Recado aos alagoanos

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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sobre cascudos corretivos

Crônica
Sabe qual é a salvação dos “cabras de peia”? A civilidade. Porque é graças a ela que muito sujeito sem-vergonha escapa de levar uns “croques”. Não estou querendo, aqui, defender o uso do desforço físico em represália a arbitrariedades praticadas por árbitros de futebol (com trocadilho), sejam elas decorrência de incompetência ou de intenções escusas, mesmo. Até porque a culpa maior dessa sucessão de erros gritantes — vou chamá-los assim, por civilidade (olha ela aí de novo) — que se vê nos gramados de futebol é, de um lado, das velhas e carcomidas regras do futebol, que não permitem sejam corrigidos ou revisados, durante ou após a disputa (para o resguardo do espetáculo e proteção dos próprios árbitros), e, de outro, da inoperância dos órgãos que têm a incumbência de reprimi-los. E naturalmente que a minha irresignação não se dirige àqueles lances do jogo de difícil marcação, que, outrossim, não retratam incompetência, muito menos dá ensanchas a que se os imagine resultantes de vontade deliberada de prejudicar um dos times, movida sabe-se lá por qual estímulo.

Mas o que aquele indivíduo fantasiado de árbitro de futebol fez com o CRB em Natal/RN foi vergonhoso. Aliás, não só o CRB é vítima contumaz desses caras travestidos de árbitro: o CSA também o foi (pra não ir muito longe, durante o Campeonato Brasileiro da Série C/2008), e que eu saiba nada aconteceu contra eles. “Mas, ah!” — podem dizer alguns —, “se o clube tivesse sido mais competente nas finalizações, se fizesse a sua parte, esses erros seriam absorvidos pelo resultado favorável experimentado por aquele que foi vítima do erro.” É verdade. Mas a eventual incompetência, ou mesmo falta de sorte de um time, não pode servir de perdão à incompetência ou mesmo de excludente da ilicitude de um árbitro. Tivesse o CRB sofrido um gol legítimo do ABC, teria perdido porque não foi competente, teve falta de sorte, o que for. Mas perder em decorrência da ingerência determinante de um ato incompetente ou de má-fé de um árbitro não é admissível. E nesse sentido acho que estamos meio acostumados, na nossa civilidade, a tolerar que tais fatos ocorram sem maiores conseqüências.

No meio dessas reflexões fico sabendo que um ou outro dirigente e um ou outro membro da imprensa do estado extravasaram suas emoções um pouco além do que para alguns recomendaria a nossa perseguida e idolatrada civilidade. Também soube que sofreram críticas por isto. Não, qual o quê!, nada muito grave, leitor. Só um xingamentozinho aqui, outro ali, esbravejados no calor da emoção por quem viu seu clube do coração sendo injustificadamente prejudicado (aviso que estou moderando as palavras em homenagem à nossa civilidade, sempre ela!). Ora, não podemos esquecer que somos humanos, que temos sangue correndo nas veias, que futebol é paixão, que mexe, outrossim, com nossas emoções e sentimentos muitas vezes recônditos e adormecidos. É necessário domá-los? É. Mas também é necessário a quem deles tripudia acautelar-se? É, também. A civilidade é, muitas vezes, uma via de mão-dupla, principalmente quando a sua falta desperta naturais arroubos de defesa, na vítima. E nem um cascudo, um mísero “croque” o tal cabra de preto levou.

Penso mesmo que talvez fosse interessante é que estivesse apitando aquela peleja no Iraque. Não, o de hoje, não. O do finado Sadam. A reprimenda que sofreria certamente não ultrapassaria os limites da peculiar civilidade. De lá. Não sei porque, mas nessa hipótese acho que ele não iria marcar aquele pênalti...
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Também publicado no site FutebolAlagoano.com

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