tá arrumadinha demais. O clima, entre os presentes (convidados ou diretoria), melhor, impossível. O treino, apesar da presença dele, transcorria na mais absoluta normalidade. Salvo pelo notório empenho dos jogadores e, pasmem os incrédulos, até do Da Silva, do Rafinha e do Aragoney, há pouco protagonistas de desagradável, digamos, incidente, na Paju. Soube que antes da chegada dele (é, do Lira; é que não gosto de ficar citando seu nome) também houve uns episódios desagradáveis com os dois primeiros (vê, só! E eu nem sabia, óia! Pensava que tinha sido a partir da chegada do desbocado treinador).
Pois bem, tirando a corrida do Da Silva em volta do campo após o treino, reinava a paz na Pajuçara. Ah! A propósito, susto da pega vê-lo correndo numa disposição só! Não fosse o cabelo amarelo, diria que estava ainda dormindo; mas me belisquei, vi que estava acordado, e constatei o tom dos cabelos do, segundo soube, 4kg mais magro meia-armador. Até que foi servido o café. E que café, meus amigos! Hummm..., só de lembrar, tô salivando. Escrevendo e salivando. Uns 6 tipos de fruta (belas e suculentas), macaxeira (molinha, molinha), charque, salsicha, queijo muçarela (estranhe, não: é com “ç”), presunto, 2 tipos de bolo, bolacha, biscoito, sucos e, claro, café com leite. Ufa! Acho que só. Só? Cafezão, rapá!
Sentei-me em uma das mesas. Conversava, comia, conversava, comia. Repeti uma vez. Voltei a conversar e a comer. Continuo salivando, danou-se! Foi quando, já encerrada a aprazível tarefa, vinda da cozinha, aos prantos, a nossa vítima (digo, a vítima “dele”): a querida cozinheira. Chorava, soluçava, inconformada, inconsolável. Foi um custo fazê-la acalmar-se, até para que se pudesse entender o que finalmente ocorrera. Após uns dois tradicionais copos de água com açúcar, e algumas palavras de conforto, eis que ela conseguiu, no meio de todo aquele sofrimento, balbuciar: e-e-e-ele na-na-não ve-ve-io to-to-to-tomar (quase que não saíam as palavras de seus lábios trêmulos) — respirou fundo e disse de uma só suspirada, quase gritando, e quase com raiva — o café-da-manhã!!! Ora, claro que na hora não entendi “quem” não fora prestigiar o bendito café-da-manhã, preparado com tanto capricho e amor pela cândida e dedicada funcionária. Quem, afinal, teria sido capaz de tamanha indelicadeza, se é que poderia existir um sujeito assim na face da terra, o que dirá na Pajuçara. “Quem, pobre senhora?”, perguntaram todos os presentes, quase que numa só voz. “Quem fez-lhe isto?”, indaguei-lhe, com o coração aos sobressaltos. “Ele”, respondeu. “Ele”, repetiu, apontando seu dedo fino, longo e acusador na direção do campo onde ainda treinavam os jogadores. “O Seu Lira”, esclareceu, para que não remanescessem dúvidas da autoria do quase-crime que desafortunadamente testemunhei.
O silêncio foi geral. A dor em cada semblante era indisfarçável. Um misto de raiva e de pesar abateu-se sobre a Pajuçara, ao menos sobre todos nós, antes tão felizes. Isto mesmo — caros e, certamente, consternados e revoltados leitores, tal como eu ainda me encontro —, lá no campo, trabalhando incansável e freneticamente com os atletas do CRB, em pleno treino (pasmem!), o treinador Lira. O café-da-manhã fora posto, e enquanto nos deliciávamos com seus quitutes, e enquanto os jogadores treinavam no campo, o cruel e insensível treinador lá permaneceu: treinando-os, trabalhando. Dá pra acreditar em tamanha vileza?
Nenhum comentário:
Postar um comentário