Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pera'í! E a física nessa história?

Crônica
Você, benevolentíssimo leitor ou leitora, dado que o assunto do momento é o rol de proibições da briosa (aqui, pelo menos, não há ironia) Polícia Militar de Alagoas, minudentemente preparado para o aguardadíssimo e perigosíssimo Clássico das Multidões, certamente está imaginando que vou me insurgir contra a proibição do ingresso no Trapichão de tambor, bumbo, zabumba, ganzá, tamborim, reco-reco, cuíca, violão, violino, flauta, harpa, bateria, guitarra, baixo, contrabaixo, cavaquinho, piano, pandeiro, órgão eletrônico, sanfona, ou qualquer outro instrumento musical que exista ou que se possa, ainda mesmo às vésperas da hora do jogo, inventar. Absolutamente, não! Tampouco com a manutenção da proibição de bandeiras investidas em mastros de bambus, mogno, cerejeira, compensado vagabundo, palha de coqueiro, rolete de cana, palito de picolé, madeira de lei, ou coisa que o valha. Também, não!

Acho, aliás, que será uma experiência interessantíssima, inclusive para que a gente possa dela se vangloriar frente a outras capitais do país onde as autoridades não têm com a população o mesmo cuidado que se vê aqui. Talvez acrescentaria, apenas, a proibição do uso de vestes ou de qualquer outro material que identificasse o clube do coração, para o qual você vai ao estádio torcer. Eu, digo logo, iria de preto. Estaria mais adequado ao clima que se pretende lá impor. Vou além: acho vermelho muito violento. Cor de sangue. Deve incitar a baderna, sem dúvida. Por isto mesmo, deixo, inclusive, ao Galo, a sugestão para que mude de cor. Quem sabe todo branco, como o Santos do Pelé que dá nome ao campo de guerra? O CSA, nesse particular, estaria a salvo, com o seu azul já naturalmente calmo e pacífico.

Entretanto, confesso que não entendi um detalhe. Mas desde logo já me penitencio e, consequentemente, absolvo, no mais íntimo âmago do meu ser, as autoridades responsáveis. Se não entendi, como de fato assim o foi, é porque não sou do ramo, não estudei as mais diversas teorias sobre segurança de massas (aglomerações populares) certamente existentes, jamais sentei meu traseiro nos bancos escolares de um curso desses, e as únicas massas que tento controlar, não raro sem sucesso, são meus três filhos quando estão juntos e sós há mais de 15 minutos. Portanto, longe de mim meter-me ao bam-bam-bam da prevenção de caos, ao “cão chupando manga”, ao leitor de disco, ou mesmo escalador de azulejo, quando o assunto é segurança de muita gente em algum espetáculo, e por aí vai. Mas a sensação que tenho é que esqueceram de Newton. E isto é que me preocupa.

É que nos bancos onde, aí sim, sentei algumas vezes meu traseiro, aprendi que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo.” Foi, foi Newton, mesmo. Lembrou bem você também. Então, se é assim ainda, como penso que é, como pode aquela distribuição de torcidas, sem que não tenham ferido de morte o já morto físico?

Vê, só. Acompanhe meu raciocínio. Tô já acabando. 1) Puseram à venda, segundo soube, mais de 12 mil ingressos. 2) À torcida do CSA, mandante desse jogo, reservaram as chamadas “grandes arquibancadas”. 3) À do CRB, teoricamente visitante, as pequenas arquibancadas atrás dos gols, onde não cabem mais que 2.000, 3.000 pessoas (também segundo soube; se errei, foi por pouco). 4) Não há pontos de venda específicos para torcedores de CSA, mandante, e CRB, visitante; assim, cada torcedor compra seu ingresso livre e indiscriminadamente, entre a totalidade daqueles postos à venda. Ora — e aí é o fecho do raciocínio —, se por acaso a torcida do CRB for ao estádio em número semelhante à do CSA, e Newton ainda estiver certo, onde vão caber seus torcedores? Como 4, 5, 6, 7 mil pessoas caberão onde só cabem 2, 3 mil. Será que isto não é perigosíssimo para a segurança da multidão? E se a maioria dos torcedores do CRB tiverem preferência pelo mesmo lado da arquibancada, que eventualmente esteja lotada, com farão para tentar entrar na outra, do outro lado do estádio?

Huumm... Ah! Entendi. Isto já é pra que muita gente que lembre de Newton, como eu, não vá, com medo da violência. Assim, com menos torcedores, diminui a probabilidade de que haja problemas mais graves. Vem cá..., vai passar na TV?
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Também postada nos sites Futebolalagoano.com e FutNet

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