Recado aos alagoanos

REGATIANO, AZULINO, ALVINEGRO, ou torcedor de qualquer outro time das Alagoas, valorize o futebol da sua terra! VOCÊ TEM TIME PRA TORCER!

domingo, 11 de novembro de 2007

Perfeito[1]

Dor de garganta da bichoca preta[2]! Também, amigo(a) leitor(a), 90 minutos de berros e gelo na goela[3]... não dá outra! Mas como preservá-la assistindo a um espetáculo daqueles e sendo um apaixonado torcedor?

Pois é, o time deu um xou[4] de bola! Que jogo bom de ver! E claro que a satisfação após o gol e ao final do jogo é diretamente proporcional — e como é! — ao sofrimento experimentado durante os 80 minutos que antecederam ao gol heróico do Nicácio. Este, por sinal, fez jus, naquele final de tarde, ao privilégio de ter ganho do Criador pés hábeis a chutar uma bola de futebol.

Perfeito! Tá bem..., perfeito, perfeito não foi. Afinal o time errou muitos passes, perdeu alguns gols... Mas o que importam esses “defeitos” se um gol, justo o da vitória, foi feito? Que importam se o time foi raça, garra e coragem do início ao fim?

Ora, não se pode esquecer de que esse time vem emocionalmente abalado, e, por isto mesmo, sofrendo uma pressão (justa!) enorme. A começar deles próprios. Por outro lado, só perde gol quem tenta. Aliás, este é um jargão quase incontestável. É que há vezes em que o gol é feito sem ter sido tentado. Como quando o acaso dá uma mãozinha[5] pra pôr a bola no fundo das redes, à revelia da vontade de quem a chutou. E, no caso, foram várias tentativas! Mas também houve azares, que só mesmo a impressionante urucubaca que pousou na Pajuçara pode explicar. Enfim, foi jogo para se aplaudir, mesmo fosse derrotado (toc-toc-toc na madeira!).

Passadas as emoções maiores, enquanto me recuperava do desgaste de energia experimentado antes, durante e depois da peleja, tentava refletir sobre a causa daquela recuperação fantástica. E embora essas coisas nunca aconteçam isoladamente, penso que determinante, ali, foi mesmo o novo técnico. E não apenas porque houve um ótimo treino no dia anterior, seguido pelo belo jogo de futebol que estou a elogiar. O treino e o jogo, para mim são ambos resultado do trabalho que iniciou quando pegou logo uma pedreira[6] fora de casa, nem bem havia chegado e nada conhecesse (ou pouco) de Série B, o que dizer-se do CRB (rima involuntária).

A partir dali, ao meu sentir o time começou a mudar. E mudar não (ainda) para jogar o belo futebol do 1° turno — nem ontem jogou tão bonito assim —, mas para encontrar a motivação necessária para perseverar na luta. Espero não a percam novamente. E que não deixem que percam. Por isto que para mim foi perfeito. É..., foi perfeito![7]
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[1] Esta crônica foi um pedido do Carlinhos e do Wilton, certamente mais pelos afeto e respeito recíprocos, do que pelo talento do cronista.
[2] Bichoca preta = furúnculo pequeno, preto; na verdade, eufemismo usado por este cronista para não dizer nome mais agressivo, que possa chocar ouvidos mais sensíveis. Aliás, agressivo, aí, é outro eufemismo, para não escrever, simplesmente, palavrão.
[3] Gelo na goela = outro eufemismo, para designar (ou encobrir) cerveja na garganta.
[4] Xou = show.
[5] Nenhuma referência ao famoso gol, de mão, do Maradona. Mãozinha, aqui, no sentido de ajuda, mesmo.
[6] Pedreira = missão muito trabalhosa.
[7] Ufa! Quanta nota de rodapé. Mas já acabou.


Crônica publicada no site futebolalagoano.com

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